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Análise Ergonómica na área da

Saúde Aula 5

FORMADORA: Eng.ª Sónia Isabel Caldeira Romero


2.2.1 - A Movimentação e Transporte de Doentes
Segundo Alexandre e Rogante (2000), aquando da movimentação e transporte de pacientes
podem ser consideradas 5 situações:

2.2.1.1 - A avaliação das condições e preparação do doente;


2.2.1.2 - A preparação do ambiente e dos equipamentos;
2.2.1.3 - A preparação da equipa;
2.2.1.4 - A movimentação de doentes na cama;
2.2.1.5 - O transporte de doentes.
2.2.1.1 - A Avaliação das Condições e Preparação do Doente
No início o assistente operacional ou enfermeiro avalia as condições físicas do doente que irá ser
movimentado, isto é a sua possível colaboração na movimentação, verificar se o doente está a
soro, ou se existem sondas e outros possíveis equipamentos que condicionem a referida
movimentação. Se for possível deve ser explicado ao paciente a forma como se vai mover o
mesmo e, como ele pode ajudar à movimentação, o local para onde será levado e qual a
necessidade da locomoção.
2.2.1.1 - A Avaliação das Condições e Preparação do Doente
É preferível pois que o paciente ajude à movimentação, que não deverá ser rápida e esteja a
usar calçado com sola antiderrapante ou chinelos. No que se refere a pacientes obesos a
movimentação e o transporte dos mesmos necessita de um melhor planeamento e do uso de
auxílios mecânicos.
Poderão ser formados grupos de 3 (no mínimo) ou 4 trabalhadores (assistentes operacionais
e/ou enfermeiros) para ajudar a movimentar os doentes. No caso de doentes obesos, a
movimentação e transporte destes deve ser avaliada e planeada.
2.2.1.2 - A Preparação do Ambiente e dos Equipamentos
Tendo em conta que algumas características ergonómicas do posto de trabalho podem dificultar
a movimentação e transporte dos doentes, devem ser tidos em consideração os seguintes
aspetos:

- Constatar se o espaço físico não impede a movimentação;


- Examinar o local e retirar possíveis obstáculos;
- Ter atenção ao modo como o mobiliário está disposto;
- Ter um piso que se caracterize por ser seguro;
2.2.1.2 - A Preparação do Ambiente e dos Equipamentos
- Proceder (se necessário) à colocação do suporte do soro perto da cama do doente;
- No caso de ser necessária a transferência cama-maca, a cama deve ser elevada ou deve abaixar até
ficar da altura da maca;
- Travar as rodas da cadeira de rodas e da maca;
- Proceder à travagem das rodas da cama, da maca e/ou da cadeira de rodas e, se for necessário,
pedir ajuda.
- O profissional de saúde deve regular a altura da cama tendo em conta o procedimento que irá
realizar.
 
2.2.1.3 - A Preparação da Equipa
Seguem-se algumas orientações que têm em conta a mecânica corporal e que devem ser tidos
em consideração pelos profissionais de saúde que realizam movimentação de doentes:
- Os pés devem estar afastados e bem apoiados no chão,
- O trabalho deve ser executado de forma calma e segura,
- As costas devem permanecer direitas,
- O profissional deve usar o seu peso corporal como um contrapeso ao do doente,
- O profissional deve fletir os joelhos e não curvar a coluna,
- Quando mover um doente para cima deve abaixar a cabeceira da cama,
2.2.1.3 - A Preparação da Equipa
- Dar preferência à realização de movimentos coordenados,
- O profissional deve ficar o mais perto possível do corpo do doente a mover ou a erguer,
- Recorrer sempre a grupos de, no mínimo, dois profissionais quando é necessário mover os
doentes.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
No caso da movimentação de doentes na cama poderão ser adotados equipamentos auxiliares,
nomeadamente: uma barra do tipo trapézio que deve ser instalada sobre a cama, plástico
antiderrapante para colocar nos pés, tapetes de gel cujo emprego facilita os movimentos. Assim,
quando se trata de um paciente que pode ajudar/participar na movimentação, pode ser
utilizado um trapézio e pedir ao paciente para dobrar os joelhos e elevar a parte inferior das
costas, evitando-se assim ter que erguê-lo. A figura 5.1 diz respeito a esta movimentação.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama

Figura 5.1- Utilização da barra do tipo trapézio


(Alexandre e Rogante, 2000).
 
