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PROMOÇÃO DA

SAÚDE
E PREVENÇÃO DE
DOENÇAS: algumas
reflexões
INSIKIRAN/UFRR
Profa. Me. ANA PAULA B. ALVES 1
Texto Base:
WESTPHAL M F. Promoção da saúde e prevenção de doenças. In: CAMPOS, G
W S, et al. Tratado de Saúde Coletiva. 2ª ed. rev. aum. São Paulo: Hucitec,
2012. p. 681-717. ISBN 978-85-64806-56-6

Objetivos:
 Estudar as diferenças e semelhanças entre a promoção da saúde e
prevenção de doenças;
 Entender que as diferenças entre promoção da saúde e prevenção de
doenças estão relacionadas a concepção de saúde e doença que informa
essas duas práticas e as vertentes políticas ideológicas a que elas têm-se
filiado;
2
Objetivos:
Apresentar o que modernamente entendemos por
promoção da saúde a partir da contribuição das
conferências internacionais da área e da definição de
seus princípios e estratégias;
Discutir o significado da promoção da saúde no
contexto atual;
Identificar a vocação e o sentido da promoção da
Saúde;
3
INTRODUÇÃO
Sempre houve uma a
preocupação com a
promoção da saúde do
ser humano, seu
crescimento, seu
desenvolvimento físico
e mental e a prevenção
das doenças!

4
4
INTRODUÇÃO
PREVENÇÃO DAS
DOENÇAS
“Impedir que se realize’’;
‘’preparar; chegar antes de;
dispor de maneira que evite
[dano]’’ (CZERESNIA, 2009).
5
INTRODUÇÃO

Concepção Promoção
da Saúde
Ampla do Seus
Processo Saúde- Determinantes
Doença

PROMOVER = Requerer; Gerar; Causar; Originar.

Propõe a articulação dos saberes técnicos e populares e a


mobilização de recursos institucionais e comunitários públicos e
privados para seu enfrentamento e resolução (CZERESNIA, 2009).
6
O que é Promoção à Saúde?

• A OMS define como promoção da saúde o processo que


permite ás pessoas aumentar o controle e melhorar sua saúde,
não somente incluindo ações direcionadas ao indivíduo, mas
também ações referentes a mudança das condições sociais,
ambientais e econômicas para minimizar seu impacto na saúde
individual e Pública.

7
INTRODUÇÃO

FONTE: https://www.blendspace.com/lessons/U0cHJDMY_-l9BQ/la-polis
Dos gregos na antiguidade (460 a.C. a 146 a.C.):

Herdamos o conceito de
indivíduo são, emancipado
em meio à concepção de
cultura no âmbito da
“pólis”.

8
Dos gregos na antiguidade (460 a.C. a 146 a.C.):

olimpicos-da-grecia-antiga/
FONTE: https://www.olimpiadatododia.com.br/curiosidades-olimpicas/237903-jogos-
Os gregos valorizavam as aspectos físicos
da saúde pessoal.

Desenvolvimento harmonioso de todas


as faculdades humanas foi o princípio
filosófico orientador.

FONTE: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.canaleducacao.tv/images/slides/39991_b82a018160edc21091a493ab3ae7e29a.pdf 9
Dos gregos na antiguidade (460 a.C. a 146 a.C.):

em-roma-antiga.phtml
FONTE: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-vida-
FONTE: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Retrato_de_Hip%C3%B3crates_
%281787%29_-_Morgado_de_Set%C3%BAbal_%28Museu_de_%C3%89vora

HIPÓCRATES (360 ac.)

No tratado de Ares, mares e lugares, um dos


mais antigos corpus hippocraticum.
%29.png

10
Dos gregos na antiguidade (460 a.C. a 146 a.C.):

Higeia (Hígia), deusa da Panaceia, deusa da cura


Esculápio (Asclépio) deus da medicina
preservação da saúde e de todos os males

A fábula de Esculápio também traduz está preocupação dos


povos gregos com a saúde e a doença.
11
IMPÉRIO ROMANO
O Estado é o mais
importante;

Políticas públicas
integradas e
intersetoriais;

12
IMPÉRIO ROMANO

cotidiana-na-roma-antiga/
FONTE: https://populusquelatinus.wordpress.com/2017/03/18/a-agua-e-a-revolucao-da-vida-
Os censo e registro de
nascimentos e óbitos
(ESTATÍSTICAS VITAIS);

Ações governamentais
pela saúde - sistema
sanitário;
13
IMPÉRIO ROMANO

Foi o primeiro a relacionar a


liberdade proporcionada
por uma renda Econômica
adequada a situação de
saúde da população.

