Você está na página 1de 45

Microbiologia Aplicada

ESTÁCIO – FRATELLI VITA – SDE396


CURSO: ENFERMAGEM. SEMESTRE 2021.2

Profa. Raísa Coelho


Aula 03. Microbiologia e o Ambiente
OBJETIVOS:

1. Entender a importância sanitária dos microrganismos

2. Compreender a microbiologia do solo e da água associando os indicadores de qualidade sanitários

3. Verificar as diferenças de estrutura e composição de algumas estruturas bacterianas

4. Relacionar o potencial tecnológico dos mcos considerados bioindicadores e biorremediadores

5. Reconhecer a ação dos xenobióticos e a aplicabilidade de microrganismos industriais.


Recapitulando (aula 01)
Bactérias • Unicelulares;

• Procarióticas (sem material genético envolto por uma membrana nuclear especial);

• Possuem diferentes formatos;

• Parede celular composta por peptideoglicano (complexo de CHO e PTN);

• Reprodução: divisão em duas células iguais (fissão binária);

• Nutrem-se de compostos orgânicos - em sua maioria - e inorgânicos, e podem realizar fotossíntese.

• Movimento usa apêndices, flagelos, semelhante ao nado.


Estruturas Bacterianas
Parede Celular
Presente na maioria dos procariotos, exceto em bactérias do gênero Mycoplasma e algumas arqueias.
Propicia rígido exoesqueleto: proteção contra lise osmótica e mecânica

Gram-positivas Gram-negativas

Até 90% de ~ 10% de

peptideoglicano + peptideoglicano

ác teicoico e + camada

lipoteicoico lipopolissacarídica
externa
+ espaço gelatinoso
(periplasma)
Estruturas Bacterianas
Flagelos (Mobilidade e quimiotaxia) Fímbrias e pillus (aderência e formação de películas)
Similares aos flagelos

Endósporos (produzidos por Gram-positivas)

Estruturas resistentes ao calor, desidratação, valores extremos de pH, diferentes agentes químicos, entre outros.

Produzido quando o crescimento é interrompido por alterações nas condições ambientais, como limitação de nutrientes.
Microrganismos e o Ambiente
BIOSFERA
Região da Terra habitada por organismos vivos

Hidrosfera Litosfera Atmosfera

Suprimento de água terrestre Solo e rocha Envoltório gasoso


Água doce e marinha Crosta terrestre Circunda a terra

Mantém-se no ambiente de origem. ECOSSISTEMAS Habitantes temporários.


Adaptáveis. Convenientes.

Organismos não
Organismos indígenas/nativos
indígenas/nativos
Microrganismos e o
Ambiente
Fatores abióticos
Interações dos organismos com
características físicas do ambiente
ECOLOGIA
Estudo das relações
entre os organismos
e o seu ambiente Fatores bióticos

Interações dos organismos entre si

Os microrganismos podem ser produtores, consumidores ou decompositores


Microrganismos e o
Ambiente
FLUXO DE ENERGIA NOS ECOSSISTEMAS
Os microrganismos podem ser produtores, consumidores ou decompositores

Autótrofos (C inorgânico) Heterótrofos (C orgânico) Decompositores

Organismos produtores Consumidores. Obtêm nutrientes Obtêm energia pela ingestão de


Captam a energia do sol + com a ingestão dos produtores ou corpos mortos ou resíduos de
nutrientes do solo ou da água para de outros consumidores. produtores e consumidores.
sintetizar substâncias necessárias
ao crescimento e atividade.
Microrganismos e o
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS Ambiente
Reciclagem de materiais para tornarem-se disponíveis aos organismos vivos.
Organismos vivos incorporam H2O, C, N e outros elementos à medida que realizam processos vitais.

Entrada
Fotossíntese e ingestão

CICLO DA ÁGUA
Organismos vivos
Saída
Subproduto da respiração
Resíduos
Transpiração
Microrganismos e o
CICLO DO CARBONO Ambiente
Produtores: fotossíntese/quimiossíntese (CO2) Consumidores: Ingestão de outros mcos

Retorno à atmosfera:
Respiração
Ação de decompositores
Microrganismos e o
CICLO DO NITROGÊNIO Ambiente
Decompositores: utilizam enzimas para clivar as proteínas nos organismos mortos, liberando N.