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
Para colocar o doente numa das extremidades da cama, deverão ser necessários pelo menos
dois profissionais, conforme na figura 5.2.

Figura 5.2 - Movimentação de doente na cama


(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
- Estes profissionais devem permanecer no mesmo lado da cama e em frente do doente;
- O profissional deve colocar uma das pernas em frente da outra, mantendo os joelhos fletidos e
os braços à altura da cama:
 Um dos profissionais deve colocar um braço sob a cabeça do paciente e o outro na zona
lombar da coluna;
 O outro profissional deverá colocar um braço sob a zona lombar e o outro na zona posterior da
coxa;
 O doente deve ser assim movido para o outro lado da cama.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
Se for apenas um profissional a mover o doente, deverá fazê-lo por etapas, usando o peso do
corpo como se fosse um contrapeso e equipamentos/ instrumentos que facilitem o movimento
(ex.: tapete de gel).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
Para colocar um doente, que não seja obeso, em decúbito lateral (posição de lado) podem ser
tidas em consideração as seguintes fases:
- O profissional deve começar por ficar do lado para o qual vai virar o doente;
- Cruzar o braço e a perna do doente para o lado para o qual ele vai ser virado, ao mesmo tempo
que flexiona o joelho,
- Virar a cabeça do doente para o mesmo lado;
- Deve rodar o doente de forma suave, utilizando, como alavancas, o seu ombro e o joelho.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
A figura 5.3 diz respeito à colocação do doente em decúbito lateral.

Figura 5.3 - Colocação do doente em decúbito lateral


(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
Uma outra maneira de executar este procedimento consiste em recorrer ao uso de plásticos
deslizantes (ou tapetes de gel). Neste caso o enfermeiro, com o auxílio do assistente operacional deve:
- Em primeiro lugar, virar o doente e colocar o plástico por baixo do corpo do paciente. Em seguida
deve voltar o doente e puxar o plástico;
- O profissional deve colocar-se no lado contrário ao que paciente vai ser voltado;
- Deve puxar o plástico e mover o doente na sua direção para a das extremidades da cama. As costas
do profissional devem permanecer direitas e o peso do seu corpo deve ser utilizado;
- De seguida deve elevar o plástico, virando o paciente com cuidado e fazendo subir a grade de
proteção da cama.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
A figura 5.4 refere-se ao procedimento descrito.

Figura 5.4 - Rolar o doente com o auxílio


de um plástico próprio para o efeito
(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
Para colocar o doente na cabeceira da cama:
- No caso de um doente com alguma independência o mesmo poderá mover-se sozinho,
recorrendo ao trapézio:
O doente deverá dobrar os joelhos e dar um impulso. Deverá existir um plástico antiderrapante
por baixo dos seus pés ou, em alternativa, o profissional deverá estar a segurar os pés do
doente.
A figura 5.5 representa a colocação do doente na cabeceira da cama.
 
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama

a) b) c)

Figura 5.5 a), b) e c) - Colocar o doente na cabeceira da cama


(Alexandre e Rogante, 2000).
 
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
Se se tratar de um doente independente poderá ser colocado o plástico deslizante por baixo do
seu corpo de forma a que o mesmo dê algum impulso aos pés para mover-se.
A figura 5.6 refere-se a esta situação.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama

Figura 5.6 - Doente a posicionar-se na cabeceira da cama


(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
Se, pelo contrário o doente não puder mover-se sozinho poderá ser tida em consideração a
seguinte sequência de fases:
- Pousar uma almofada na cabeceira da cama;
- Começar por colocar um lençol ou um plástico que deslize por baixo do corpo do paciente;
- Deverá existir um profissional de cada lado da cama que deverão puxar o lençol ou plástico de
forma a movimentar o paciente.
A figura 5.7 diz respeito ao posicionamento de um doente na cabeceira da cama.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama

 
Figura 5.7 - Posicionamento de um paciente na cabeceira da cama
(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
Tendo em conta que os serviços de medicina dispõem de camas reguláveis em altura (camas
elétricas) poderá também ser efetuado o seguinte procedimento:
- Baixar a cama de forma a que cada um dos enfermeiros/assistentes operacionais (são
necessários dois trabalhadores neste procedimento) coloquem um joelho sobre a cama,
mantendo a outra perna no chão;
- Os trabalhadores devem segurar o plástico e, simultaneamente, deverão ambos em cima dos
seus calcanhares, movendo assim o paciente. A figura 5.8 diz respeito ao posicionamento de um
doente na cabeceira de uma cama com altura regulável.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama

