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MECANISMOS DE

TEXTUALIZAÇÃO.
MECANISMOS DE COESÃO
PELA CONEXÃO.
CONJUNÇÃO.

As relações semânticas no texto


sinalizadas pela conexão
A COESÃO CONECTIVA
 A coesão que se dá através dos mecanismos
de conexão, chamada de coesão conectiva,
envolve, de acordo com Marcuschi, dois tipos
de operadores:

 OPERADORES ARGUMENTATIVOS
 OPERADORES ORGANIZACIONAIS
OPERADORES
ARGUMENTATIVOS

 Oposição  mas, porém, contudo, no entanto


 Causa  porque, pois, já que
 Fim  a fim de que, para que, com o propósito
 Condição  se, a menos que, desde que, contanto
que
 Conclusão  logo, assim, portanto
 Adição  e, nem só, bem como, mas também..
 Disjunção  ou
 Exclusão  nem
 Comparação  mais do que, menos do que
OPERADORES ORGANIZACIONAIS
 De espaço e tempo textual:
-em primeiro lugar, em segundo lugar,
finalmente,
-como vimos anteriormente, como já
mencionamos
-no próximo capítulo..
 Metalinguísticos:

-por exemplo, isto é, ou seja


-quer dizer, por outro lado,
-repetindo, em outras palavras
-com base nisso, segundo fulano..
AS RELAÇÕES SEMÂNTICAS
SINALIZADAS PELA CONEXÃO
 De acordo com Antunes (2005), na atividade
de recepção e produção dos textos, o
importante não é ocupar-se da classificação
dos conectores com suas respectivas
nomenclaturas, mas ocupar-se do tipo de
relação de sentido estabelecida.
 É fundamental entender a função dos
conectores como elementos de ligação de
subpartes dos textos (orações, períodos,
parágrafos ou até blocos do texto); e como
elementos indicadores de relações de sentido
e orientações argumentativas.
A RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
 É estabelecida sempre que em um segmento é
expressa a causa da conseqüência indicada
em outro segmento (oração, período). Essa
relação se expressa linguisticamente pelas
conjunções:
 Porque
 Uma vez que
 Visto que
 Já que
 Dado que
 como
EXEMPLOS DE RELACOES DE
CAUSALIDADE
 Como ninguém se interessou pelo
projeto, não houve alternativa a não
ser cancelá-lo.
 Já que você não vai, eu também não
vou.
 “Tanto fiz que agora tanto faz” (Saia
Rodada)
A RELAÇÃO DE
CONDICIONALIDADE
 É estabelecida quando um segmento expressa
a condição, e esse tipo de relação implica
sempre um valor de causa hipotética,
havendo uma proximidade entre a relação
causal e condicional.
 Se
 Caso
 Desde que
 Contanto que
 Amenos que
 Salvo se /exceto se...
EXEMPLOS CONDICIONALIDADE
 “Se não houvesse pesquisas, todas as grandes
invenções e descobertas científicas não
teriam acontecido” (Marcos Bagno)
EXEMPLOS CONDICIONALIDADE
A RELAÇÃO DE
TEMPORALIDADE
 Expressa o tempo a partir do qual são localizados os
eventos ou ações, podendo envolver tempo
anterior, posterior ou simultâneo, habitual ou
proporcional.
 Quando
 Enquanto
 Apenas / mal / assim que /logo que
 Antes que
 Depois que
 Até que
 Sempre que / Todas as vezes que
 Desde que
A RELAÇÃO DE TEMPORALIDADE
ANTERIOR
 “Desde que nasceu, há 84 anos, João
Gomes da Silva vive em Marmeleiro”
(Jornal de Beltrão)
 Desde que o homem começou a explorar
os recursos do planeta, vem provocando
impactos sobre o meio ambiente. (Le
Monde Diplomatique Brasil)
 Desde que a minha vida saiu dos
trilhos, sinto que posso ir a qualquer
lugar. (Zack Magiezi) ...
A RELAÇÃO DE TEMPORALIDADE
POSTERIOR
RELAÇÃO DE SIMULTANEIDADE
A RELAÇÃO DE PROPORÇÃO
 “Um projeto educativo comprometido com a
democratização social atribui a escola a
função de contribuir para garantir a todos os
alunos o acesso aos saberes linguísticos
necessários para o exercício da cidadania.
Essa responsabilidade é tanto maior quanto
menor for o grau de letramento das
comunidades em que vivem os alunos” PCN
RELAÇÃO DE TEMPORALIDADE POR
SEQUENCIA TEMPORAL E TEXTUAL
Dentro das relações de temporalidade o
encadeamento pode ser de dois tipos:
 Sequência temporal: aquela que exprime a
ordem temporal que o enunciador percebeu
para os acontecimentos.

