ENTREVISTA COM A PSICÓLOGA E PROFESSORA UNIVERSITÁRIA IONARA
RABELO: A PRÁTICA PSICOLÓGICA NA PANDEMIA HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Homens e Mulheres Homossexuais e Heterossexuais
Índios e Negros. Orientais e Brancos, Pedestres e ciclistas.
Sim, nós temos muitas diferenças!! Mas, temos todos algo em comum... Somos todos Seres Humanos!! SEM DIFERENÇA OU DISTINÇÃO DE SEXO, COR, RAÇA, RELIGIÃO, ORIENTAÇÃO SEXUAL E OPINIÃO POLÍTICA E POR ISSO DEVEMOS SER RESPEITADOS E PROTEGIDOS AFINAL, TODOS NÓS TEMOS DIREITOS. MAS, NEM SEMPRE FOI ASSIM. NOSSOS DIREITOS FORAM CONQUISTADOS COM MUITAS LUTAS. LUTAS QUE ATRAVESSARAM GERAÇÕES.. MUITOS HOMENS E MULHERES CONTRIBUÍRAM PARA AS CONQUISTAS E OS DIREITOS QUE TEMOS ATUALMENTE. HOJE ELES ESTÃO INSCRITOS E REGISTRADOS NA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. DIREITO À SEGURANÇA DIREITO DE NOS EXPRESSARMOS DIREITO DE UM JULGAMENTO JUSTO DIREITO DE IR E VIR DIREITO À EDUCAÇÃO, SAÚDE E TRABALHO DESCENTE ENTREVISTA COM A PSICÓLOGA E PROFESSORA UNIVERSITÁRIA IONARA RABELO A PRÁTICA PSICOLÓGICA NA PANDEMIA • O desenvolvimento da pandemia revela o trabalho de uma área da Psicologia ainda pouco conhecida, mas fundamental: a que trata da Gestão Integral de Crises e Desastres. A especialidade, cujas primeiras intervenções remontam remontam situações que envolviam desastres naturais e incêndios, gradativamente passou a ser estudada após conflitos armados, ao longo do século XX, e hoje é indispensável para ampliar as possibilidades de atuação profissional em contextos de crises coletivas, tal como a pandemia causada pelo novo coronavírus. A emergência sanitária internacional da COVID-19 é considerada o maior desastre humanitário de nossa geração. No Brasil, o cenário é devastador. Além da quantidade absurda de mortes, há consequências no campo da saúde física, emocional e mental das populações, aumento das violências, alastramento de fake news, além do agravamento da crise econômica. ENTREVISTA COM A PSICÓLOGA E PROFESSORA UNIVERSITÁRIA IONARA RABELO A PRÁTICA PSICOLÓGICA NA PANDEMIA: • Para entender mais sobre o papel da especialidade nestes contextos, apresento uma entrevista com a psicóloga e professora universitária Ionara Rabelo. Com larga experiência na área, Ionara trabalha na Gerência de Vigilância às Violências e Acidentes, da Secretaria de Saúde de Goiânia, e, na pandemia, apoiou a construção de estratégias de saúde mental e apoio psicossocial para profissionais de saúde e da população de Goiânia. Também atua, desde 2011, como psicóloga em projetos internacionais da ONG Médicos Sem Fronteiras. Segundo ela, o desastre se caracteriza por possuir uma conotação sistêmica. “Nunca é só a barragem que rompeu. É a barragem que rompeu, as políticas públicas que não estavam preparadas para o toque de recolher, as rotas de fuga que não foram estabelecidas. Então, o desastre tem toda essa dimensão ampliada”, ensina. A psicóloga explica que o desastre também se caracteriza pelo acúmulo de outros desastres decorrentes do primeiro. Como uma peça que desarticula e desmonta outras tantas ao redor. É comum em um desastre, por exemplo, perder pessoas durante o salvamento de outras ou mesmo ter efeitos colaterais com impactos negativos. “É o caso da pandemia de COVID-19. O isolamento e o distanciamento social, que são as estratégias mais eficientes enquanto não há vacina para todos, podem tanto salvar como provocar sofrimento”, afirma. Na entrevista, Ionara comenta, dentre diversos assuntos, a atuação das profissionais de Psicologia e, também, sobre as oportunidades de se criar novos tipos de políticas públicas a partir do olhar psicossocial. SOBRE