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Hospital Central da Beira

Departamento de Medicina Interna



MÓDULO DE GASTROENTEROLOGIA
TEMA: SÍNDROME DISPÉPTICA
Hugo Benedito Hugo (Médico residente em medicina
interna)
Maio 2020

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CONTEUDO
Introdução 
Definição
Classificação
Factores de riscos
Causas
Diagnóstico
Tratamento
Referências bibliograficas
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INTRODUÇÃO


 É um sintoma comum.
 Diagnóstico diferencial extenso e fisiopatologia
heterogênea.
 Ocorre em pelo menos 20% da população.
 Embora não afetar a sobrevivência, é responsável
pelos custos substanciais de cuidados de saúde.
 E afeta significativamente a qualidade de vida

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DEFINIÇÃO


• Presença de sintomas no trato gastrointestinal
superior, que incluem:
– Dor ou moléstia em hemiabdomen superior
– Pirosis epigástrica
– Saciedade precoz,
– Inchaço abdominal
– Náuseas,
– vómitos...

• A dispepsia é uma entidade heterogénea. 4


• A American Society for Gastrointestinal Endoscopy
(ASGE) define em um artigo a dispepsia como:
• Síndrome caraterizada pela presença de alterações
anatômicas ou funcionais do tracto GI superior e
utiliza os critérios de Roma III (os + utilizados).
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CRITÉRIOS DE ROMA III
Critérios de Roma III. Dispepsia funcional.

Sintomas presentes ao menos 6 meses antes do
diagnóstico, ativos durante ao menos 3 meses,
apresentando 1 ou mais de:
- Plenitude postprandial.
- Saciedade precoz.
- Dor epigástrico.
- Ardor epigástrico.

Em ausência de alteração estrutural (incluindo Endoscopia


Digestiva Alta) que possa explicar os sintomas.

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CLASSIFICAÇÃO
DISPEPSIA

ORGANICA
FUNCIONAL
• Critérios de Roma III.
• Quando se
objetiva uma
*Sdme *Sdme de dor causa que a
distrésse epigástrico: Dor justifique:
posprandial: ou ardor
- Plenitude 1. Intermitente – Úlcera péptica
2. No
posprandial epigastrio.
– Esofagitis
- Saciedade
3. Moderado- – Carcinoma
precoz grave
4. Mín 1 vez
gástrico… 7
CAUSAS
OuS*AS

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FACTORES DE RISCO
Dispepsia funcional: • Dispepsia
orgânica:
– AINE e AAS (+
frec).
– Uso de
anticoagulantes.
e corticoides.
– H. Pylori relaciona-se com
úlcera duodenal e gástrica.

ANSIEDADE
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DIAGNÓSTICO DISPEPSIA NÃO
PESQUISADA


Dispepsia funcional é um diagnóstico de exclusão.
já que o primordial é descartar causas orgânicas.
1. ANAMNESIS DETALHADA:
o Estilo de vida (fumo, álcool, consumo de
fármacos…).
o Cirurgia gástrica prévia.
o Infeção H.pylori prévia.
o Antecedentes familiares ca. gástrico…

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2. EXPLORAÇÃO FISICA:
costuma ser normal, excepto pela sensibilidade
epigástrica.
sinal de Carnett
A não ser que exista patologia orgânica urgente
(massa abdominal, icterícia, palidez, ascitis...)

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Gastroscopia 12
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3. PROVAS COMPLEMENTARES:
• INVASIVAS:

– Analítica: hemograma e bioquímica que costuma ser
normal.
– Devem ser realizados para identificar pacientes com
características de alarme.
– Gastroscopia + biopsias (de antro) : se realizará em
• Pacientes > 60 anos.
• Pacientes com sintomas de alarme.
(considera-se técnica de eleição).
• NÃO INVASIVAS
– Teste alento (se suspeita H.pylori): Teste do fôlego com
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urea marcada com C13 > com ácido cítrico segundo
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Testes invasivos

Diagnóstico da infecção por H. pylori
1. Exame endoscópico
Por meio do exame endoscópico é possível prever a
presença de infecção
 No corpo a presença de enantema e exsudato
aumenta a probabilidade de infecção e
 No antro a nodularidade de mucosa tem
correlação com infecção por H. pylori em mais
que 90% dos casos. 14
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2. Teste de urease


 fragmentos da mucosa gástrica são colocados em um
meio contendo uréia e um indicador de pH, em meio
ácido. A presença de urease do H. pylori provoca hidrólise
da uréia em amônia, que aumenta o pH da solução e
modifica a cor da solução.
 O teste de urease realizado com apenas um fragmento de
mucosa antral em pacientes sem qualquer tratamento
medicamentoso, apresenta sensibilidade de 90% a 95% e
especificidade de 98%.

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3. Estudo anatomopatológico

O exame histológico das amostras de biópsias
gástricas fornece outras informações além da
comprovação de infecção, incluindo grau e
padrão de inflamação, atrofia, metaplasia
intestinal e displasia do epitélio gástrico.