Galeno (129 a.C.)

14
PERÍODO MEDIEVAL
A ênfase das ações de governo eram
em relação ao espírito com um
abandono total do corpo e de todo
seu cuidado.

PERÍODO DO RENASCIMENTO
(Séculos XV e XVI)

Não apresentou grandes


avanços no conceito e nas
práticas de saúde.
15
PERÍODO DAS GRANDES NAVEGAÇÕES
• Os países do Novo
Mundo e os europeus
trocaram entre si as
experiências em
relação às medidas de
prevenção e promoção
mais relacionadas à
conversão do gentios
a estilos de vida
saudáveis.
16
Nos séculos XVII e XVIII:

Fonte: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10789/10789.PDF
 Avanços na medicina, e na
saúde pública, sendo o
microscópio o descobrimento
mais importante.

Avanços nos conhecimentos Orientam até hoje as


científicos assentaram as práticas médicas e sanitárias.
bases bacteriologia e da
microbiologia.
17
Nos séculos XVII e XVIII:  Polícia sanitária São Paulo 1911

Fonte: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10789/10789.PDF
O advento do absolutismo
autoritário como forma de
governar implicou na adoção da
“polícia sanitária” como política de
saúde.

Os sadios deviam adotar


comportamentos adequados à
saúde e os indivíduos doentes
deviam se isolar.
18
No século XIX

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria_no_Brasil#/media/Fic
 Os profissionais de
saúde deram
continuidade aos
desenvolvimentos
científicos tanto em
medicina clínica e

heiro:Fabrica_brasil_1880.jpg
microbiologia, patologia
e fisiologia.

FONTE:
19
FONTE:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria_no_Brasil#/media/Fic
heiro:Fabrica_brasil_1880.jpg
No século XIX

social, saúde coletiva;


Conceitos sobre medicina
houve um aumento da

20
mortalidade geral e infantil;
Com a revolução industrial

FONTE: http://orientavida.comunidades.net/saude-social
No século XIX
http://www.rets.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/territorio-e-producao-soci

Edwin Chadwick (1800-1890), reviu as


leis dos Pobres (1842), e elaborou o
Report on the Sanitary Conditions of
Labouring Class, inaugurando a
estratégia de Promoção da Saúde nos
espaços de vida, como importante
elemento para a produção social de
al-de-saude_parte05.pdf

saúde.
FONTE:

21
No século XIX
 Rudolf Virchow (1821-1902) médico,
patologista alemão. É considerado o pai
da Medicina Social e o precursor da
Promoção da Saúde.

 Estudou a epidemia de tifo na Prússia em


1847 a 1848;

 Relacionou saúde a democracia, educação,


liberdade e prosperidade da população
pobre que vivia na região estudada.
FONTE: A brief chronicle of cytology: From Janssen to Papanicolaou and beyond - Scientific Figure on ResearchGate. Available from:
https://www.researchgate.net/figure/Rudolf-Virchow-1821-1902-obtained-from-public-domain-at_fig1_229161489 [accessed 20 Aug, 2020] 22
No século XIX
• Para que as populações se
tornassem saudáveis precisavam
conversar em sua própria língua,
ter um governo autônomo,
condições para poder melhorar a
agricultura do país e outras que
pudessem dar conta das causas ou
os determinantes das
enfermidades identificadas.

FONTE: A brief chronicle of cytology: From Janssen to Papanicolaou and beyond - Scientific Figure on ResearchGate. Available from:
https://www.researchgate.net/figure/Rudolf-Virchow-1821-1902-obtained-from-public-domain-at_fig1_229161489 [accessed 20 Aug, 2020] 23
No século XX

Avanços científicos Doenças


infecciosas

No campo
Morbimortalidade
biomédico

Orientando as estratégias preventivas 24


No século XX

A natureza biológica Doença

Deslocando o
pensamento causal em
saúde do ambiente Agentes patogênicos
físico e social

A doença tem uma só causa, com  um germe originando cada etiologia.


25
No século XX
Era bacteriológica
Atravessa o século
XX, mudando
sempre a conotação
principal em função
dos avanços
científicos.

