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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - UESPI

CAMPUS PROFESSOR ALEXANDRE ALVES DE OLIVEIRA


CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS PORTUGUÊS
COMPONENTE CURRICULAR: LITERATURA INDÍGENA E AFRO-
BRASILEIRA
PROFª. Drª. IRAMÍ SOARES MINEIRO

COSTURANDO A VIDA COM FIOS DE FERRO:


EXPERIÊNCIAS DO ESPAÇO E DO LUGAR EM: A GENTE
COMBINAMOS DE NÃO MORRER, DE CONCEIÇÃO
EVARISTO

Texto: Prof. Gabriel Vidinha Corrêa.


Discentes: Natália Emanuela, Marco Cruz, Marcelo Araujo, Thiago de Araujo,
Vitória Oliveira.
• UM POUCO SOBRE CONCEIÇÃO EVARISTO...

• Nasceu em Belo Horizonte em 29 de novembro de 1946.


• Graduada em Letras pela UFRJ.
• Mestre em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
• Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense
• Escritora, poeta, romancista e ensaísta.
• Prêmio Jabuti em 2015.
• Obras traduzidas em vários países.

Conceição Evaristo. Foto: Aline Macedo.


• OBRAS LITERÁRIAS

• Ponciá Vicêncio (2003)


• Becos da memória (2006)
• Poemas da recordação e outros movimentos (2017)
• Insubmissas lágrimas de mulheres (2016)
• Olhos d’água (2014)*
• Histórias de leves enganos e parecenças (2016)
• CONSIDERAÇÕES INICIAIS
GABRIEL VIDINHA CORRÊA

• Literatura Brasileira Contemporânea


• Produções de autoria negra;
• Conceição Evaristo.
• Afro-brasilidade
• Gênero;
• Raça;
• Classes sociais;
• Violência urbana e doméstica;
• Experiências de vida;
• ancestralidade. Conceição Evaristo: Foto Richner Allan.
• CONSIDERAÇÕES INICIAIS
GABRIEL VIDINHA CORRÊA

• Produções literárias de Conceição Evaristo e suas vivências nas


temáticas de suas obras.
• “Escrevivências”.

• Percepções do autor nas obras de Conceição Evaristo :


• Tempo;
• Lugar (valor afetivo);
• Espaço (liberdades).
• CONSIDERAÇÕES INICIAIS
GABRIEL VIDINHA CORRÊA

• Análise do Conto “A gente combinamos de não morrer”, de Olhos


d’água (2014).
• Experiências violentas nas favelas;
• Vulnerabilidades;
• Geografia Humanística Cultural (fenômenos sociais);
• Análise interdisciplinar.
• FATORES EM COMUM NAS OBRAS DE EVARISTO

Para Corrêa algo digno de destaque seria a figuração do espaço na obra da


Evaristo, que muito além de um cenário das narrativas configura-se de modo a
entrever as ações e as formas de existir dos personagens, assim:
Os espaços escolhidos pela autora para o desenrolar de suas tramas são
sugestivos e propositais, projetam a realidade brasileira e atribuem
verossimilhança a sua ficção politizada, quais sejam, as favelas, morros,
barracos, as ruas funcionando como lar para crianças, dentre outros lugares
marginalizados. (MENDES; CORRÊA apud CORRÊA, 2022. p. 234)
• ANÁLISE DAS PRINCIPAIS OBRAS:
OLHOS D’ÁGUA

• PRINCIPAIS TEMÁTICAS: Realidade Social, Racismo e a Desigualdade.

• FRAGMENTO DO CONTO OLHOS D’ÁGUA:


“Lembro-me ainda do temor de minha mãe nos dias de fortes chuvas. Em cima da cama,
agarrada a nós, ela nos protegia com seu abraço. E com os olhos alagados de pranto
balbuciava rezas a Santa Bárbara, temendo que o nosso frágil barraco desabasse sobre
nós. E eu não sei se o lamento-pranto de minha mãe, se o barulho da chuva... Sei que tudo
me causava a sensação de que a nossa casa balançava ao vento. Nesses momentos os
olhos de minha mãe se confundiam com os olhos da natureza. Chovia, chorava! Chorava,
chovia! Então, porque eu não conseguia lembrar a cor dos olhos dela?”. (EVARISTO,
2022. p. 17)
ANO DE 2014
• ANÁLISE DAS PRINCIPAIS OBRAS:
PONCIÁ VIVÊNCIO

• PRINCIPAIS TEMÁTICAS: Resgate de memórias,


Realidade vs Surreal e Ancestralidade.

• CURIOSIDADE:
A imagem de barro do avô. Pela imagem do avô feita do barro
que Ponciá molda, defrontamo-nos com a semelhança que há
entre ambos. Física, a princípio. Logo a voz da narradora, chama-
nos atenção sobre a herança que este deixou à Ponciá. O avô
escravo, em desespero com a lida do engenho que “enriqueciam e
fortaleciam o senhor”, mata a mulher e corta o próprio braço,
deixa como herança a chaga do sofrimento escravo para o filho
(pai de Ponciá) e, por conseguinte, a ela mesma, neta.