 Sequência textual: relacionada à ordem


temporal em que os elementos vão se
organizar dentro do texto
SEQUENCIA TEMPORAL
 Relacionada a coerência entre o texto e os fatos da
realidade,eles funcionam como ordenadores que orientam o
ouvinte ou leitor do texto, para facilitar seu processamento
global:

“Durante todo o século XIX, quando ampliava-se a cidadania e


universalizava-se a educação básica nos países desenvolvidos, o
Brasil permanecia uma sociedade escravocrata. Fomos o último
país ocidental a abolir a escravidão africana; a extensão da
cidadania à maioria da população, constituída por escravos, ex-
escravos e seus descendentes, só começou a se colocar como
problema real no início deste século.”
SEQUENCIA TEXTUAL
 Ela está relacionada com a coerência interna ao texto,
organizando a ordem em que os tópicos aparecem:

Na realidade, a idéia ou, melhor dito, algumas idéias que subjazem


ao uso atual do conceito de aprendizagem significativa contam
com inúmeros antecedentes na história do pensamento
educacional. Podemos nos remeter em primeiro lugar, à tradição
centrada na criança dos movimentos pedagógicos renovadores do
séculos, (...). Em segundo lugar, cabe mencionar a tradição, mais
recente, da hipótese da aprendizagem por descobrimento, (...).Em
terceiro lugar, podemos citar as propostas pedagógicas inspiradas
nas teses que podem ser sintetizadas na seguinte afirmação: o
"princípio fundamental dos métodos ativos: compreender é
inventar ou reconstruir por reinvenção" (Piaget, 1974).
http://www.pbh.gov.br/smed/cape/artigos/textos/cesar
RELAÇÃO DE FINALIDADE
 Se manifestam quando um dos segmentos
explicita o propósito ou objetivo pretendido
pelo outro, e é sinalizada na superfície
textual pelos conectivos para que e a fim de
que:
 Segundo Santos (2010) “para que a idéia
defendida nos PCN possa ser aplicada, é
necessário que o foco do ensino saia das
regras pré- estabelecidas para se basear na
análise de textos, visando à compreensão e a
produção”
RELAÇÃO DE ALTERNÂNCIA
 Ela pode ocorrer de duas maneiras:
Sendo sinalizado pelo ou exclusivo, o que
implica que os dois segmentos se excluem
mutuamente não admitindo que ambas
alternativas sejam verdadeiras:
“Todo escrito é útil ou nocivo: um dos dois”
(Yourcenar, 1983)
“De acordo com a utilização os meios de
formação de massa podem promover o
desenvolvimento do indivíduo (...) ou então
tornar-se o novo ópio das massas”
(UNESCO, 1976)
RELAÇÃO DE ALTERNÂNCIA
 A alternância pode ser inclusiva, sem os
elementos se excluírem, pelo contrário: eles
e somam:
ALTERNÂNCIA COM VALOR
ENFÁTICO
RELAÇÃO DE CONFORMIDADE
 É estabelecida quando um segmento expressa que algo foi
realizado de acordo com o que foi detalhado em outro,
através dos conectivos: conforme, consoante, como,
segundo:
“Segundo os organizadores, o objetivo é fazer um "esquenta"
para uma greve geral, que deverá ser chamada como forma
enfrentamento à retirada de direitos trabalhistas e sociais
proposta pelo governo não eleito de Michel Temer.”