26
No século XX
Descoberta da
insulina e das
sulfamidas (1930) -
Era terapêutica.

Conceito de saúde como ausência de doença.


27
No século XX Paradigma Biomédico
UNICAUSALIDADE • Uma causa produzindo um único
efeito;

DETERMINANTES • As doenças e suas curas sempre


BIOLÓGICOS ocorrem no nível biológico;

• O objeto das ações em


Ótica Econômica INDIVIDUALISMO saúde é um indivíduo,
tratado por outro
indivíduo;
MECANICISMO

TECNOLOGIAS ESPECIALIZAÇÃO
28
No século XX Consiste no sistema produtivo
vinculado à propriedade
Sociedade Capitalista individual. Lucro: é o principal
objetivo capitalista, proveniente
do resultado da acumulação de
capital.

Ótica Econômica MECANICISMO

TECNOLOGIAS

29
Abraham Flexner
em 1910 -

FONTE: https://www.ias.edu/scholars/flexner
“Relatório
Flexner”

30
Reforma do ensino médico:
•Os curso com 4 anos de duração, com ensino de
laboratório;
• Vinculação com as universidades (pesquisas-ensino);

• Ênfase na pesquisa biológica;

• Reforço à especialização;
31
Reforma do ensino médico:

 O paradigma biomédico está vigente e hegemônico;

Os hospitais são o centro da assistência à saúde;


O discurso sobre saúde se limita a reflexões a respeito de
doenças.
32
As pessoas
continuam
morrendo de velhas
e novas doenças.
33
Todos estão
preocupados com a
próxima epidemia
global.
34
Multiplicam-se as vítimas de
violência e acidentes das
doenças crônicas não
transmissíveis, e das
endemias antigas.
35
O capitalismo não cumpriu a sua
promessa de desenvolvimento
social, aumentou a pobreza, a
concentração de riquezas, tem
ocasionado consequências
deletérias para a saúde da
população.
36 36
FONTE: https://queconceito.com.br/globalizacao
Perfil Epidemiológico Atual:

As promessas de saúde para todos


no início do século XXI falharam!

37
SAÚDE
Conceito difícil de definir
PROMOÇÃO DA SAÚDE
Vai até as causas dos problemas

PREVENÇÃO DE DOENÇAS
Vai agir em ações para algumas doenças
38
Conceitos Centrais de Saúde:
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como:
O estado de completo bem-estar físico, mental e social e não
simplesmente a ausência de doença ou enfermidade.

SAÚDE

Ações das RELAÇÕES SOCIAS CORPO


estruturas COLETIVIDADE
sociais: as
políticas EMOÇÕES MENTE
públicas.
39
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO DA
SAÚDE
 No início do século XX por Henry Sigerist,
concebeu quatro funções da medicina:
promoção da saúde, prevenção das
doenças, tratamento dos doentes e
reabilitação;

 Promoção da saúde significa por um lado


ações de educação em saúde e ações
estruturais do Estado para melhorar as
condições de vida
40
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE

 Thomas McKeown (final do século XIX), ao estudar a mortalidade


da população inglesa, chamou atenção para os condições para
melhoria da qualidade de vida do povo;
 Suas ideias influenciaram a medicina social e a epidemiologia
social;
41
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO DA
SAÚDE
 Outra visão contra-hegemônica de meados do século XX,
aparece nos trabalhos de dois outros sanitaristas da
época - Leavell & Clark (1965).

 O modelo explicativo criado por eles é a história natural


dos processos saúde-doença - Contempla a Tríade
ecológica na explicação da causalidade do processo de
adoecimento.

42
A “Tríade ecológica” na explicação da causalidade do processo
de adoecimento.
Dependendo do tipo
de interação poderá
se desenvolver a HOSPEDEIRO
doença, ser mais ou
menos difícil a cura e
a operação da doença
e a prevenção de
complicações.
• Temperatura;
VETOR • Umidade;
• Luz, e outros.

AGENTE AMBIENTE
43
 A partir da perspectiva da história natural da doença foi proposto medidas
de intervenção nos diferentes estágios da doença.
Quadro 1. Níveis de aplicação de medidas preventivas na história natural da doença:
PROMOÇÃO DA PROTEÇÃO DIAGNÓSTICO E LIMITAÇÃO DA REABILITAÇÃO
SAÚDE ESPECÍFICA TRATAMENTO INVALIDEZ
PRECOCE
PREVENÇÃO primária PREVENÇÃO secundária PREVENÇÃO
terciária

FONTE: Leavell & Clark (1965).