ANO DE 2003
• REPRESENTATIVIDADE

• Marcas da violência
• Quando não se cumpre o combinado
• LITERATURA, ESPAÇO E LUGAR

• Mas o que seria a Geografia Humanista Cultural?


“Da interpretação de certo modo difícil, a paisagem revela os homens que a modelam,
que a habitam ou que a habitaram, dá a conhecer as necessidades e sonhos do presente,
sem deixar de reportar os sonhos do passado” (FEITOSA apud CORRÊA, 2022, p.
236)
“As relações que se estabelecem entre a Geografia e a Literatura sempre foram
necessárias para que as atitudes e o mundo assumissem verossimilhança”.
(OLIVEIRA; MARANDOLA apud CORRÊA, 2022, p. 236)
• LITERATURA, ESPAÇO E LUGAR

• O que seria lugar? E qual a diferença entre lugar e espaço?


“Espaço e lugar são termos familiares que indicam experiências comuns. Vivemos no
espaço. [...] O lugar é segurança e o espaço é a liberdade: estamos ligados ao primeiro
e desejamos o outro. O que é lar? É a velha casa, o velho bairro, a velha cidade ou a
pátria.” (TUAN apud CORRÊA, 2022, p. 237)
• LITERATURA, ESPAÇO E LUGAR

• Lugaridade
“As histórias de vida ligam-se à história do próprio lugar, por que há qualidades no seu
interior chamadas “lugaridade”, assim ‘Sempre que a capacidade do lugar de
promover reunião é fraca ou inexistente temos não lugares ou lugares-sem-
lugaridade.’” (RELPH apud CORRÊA, 2022 p. 240)
• MANIFESTAÇÕES DO ESPAÇO E LUGAR EM A GENTE
COMBINAMOS DE NÃO MORRER

• A relação do espaço na vida dos personagens

“Em A gente combinamos de não morrer, Conceição Evaristo desnuda as fraturas da


sociedade brasileira e os contextos de violência tráfico de drogas, racismo e muitas
desigualdades que assombram, sobretudo, a população negra e periférica. “ (CORRÊA, 2022,
p. 240)

“A morte brinca com balas nos dedos gatilhos dos meninos. Dorvi se lembrou do combinado,
o juramento feito em voz uníssona, gritado sob o pipocar dos tiros: — A gente combinamos
de não morrer!” (EVARISTO, 2021, p. 99)
• LITERATURA, ESPAÇO E LUGAR

 Lugar-sem-lugaridade: as tensões vividas, vistas e ouvidas


compromete na criação do lugar seguro
“Um lugar reúne ou aglutina qualidades, experiências e significados em nossa
experiência imediata.” (RELPH apud CORRÊA, 2022, p. 238)

“Os personagens estão sempre em mobilidade e tensões que reverberam na experiência


do lugar.” (CORRÊA, 2022, p. 237)
• CONCLUSÃO

“A vida na periferia costurada com fios de ferro, demonstra, as duras penas,


que vidas lutam para existir no mundo. Conceição Evaristo, no conto em tela,
coloca em evidência que há vida no seio da ficção e que há resistência nessas
formas de existir. “ (CORRÊA, 2022, p. 246)
• REFERÊNCIAS

CORRÊA, Gabriel Vidinha. Costurando a Vida com Fios de Ferro: Experiências do Espaço e do Lugar em: A Gente
Combinamos de Não Morrer. In: MORAES, Claudia Letícia Gonçalves; SOUSA, Rayron Lennon Costa. Conexões
Atlânticas: ensaios sobre a literaturas africanas e afro-brasileiras. Campinas: Pontes Editores, 2022. p. 231-248.
DEALTRY, G.; LEMOS, M.; CHIARELLI, S. (Org.). Alguma prosa ensaios sobre literatura brasileira contemporânea.
Rio de Janeiro: 7Letras, 2007, p. 73-83.
EVARISTO, Conceição. A gente combinamos de não morrer. In: Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2014. p. 99-109.
SILVA, E. K. S. da, & Conte, D. (2022). Margens: poéticas da exclusão em ‘A gente combinamos de não morrer’, de
Conceição Evaristo. Acta Scientiarum. Language and Culture, 44(2), e62351.
[S.a]. Conceição Evaristo. Dados Biográficos. Literafro: O Portal da Literatura Afro-Brasileira. LiterÁfrica. 16 dez.
2022. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/188-conceicao-Evaristo. Acesso em: 19 dez. 2022.
[S.a]. Conceição Evaristo abre o ano letivo da Casa de Oswaldo Cruz. Fiocruz. Casa de Oswaldo Cruz. 25 de mar.
2022. Disponível em: https://www.coc.fiocruz.br/index.php/pt/todas-as-noticias/2140-conceicao-evaristo-abre-o-ano-
letivo-de-2022-na-coc.html. Acesso em: 20 dez. 2022.
[S.a]. Conceição Evaristo. Secretaria de Cultura e Juventude de São Bernardo do Campo. Disponível em:
https://www.saobernardo.sp.gov.br/web/cultura/-biblioteca-publica-local-de-conhecimentos-conceicao-Evaristo. Acesso
em: 20 dez. 2022.

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