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O atendimento policial às situações de violência doméstica

Fabriziane Figueiredo Stellet Zapata


CAEP
Polícia Militar do Distrito Federal
Maio 2022
Dados 2021 - SSP/DF
• Câmara técnica de monitoramento dos feminicídios SSP/DF
• 136 casos de feminicídio de 2015 a dezembro/2021
Importância da Lei Maria da Penha
• Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher;
• Dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher;
• Altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal;
• e dá outras providências.
• Atenção para alterações legislativas
Âmbito de aplicação
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

Violência de gênero

-Agressor: homem ou mulher


-Vítima: mulher
Âmbito de aplicação
ENUNCIADO 24, FONAVID - 2017 – A competência do Juizado da Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher restringe-se aos delitos cometidos em razão do gênero, na forma dos arts. 5º e
7º da Lei Maria da Penha, não sendo suficiente que a vítima seja do sexo feminino.

ENUNCIADO 46 – FONAVID - 2017 – Com a inovação de que a Lei Maria da Penha se aplica às
mulheres transsexuais, independentemente de alteração registral do nome e de cirurgia de
redesignação sexual, sempre que configuradas as hipóteses do artigo 5º, da Lei 11.340/2006
 (Aprovado no IX FONAVID-RN).
Âmbito de aplicação

I- no âmbito da unidade doméstica;

II- no âmbito da família;

III- em qualquer relação íntima de afeto (independentemente de coabitação).

As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.


Formas de violência

• violência física
• violência psicológica
• violência sexual
Correspondência (ou falta de) entre formas de
• violência patrimonial violência previstas na LMP e tipos penais
• violência moral previstos no Código Penal e Legislação esparsa
Violência psicológica

Qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o
pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões,
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição
contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e
vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
(Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018)

CP, Art. 147-B.  Crime de violência psicológica (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave.

Alteração legislativa
Perseguição (stalking)

CP, art. 147-A.  Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua
esfera de liberdade ou privacidade.       (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.       

§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido (9 meses a 3 anos):        


(...)
II – contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código; (§ 2o-A
Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I - violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou
discriminação à condição de mulher.)

Alteração legislativa
Art. 216-B.  Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso
de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes:  (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único.  Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o
fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.   (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)

Art. 218-C. Divulgação de cena de sexo, nudez ou pornografia, sem o consentimento da vítima: (Incluído pela Lei nº 13.718, de
2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos
§1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido
relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.

Alteração legislativa
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor- “aplicar, de
imediato”

Proibição de
Proibição de Proibição de frequentar
Afastamento do lar
aproximação contato determinados
lugares

Suspensão da Alimentos Suspensão das


Outras
posse de armas provisórios visitas
Art. 22, §2º - Comunicar e determinar a
restrição do porte de armas, ficando o Art. 18 - IV - determinar a apreensão
superior imediato do agressor
responsável pelo cumprimento da imediata de arma de fogo sob a posse
determinação judicial, sob pena de do agressor. 
incorrer em crimes

Alteração legislativa
PORTARIA Nº 86/2019 – SSP-DF Regulamenta o
procedimento a ser adotado pelas Forças de Segurança
Pública e pelo Sistema Penitenciário do Distrito Federal para
o recolhimento da(s) arma(s) de fogo dos servidores que
forem indiciados em inquéritos policiais por motivo de
violência doméstica e familiar contra a mulher
DECRETO Nº 39.851, DE 23 DE MAIO DE 2019

Art. 1º Os servidores pertencentes aos quadros da Polícia Civil, Polícia


Militar, Corpo de Bombeiros Militar e do Sistema Penitenciário do
Distrito Federal que forem indiciados em inquéritos policiais por motivo
de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da Lei
11.340, de 7 de agosto de 2006, ou estiverem com medida protetiva
judicial decretada, terão sua(s) arma(s) de fogo recolhida(s) até a
conclusão do processo judicial respectivo.

Art. 2º Quando do indiciamento, o Delegado de Polícia responsável pelo


inquérito policial deverá comunicar à corporação a qual faz parte o
indiciado para ciência e adoção das providências previstas neste
Decreto.
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor- “aplicar, de
imediato”

Comparecimento do Acompanhamento psicossocial


agressor a programas de do agressor, por meio de
recuperação e atendimento individual e/ou
reeducação em grupo de apoio

Alteração legislativa
Crime de descumprimento de medidas protetivas

Art. 24-A.  Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas
nesta Lei:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.

Finalidade: para assegurar a possibilidade de a autoridade policial prender em flagrante quando


houver descumprimento à ordem judicial de MPU sem a prática de outras infrações.