• A diferença entre a Promoção da Saúde e Prevenção de doença no


modelo de Leavell & Clark, pode ser feita em relação aos objetivos da
promoção da saúde em cada nível de prevenção;
44
A promoção da saúde em cada nível de prevenção:

• A Promoção da Saúde para Leavell & Clark é um dos


elementos de ação do nível primário de atenção em
medicina preventiva. A Promoção da Saúde é uma
ação de Prevenção Primária.
45
A promoção da saúde em cada nível de prevenção:

• A Prevenção Secundária e Terciária objetivam a redução


dos fatores de risco relacionados aos agentes patogênicos e
ao ambiente.
46
A Prevenção Secundária opera com dois tipos de população:

Os Indivíduos sadios(risco) Os Indivíduos Doentes.

As estratégias são as populacionais. Práticas clínicas preventivas e


práticas educativas para a
mudança de comportamentos.

Exames para detecção precoce do câncer, os


exames de escarro para detecção de Mudança de
tuberculose e outros exames de sangue para comportamentos
detecção do HIV e dirigidas à população em alimentares, atividades
geral. físicas e outras.
47
Prevenção Terciária: os indivíduos com sequelas de doenças e
acidentes

48
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE
• O objetivo da aplicação das medidas Preventivas Primárias (dentre elas a
Promoção da Saúde) e as Secundária e Terciária de acordo com a História
Natural das Doenças é prevenir as doenças ou seu agravamento.

• Leavell & Clark (1965) chamaram a atenção dos Profissionais de Saúde


sobre o potencial das ações no ambiente e sobre os estilos de vida na
Prevenção de Doenças.

• Propuseram medidas preventivas incluindo ações educativas,


comunicacionais e ambientais as já existentes – laboratoriais, clínicas, e
terapêuticas – como complementação e reforço das estratégias.

49
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
• Surgem reflexõesDA SAÚDE
e críticas dos pensadores da área da
Medicina Social e da Saúde Coletiva, que questionaram a
Tríade Ecológica.

A REVALORIZAÇÃO
PROMOÇÃO DA
Relações Condições
SAÚDE
entre Saúde de Saúde

50
• Esse modelo explicativo não considera os
A Tríade efeitos positivos e negativos das condições de
vida e do trabalho e da inserção social dos
Ecológica indivíduos nos níveis de saúde das
populações.
51
52

A REVALORIZAÇÃO • Apontaram para determinação social do processo


PROMOÇÃO DA saúde-doença se voltaram para uma perspectiva
SAÚDE humanística emancipatória de ação, que pôs em
pauta a democratização do processo de decisão em
saúde.
52
REVALORIZAÇÃO A necessidade de controlar os custos
PROMOÇÃO DA desmedidamente crescentes da assistência à
SAÚDE saúde.

Ampliar para além de uma abordagem


exclusivamente médica o enfrentamento dos
problemas de saúde pública.

Principalmente das doenças crônicas e


populações que estão cada vez mais idosas
(BUSS, 2000).

53
53
Um dos eixos básicos do discurso de promoção
da saúde

Sujeitos e dos
AUTONOMIA
Grupos Sociais

Qual concepção de autonomia é efetivamente


proposta e construída?

54
Um dos eixos básicos do discurso
de promoção da saúde

• Como a configuração dos conhecimentos e das práticas,


nestas sociedades, estariam construindo representações
científicas e culturais, conformando os sujeitos para
exercerem uma autonomia regulada.
55
O que vem
caracterizar a A constatação do papel protagonizante dos
promoção da determinantes gerais sobre as condições de
saúde moderna? saúde:

A saúde é produto de fatores relacionados a


qualidade de vida;

Incluindo uma adequada alimentação e nutrição, de


habitação e saneamento básico, boas condições de
trabalho;

56
O que vem
Oportunidades de educação ao longo de
caracterizar a
toda a vida, ambiente físico limpo, apoio
promoção da
social para famílias e indivíduos, estilos de
saúde moderna?
vida responsáveis e um espectro adequado
de cuidados de saúde;

Suas atividades estariam, então, mais voltadas ao


coletivo de indivíduos e ao ambiente, compreendido,
num sentido amplo;
Por meio de políticas públicas e de ambientes
favoráveis ao desenvolvimento da saúde e do reforço
da capacidade dos indivíduos e das comunidades
(empowerment);

57
Em direção ao moderno conceito de Promoção da
Saúde:
• Nos países desenvolvidos, os sistemas de saúde
começam, na metade dos anos 70, a serem fortemente
questionados. Assim surgem novas concepções do
processo saúde-doença-cuidado.

