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Ressuscitação Cardiopulmonar

(RCP) no Adulto
Define-se paragem cardiorespiratória a
interrupção da funcionalidade cardíaca, (e
circulatória) e respiratória.
No adulto as principais causas de paragem
cardíaca são as seguintes:
Doenças cardíacas (enfarte do miocárdio,
arritmias entre outras), Anemia grave, Choque
circulatório de qualquer causa, Paragem
respiratória com hipoxia, Trauma, Electrocussão,
Afogamento, Hipotermia, Intoxicações por
medicamentos (diazepam).
Sinais de paragem cardíaca e
cardiorrespiratória
O paciente com paragem cardiopulmonar
apresenta perda de consciência em 10-15
segundos devido a parada da circulação sanguínea
cerebral.
Os sinais que demonstram que a vítima está em
paragem cardiopulmonar são:
Ausência de pulso nas artérias (carotídea, e
femoral)
TA não medível.
Ausência de batimento cardíaco à auscultação
ou presença de batimentos cardíacos irregulares de
frequência muito elevada ou muito baixa (estes
batimentos são ineficazes em manter a
funcionalidade cardíaca com consequente
paragem circulatória).
Ausência de movimentos respiratórios
(paragem respiratória).
NB: A presença de paragem respiratória ou
cardíaca ou cardiorrespiratória representa
indicação para o início imediato da ressuscitação
cardiorrespiratória.
Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP)
Consiste na execução da massagem cardíaca e da
ventilação artificial.
O principal objectivo da execução destas
manobras é o restabelecimento temporário do
fornecimento de oxigénio aos órgãos vitais,
especialmente ao cérebro e ao coração, até
restabelecer o normal funcionamento cardíaco e
da respiração.
A actuação deve ser imediata e eficiente uma
vez que no 1º minuto após a paragem cardíaca e
respiratória, as hipóteses de sobrevivência são de
98%. No 4º minuto são já de 50% e no 6º minuto,
de 11 %.
Se a paragem cardíaca tiver uma duração superior
a 5 minutos, antes de iniciar a RCP é pouco
provável que se estabeleça a vida de modo a que a
vítima fique sem lesões no Sistema Nervoso
Central.
 
Medicamentos usados na paragem
cardiorrespiratória
Os medicamentos que podem ser usados na manobra
de RCP são:
Adrenalina.
Atropina.
Bicarbonato de sódio.
NB: A terapia medicamentosa pode acompanhar as
manobras de ressuscitação cardiorrespiratória mas não
pode substitui-las. Isso significa que não se deve
interromper a ressuscitação cardiorrespiratória
(massagem cardíaca e ventilação artificial) para a
administração de medicamentos abaixo mencionados.
Adrenalina
Indicações:
 Em caso de paragem cardíaca com ausência
de batimentos cardíacos ou batimentos
escassos.
Posologia:
1 mg (uma ampola de 1ml diluída em 9 ml de
soro fisiológico) EV cada 3-5 minutos
durante a ressuscitação. Se não houver
resposta a doses repetidas de 1mg, tentar com
doses de 0.1mg/kg.
Adrenalina
Em caso de impossibilidade de acesso EV
pode-se usar a via endotraqueal: dose de 2-
2.5 mg diluída em 10 mL de Soro fisiológico,
com tempo de repetição igual a dose EV.
Contra-indicações: taquiarritmia (presença de
batimentos irregulares de frequência elevada).
Atropina
 Indicação:
 Em caso de paragem cardíaca com ausência de
batimentos cardíacos ou batimentos escassos.
Pode-se usar quando não houver uma resposta
a doses repetidas de adrenalina.
Posologia
Dose única de 3mg EV acompanhada das
outras medidas de ressuscitação
cardiorrespiratória (ventilação artificial e
massagem cardíaca)
Bicarbonato de Sódio
Indicações
Fase avançada de ressuscitação cardiorrespiratória
quando pode-se ter instaurado um estado de
acidose. A eficácia desta medida terapêutica é
duvidosa. Lembrar-se que a melhor medida para
corrigir a acidose é a reposição da ventilação.
Posologia
1mEq/kg EV em bolo repetida após 10min. Não
usar a via endotraqueal.
Interrupção permanente da RCP

A RCP pode ser interrompida assim que surja uma


das seguintes situações:
Restauracção espontânea da circulação e ventilação.
Transferência da execução das manobras para outro
técnico responsável, devidamente treinado.

NB: Paciente declarado morto (abolição do reflexo


corneal, midríase fixa bilateral, ausência de pulso e
batimentos cardíacos e ausência de movimentos
respiratórios espontâneos).
Complicações:
A má execucção da massagem cardíaca pode
provocar lesões graves a nível da caixa torácica e
dos órgãos toraco-abdominais.
NB: A execução correcta deste procedimento
pode minimizar, mas não evitar completamente a
possibilidade do surgimento das complicações.
As complicações possíveis são:
Laceração do fígado com grande hemorragia
interna por compressão do processo xifóideo.
Fracturas de costelas pela pressão exercida pelos
dedos nos arcos-costais na execução da massagem
cardíaca.
Fractura do esterno.
Separação das costelas do esterno.
Outras: contusão pulmonar, pneumotórax,
contusão miocárdica e hemorragia pericárdica.
 TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DA CIRCULAÇÃO E
PARAGEM CARDIORESPIRATÓRIA: DEMONSTRAÇÃO
DA TÉCNICA PELO DOCENTE

Avaliação da Circulação
A circulação é inicialmente avaliada através do
pulso para verificar a existência ou ausência da
função circulatória. A avaliação do pulso (radial,
carotídeo e femoral) deve ser feita após a
avaliação das vias aéreas e da respiração (pontos
AB da abordagem ABCDE), e depois se
necessário proceder com a ressuscitação
cardiopulmonar.
NB: Qualquer que seja o pulso avaliado, a ausência de pulso
à palpação por um período de 10 segundos é indicação
para iniciar a massagem cardíaca em conjunto com a
ventilação artificial se houver também paragem
respiratória (ressuscitação cardiorrespiratória).