Figura 5.8 - Posicionamento de um doente


na cabeceira de uma cama com altura regulável
(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
 Poderá verificar-se a necessidade de colocar o doente, sentado, na cabeceira da cama. Neste
caso:
- O doente deverá mover-se sozinho, sentando-se em cima de um plástico e desliza apoiando-se
em dois blocos que segura nas mãos (figura 5.9 a)).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama

Figura 5.9 a) - Posicionamento de um doente, sentado, na cabeceira da cama


(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
O doente poderá também ser ajudado por um enfermeiro/assistente operacional, este poderá
segurar nos pés do paciente, depois de este fletir as pernas. O doente coloca as mãos apoiadas
na cama e dá um impulso, endireitando as pernas. A figura 5.9 b) diz respeito a esta situação.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama

Figura 5.9 b) - Posicionamento de um doente,


sentado, na cabeceira da cama, com ajuda profissional
(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
Se o doente não puder, de todo, colaborar, deverá ser necessária a ajuda de dois profissionais:
- Neste caso cada um deles deverá ficar de cada lado da cama;
- Colocar a cama a uma altura a que os profissionais possam posicionar um joelho na cama e a
outra perna no chão;
- Ambos os profissionais deverão segurar, com uma das mãos, o doente e com a outra no
plástico;
- Os profissionais deverão sentar-se sobre os calcanhares e mover o doente até à cabeceira da
cama. As figuras 5.9 c) e d) referem-se a esta situação.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama

c) d)
Figuras 5.9 c) e d) - Posicionamento de um doente, sentado,
na cabeceira da cama, com ajuda de dois profissionais
(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
Para sentar o doente na cama:
- Em primeiro lugar o doente deve ser motivado a sentar-se sem auxílio;
- Para o doente se sentar sem ajuda, poderão ser usados materiais, como por exemplo uma
trança de lençóis (é usado nos serviços de medicina 1 e 2) ou, poderá mesmo ser adotado o uso
de uma corda com nós ou eventualmente uma escada de cordas fixa na cama. A figura 5.10
refere-se à utilização de uma escada de cordas.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama

Figuras 5.10 - Sentar o doente na cama


com a ajuda de uma escada de cordas
(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
 O doente poderá também ser ajudado pelos profissionais, da seguinte forma:
- O enfermeiro deve ficar virado para o doente e colocar um dos joelhos sobre a cama e, de
seguida, sentar-se sobre o mesmo;
- Deve segurar o cotovelo do doente e o paciente deve aproveitar este apoio para se sentar. As
figuras 5.11 a) e b) retratam esta situação.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama

a) b)
Figuras 5.11 a) e b) - Sentar o doente
na cama, com ajuda de dois profissionais
(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
Poderá também ser realizado o seguinte procedimento, com a ajuda de dois profissionais:
- Cada profissional deve sentar-se de cada lado da cama, ajoelhando uma das pernas;
- Mover o doente para a frente, com a ajuda de uma toalha, segurando-lhe nos cotovelos. A
figura 5.11 c) refere-se a esta situação.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama

Figuras 5.11 c) - Sentar o doente na cama, com


ajuda de dois profissionais, usando uma toalha
(Alexandre e Rogante, 2000).
 
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
 Para sentar o doente à beira da cama:
- Se o doente estiver deitado, o profissional, deverá:
 Começar por colocar o doente na posição de decúbito lateral, em cima de um plástico
adequado;
 Proceder à elevação da cabeceira da cama e enquanto um profissional segura a região dorsal e
também o ombro do paciente, o outro segura nos membros inferiores;
 Deverão levantar e girar o doente até que o mesmo fique na posição de sentado
A figura 5.12 diz respeito a esta situação.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama

Figuras 5.12 - Sentar o doente na beira da


cama, com ajuda profissional
(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama
Uma outra forma consiste em levantar o doente, encontrando-se este sobre um plástico próprio
para o efeito e mover os membros inferiores do doente para fora da cama. A figura 5.13 refere-
se a esta situação.
2.2.1.4 - A Movimentação de Doentes na Cama