Proteinases, peptidases, desaminases


Bactérias do nitrogênio Enzimas presentes e muitos microrganismos do solo

Fixadores de nitrogênio Redução do gás nitrogênio (N2) a amônia (NH3)

Nitrificantes Oxidação da NH3 a nitrito (NO2-) ou nitrato (NO3-)

Desnitrificantes Redução de NO3- a óxido nitroso (N2O) ou N2


Microrganismos e o
CICLO DO ENXOFRE Ambiente
Sulfidrila (—SH)* → sulfeto de hidrogênio (H2S) SO42-
*
Proteínas de organismos mortos Sulfato

H2S: tóxico para os seres vivos (deve ser oxidado rapidamente).

Bactérias redutoras de sulfato Redução de sulfato (SO42-) a sulfeto de hidrogênio (H2S)

Bactérias redutoras de enxofre Redução de sulfato (SO42-) a sulfeto de hidrogênio (H2S)

Bactérias oxidantes de enxofre* Oxidação de várias formas de enxofre em sulfato

* Produzem ácidos tóxicos para peixes


Microrganismos e o
CICLO DO FÓSFORO
Ambiente
1. Clivam fosfatos orgânicos dos organismos em
decomposição em fosfatos inorgânicos

2. Convertem os fosfatos inorgânicos em


ortofosfato (PO43), nutriente hidrossolúvel usado
por plantas e outros microrganismos.
Microbiologia do Solo
SOLO: Material externo e frouxo da superfície da Terra
RIZOSFERA: Solo que circunda as raízes das plantas e recebe as secreções das mesmas

Solos minerais

• Desagregação das rochas e outros


materiais inorgânicos

Solos orgânicos

• Sedimentação em pântanos e brejos

A maioria é uma mistura desses dois tipos básicos


Microbiologia do Solo
Composição e formação do solo (processos físicos, químicos e biológicos)

Ar e água Algas, líquens ou musgos


Rochas
50%
Matéria mineral inorgânica Organismos fototróficos

40%
Produzem matéria orgânica
Matéria orgânica
5% Crescimento de bactérias e fungos
quimioorganotróficos
Microrganismos e organismos macroscópicos (bactérias, arqueias e eucariotos)
5%
Microbiologia do Solo
MICRORGANISMOS DO SOLO
Bactérias, fungos, algas e vírus.

leveduras abundantes em
Autótrofos e heterótrofos solos onde são cultivadas
uvas e outras frutas.
Aeróbios e anaeróbios

Mesófilos e termófilos

Bac. fixadoras de N, nitrificantes e desnitrificantes

+ celulose, proteína, pectina, ácido butírico e ureia

FUNGOS (principalmente, bolores – fungos filamentosos).

Decompõem tecidos vegetais Formam redes ao redor das partículas do solo {textura friável}
Microbiologia do Solo
Vírus de animais não são nativos do solo

Frequentemente adicionados por atividades humanas (ex.: aplicação de estrume)

Anagrapha falcifera

APLICAÇÃO: BIOCONTROLE DE PRAGAS

Inoculação de vírus ao solo

Morte de pragas de insetos

Desaparecimento do vírus (sem risco posterior)


Microbiologia do Solo
PATÓGENOS DO SOLO
Principais patógenos humanos encontrados no solo: Clostridium Anaeróbios formadores de esporos

Clostridium tetani Clostridium botulinum Clostridium perfringens

TÉTANO BOTULISMO GANGRENA GASOSA


Facilmente introduzido em uma ferida Esporos encontrados em vegetais Feridas inadequadamente limpas
por punção comestíveis
Microbiologia da Água (doce)
Zona litoral
águas rasas, próxima à margem, onde a luz alcança o fundo.

Zona limnética
Água iluminada pelo sol, distante da orla.

Os mcos da zona limnética, ao morrerem, afundam até a zona profunda,


onde fornecem nutrientes para outros organismos.

Zona profunda
Entre a limnética e o sedimento do lago

Zona bêntica
Sedimento do lago {restos orgânicos e lodo}
Microbiologia da Água (doce)
- Variações de pH (2 - 9), temperatura (0 – 100ºC) e nutrientes.

