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escola é chata?
Atualmente, há muitas discussões sobre a escola, sobre seu papel e
sobre como torná-la mais interessante para os alunos de hoje. A convite de
um jornal de grande circulação, um jornalista, um educador e um sociólogo
e economista, que regularmente escrevem no jornal, debateram o tema.
Leia uma síntese desse debate.
Os colunistas do Sinapse —Gilson Schwartz, 43, Gilberto Dimenstein, 46, e Rubem Alves,
69— abriram a "Semana Sinapse" com o tema "Por que a escola é chata?", que tratou de
assuntos como a utilidade dos conteúdos ensinados em aula e a dificuldade para adquirir
conhecimento.
Dimenstein abriu a palestra e afirmou que o principal problema da escola é o fato de ser
desconectada do cotidiano dos alunos, preparando-os não para a vida, mas para provas.
O colunista da seção "Experimentar" disse também que "só se retêm informações que
dêem prazer ou tenham utilidade" e que "a escola está se tornando não apenas chata mas
também inútil". Para ele, isso acontece devido ao fluxo de informações em circulação. O
conhecimento se torna obsoleto rapidamente e não é retido pela população.
Isso traz consequências ao mercado de trabalho, segundo o jornalista: "Agora, você é
contratado mais pela atitude diante do conhecimento do que pelo conhecimento em si".
Dimenstein sugere que, como cartões de crédito, diplomas tivessem prazo de validade e
considera fundamental a educação permanente, que classifica de "quarto grau". "O ato de
aprender é o ato de lidar diariamente com o prazer da descoberta."
Dimenstein considera possível encontrar salas de aula em diversos ambientes. "Dá para
aprender matemática na marcenaria." Como exemplo, apresentou um vídeo sobre um
projeto que realiza oficinas com grafiteiros e dá a eles a chance de apresentarem seus
trabalhos ao mesmo tempo que revitalizam áreas degradadas.
Em resposta a Dimenstein —"antítese", como definiu—, o economista e sociólogo Gilson
Schwartz afirmou que discorda da temática do debate de duas formas. De um lado, acha que
pressupõe um juízo de valor. De outro, induz a crer que os estudos possam receber o
tratamento de uma relação entre consumidor e objeto de desejo. Nesse sentido, considera
até melhor que a escola seja chata.
Schwartz, que criticou a ideia de que é função das escolas qualificar para o mercado de
trabalho, disse que há dois problemas na educação. O primeiro está ligado às emoções da
idade. "É difícil convencer o aluno de ir à escola", afirmou o colunista da seção
"Inteligências". O segundo é de ordem intelectual. "Produzir conhecimento é difícil. Dói. É
1% inspiração e 99% transpiração", afirmou. "Ler a 'Divina Comédia' é prazeroso, mas não se
faz isso tão rapidamente quanto assistir a um filme."
Schwartz diz que escola não é parque de diversões, e que não há aprendizado espontâneo
e indolor. "Para aprender matemática, também é preciso resolver problemas no papel, fora
da marcenaria."
Propondo um debate consigo mesmo, Schwartz disse que, por outro lado, a escola não
deve ser necessariamente chata. Para isso, ela deve cuidar para que, em aula, o aluno não
seja desvinculado do contexto em que vive e que o colégio se aproxime da comunidade.
"Quanto mais relevante for para o estudante, menos chata a escola será", disse. Mas ele
advertiu para o fato de que a resposta de como fazer isso não é trivial.
Ao iniciar sua apresentação, o educador e psicanalista Rubem Alves fez uma ressalva à
observação de Schwartz de que a escola não é um parque de diversões: "Há uma diferença
entre ser interessante e ser divertido. Quanto mais interessante é a escola, mais disposta a
sentir 'dor' a pessoa fica".
Em uma palestra cheia de citações e metáforas, o educador fez remissão ao
sentido bíblico da palavra "conhecer" — ter relação sexual. "Para 'conhecer', é
preciso estar excitado."
