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POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL

Desigualdades sociais e pobreza no mundo

•os 10% mais ricos detêm: 56% do rendimento global;

•os 5% mais ricos detêm: 37% do rendimento global;

•os 10% mais pobres detêm: 0,7% do rendimento global;

•os 5% mais pobres detêm: 0,2% do rendimento global.


Fonte: Frederico Cantante, Desigualdades económicas multi-escalares: Portugal no contexto global,
Análise Social, 212, (XLIX), 2014.
Desigualdades sociais e pobreza no mundo

“Milionários em alta em Portugal e no mundo”

A recessão e a austeridade acentuaram o aumento do


número de milionários.
Fonte: Revista Exame, Dezembro de 2013
Desigualdades sociais em Portugal

“Os 25 mais ricos de Portugal detêm em conjunto um


património de cerca de 16,7 mil milhões de euros”
(7 de Novembro de 2013)

Corresponde a um peso no PIB de 10%


Fonte: Revista Exame, Dezembro de 2013
Taxa de pobreza em Portugal

Fonte: INE, Inquérito às Condições de Vida e Rendimento


Perspetivas dos estudos sobre a pobreza

Pobreza absoluta
Socioeconómica
Pobreza relativa

Perspetivas dos estudos


sobre a pobreza

Cultura da pobreza
Culturalista
Modos de vida da pobreza
Perspetivas dos estudos sobre a pobreza

Perspetiva socioeconómica

Pobreza absoluta Pobreza relativa

• Situação em que os • Situação em que os


indivíduos não conseguem indivíduos não atingem 60%
satisfazer as suas da mediana do rendimento
necessidades básicas; disponível;
• A referência é a • A referência é a
subsistência. desigualdade.

Nota: mediana é o valor que divide


os dados em duas partes iguais
Perspetivas dos estudos sobre a pobreza

Perspetiva culturalista

Cultura da pobreza Modo de vida da pobreza

• Formas de pensar, sentir e • Forma como as pessoas


agir das pessoas pobres, mais pobres aproveitam as
que têm sofrido muitas oportunidades que surgem e
carências e ruturas. como as adaptam às suas
necessidades.
Modos de vida da pobreza em Portugal
Categorias e grupos sociais Estratégia de orientação
Modos de vida
predominantes de vida

Migrantes campo/cidade muito mal


sucedidos;
Inexistência (sobrevivência em risco
Destituição Famílias muito numerosas e com fortes
permanente)
“handicaps”;
Pessoas sem abrigo.
Operários e empregados de fraca
qualificação, com baixos rendimentos e
empregos instáveis;
Restrição Reformados de pensões baixas; Sobrevivência quotidiana
Assalariados agrícolas; Idosos;
Famílias monoparentais; pessoas com
deficiência.
Acumular capital económico que
Dupla referência Imigrantes africanos permita alimentar esperança de
regresso (raro).
Reprodução da família e respetivo
património; preparação da velhice;
Poupança Campesinato e campesinato parcial possível saída da pobreza pelo
investimento continuado em recursos
alternativos; emigração.
Modos de vida da pobreza em Portugal

(continuação…)

Categorias e grupos sociais Estratégia de orientação


Modos de vida
predominantes de vida

Famílias urbanas de rendimentos Expediente e dependência; valorização


Convivialidade
incertos, semi-legais; ciganos pobres. da produção de prazer convivial.