Floração Súbita proliferação de organismos em um corpo de água


(bloom)
Microalgas
dinoflageladas
(Filo Dinophyta)

Maré vermelha
(água salgada)
Microbiologia da Água
MARÉ VERMELHA
Microbiologia da Água
Oxigênio: fator limitante no crescimentos dos mcos

Quantidade elevada de matéria orgânica → Decompositores → Depleção de oxigênio

Ambiente Marinho
30 a 40°C < [ ] de fosfatos
e nitratos
0°C
Até 7x mais sal
pH 6.5 – 8.3

CO2

Luz solar: 50-125m


Microbiologia da Água (salgada)
Organismos fotossintéticos > Alimento < Organismos heterotróficos na mesma profundidade ou mais.

Decompositores: sedimentos do fundo. Gêneros + comuns: Pseudomonas, Vibrio, Achromobacter e Flavobacterium

Produtores primários: fitoplânctons


cianobactérias,
diatomáceas,
dinoflagelados e
clamidomônadas, bem
como uma variedade
de outros protistas e
algas eucarióticas

Triceratium sp. Diatomáceas


Poluição da Água
Agua potável: adequada ao consumo humano

Trinta mil pessoas morrem, diariamente, em países em desenvolvimento por algum problema
associado à ausência de água limpa (OMS).

Resíduos orgânicos suspensos na água são habitualmente decompostos por microrganismos, contanto que a água
contenha oxigênio suficiente para a oxidação das substâncias.

DBO. Demanda biológica de O2


Grande quantidade de resíduos orgânicos

Anaeróbios ↑ Bactérias, vírus, protozoários


Decompositores aeróbios ↓
Poluição da Água

Resíduos industriais:

- Metais

- Minerais

- Compostos inorgânicos

- Compostos orgânicos

- Substâncias químicas sintéticas*

Rio Tietê. São Paulo.


Poluição da Água
Partículas do solo, areia e minerais {Agricultura, mineração e construção}

Nitratos, fosfatos e outros nutrientes {detergentes, fertilizantes e esterco de animais}

EUTROFIZAÇÃO
Crescimento excessivo de algas e outras plantas
↑ DBO.
Depleção de O2

↓ Solubilidade do O2
Persistência de matéria não
decomposta
Poluição da Água
Escherichia coli {organismo indicador}
Habitante natural do TGI humano.
A presença na água indica contaminação com material fecal.

“As amostras de água para analises da balneabilidade são


coletadas sistematicamente semanalmente, no período da manhã
em locais com maior concentração de banhista.”
Purificação da água
Repouso Alume (sulfato de K e Al)
Filtração Cloração
(sedimentação) → floculação

Precipitação dos Passagem através de Mata bactérias


coloides em camadas de areia ou imediatamente.
suspensão, como a carvão vegetal.
argila. Menos efetiva para
vírus e protozoários
Mcos também são
removidos. Demanda de Cl ↑
com a matéria
orgânica

Cloro pode combinar-se com algumas moléculas orgânicas e formar substâncias carcinogênicas
Testes de pureza da água
Bactérias coliformes
Gram-negativas
Não formadoras de esporos
Aeróbicas ou anaeróbicas facultativas
Fermentam a lactose e produzem ácido
e gás.
Testes de Pureza da Água
Técnica de membrana filtrante

Incubação em + de uma
Membrana filtrante
100ml de água Retém bactérias superfície com colônia/100ml = não
(0.45μm)
suporte estéril segura

Filtração Contagem
Testes de Pureza da Água
Teste de ONPG e MUG β-galactosidase
β-glicuronidase
Coliformes secretam enzimas conversoras

ONPG (O-nitrofenil-β-d-galactopiranosídio) e MUG (4-metilumbeliferil-β-d-glicuronídio)

Teste EasyphageTM

Pesquisa de vírus bacteriófagos que indicam a presença de bactérias coliformes


Organismos indesejáveis
Não causadores de doenças. Afetam sabor, cor ou odor na água.