CONDIÇÕES DE
SAÚDE
VIDA

58
Em direção ao moderno conceito de Promoção da
Saúde:
• O moderno movimento
de promoção da saúde
surgiu formalmente no
Canadá, em maio de
1974, com a divulgação
do documento A New
Perspective on the
Health of Canadians.

59
Campo da Saúde
Os fundamentos do
Biologia humana Informe Lalonde
encontram- se no
conceito de campo
da saúde, que reúne
Estilos de vida Saúde Ambiente os chamados
determinantes da
saúde.
Serviços de saúde

60
Em direção ao moderno conceito de Promoção da
Saúde:
• Em 1978, a Organização Mundial
da Saúde (OMS) convocou, em
colaboração com o Fundo das
Nações Unidas para a Infância
(UNICEF), a I Conferência
Internacional sobre Cuidados
Primários de Saúde, que se
realizou em Alma-Ata em Kazak, na
antiga União Soviética “Saúde para
Todos no Ano 2.000” .
61
A meta de “saúde para todos no ano 2000”, recomenda a
adoção de um conjunto de oito elementos essenciais:
1. educação dirigida aos problemas de
saúde prevalentes e métodos para sua
prevenção e controle;
2. promoção do suprimento de alimentos e
nutrição adequada;
3. abastecimento de água e saneamento
básico apropriados;
4. atenção maternoinfantil, incluindo o
planejamento familiar;

62
A meta de “saúde para todos no ano 2000”, recomenda a
adoção de um conjunto de oito elementos essenciais:
5. imunização contra as principais
doenças infecciosas;
6.prevenção e controle de doenças
endêmicas;
7. tratamento apropriado de
doenças comuns e acidentes;
8. distribuição de medicamentos
básicos.
63
 I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários
de Saúde, que se realizou em Alma-Ata
A proposta da atenção primária de saúde.
A reafirmação da saúde como direito humano
fundamental;
As desigualdades são inaceitáveis;
Os governos têm a responsabilidade pela saúde dos
cidadãos;
A população tem o direito de participar das decisões no
campo da saúde.
64
 I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de
Saúde, que se realizou em Alma-Ata (1978)
• Como decorrência, tanto o
cenário brasileiro quanto o
mundial estabeleceram
um debate sobre o
conceito de saúde-doença
e a estruturação dos
serviços de saúde.

65
 I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde,
em Ottawa, Canadá, em 1986.

A Carta de Ottawa (WHO, 1986)


Ampliar as discussões sobre os
determinantes da saúde (fatores
sociais, econômicos e ambientais)e
as ações de promoção.

66
A Carta de Ottawa (WHO, 1986)

Promoção da saúde como o processo de capacitação da


comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e
saúde, incluindo uma maior participação no controle deste
processo.

SAÚDE Recurso

Uma importante dimensão Para desenvolvimento social,


da qualidade de vida. econômico e pessoal.

67
A Carta de Ottawa (WHO, 1986) estabelece que as condições e os
recursos fundamentais para a saúde são:

Saúde
Equidade Paz

Justiça social Habitação

Recursos
sustentáveis Educação

Ecossistema estável Alimentação


Rend
a 68
68
A Carta de Ottawa, define as três estratégias
fundamentais da promoção da saúde:
Defesa da Saúde
Consiste em lutar para que os fatores
políticos, econômicos, sociais,
culturais, ambientais,
comportamentais e biológicos, sejam
cada vez mais favoráveis à saúde.
69
69
A Carta de Ottawa, define as três estratégias
fundamentais da promoção da saúde:
Capacitação
A promoção da saúde visa assegurar a
igualdade de oportunidades e proporcionar os
meios (capacitação) que permitam a todas as
pessoas realizar completamente seu potencial
de saúde.

70
70
A Carta de Ottawa, define as três estratégias
fundamentais da promoção da saúde:
Mediação

Os profissionais e grupos sociais, assim como o pessoal


de saúde, têm a responsabilidade de contribuir para a
mediação entre os diferentes interesses, em relação à
saúde, existentes na sociedade.