Massagem cardíaca:
Técnica
Inicie a compressão torácica, caso não sinta o
pulso, da seguinte forma:
Massagem cardíaca:

Posicione as palmas das mãos sobrepostas


no terço inferior do esterno, 5 cm acima do
apêndice xifóide, na linha entre os mamilos.
Os dedos devem ficar abertos e não tocar a
parede do tórax;
 Mantenha os braços firmes e sem flexionar
os cotovelos
Massagem cardíaca
Actue compressões torácicas com o peso do seu
tórax, o esterno deve afundar-se por 4- 5 cm
aproximadamente.
Realize 80-100 compressões por minuto (Sobre
a frequencia da ventilação artificial acompanhada
vide embaixo)
NB: Verifique de 2 em 2 minutos a respiração e
o pulso, caso a vítima não responda continue com
a manobra.
Técnica de Ressuscitação cardiorrespiratória (RCP)
É de importância fundamental que a RCP seja
executada de modo correcto, caso contrário a circulação
e a ventilação, não serão eficazes para manter a vida do
paciente. Os passos abaixo listados, resumem as várias
etapas do atendimento do paciente de acordo com o
sistema ABC.

Avalie rapidamente a cena do evento (se fora da


Unidade Sanitária).
Ajoelhe-se próximo aos ombros e pescoço da vítima.
Determine se o paciente está consciente ou
inconsciente.
Avalie a respiração (VOS – ver, ouvir e
sentir). Não perca mais do que 10 - 15
segundos na avaliação da respiração
Se o paciente estiver consciente e sem sinais
de obstrução, coloque o paciente em posição
lateral de segurança.
Se o paciente estiver inconsciente, posicione-o em
decúbito dorsal numa superfície plana e firme e
avalie a abertura das vias aéreas:
1. Procure sinais de obstrução e extraia corpos estranhos
evidenciados na boca (técnica do dedo).
2. Reposicione a língua através das manobras de tracção
do queixo ou de elevação da mandíbula. Tenha
atenção para mobilizar minimamente a cabeça em
caso de suspeita de traumatismo cervical.
3. Se ainda os sinais de obstrução estiverem presentes,
remova eventuais corpos estranhos através da
manobra de Heimlich ou da compressão torácica.
4. Avalie a respiração (movimento do tórax, FR, ou
pelo som respiratório). Não perca mais do que 10
- 15 segundos na avaliação da respiração
5. Realize a respiração boca-a-boca, se a vítima não
respirar (ausência de movimentos do tórax): 2
insuflação de 1 segundo cada, deixando tempo
suficiente para o paciente espirar).
6. Administre oxigénio se necessário.
7. Avalie o pulso carotídeo (alternativamente
femoral). Não perca mais do que 10 segundos
na avaliação do pulso.
8) Inicie a compressão torácica, caso não sinta o
pulso:
9) Realize 80 a 100 compressões por minuto, num
ritmo de 30 compressões seguidas e duas
respirações com um dos métodos de
ventilação artificial (usualmente boca a boca ou
com Ambu se estiver presentes 2 pessoas).
Avalie a respiração e o pulso do paciente de
2 em 2 minutos ou de 5 em 5 ciclos de RCP e
caso não haja o retorno da respiração e do
pulso continue com a manobra.
NB: Procure sinais de hemorragia,
desidratação, anafilaxia, hipotermia cujo
tratamento imediato pode reverter
rapidamente a situação de emergência.
Os passos listados podem ser realizados por 2
pessoas:

Uma pessoa ajoelha-se ao lado da cabeça


(socorrista 1) da vítima enquanto a outra pessoa se
ajoelha junto ao tórax (socorrista 2), do lado
oposto ao primeiro.
O socorrista 1 responsabiliza-se pela ventilação
artificial e o socorrista 2 pelas compressões
torácicas.
Como no caso de um só socorrista, realizam-se
80 a 100 compressões por minuto, num ritmo de
30 compressões seguidas e duas respirações
com um dos métodos de ventilação artificial
(preferivelmente com Ambu)

Nota: A RCP nunca deve ser interrompida por


um período superior a 10 segundos.
Na RCP, independentemente do número de
socorristas envolvidos, realizam-se 80 a 100
compressões torácicas por minuto, num ritmo
de 30 compressões seguidas e duas respirações
com um dos métodos de ventilação artificial.
Bibliografia

MISAU, Manual de Traumas e Emergências

dos Técnicos de Medicina Geral, 2013, Versão


2.0.
MISAU, disciplina de Enfermagem dos
Técnicos de Medicina Geral, 2012, Versão 2.0.

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