Alteração legislativa
Atuação protetiva x Atuação punitiva

• Necessidade de prévia intimação do ofensor da concessão da


Medida Protetiva de Urgência?
• Atuação policial imediata - cópia da decisão concessiva de MPU -
flagrante descumprimento - presunção de ilegalidade – detenção,
Delegacia e imediata apresentação ao Juiz em audiência de
custódia.
• Compartilhamento de informações – sistema de justiça e segurança
pública
Monitoramento das medidas protetivas – Monitoração eletrônica

CPP, Art. 282,  I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução
criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais;      
     
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do
indiciado ou acusado.   

§ 4o  descumprimento – “em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo
único)”. 
Monitoramento das medidas protetivas

DMPP – área de exclusão


PROVID –  Policiamento de
VIVA FLOR – “botão do pânico” dinâmica
Prevenção Orientado à
Medida protetiva Medida cautelar de
Violência Doméstica
monitoração eletrônica
PRISÃO PREVENTIVA PROTETIVA

PRISÃO PREVENTIVA
Decretada pelo juiz:

• de ofício (ENUNCIADO 51: O art. 20 da LMP não foi revogado tacitamente pelas modificações
do CPP, ante o princípio da especialidade. (APROVADO NO XI FONAVID – São Paulo). Nota
Técnica – Centro de Inteligência TJDFT
• a requerimento do Ministério Público ou
• mediante representação da autoridade policial
CPP, Art. 312
CPP, art. 313, III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança,
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas
protetivas de urgência
Art. 12-C.  Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou
psicológica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o
agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a
ofendida:    (Redação dada pela Lei nº 14.188, de 2021)
I - pela autoridade judicial;         (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou         
(Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível
no momento da denúncia.         (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

Alteração legislativa
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo
máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a
revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público
concomitantemente.         (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de
urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso.         
(Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

Alteração legislativa
LEI Nº 14.149/2021

Institui o Formulário Nacional


de Avaliação de Risco, a ser
aplicado à mulher vítima de
violência doméstica e familiar.

prevenção e enfrentamento

fatores de risco
https://www.mpdft.mp.br/portal/pdf/
imprensa/cartilhas/
Guia_avaliacao_risco_sistema_justica_MPDFT.p
df
PRINCÍPIOS DO TRABALHO EM REDE

ARTICULAÇÃO E FORTALECIMENTO DAS


DIVERSIDADE DE SABERES
INTEGRAÇÃO (OS) USUÁRIAS (OS)

INCOMPLETUDE
DEFESA DOS DIREITOS E
HORIZONTALIDADE INSTITUCIONAL E
DA DIGNIDADE HUMANA
PROFISSIONAL
O ATENDIMENTO QUALIFICADO DEVE ABRANGER CONHECIMENTOS SOBRE:

» As especificidades e as teorias explicativas da violencia domestica e familiar contra as


mulheres;

» Os servicos especializados no atendimento as mulheres para fazer os encaminhamentos


adequados;

» Formas de acolhimento que considerem as dificuldades das mulheres que procuram ajuda
institucional
Encaminhamentos a serviços psicossociais de atenção à mulher

Casa da Mulher Brasileira – Ceilândia

Centros Especializados de Atendimento à Mulher - CEAM

Núcleos de Atendimento à Família e aos Autores de Violência Doméstica - NAVAFD

Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS

Centro de Especialidade para Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual – CEPAV

Grupos de Reflexão Universidades


Núcleo de Assessoramento sobre Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (NERAV/TJDFT)
Setor de Análise Psicossocial (SEPS/MPDFT)
Encaminhamentos relacionados à Segurança Pessoal da vítima

Policiamento de Prevenção Orientado à Violência Doméstica (PROVID/PMDF)


Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM I e II/PCDF)/ Delegacias Circunscricionais
Promotorias de Justiça
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
DESAFIO 1. DESCONSTRUIR ESTEREÓTIPOS MACHISTAS E CRENÇAS SOBRE A VIOLÊNCIA
CONTRA A MULHER

DESAFIO 2 NOMINAR AS VIOLÊNCIAS SOFRIDAS

DESAFIO 3 AJUDAR A VÍTIMA A “DES-CULPABILIZAR-SE” PELAS VIOLÊNCIAS SOFRIDAS

DESAFIO 4 SENSIBILIZAR PARA A GRAVIDADE DOS RISCOS DE REITERAÇÃO DA VIOLÊNCIA

DESAFIO 5 RESGATAR A AUTOESTIMA E AUTO-DETERMINAÇÃO SIGNIFICA DEVOLVER À


MULHER A SUA CONDIÇÃO DE SUJEITO DE DIREITOS, DESEJOS, VONTADES E NECESSIDADES
INDIVIDUAIS

DESAFIO 6 GERAR SENTIMENTO DE CONFIANÇA E SEGURANÇA DA VÍTIMA NA TOMADA DE


DECISÃO: ASSERTIVIDADE
Núcleo Judiciário da Mulher
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (NJM/TJDFT)
Telefones: (61) 3103-2041/3103-2027
e-mail: njm.df@tjdft.jus.br

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