71
71
A Carta de Ottawa preconiza também cinco campos de ação
para a promoção da saúde:

 Elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis;

 Criação de ambientes favoráveis à saúde;

 Reforço da ação comunitária;

 Desenvolvimento de habilidades pessoais;

 Reorientação do sistema de saúde.


72
DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA(1978) CARTA DE OTTAWA(1986)
Conferência Internacional sobre Cuidados 1ª Conferência internacional sobre
de Saúde Primários Promoção da Saúde
Visa as desigualdades entre países Visa principalmente os países
desenvolvidos e em desenvolvimento, e industrializados
entre regiões desfavorecidas

Procura responder às necessidades e Procura corresponder às


problemas de saúde mais prevalentes: “expectativas” de pleno bem-estar
doenças infectocontagiosas (endémicas); – global, holístico, mediante o
desnutrição/fome; mortalidade materno- controlo de fatores determinantes.
infantil … Mais sofisticação, exigência e
complexidade (“sociedades mais
complexas e interdependentes”)

73
DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA(1978) CARTA DE OTTAWA(1986)
Ao setor da saúde compete, principalmente, O setor da saúde deverá sofrer reorientação:
a prestação de cuidados primários além da prestação de cuidados, salienta-se a
(prevenção, cura, reabilitação), intervenção promoção da saúde (além da investigação,
na comunidade e educação para a saúde educação e formação)
(para prevenção e controlo de problemas de
saúde mais prevalentes)
O elemento chave são os CPS: O elemento-chave são as políticas saudáveis,
− Assistência continuada que permitem:
− Acesso universal − Capacitação, “empowerment” de
− Proteção das comunidades (fonte de indivíduos/grupos
“autoconfiança”) − Emancipação e responsabilidade dos
− Proximidade aos locais onde vivem e cidadãos de todos os setores e em todos os
trabalham− Refletem as condições do país contextos (“saúde criada e vivida em todos
os contextos da vida: onde se aprende, se
trabalha, se brinca, se ama”)

74
74
 A II Conferência de Adelaide:

Realizada em 1988, em
Adelaide, Austrália elegeu
como seu tema central as
políticas públicas
saudáveis (WHO, 1988).

75
 A II Conferência de Adelaide:
As políticas públicas saudáveis
se caracterizam pelo interesse e
preocupação explícitos de todas
as áreas das políticas públicas
em relação à saúde e à
equidade e pelos compromissos
com o impacto de tais políticas
sobre a saúde da população
(WHO, 1988).

76
 A II Conferência de Adelaide:
• Como ponto central:
conceito de equidade,
reconhecendo-se como
fundamental a superação
das desigualdades sociais
para a melhoria das
condições de saúde das
populações.

77
 A II Conferência de Adelaide:

Nesse conceito pode-se identificar Políticas


nitidamente a questão da Sociais
intersetorialidade, que tem
marcado desde então o discurso Políticas
da promoção da saúde, bem econômicas
como a ideia de responsabilização
Situação
do setor público. e de
Sistemas
de saúde

78
A II Conferência de Adelaide:
• Reforçar o entendimento da
saúde como direito humano
fundamental e sólido
investimento social.

• Necessidade de ampliar o
interesse e a preocupação de
diferentes setores no sentido
de ambientes favoráveis à vida.
79
 A II Conferência de Adelaide:
A visão global e responsabilidade internacionalista:

Os países desenvolvidos
teriam a obrigação de
assegurar que suas próprias
políticas públicas resultassem
em impactos positivos na
saúde das nações em
desenvolvimento.
80
 A III Conferência Internacional sobre Promoção da
Saúde - Sundsvall
 Aconteceu em 1991, em
Sundsvall, na Suécia, foi a
primeira conferência global a
focar diretamente a
interdependência entre
saúde e ambiente em todos
os seus aspectos (WHO,
1991).
81
 A III Conferência Internacional sobre Promoção da
Saúde - Sundsvall
 Ambiente saudável é
aquele isento de riscos de
acidentes, de
contaminação, de esforço
físico inadequado, de
exposição a situação de
discriminação, violência
ou injustiça.
82
 A III Conferência Internacional sobre Promoção da
Saúde - Sundsvall
Ocorreu na efervescência prévia à
primeira das grandes
conferências das Nações Unidas
previstas para “preparar o mundo
para o século XXI”: a Conferência
das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, a
Rio-92.
83
 A III Conferência Internacional sobre Promoção da
Saúde - Sundsvall
Ambientes Favoráveis a Saúde
O evento trouxe, com notável potência,
o tema do ambiente para a arena da
saúde, não restrito apenas à dimensão
física ou natural, mas também
enfatizando as dimensões social,
econômica, política e cultural.