Acumular capital escolar (investimentos


Operários e empregados com alguma na segunda geração); principais
Investimento na
escolaridade, emprego (cada vez obstáculos: insucesso escolar e
mobilidade
menos) estável e rendimento fixo. processos de segmentação dos
mercados de trabalho.
Procura de recuperação ou
Desempregados; famílias acomodação da situação perdida ou
Transitoriedade monoparentais; jovens à procura do acomodação ou incapacidade,
primeiro emprego; alguns pensionistas. implicando a entrada num dos outros
modos de vida.
Reclusos e ex-reclusos;
Desorientação; Orientação para valores
Desafetação toxicodependentes; crianças em risco;
e contextos marginais.
pessoas sem abrigo.
Fonte: Luís Capucha (2005), Desafios da Pobreza, Oeiras: Celta Editora (adaptado)
Pobreza: fenómeno social total
As perspetivas dos estudos sobre a pobreza são interdependentes.
Categorias sociais mais vulneráveis à pobreza em Portugal
•Pessoas desempregadas, em especial as de longa duração;
•Trabalhadores/as com empregos precários, incluindo quem trabalha
em empresas com salários em atraso;
•Trabalhadores/as com empregos de baixos salários;
•Membros de famílias numerosas sem recursos, em particular as
crianças;
•Famílias monoparentais, em especial as constituídas por mulheres e
por crianças;
•Deficientes;
•Doentes crónicos e inválidos;
•Pensionistas com pensões reduzidas;
•Minorias étnicas;
•Pessoas alcoólicas e toxicodependentes de baixos recursos;
•Camponeses/as de regiões deprimidas.
Taxa de risco de pobreza – definição

Proporção de indivíduos com um rendimento equivalente


abaixo do limiar de risco de pobreza, o qual corresponde a 60%
do rendimento nacional mediano por adulto equivalente.
Metainformação – Eurostat

Fonte: http://www.pordata.pt/Glossario
Taxa de risco de pobreza – definição

A taxa de risco de pobreza pode ser calculada:


1.Antes de qualquer transferência social: inclui rendimentos do
trabalho e outros rendimentos privados, excluindo as pensões
de velhice e de sobrevivência;
2.Após transferências relativas a pensões: inclui rendimentos
do trabalho e outros rendimentos privados, pensões de velhice
e sobrevivência;
3.Após transferências sociais: inclui rendimentos do trabalho e
outros rendimentos privados, pensões de velhice e
sobrevivência e outras transferências sociais (apoios à família,
educação, habitação, doença/invalidez, desemprego, combate
à exclusão social).

Metainformação – INE

Fonte: http://www.pordata.pt/Glossario
Evolução da taxa de risco de pobreza em Portugal
(2010-2013)

Quase uma em cada cinco pessoas está em risco de pobreza

Fonte: INE.
Taxa de privação material severa – definição

Percentagem da população com uma forte carência de pelo menos quatro


dos nove itens de privação material na dimensão da «pressão económica e
bens duradouros».
Os nove itens a considerar são: 1) atraso no pagamento de hipotecas ou
pagamento de rendas, contas de serviços de utilidade pública, compras a
prestações ou outros empréstimos; 2) capacidade para pagar uma semana
anual de férias fora de casa; 3) capacidade para pagar uma refeição que
inclua carne, frango, peixe (ou equivalente vegetariano) de dois em dois
dias; 4) capacidade para enfrentar despesas financeiras inesperadas
[quantia fixa correspondente ao limiar nacional mensal de risco de pobreza
do ano prévio]; 5) o agregado não pode pagar um telefone (incluindo
telemóvel); 6) o agregado não pode pagar uma televisão a cores; 7) o
agregado não pode pagar uma máquina de lavar; 8) o agregado não pode
pagar um carro e 9) capacidade do agregado para manter a casa
adequadamente aquecida.

Metainformação – Eurostat
Fonte: http://www.pordata.pt/Glossario
Privação material em Portugal

Indicadores de privação material, Portugal, EU-SILC 2011-2014

un. 2011 2012 2013 2014 (P0)

Taxa de privação material % 20,9 21,8 25,5 25,7

Taxa de privação material


% 8,3 8,6 10,9 10,6
severa
Intensidade da privação
n.º 3,6 3,6 3,6 3,6
material

P0 – Valor provisório

Fonte: UE-SILC: Inquérito às Condições de Vida e Rendimento


Privação material em Portugal

Portugal é o 10º país da União Europeia e o quinto país da


zona euro com o salário mínimo mais baixo: 685 euros, que
equivalem aos 505 euros pagos em 14 meses divididos por 12.