Apresenta sensibilidade e especificidade para em


torno de 98% quando dois fragmentos de biópsia
são avaliados. 16
Cont…

4. Cultura

É dispendiosa, demorada, e recomendada,


principalmente, nos casos em que a sensibilidade
aos antimicrobianos deve ser determinada.

Tem sensibilidade baixa, em torno de 60%, mas


com especificidade de 100%.
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5. PCR 
 A técnica de biologia molecular por PCR permite
analisar a informação genética da H. pylori e
informações sobre fatores de patogenicidade,
como a genotipagem do gene vacA.
 Apesar de caro, pode-se estudar resistência a
antibióticos relacionados a alterações nos genes
por PCR, como à claritromicina (A2143G, gene
23S rRNA), levofloxacino (C261A/G, gene gyrA) e
furazolidona (C347A/T/G, gene porD).
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TESTES NÃO INVASIVOS
1. Sorologia 
 Por meio da determinação dos níveis séricos
de IgG específica.
 Apresenta sensibilidade de
aproximadamente 90-95% e especificidade de
85% a 95%.
 No entanto, deixam cicatriz sorológica,
permanendo positivos em um grande
intervalo de tempo naqueles pacientes que
foram erradicados da infecção, não servindo
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como controle de cura.
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2. Teste respiratório
 Paciente ingere uma cápsula contendo 50mg de

uréia marcada com C13 (não radioativo).
 Na presença de urease bacteriana a uréia é
hidrolisada e o dióxido do carbono proveniente
desta molécula (com C13 ) é detectado nas
amostras expiratórias.
 Os testes respiratórios são altamente sensíveis
(95%) e específicos (98%) para diagnóstico da
infecção por H. pylori,

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Cont….

O teste respiratório com uréia 13C é o método
padrão-ouro para o diagnóstico não invasivo, bem
como para controle de erradicação pós-
tratamento.

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Cont….
3. Teste de antígeno fecal


É elaborado com anticorpos monoclonais (mais
sensíveis) ou policlonais que se ligam a antígenos
da bactéria H. pylori presente nas fezes.
Estudos demonstram sensibilidade em torno de
94% e especificidade de 97%.

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Ante um paciente que chega à
consulta com sintomas de dispepsia,

Qual é o modo de atuação?

Algorítmo DIAGNOSTICO -TERAPEUTICO

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IMPORTANTE
A abordagem e a extensão da avaliação diagnóstica de um
paciente com dispepsia são baseadas na apresentação clínica,
na idade do paciente e na presença de sinais e sintomas de
alarme

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TRA TAMENTO
• Medidas gerais:
– Evitar álcool e fumo.
– Diminuir peso.

– Comer devagar, ingestas frequentes e não copiosas…
• Tratamento antisecretor: de eleição são Inibidores Bomba
Protones (IBP) a dose regular durante 4 semanas e reavaliar.
– Omeprazol/Esomeprazol: 20 mg/dia.
– Lansoprazol 30 mg/dia.
– Pantoprazol 40 mg/dia.
IBP demonstraram superioridade em frente ao anti-H2 e
antiácidos.
• Antieméticos: para as náuseas e/ou *vómitos.
– Domperidona 10 mg.
– Metoclopramida 10 mg (cuidado síndrome extrapiramidal).27
TRA TAMENTO
• Tratamento erradicador H.pylori:

– 1ª eleição: CUÁDRUPLE TERAPIA concomitante durante 10-
14 dias:
• Omeprazol 20 mg/12h.
• Metronidazol 500 mg/12h.
• Amoxicilina 1 g/12h.
• Claritromicina 500 mg/12h.
– Ou bem durante 10-14 dias:
• Omeprazol 20 mg/12h.
• Bismuto 120 mg/6h.
• Tetraciclina 500 mg/6h.
• Metronidazol 500 mg/12h.

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Antidepressivos
Doses baixas de antidepressivos tricíclicos (12,5-

25mg de amitriptilina/dia,
por exemplo) ou trazodona (antidepressivo com
propriedades semelhantes aos
tricíclicos), apresentam benefício incerto na
dispepsia em si, mas podem ser
úteis na melhora de sintomas comumente
associados

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Referências Bibliograficas


 George F Longstreth, Brian E Lacy, Approach to the adult with
dyspepsia. Uptodate: Literature review current through: Apr
2020. | This topic last updated: Dec 09, 2019.
 Paul M. Moayyedi et al, ACG and CAG Clinical Guideline:
Management of dyspepia, Am J Gastroenterol 2017;
112:988–1013; doi: 10.1038/ajg.2017.154; published online
20 June 2017
 Gisbert JP,Calvet X, Ferrándiz J, Mascort J. gastroenterol
Hepatol. Script de prática clíncia envelope o manejo do
pacietne com dispepsia. Atualização. 2012;
 Goldman, Ausiello, Cecil Medicine 24 Edição - pag. 996-997

30
OBRIGADO Pela
atenção

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