84
 A III Conferência Internacional sobre Promoção da
Saúde - Sundsvall
Assim, refere se aos espaços em
que as pessoas vivem: engloba as
estruturas que determinam o
acesso aos recursos para viver e
as oportunidades para ter maior
poder de decisão, vale dizer, as
estruturas econômicas e políticas.

85
A III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde -
Sundsvall sublinha quatro aspectos para um ambiente favorável e
promotor da saúde:

1) A dimensão social, que inclui a


maneira pela qual normas,
costumes e processos sociais
afetam a saúde, alertando para as
mudanças que estão ocorrendo nas
relações sociais tradicionais e que
podem ameaçar a saúde.

86
A III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde -
Sundsvall sublinha quatro aspectos para um ambiente
favorável e promotor da saúde:
2) A dimensão política, que
requer dos governos a garantia da
participação democrática nos
processos de decisão e a
descentralização dos recursos e
das responsabilidades.

87
A III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde -
Sundsvall sublinha quatro aspectos para um ambiente favorável e
promotor da saúde:
3) A dimensão econômica,
que requer o
reescalonamento dos
recursos para setores
sociais, incluindo a saúde e o
desenvolvimento
sustentável.

88
A III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde -
Sundsvall sublinha quatro aspectos para um ambiente favorável e
promotor da saúde:

4) A utilização da
capacidade e
conhecimento das
mulheres em todos os
setores, inclusive o
político e o econômico.

89
 Em 1992, na América Latina, em Santafé de Bogotá, Colômbia,
foi realizada uma Conferência Internacional de Promoção da
Saúde.

• Foi destacada a importância dos determinantes sociais sobre a


saúde dos povos.

• A análise das situações concretas de vida populações,


ressaltando o contingente da população em situação de miséria
e de exclusão social nos países de economia dependente.

90
 Em 1997, em Jacarta, Indonésia, ocorreu a IV Conferência
Internacional de Promoção da Saúde.

• Foi a primeira vez que um país asiático e em desenvolvimento,


com problemas básicos extremamente sérios nas áreas de
educação, saúde, trabalho, sediou um evento como esse,

• O que acabou por reforçar os propósitos anteriormente


delineados para a promoção da saúde.

91
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE
 A prevenção de doenças e a promoção de saúde são enfoques
complementares ao processo saúde-doença, no plano
individual e coletivo;

 O conteúdo teórico entre a prevenção


de doenças e a promoção de saúde se
diferencia com mais precisão do que
as respectivas práticas;

92
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE
 O enfoque da promoção da saúde é mais amplo e abrangente,
procurando identificar e enfrentar os macrodeterminantes do
processo saúde-doença, e buscando transformá-los
favoravelmente na direção da saúde.

 A prevenção de doenças buscaria


que os indivíduos fiquem isentos
das doenças;

93
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE
 A essência da promoção da saúde é buscar que os indivíduos
possam progredir a estados de maior fortaleza estrutural, maior
capacidade funcional, maiores sensações subjetivas de bem-
estar e objetivas de desenvolvimento individual e coletivo;

 A promoção da saúde busca


modificar condições de vida, para que
sejam dignas e adequadas;

94
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A
PROMOÇÃO DA SAÚDE
 A promoção da saúde aponta
para a transformação dos
processos individuais de
tomada de decisão para que
sejam predominantes
favoráveis a qualidade de vida
e a saúde;

95
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A
PROMOÇÃO DA SAÚDE
 A promoção da saúde
orienta-se ao conjunto de
ações e decisões coletivas
que possam favorecer a
saúde e a melhoria das
condições de bem-estar;

96
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE
 A prevenção de doenças se orienta mais as ações de detecção,
controle e enfraquecimento dos fatores de risco ou fatores
causais de grupos de doenças ou de uma doença específica;

 Na prevenção de doenças o foco é a doença e os


mecanismos para atacá-la mediante o impacto sobre os
fatores mais íntimos que geram ou precipitam.