Fonte: Eurostat, fevereiro 2015


Desemprego jovem

Portugal: Desemprego jovem, 2002-2014

(% população ativa)

*Inclui jovens desempregados, jovens em regime part-time involuntariamente e jovens


disponíveis para trabalhar mas que não procuram emprego (i.e. desencorajados).
Fonte: INE: cálculos do FMI
Taxa de desemprego (%) em 2008 e 2014

Fonte: Eurostat
Escalada de protestos sociais na Europa

“No período que se seguiu à eclosão da crise financeira


internacional em 2008 e, em particular, a partir de 2010, os
protestos expressando descontentamento e indignação
aumentaram em todo o mundo. Um estudo recente analisando
os protestos sociais entre 2006 e 2013, em 87 países,
abrangendo 90% da população mundial, constatou a escalada
dos protestos sociais neste período e a sua elevada incidência
na Europa.”

Fonte: Revista Crítica de Ciências Sociais, N.º 103, Maio de 2014.


Evolução da taxa de desemprego
Evolução da taxa de emprego das pessoas com idades entre os 55
e os 64 anos, entre 2008 e 2014, em pontos percentuais

A taxa de emprego das pessoas


mais velhas, entre 2008 e 2014,
aumentou em todos os países
representados no gráfico (com
excepção da Irlanda, Espanha,
EUA, Portugal e Grécia) devido,
entre outros, ao aumento da idade
da reforma. Esta medida põe em
causa a descida do desemprego
numa altura de crise financeira e
económica e potencia o aumento
da pobreza.
Fonte: Eurostat
“O debate conceptual é de grande urgência. Os problemas [no
que respeita à pobreza] são reais e as definições têm
implicações nas agendas políticas. Estas são permeáveis à
propaganda da ideologia milenar de culpabilização dos próprios
pobres e de naturalização da pobreza. Uma orientação solidária
na política pode beneficiar da ancoragem em instrumentos
conceptuais preciosos e saberes cientificamente rigorosos.”

Fonte: Luís Capucha, http://www.gep.msess.gov.pt/edicoes/revistasociedade/r30_6.pdf


A pobreza é uma das principais causas de exclusão social

Pobreza

Falta de recursos

Previsão

Necessidades básicas não


satisfeitas

Fraca relação com outros


sistemas sociais

Exclusão social
Exclusão social
•Quebra de laços sociais
•Rutura dos direitos de participação

“A exclusão social é também entendida como um processo através


do qual algumas pessoas são atiradas para a periferia da
sociedade. A exclusão impede-as de participar plenamente na vida
social devido à pobreza, à falta de competências de base e à falta
de possibilidades de aprendizagem ao longo da vida ou devido a
alguma discriminação. Este processo afasta-as das possibilidades
de rendimento e educação, assim como de atividades sociais e
comunitárias. Essas pessoas possuem acesso muito restrito ao
poder e aos organismos de decisão e sentem-se incapazes de
influenciar as decisões que afetam a sua vida quotidiana.”
Fonte: Conceitos de Pobreza – 2010 – Ano Europeu do Combate à Pobreza e Exclusão Social:
http://www.2010combateapobreza.pt/conteudo.asp?tit=16
Que políticas?
Políticas de combate à pobreza e à exclusão social
Políticas sociais ativas (abordagem preventiva)
•Introdução de critérios de justiça social em todas as políticas públicas,
tendo por lógica o caráter multidimensional dos problemas da pobreza e
exclusão social;
•Investimento em políticas específicas para os grupos mais vulneráveis;
•Recuperação da confiança e do papel dos parceiros sociais, da
concertação e modernização negociada do mercado de emprego;
•Prioridade às políticas de emprego e aprendizagem ao longo da vida;
•Modernização do sistema de segurança social;
•Conciliação da atividade profissional e da vida familiar, tendo em conta o
alargamento da rede de respostas sociais de apoio à família;
•Políticas de imigração integradoras;
•Políticas de habitação favoráveis à integração;
•Políticas assentes numa lógica territorial;
•Políticas continuadas, persistentes e pacientes.
Fonte: http://www.gep.msess.gov.pt/edicoes/revistasociedade/r30_6.pdf

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