Alves acredita que a escola não precisaria ser chata. "A falha é querer ensinar o
que a criança não quer aprender", disse, citando como exemplos dígrafos e orações
subordinadas, assuntos que, segundo o educador, não têm nenhuma utilidade para
os alunos.
O conhecimento, segundo o colunista da seção "Sabor do Saber", é como o
crescimento físico. "Imagine uma cebola: o corpo está no meio, e o conhecimento
vai-se acrescentando. A expansão do corpo excita porque é gostoso dominar o
ambiente", afirmou.
O colunista considera fundamental ao indivíduo conhecer o espaço em que atua.
Por isso, segundo ele, é fácil e interessante aprender aquilo com que se relaciona
vitalmente.
Rubem Alves também criticou a divisão das atividades em aulas com tempo e
assunto predeterminado. "O aluno tem 45 minutos para aprender português, 45 para
matemática, 45 para história. Isso não é sofrimento, é burrice.“
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u581.shtml
ATIVIDADE I
QUESTÃO 1 – O tema do debate é “Por que a escola é chata?”. Quais são as causas apontadas
por Gilberto Dimenstein, o 1º a se pronunciar no debate?
QUESTÃO 2 – Segundo Gilberto Dimenstein, “o ato de aprender é o ato de lidar diariamente
com o prazer da descoberta”.
a)O que ele quis dizer com essa afirmação?
b)Segundo esse ponto de vista, como isso se manifesta no mercado de trabalho?
QUESTÃO 3 – Entre os três debatedores, Gilson Schwartz é o que apresenta uma posição
diferente. Em sua fala, rebate os argumentos de Gilberto Dimenstein. Com qual contra-
argumento o sociólogo rebate a opinião de Dimenstein:
a)De que a escola deve preparar melhor o aluno para o mercado de trabalho?
b)De que a escola é chata?
c)De que se pode aprender matemática fora da sala de aula?
QUESTÃO 4 – Rubem Alves rebate afirma que “há diferença entre ser interessante e ser
divertido”. Explique essa afirmação.
Correção e comentários
QUESTÃO 1 – O tema do debate é “Por que a escola é chata?”. Quais são as
causas apontadas por Gilberto Dimenstein, o 1º a se pronunciar no debate? A
escola é chata por estar longe do cotidiano dos alunos, por trabalhar conteúdos
obsoletos e por não proporcionar prazer pelo ato de aprender.
QUESTÃO 4 – Rubem Alves rebate afirma que “há diferença entre ser
interessante e ser divertido”. Explique essa afirmação. Algo interessante é aquilo
que envolve, que atrai as pessoas; algo divertido é aquilo que entretém as
pessoas, geralmente com brincadeiras.
Final do Ensino
Fundamental: o que
sabemos e queremos do
Ensino Médio?
Vocês já pararam para pensar como é o Ensino Médio?
Que desafios vocês acham que encontrarão no Ensino Médio?
Vamos ler agora um texto sobre este assunto da escritora Lya Luft.
Fiquei surpresa quando uma entrevistadora disse que em meus textos falo dos jovens
como arrogantes e mal-educados. Sinto muito: essa, mais uma vez, não sou eu. Lido com palavras
a vida toda, foram uma de minhas primeiras paixões e ainda me seduzem pelo misto de
comunicação e confusão que causam, como nesse caso, e por sua beleza, riqueza e ambiguidade.
Escrevo repetidamente sobre juventude e infância, família e educação, cuidado e
negligência. Sobre nossa falha quanto à autoridade amorosa, interesse e atenção. Tenho refletido
muito sobre quanto deve ser difícil para a juventude esta época em que nós, adultos e velhos,
damos aos jovens tantos maus exemplos, correndo desvairadamente atrás de mitos bobos,
desperdiçando nosso tempo com coisas desimportantes, negligenciando a família, exagerando nos
compromissos, sempre caindo de cansados e sem vontade ou paciência de escutar ou de falar.
