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Tocotrauma

Definição
• São lesões mecânicas infringidas ao feto durante o processo de nascimento, independente do tipo
de parto, podendo ser espontâneas ou iatrogênicas
• Não se incluem lesões causadas durantes processos de reanimação ou procedimentos anteparto,
como amniocentese, versão externa e amniorrexe artificial
• Fatores determinantes: período expulsivo prolongado, cesárea ou parto fórceps, parto pelvico,
manobra de Kristeller, vacuoextração, versão interna
• Fatores predisponentes: prematuridade, macrossomia, hipóxia, vício pélvico, hipercinesias
Classificação
Quanto à localidade:
• Lesões de partes moles: eritemas, abrasões, petéquias, equimoses e lacerações
• Traumatismos da cabeça: bossa serossanguínea, cefalohematoma, hemorragia intracraniana,
paralisia do nervo facial, fratura de ossos da face. Hemorragia subconjuntival e intra-ocular
• Traumatismos do pescoço e intra-escapular: fraturas de clavícula, paralisia do nervo frênico e
traumas do esternocleidomastóideo
• Traumatismos de coluna vertebral e medula espinhal
• Traumatismos de órgãos intra-abdominais: rotura de fígado, baço e suprarrenais
• Traumatismos de extremidades: fratura de úmero, fêmur, luxações, lesões epifisárias e nervos
periféricos
• Traumatismos genitais: trauma de escroto, grandes lábios e estruturas profundas
Classificação
Quanto à gravidade da lesão
Traumas leves ou tipo I:
• Lesões de pele: são causadas por DCP e distócias secundárias, toques frequentes, uso de fórceps
(marca de Boudelocque). São lesões que regridem em alguns dias, devendo se atentar para correta
higiene a fim de evitar infecções. Equimoses e petéquias, são as lesões mais comuns, e surgem
devido à passagem pelo canal de parto, partos prolongados e presença de colar de cordão. As
petéquias desaparecem em dias sendo importante diferencia-las de trombocitopenia, CIVD e
infecções enquanto as equimoses podem cursar com anemia e hiperbilirrubinemia após sua
absorção
• Ferimentos cortocontusos de partes moles: caso a lesão seja profunda e com sangramento ativo,
deverá ser feita sutura ainda na sala de parto
• Adiponecrose: acometimento de tecido gorduroso relacionado ao estresse perinatal, liberação de
catecolaminas, hipóxia e esfriamento excessivo. Costumam regredir em 6 a 8 semanas
• Bossa serossanguínea/Caput Succedaneum: transudato acumulado em tecido subcutâneo devido a
ao atrito do polo cefálico no canal de parto, acompanhado de petéquias, equimoses e sem
alterações de hematócrito ou bilirrubinas. Não se limita as suturas e quando excessivo é
denominado Caput Succedaneum
Classificação
• Fratura de clavícula: a maioria das fraturas é do tipo galho verde, e quando completas levam a
limitação de movimento, crepitação a palpação, sensibilidade, irregularidade e reflexo de moro
ausente do lado afetado. Não é necessário imobilização;
• Hemorragia subconjutival: manchas avermelhadas na conjuntiva decorrentes da pressão exercida
pelo canal de parto e que regridem em até duas semanas
Classificação
Trauma moderado ou tipo II
• Paralisia braquial ou facial: associadas a partos prolongados, uso de fórceps e distócias
• Cefalohematoma: decorrente da rotura de vasos abaixo do periósteo, frequentemente associados a
hiperbilirrubinemia, com reabsorção lenta, aparecimento em horas a dias e restritos as suturas. Em
casos de infecção deve ser indicado a drenagem e ATB
• Hematoma subgaleal: rotura de vaso entre aponeurose galeal e periósteo, não se restringindo as
suturas. Diferentemente da bossa serossanguínea, é elástico a palpação
• Estrabismo: associada à lesão do nervo abducente em com regressão em alguns meses
• Hemorragia macular e retiniana: lesão que requer avaliação oftalmológica precoce
• Torcicolo congênito: massas fusiformes localizadas no esternocleidomastóideo, aumentam nas
primeiras semanas e desaparecem em meses. Está associado a parto pélvico, traumatismo
intrauterino, defeitos hereditários e miosite infecciosa. Em casos de encurtamento congênito do
ECM deve ser feito a intervenção cirúrgica
Torcicolo Congênito
Paralisia Duchenne-Erb
Classificação
Traumas graves ou tipo III
• Hemorragia Intracraniana: associada a compressões e descompressões bruscas do polo cefálico,
distócias, DCP e partos muito prolongados ou rápidos. A moldagem excessiva do crânio leva a
lacerações
• Roturas viscerais: associados a partos pélvicos e preensão do tronco e abdômen durante o
desprendimento do polo cefálico. Deve-se suspeitar quando houver sinais de choque, distensão
abdominal, anemia e irritabilidade. O mais comum é a rotura de fígado e a de baço que ocorre
normalmente quando há uma doença de base. Nos casos de rotura de suprarrenal ocorrem
sintomas inespecíficos, tais como febre, taquicardia, vômitos, diarreia e apatia
• Fraturas de ossos da face: associados a hemorragias orbitárias, fraturas nasais e óbitos em muitos
casos
• Fraturas de crânio: Apresentam péssimo prognóstico quando acometem região occipital e estão
associados a “cabeça derradeira”. Fraturas lineares tem bom prognóstico, enquanto as de
afundamento devem proceder com avaliação da neurocirurgia
• Fraturas de ossos longos: maioria ocorre em galho verde, acometendo úmero e fêmur. Em casos de
fraturas completas, cursará com possíveis deformidades notáveis e pseudoparalisias
Classificação
• Fraturas epifisárias: acometem geralmente úmero proximal (associado a edema de ombro e
crepitação) e quando não tratadas podem levar a deformidades permanentes
• Paralisia diafragmática: avulsão de C3, C4 e C5 com lesão de nervo frênico, geralmente unilateral,
associado ao excessivo estiramento do pescoço e apresentando cianose e respiração irregular
• Paralisia bilateral de cordas vocais: associadas, quase sempre, a lesões de SNC. Apresentam
sintomas respiratórios e com necessidade de traqueostomias
• Traumatismos de coluna vertebral e medula espinhal: raros e com péssima evolução. A tração
excessiva da coluna em hiperextensão ou em eixo oblíquo ao seu maior sentido pode ser a causa
destas lesões
Boa sexta a todos!

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