OS DIREITOS HUMANOS, A SITUAÇÃO DE ISOLAMENTO SOCIAL FORÇADO PODE SER CONSIDERADA UM DESASTRE PARA A HUMANIDADE, NO SENTIDO DE QUE PROVOCOU DIVERSOS EFEITOS COLATERAIS, COMO VIOLÊNCIAS SIMBÓLICAS E/OU FÍSICAS? • O isolamento é como um efeito colateral da pandemia, que é classificada como emergência de saúde pública internacional grave, a pior da nossa geração. Então, o isolamento, que é uma das estratégias para diminuir o número de mortes, também tem impacto negativo na vida das pessoas. Não quer dizer que não deveria ter sido utilizado. Por isso, considero muito importante a atuação da Psicologia, que, ao longo de 2020, mostrou que pode ajudar a população muito além do atendimento individual. E mostrou isso produzindo material educativo de interesse público. Tivemos inúmeras lives, bastante material sobre relações humanas, comunicação interpessoal, inclusive orientações sobre como cuidar das crianças, entre outros. Sobre o agravamento das violências, a gente já tinha esse indicador, porque tínhamos pesquisas comprovando isso na China. Então, o desastre funciona como uma lupa, ele não provoca violência, ele amplifica aquilo que já existe. Considerando que muitas relações funcionam nessa base do patriarcado, onde a mulher tem pouco poder, o universo de confinamento eleva as possibilidades de conflitos. No começo da pandemia não tivemos tanto aumento das denúncias; já no final do ano sim. Inclusive, houve uma pesquisa muito interessante em São Paulo que mostrou o aumento dos conflitos por meio de uma ferramenta de busca no Twitter. Ali já havia um indicativo de aumento de conflitos pelas palavras que a ferramenta captava. DE MANEIRA GERAL, COMO VOCÊ TEM AVALIADO O CENÁRIO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL NO CONTEXTO DE COMBATE À PANDEMIA, EM UM MOMENTO DA NOSSA HISTÓRIA EM QUE HÁ TANTA NEGLIGÊNCIA COM AS POLÍTICAS SOCIAIS? • É importante começar relembrando que o cenário geral da gestão pública no combate à pandemia foi totalmente desarticulado. Não houve uma conversa entre os governos federal, estaduais e mune isso dificultou a mobilização social em prol de uma direção única. Inclusive, tivemos discursos que fizeram chacota sobre o perigo do vírus. Mas vejo como positivo o fato de muitos gestores finalmente colocarem a saúde mental na pauta. Não a visão de ausência de doença, mas como um processo que precisa ser cuidado nas relações do trabalho. Com isso, foram construídos mecanismos para aumentar a sensação de segurança dos trabalhadores da linha de frente, baixar os níveis de ansiedade e a gente conseguir cuidar uns dos outros. Mesmo assim, muitos gestores perderam a oportunidade de entender o quanto a saúde mental é importante, o quanto a Psicologia é importante nesse momento. Se a gente tivesse ousado um pouquinho mais apresentando propostas de trabalho e ampliando o que a gente já sabe fazer, talvez o impacto positivo tivesse sido ainda maior. Um exemplo são os CAPs, que atendem os transtornos mentais moderados a graves e para tratamento para álcool e outras drogas. Se os CAPs tivessem capacitado agentes comunitários de saúde para trabalhar com as angústias e as ansiedades da população, poderiam ter causado grande impacto positivo nas comunidades, oferecendo cuidados iniciais de saúde mental para as pessoas. Os direitos humanos são garantidos legalmente pelo ordenamento jurídico, protegendo indivíduos e grupos contra ações que interferem nas liberdades fundamentais e na dignidade da pessoa humana. Estão expressos também em tratados internacionais, em plêiade de princípios e outras modalidades do Direito. • Revista_Dialogos_n12_A_Pratica_psicologica_na_pandemia- pagina_simples