Penso sobretudo no desastre da educação: nem mesmo um exame de Enem tranquilo
conseguimos lhes oferecer. A maciça ausência de jovens inscritos, quase a metade deles, não se
deve a atrasos ou outras dificuldades, mas ao desânimo e à descrença.
De modo que, tratando dos jovens e de suas frustrações, falo sobre nós, adultos, pais,
professores, autoridades, e em quanto lhes somos devedores. O que fazem os que de maneira
geral deveriam ser líderes e modelos? Os escândalos públicos que nos últimos anos se repetem e
se acumulam são para deixar qualquer jovem desencantado: estudar para quê? Trabalhar para
quê? Pior que isso: ser honesto para quê, se nossos pretensos líderes se portam de maneira tão
vergonhosa e, ano após ano, a impunidade continua reinando neste país que tenta ser ufanista?
Tenho muita empatia com a juventude, exposta a tanto descalabro, cuidada muitas vezes
por pais sem informação, força nem vontade de exercer a mais básica autoridade, sem a qual a
família se desintegra e os jovens são abandonados à própria sorte num mundo nem sempre
bondoso e acolhedor. Quem são, quem podem ser, os ídolos desses jovens, e que possibilidades
lhes oferecemos? Então, refugiam-se na tribo, com atitudes tribais: o piercing, a tatuagem, a
dança ao som de música tribal, na qual se sobrepõe a batida dos tantãs. Negativa? Censurável?
Necessária para muitos, a tribo é onde se sentem acolhidos, abrigados, aceitos.
Escola e família ou se declaram incapazes, ou estão assustadas, ou não se interessam mais
como deveriam. Autoridades, homens públicos, supostos líderes, muitos deles a gente nem
receberia em casa. O que resta? A solidão, a coragem, a audácia, o fervor, tirados do próprio
desejo de sobrevivência e do otimismo que sobrar.
Quero deixar claro que nem todos estão paralisados, pois muitas famílias saudáveis criam
em casa um ambiente de confiança e afeto, de alegria. Muitas escolas conseguem impor a
disciplina essencial para que qualquer organização ou procedimento funcione, e nem todos os
políticos e governantes são corruptos. Mas, quero também declarar que aqueles que o são já
bastam para tirar o fervor e matar o otimismo de qualquer um.
Assim, não acho que todos os jovens sejam arrogantes, todas as crianças mal-
educadas, todas as famílias disfuncionais. Um pouco da doce onipotência da
juventude faz parte, pois os jovens precisam romper laços, transformar vínculos
(não cuspir em cima deles) para se tornar adultos lançados a uma vida muito difícil,
na qual reinam a competitividade, os modelos negativos, os problemas de mercado
de trabalho, as universidades decadentes e uma sensação de bandalheira geral.
Tenho sete netos e netas. A idade deles vai de 6 a 21 anos. Todos são motivo
de alegria e esperança, todos compensam, com seu jeito particular de ser, qualquer
dedicação, esforço, parceria e amor da família. Não tenho nenhuma visão negativa
da juventude, muito menos da infância. Acho, sim, que nós, os adultos, somos seus
grandes devedores, pelo mundo que lhes estamos legando. Então, quando falo em
dificuldades ou mazelas da juventude, é de nós que estou, melancolicamente,
falando.
ATIVIDADE I
QUESTÃO 1 – O artigo de opinião é um texto argumentativo em que o articulista procura
convencer o leitor de um determinado ponto de vista.
a) O que poderia ter causado a interpretação equivocada, mencionada pela autora na introdução?
b) Qual é o ponto de vista da autora defendido nesse texto?
QUESTÃO 2 – Do segundo ao quinto parágrafo, encontra-se o desenvolvimento dos argumentos,
ideias para defender um ponto de vista.
a) No segundo parágrafo, por que a autora diz que os adultos estão "atrás de mitos bobos"?
b) No terceiro parágrafo, a articulista empregou perguntas como recurso argumentativo para
desenvolver suas opiniões. Explique de que forma essas perguntas levam o leitor a compreender
que o comportamento dos adultos está equivocado.