Figuras 5.13 - Outra forma de sentar o doente


na beira da cama, com ajuda profissional
(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
- Para ajudar um doente, que necessite de ajuda, a levantar-se de uma cadeira, poderão ser
usadas cintas de transferência (recorrendo, se se justificar, a tripés, bengalas,…), sendo
empregue o seguinte procedimento (com um ou dois profissionais):
 Ficar ao lado da cadeira;
 O doente deverá apoiar uma das mãos no braço mais distante da cadeira e apoiar-se com a
outra mão no enfermeiro. Com o outro braço, o enfermeiro segura no cinto de transferência;
 Levantar. As figuras 5.14 a) e b) representam a forma descrita de ajudar o doente a levantar-se
de uma cadeira.
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes

Figuras 5.14 a) e b) - Ajudar o doente a levantar-se de uma cadeira.


(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
- Para ajudar o doente a deambular:
 O profissional deve ficar perto do doente e, mais concretamente, do lado em que exista uma
eventual deficiência, colocar um braço na cintura e o outro na mão. Poderá ser colocado, na
cintura do doente, um cinto para o efeito.
A figura 5.15 diz respeito a esta situação.
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes

Figuras 5.15 - Ajudar o doente a deambular


(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
 - Transferir o doente da cama para uma cadeira/cadeira de rodas/cadeirão de levante
Para ajudar neste tipo de transferência poderá ser empregue uma tábua de transferência, da
seguinte forma:
 Colocar a cadeira perto da cama (deverão estar ambas à mesma altura);
 Proceder à travagem da cadeira e da cama, retirando para isso o braço da cadeira e subindo o
apoio para os pés;
 Colocar a tábua apoiando a mesma entre a cama e a cadeira.
As figuras 5.16 a) e b) visam representar a transferência da cama para a cadeira.
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes

Figuras 5.16 - Transferência da cama para a cadeira.


(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
 Uma outra forma consiste na utilização do cinto de transferência, seguindo-se para isso o
seguinte procedimento:
- Posicionar a cadeira perto da cama;
- Proceder à travagem das rodas e elevar o apoio para os pés;
- Sentar o doente perto da beira da cama - o doente deverá ter calçado antiderrapante;
- Segurar no doente, pela cintura, ajudando-o a erguer-se, a virar e a sentar na cadeira.
As figuras 5.17 a), b), c) e d) retratam a sucessão descrita.
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes

Figuras 5.17 a), b), c) e d) - Transferência da cama para a


cadeira, utilizando o cinto de transferência
(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
- Transferir o doente da cama para uma maca
Neste caso existem equipamentos que auxiliam e que devem ser usados nesta transferência,
nomeadamente: as pranchas e os plásticos resistentes de transferências. O procedimento a
adotar consiste em:
 Ajustar a alturas da cama e da maca;
 Virar o doente e colocar o equipamento por baixo do mesmo;
 Colocar o doente na maca com a ajuda de um lençol ou outro material adequado para o efeito.
As figuras 5.18 a) e b) dizem respeito à transferência do doente da cama para a maca.
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes

a) b)
Figuras 5.18 a), b) - Transferência da cama para a
cadeira, utilizando o cinto de transferência
(Alexandre e Rogante, 2000).
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
A Directiva Europeia 90/269/CEE do Conselho de 29/5/1990 é uma das directivas que trata a
segurança e a saúde no trabalho: refere as prescrições mínimas de segurança e de saúde para a
movimentação manual de cargas e que foi transposta por Portugal através do Decreto-Lei n.º
330/93, de 25/9. A Directiva em causa aplica-se portanto, às tarefas que causam riscos
(sobretudo dorso-lombares), nomeadamente: empurrar, levantar e puxar. A referida fonte refere
ainda que a entidade empregadora deverá evitar a movimentação manual de cargas por parte
dos trabalhadores (art.º 4.º).
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
A prática quotidiana dos assistentes operacionais e dos enfermeiros, em particular, caracteriza-
se por tarefas que se traduzem em factores de risco para a coluna vertebral. Sendo de referir,
entre essas tarefas:
- A repetição e/ou manutenção de posições e/ou movimentos, muitas vezes prolongados. Refira-
se por exemplo que na posição vertical as pressões e as tensões que ocorrem ao nível do disco e
dos ligamentos revelam-se mais fracas.
Os movimentos repetidos ou que são mantidos durante algum tempo são perigosos sobretudo
para a zona lombar. De entre estes contam-se:
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
- o inclinar-se para a frente, arredondando a coluna,
- o virar-se para o lado com inclinação para a frente,
- o acto de segurar uma carga e esticar-se para trás,
- o facto de ficar muito tempo sentado numa cadeira (mais frequente no caso do trabalho
administrativo),
- o permanecer agachado.
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
No que diz respeito à movimentação de cargas, em si, esta tarefa pode complicar-se devido a
várias características, sendo de referir:
- Nas especificidades relacionadas com a movimentação de uma carga:
 a instabilidade da mesma,
 a diferente distribuição do peso,
 a falta de puxadores, o que dificulta assim o agarrar,
 a superfície escorregadia.
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
- Nas especificidades relacionadas com o transporte de doentes:
 o estado agitado do doente,
 o facto do doente não participar,
 o facto de ser difícil calcular o peso do doente,
 a dificuldade em agarrar.
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
Entre as múltiplas tarefas desempenhadas diariamente pelos profissionais de saúde, está pois a
movimentação manual dos doentes, que pode ser considerada como uma movimentação
manual de cargas uma vez que ocorre o transporte e/ou sustentação de uma carga (o doente)
por um ou mais trabalhadores.
As lesões podem agravar-se conduzindo, em casos extremos, à invalidez do profissional e/ou
incapacidade permanente para o trabalho.
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
Como medidas de prevenção são de referir:
- A eliminação do risco e
- A redução do risco.
Por eliminação do risco entende-se o evitar da exposição dos profissionais de saúde ao risco e, deste
modo, evitar as movimentações manuais. Para atingir esse objetivo a tarefa de movimentação deverá
ser mecanizada ou automatizada. As diversas transferências de doentes que os profissionais de saúde
realizam diariamente (cama inclinável, cama-maca, cama-banheira, etc.) são fatores de risco para a
coluna vertebral, devido, não só, ao peso do doente, mas também às posições adotadas. Estas
movimentações podem ser evitadas através do uso de elevador ou de calhas de transferência.
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
A figura 5.19 diz respeito à utilização de um elevador para doentes, enquanto que a figura 5.20
se refere à utilização de calhas de transferência.

a) b) c)
Figura 5.19 - a) Elevador existente no serviço de medicina 1;
b) e c) Utilização de um elevador para doentes
(Inspecção-Geral do Trabalho, 2007).
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes

Figura 5.20 - Utilização de calhas de transferência


(Inspecção-Geral do Trabalho, 2007).
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
No que diz respeito à redução do risco, a Inspecção-Geral do Trabalho (atual Autoridade para as
Condições de Trabalho), referia, em 2007, as seguintes medidas técnicas:
- Adaptar em altura;
- Facilitar as movimentações dos doentes;
- Facilitar a acessibilidade;
- Melhorar o armazenamento das cargas.
A utilização das pranchas de transferência e dos carrinhos contribuem para aliviar a
movimentação, eles reduzem (e por vezes eliminam) os riscos que decorrem da movimentação.
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes
 - Adaptar em altura
A adoção e banheiras reguláveis em altura ajuda a evitar posições passíveis de causar lesões na
coluna vertebral dos profissionais de saúde (sobretudo as flexões do corpo). Para além disso,
facilitam também as movimentações quando os doentes são transferidos. A figura 5.21 mostra
uma banheira regulável em altura.
2.2.1.5 - O Transporte de Doentes

Figura 5.21 - Banheira regulável em altura


(Inspecção-Geral do Trabalho, 2007).
3 - Referências Bibliográficas
Alexandre, N. e Rogante, M. (2000). Movimentação e transferência de pacientes: aspectos
posturais e ergonómicos. Ver. Esc. Enf. USP, v. 34, n.º 2.

Inspecção-Geral do Trabalho (2007). Alivie a carga! Prevenção das lombalgias no sector dos
cuidados de saúde. Campanha europeia de inspecção e de comunicação do CARIT:
Movimentação manual das cargas na Europa nos sectores dos Transportes e dos Cuidados de
Saúde.

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