 “Militantes União Nacional dos Estudantes (UNE) também


estavam no ato, já que a classe trabalhadora "é uma
grande aliada dos estudantes na luta contra o Michel
Temer", conforme declarou Luana Correa, presidenta da
entidade.” (Brasil de Fato, 22/09/16)
RELAÇÃO DE
COMPLEMENTAÇÃO
Ocorre sempre que um segmento funciona
como termo complementar de outro, quer
dizer, quando uma oração é sujeito,
complemento ou aposto de outra, e vem
sinalizada linguísticamente por que, se e
como.
SUJEITO: “É possível que você, falante da
língua portuguesa, possa não saber nada
sobre seu próprio idioma?”
RELAÇÃO DE COMPLEMENTAÇÃO
COMPLEMENTO
 “Não quero dizer com isso que não temos o
direito de gostar mais, ou menos, do falar de
uma região ou de outra, do falar de um grupo
social ou de outro.”
 “A Constituição brasileira estabelece que
"ninguém será submetido a tortura nem a
tratamento desumano ou degradante''. Sendo
assim, interpreto eu que qualquer pessoa que
for vítima de preconceito linguístico pode
buscar a lei maior da nação para se defender”
(MARTA SCHERRE, linguista e pesquisadora do CNPQ)
RELAÇÃO DE COMPLEMENTAÇÃO
APOSTO
“Durante anos os brasileiros cresceram ouvindo
três afirmações de que Deus nasceu por aqui:
o Brasil não tem furações ou terremotos, o
brasileiro é um homem cordial e nesta
terra não existe racismo” (Isto é, 1997)
RELAÇÃO DE DELIMITAÇÃO OU
RESTRIÇÃO
 Manifesta-se quando uma oração delimita ou
restringe o conteúdo de outra, e essa relação
é sinalizada pelo pronome relativo que:
 “No sentido mais comum, o termo gramática
designa um conjunto de regras que devem ser
seguidas por aqueles que querem falar e
escrever corretamente. (...)Num segundo
sentido, gramática é um conjunto de regras
que um cientista dedicado ao estudo de fatos
da língua encontra nos dados que analisa a
partir de uma certa teoria e de um certo
método” (Sírio Possenti, 1983)
A RELAÇÃO DE ADIÇÃO
 É estabelecida quando mais um item é
introduzido num conjunto ou, do ponto de
vista argumentativo, quando mais um
argumento é acrescentado a favor de
determinada conclusão. Os conectores
articulam termos ou frases cujos conteúdos
se adicionam, e são: e, ainda, também, não
só...mas também, além de, nem...
EXEMPLOS:

“Os benefícios de um bom café da manha vao


além de um corpo mais esbelto. Alimentar-se
de forma saudável nas primeiras horas do dia
também protege contra a diabetes e evita a
formação de pólipos intestinais”. (Veja, 2005)

“Se somos a favor do MST, e se ouvimos de um


líder a palavra ‘ocupação’, entendemos
‘ocupação’.Mas, se somos contra o MST e
ouvimos um líder dizendo ‘ocupação’ lemos
‘invasão’ (Sírio Possenti, 2009)
EXEMPLOS ADIÇÃO
 “O conceito de tradução cultural
torna-se mais complexo quando não
apenas a comunicação é considerada,
mas também as transformações
sofridas pelo contato (ou choque!)
entre as duas culturas”
 (Scheyerl, Ramos, orgs. 2008)
A RELAÇÃO DE OPOSIÇÃO
 A relação de oposição se manifesta pelas
conjunções que tradicionalmente são
classificadas como concessivas ou
adversativas porém, mas, contudo,
todavia, no entanto, entretanto, embora,
se bem que, ainda que, mesmo que, se
bem que. Essa relação implica um conteúdo
que se opõe a algo explicitado ou implicado
em um enunciado anterior.
CONCESSIVAS E ADVERSATIVAS:

 Concessivas e Adversativas: ambas


expressam relações de oposição. A
diferença está na direção argumentativa que
cada uma expressa.
Com as adversativas, a expectativa
levantada no primeiro enunciado não é
mantida:
“Ele é um bom aluno, mas costuma faltar às
aulas”
(vale mas o argumento contrário)
CONCESSIVAS E ADVERSATIVAS:

 Com as concessivas, prevalece o


argumento a favor:
“Ele é um bom aluno, mesmo que costume
faltar às aulas”
Portanto, a diferença está na direção
argumentativa que uma e outra expressam:

“A dificuldade para escrever é comum em


profissionais de todas as áreas. Muitas vezes,
no entanto, ela é agravada por causa de
equívocos” (Veja, 2005)
EXEMPLOS

“Mas, o que é, afinal, o tal do internetês? O


Google surpreende porque suas primeiras
informações são sobre um léxico
especializado para falar de informática e
seus derivados. Mas o sentido mais restrito,
que está em questão quando se discute
linguagem, é bem outro” (Possenti, 2009)
EXEMPLOS
RELAÇÃO DE JUSTIFICAÇÃO OU
EXPLICAÇÃO
 Ocorre quando um segmento tem a
finalidade de justificar, explicar ou
esclarecer um outro segmento anterior.
Muito frequente em textos explicativos, essa
relação vem marcada na superfície textual
pelos conectivos porque, pois, isto é,quer
dizer, ou seja. Por vezes, essas expressões
introduzem também reformulações ou
correições de algo anteriormente dito
EXEMPLOS
“O livro Aula de português: encontro e
interação traz uma reflexão em torno das
aulas de Português, sobre a leitura, a escrita e
a reflexão da língua. Já no início do livro. A
autora, Irandé Antunes, faz uma critica aos
professores que ensinam gramática de forma
descontextualizada, ou seja, trabalham a
língua com frases soltas, isoladas.”

(http://keylapinheiro.blogspot.com.ar/2010/04/aula-de-
portugues-encontro-e-interacao.html)
EXEMPLO
“A Língua Portuguesa deve ser vista como ela
realmente é, uma língua de alto grau de diversidade
causado pela grandeza de nosso Brasil, fazendo com
que ela se modifique em cada região, e “Esse
caráter individual da fala é responsável pela
diversidade e da língua…”,ou seja, o fato de que em
grande parte do Brasil a língua predominante ser a
Portuguesa, não quer dizer que ela tenha uma
unidade, pois a idade, o grau de escolarização, a
situação socioeconômica e outros fatores resultarão
na fala de um indivíduo que é conseqüência desse
emanharado de coisas.”
Marcos Bagno
A RELAÇÃO DE CONCLUSÃO
Ela acontece sempre que em um segmento se
expressa uma conclusão que se obteve a
partir de fatos ou conceitos expressos no
segmento anterior. Essa relação é sinalizada
por logo, portanto, pois, por conseguinte,
então, assim:

“Nossa grande vantagem: TODOS SABEMOS


PORTUGUES! Não precisamos, portanto,
partir de zero”
(Carlos Alberto Faraco, 2003)
CONECTOR SUBENTENDIDO
 O conector de conclusão, como qualquer
outro, pode vir subentendido não aparecendo
a articulação entre os segmentos na
superfície textual. No entanto, nosso
conhecimento prévio é mobilizado para
legitimar a interpretação. Originam-se assim,
o que chamamos de orações justapostas nas
quais é necessário preencher um vazio por
parte do intérprete que se apóia em seu
conhecimento de mundo, mais do que se
conhecimento linguístico.

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