QUESTÃO 3 – O segundo e o terceiro parágrafos apresentam ideias que se
complementam. Descreva-as.
QUESTÃO 4 – Com o objetivo de esclarecer melhor seu ponto de vista sobre o
assunto, a autora desenvolveu comparações e explicações no quarto parágrafo.
a) Que imagem ela nos passa dos adultos em geral?
b) De que modo ela parece expressar sua solidariedade aos jovens no quinto
parágrafo?
QUESTÃO 5 – Na conclusão, a autora retoma à ideia inicial e confirma o ponto de
vista defendido no desenvolvimento. Como ela reforça a opinião de que os adultos
estão em dívida com os jovens?
Correção e comentários
QUESTÃO 1 – O artigo de opinião é um texto argumentativo em que o articulista procura persuadir o leitor de um
determinado ponto de vista.
a) O que poderia ter causado a interpretação equivocada, mencionada pela autora na introdução? Resposta pessoal.
SUGESTÃO: É possível que a autora tenha abordado, em outros textos, problemas relacionados aos jovens, e sua postura
pode ter sido mal compreendida.
b) Qual é o ponto de vista da autora defendido nesse texto? Ela considera os adultos responsáveis pela situação difícil em
que vivem os jovens na sociedade atual, sem bons lideres e modelos a serem seguidos.
QUESTÃO 2 – Do segundo ao quinto parágrafo, encontra-se o desenvolvimento dos argumentos, em que a autora usa a
progressão tópica.
a) No segundo parágrafo, por que a autora diz que os adultos estão "atrás de mitos bobos"? Talvez porque as pessoas
acreditem que há valores mais importantes a conquistar do que desfrutar mais tempo do amor familiar e da alegria com os
amigos.
b) No terceiro parágrafo, a articulista empregou perguntas como recurso argumentativo para desenvolver suas opiniões.
Explique de que forma essas perguntas levam o leitor a compreender que o comportamento dos adultos está equivocado. A
autora faz uma pergunta longa e duas curtas: “Quem são, quem podem ser, os ídolos desses jovens, e que possibilidades
lhes oferecemos?“, "Negativa? Censurável?“. Elas servem para questionar o papel que os adultos desempenham na vida dos
jovens e indagar se a atitude dos jovens que se reúnem em tribos é errada, o que, para eles, é necessário.
QUESTÃO 3 – O segundo e o terceiro parágrafos apresentam ideias que se complementam. Descreva-as.
No 2º parágrafo, ela critica a atitude dos adultos e a si própria pelos valores errados que são passados aos
jovens. E, no 3º parágrafo, dá continuidade a essa crítica, ao censurar o comportamento de certos pais que
negligenciam a educação dos filhos.
QUESTÃO 4 – Com o objetivo de esclarecer melhor seu ponto de vista sobre o assunto, a autora
desenvolveu comparações e explicações no quarto parágrafo.
a) Que imagem ela nos passa dos adultos em geral? Apesar da atitude negligente de certas famílias e
escolas e da falta de responsabilidade de algumas autoridades, há muitas pessoas comprometidas com suas
obrigações, que acolhem os jovens e os orientam.
b) De que modo ela parece expressar sua solidariedade aos jovens no quinto parágrafo? Essa menção das
dificuldades a serem enfrentadas pelos jovens pode ser entendida como uma atitude de solidariedade. Ela
também deixa clara essa atitude neste trecho: "Tenho muita empatia com a juventude".
QUESTÃO 5 – Na conclusão, a autora retoma à ideia inicial e confirma o ponto de vista defendido no
desenvolvimento. Como ela reforça a opinião de que os adultos estão em dívida com os jovens? Ao
reafirmar que não tem uma visão negativa da juventude e declarar que os adultos são os grandes
responsáveis pelo mundo problemático que estão legando aos jovens.
Corrupção: o que é
e como se combate.
Qual é o seu conceito de corrupção?
Quais problemas ela carrega consigo?
Por que as pessoas são corruptas?
Que ações do dia a dia podem ser consideradas como corruptas?