Organismos indesejáveis Corrosão dos canos

Bactérias sulfurosas
Desulfovibrio (sulfeto de hidrogênio) e Thiobacillus (ácido sulfúrico)

Bactérias férricas Compostos insolúveis de Fe → obstrução do fluxo de água nos canos

Bactérias formadoras de limo e


algas Algas eucarióticas, diatomáceas e cianobactérias

Entopem os filtros de purificação


Tratamento de Esgoto
Três etapas

Tratamento primário Métodos físicos [remoção de resíduos sólidos]

Tratamento secundário Métodos biológicos [remoção de resíduos sólidos remanescentes]

Tratamento terciário Métodos químicos e físicos [produção de efluente de água pura]


Tratamento de Esgoto
Primário:

Telas (pedaços flutuantes)

Escumadeiras (substâncias oleosas)

Sedimentação (partículas pequenas)

~1/2 da matéria sólida


Tratamento de Esgoto
80% de
Secundário (DBO elevada): remoção

- Filtro de gotejamento

- Lodo ativado

Vaporização: oxigena o esgoto


Mcos aeróbicos: Sphaerotilus e
Beggiatoa
Tratamento de Esgoto
Secundário (DBO elevada):

- Filtro de gotejamento

- Lodo ativado

Agitação, aeração e adição ao material


sólido remanescente.

Grande quantidade de organismos


aeróbicos

Filamentosas em rápida multiplicação


induzem parte do lodo a flutuar 
floração
Sphaerotilus
Tratamento de Esgoto
Terciário

5-20% da matéria orgânica

↑ [ ] de fosfatos e nitratos → vegetais nos rios

Bactérias desnitrificantes (nitratos -> N2)

Cloração -> sem risco de eutrofização.


Biorremediação
Fonte de C e
energia
Microrganismos (ocorrência natural ou engenharia genética)

Leveduras, fungos e bactérias


Substâncias nocivas

Compostos – tóxicos ou atóxicos

1970
Petróleo e Hidrocarbonetos

Março, 1989.
Superpetroleiro Exxon Valdez encalhou em Prince
William Sound, no Alasca.

42 milhões de litros de petróleo bruto


Biorremediação
Compostos do petróleo absorvidos na superfície fúngica

Transferência para a membrana das células fúngicas

Degradação em pequenas moléculas

Diferentes gêneros de fungos foram reportados como capazes de degradar


poluentes derivados do petróleo como Aspergillus, Fusarium, Mucor, Penicillium,
Geotrichum e Gliocladium
Biorremediação
VANTAGENS

• Processo natural e ecologicamente correto;

• Destrói produtos químicos alvo no local de contaminação, em

vez de transferir;

• Menos dispendioso que os demais.

DESVANTAGENS

• Tempo (> que escavação ou incineração)

• Não atende à misturas de contaminantes


Xenobióticos
PESTICIDAS
Substâncias xenobióticas (substâncias sintéticas que não ocorrem naturalmente) mais amplamente distribuídas na
natureza.

Herbicidas
Fungos
Inseticidas
Potenciais organismos capazes de mineralizar diferentes tipos de pesticidas.
Fungicidas
Aspergillus, Trichoderma, Penicillium, Fusarium, Streptomyces, Phanerochaete, Rhizopus, Trametes,
Lentinus e Mortierella

Biossorção dos metais na Acumulação e sequestro


Biomineralização
biomassa intracelular
Xenobióticos
Xenobióticos
O emprego adequado dos fungos
na biorremediação de diferentes
agentes poluentes representa um
desafio na área de biotecnologia
ambiental. A utilização de
ferramentas que garantam
reduzidos impactos
ambientais pode levar à
remediação sustentável do
ambiente.
Fim de aula!

MICROBIOLOGIA APLICADA

Microbiologia e Ambiente

PRÓXIMA AULA:Princípios de Biossegurança


Referências:
BLACK, Jacqueline G. Microbiologia: Fundamentos e Perspectivas. 10ª edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2021

MADIGAN, Michael T. Microbiologia de Brock. 14ª edição. Artmed. Porto Alegre, 2016.

TORTORA, Gerard J. Microbiologia. 12ª edição. Artmed. Porto Alegre, 2017.

Créditos:
Layout dos slides: slides2go

Ícones: flaticon

Você também pode gostar