97
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE
 Para a prevenção de doenças é o objetivo final, e portanto, a
ausência de doença seria um objetivo suficiente;

 Para a promoção da saúde, o objetivo contínuo é um nível ótimo


de vida e de saúde;
 A promoção da saúde seu foco é a saúde
propriamente dita propriamente abordagens
que vão além do setor saúde que visam a
manter a melhorar os níveis de saúde
existentes;
98
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE
 As estratégias de prevenção de
doenças são fundamentadas em
conhecimentos teóricos
(identificação, descrição e analise
técnica da causalidade);

99
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE
 As estratégias de promoção da
saúde é claramente social, política
e cultural com protagonismo de
indivíduos não técnicos e de
movimentos sociais, assim como a
ação combinada de políticas
públicas, modificação de estilos de
vida e intervenção ambiental,
mediante um amplo arco de
medidas políticas, legislativas,
fiscais e administrativas;
100
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE
 As estratégias de promoção da saúde são de mediações entre pessoas e
seu ambiente, combinando escolhas individuais com responsabilidade
social pela saúde (políticas públicas saudáveis). Nesse sentido, as
estratégias são mais integradas e intersetoriais, bem como supõem uma
efetiva participação da população desde sua formulação até sua
implementação.

101
Diferenças esquemáticas entre promoção e prevenção
CATEGORIAS PROMOÇÃO DA SAÚDE PREVENÇÃO DAS DOENÇAS
Conceito de saúde Positivo e multidimensional Ausência de doença
Modelo de intervenção Participativo Médico
Alvo Toda a população, no seu Principalmente os grupos de alto
ambiente total risco da população
Incumbência Rede de temas da saúde Patologia específica
Estratégias Diversas e complementares Geralmente única
Abordagens Facilitação e capacitação Direcionadoras e persuasivas
Direcionamentos das medidas Oferecidas à população Impostas a grupos-alvo
Objetivos dos programas Mudanças na situação dos Focam principalmente em
indivíduos e de seu ambiente indivíduos e grupos de pessoas
Executores dos programas Organizações não-profissionais, Profissionais de saúde
movimentos sociais, governos
locais, municipais, regionais, e
nacionais etc.

102
102
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE
A prevenção de doenças focaliza os aspectos biológicos e não considera, a
dimensão histórico-social do processo saúde doença e não inclui, nas suas
formas de ação, a formulação e advocacia por políticas públicas saudáveis
e intersetoriais que deem conta dos determinantes sociais econômicos,
políticos, educacionais, ambientais e culturais do processo saúde e doença.

103
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE
 A promoção da saúde é o processo de capacitar indivíduos e comunidades
para aumentar o controle sobre os determinantes de saúde e, assim,
incrementar sua saúde (...), devendo para isto um indivíduo ou grupo ser
capaz de identificar e realizar aspirações, satisfazer necessidades e mudar
ou controlar o ambiente (BUSS, 2002).

104
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE
A promoção da saúde vista na perspectiva
socioeconômico-ambiental, se diferencia como
estratégia de ação;

Solicita ao governo e sociedade civil a produção


social da saúde e prevenção de doenças,
focalizando a questão da promoção da equidade
social, mediante as ações de desenvolvimento
social, nas melhorias das condições de vida das
populações e questões específicas relacionadas
aos setor saúde.

105
A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS E A PROMOÇÃO
DA SAÚDE
A promoção da saúde vista na perspectiva socioambiental, é uma nova
abordagem, um conceito positivo, pode e deve ser aplicada as atividades de
prevenção, tratamento, reabilitação e até as atividades de assistência de
longo prazo, com ênfase no cidadão, na família, na coletividade, nas
condições de vida, nas iniquidades e as potencialidades do território em que
estes vivem e trabalham.

106
A PROMOÇÃO DA SAÚDE

É uma proposta pública mundial


contemporânea na saúde coletiva
disseminada pela OMS desde 1984,
constituindo-se como um
novo paradigma, contrapondo-se ao
modelo flexeneriano (individualista,
especialista, tecnologista,
curativista), predominantes nas
práticas de saúde.

107
A PROMOÇÃO DA SAÚDE

O sentido da promoção da saúde


é combater e estabelecer
explicações e soluções para a
deterioração das condições de
vida e de saúde (populações
marginalizadas) em razão dos
efeitos do desenvolvimento
socioeconômico global.

108

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