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Campus Universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


Criada pelo Decreto N.º 44-A/01 do Conselho de Ministros, em 06 de Julho de 2001

Faculdade de Ciências da Saúde

AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM


PRESTADA AOS PACIENTES COM DOR ONCOLÓGICA
CRÓNICA NO INSTITUTO ANGOLANO DE CONTROLO
DO CÂNCER NO II TRIMESTRE DE 2022

Nome do estudante: Passi António P. João


Orientador: João Vasco Francisco Barroso, Lic.

Viana, Fevereiro de 2023


SUMÁRIO

• Introdução
• CAP. I. Fundamentação Técnico-científica
• CAP. II. Opções Metodológicas do Estudo
• CAP. III. Apresentação e Análise Crítica dos Resultados
• Conclusões
• Recomendações
• Referências Bibliográfica
INTRODUÇÃO

De acordo com a IASP, a dor é «uma experiência


multidimensional desagradável, envolvendo não só um componente
sensorial, mas também um componente emocional, e que se
associa a uma lesão tecidular concreta ou potencial, ou é descrita
em função dessa lesão» (International Association for the Study of
Pain, 2006 citado por Lopes, 2007, p. 7)
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Durante o período de conclusão da minha carreira como Técnico Médio


no ano 2017, quando visitei o IACC pela primeira vez, identifiquei uma alta
demanda por atendimentos em que a tradução da queixa principal era a
dor crónica. A dor é uma complicação frequente e com elevado impacto na
vida dos doentes com câncer.
Tendo em vista que o alivio da dor é uma das atribuições do Enfermeiro
que impacta directamente na promoção da qualidade assistencial e das
melhores condições de saúde para os pacientes oncológicos, optei na
investigação deste tema que tem a seguinte pergunta de partida:
QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO

Qual é a Assistência de Enfermagem


prestada aos pacientes com Dor
Oncológica Crónica no Instituto
Angolano de Controlo do Câncer no II
Trimestre de 2022?
OBJECTIVOS DO ESTUDO
Geral
Avaliar a Assistência de Enfermagem prestada aos pacientes com Dor
Oncológica Crónica no Instituto Angolano de Controlo do Câncer no II
Trimestre de 2022
Específicos
1. Caracterizar os Profissionais de Enfermagem segundo a faixa
etária, género, tempo de serviço e categoria profissional;
2. Identificar o conhecimento dos Profissionais de Enfermagem
sobre a Dor Oncológica Crónica;
3. Descrever a Assistência de Enfermagem prestada aos pacientes
com Dor Oncológica Crónica.
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

Ao abordar esse tema vai aprimorar os conhecimentos dos


Profissionais de Saúde, pois a Dor tem desafiado a prática profissional
do Enfermeiro nos mais variados contextos no cuidado a saúde.

Outra grande importância é de contribuir para o desenvolvimento de


estratégias educativas a Instituição, que visem melhorar assistência de
enfermagem prestada para o alivio da dor, pois tal acção por parte dos
profissionais de enfermagem contribui significativamente para o
conforto do paciente em tratamento oncológico.
CAP. I. FUNDAMENTAÇÃO
TÉCNICO-CIENTÍFICA
1.1.1. FISIOLOGIA da Dor

4 -Percepção

3 - Modulação

2 - Transmissão
1 - Transdução
(Devine, 2011).
1.1.2. CLASSIFICAÇÃO DA DOR
De acordo com a OMS (2012), no que respeita à classificação, esta
pode assentar em vários critérios, nomeadamente os mecanismos
fisiopatológicos, a duração da dor, o local de origem e a causa. Do ponto
de vista terapêutico, é dada maior importância à classificação quanto aos
mecanismos fisiopatológicos e à duração.

Classificação da dor quanto à Classificação da dor quanto à


sua duração sua patogénese

• A dor aguda; • Nociceptiva;


• Dor crónica. • Neuropática;
• Psicossomática.
1.2. AVALIAÇÃO DA DOR ONCOLÓGICA

1.2.1. Dor como o 5º Sinal Vital

A dor, tida como o 5º sinal vital desde o ano 2000, de acordo com a
JCAHO, ressaltando a necessidade de quantificar, avaliar e registrar
esse sinal; tornando possível a observação das condutas adoptadas por
profissionais e a eficácia dessas intervenções
(Rodrigues, Oliveira, Fernandes, & Teles, 2017).
1.2.2. Características Semiológicas da Dor

Teixeira e Ferreira (2013), destaca em sua obra que:


[…] A entrevista e o exame físico permitem diagnosticar a causa da dor,
suas características e sua localização e a história do doente deve
conter informações sobre os aspectos cronológicos e evolutivos da dor
e do câncer, localização, ritmo, periodicidade e características
sensitivas e da magnitude da dor, questões médicas precedentes,
incluindo-se os factores predisponentes e desencadeantes da condição
dolorosa, alem de outros.
(Teixeira & Ferreira, 2013, p. 1295).
1.2.3. Instrumentos de Avaliação da Dor

Escalas Unidimensionais

Escala visual analógica (EVA): Escala Visual numérica de dor (EVN):

Fonte: (Lima, 2020). Fonte: (Araújo, 2020)


1.2.3. Instrumentos de Avaliação da Dor

Escalas Multidimensionais

• Inventário Breve de Dor;


• Questionário de Dor McGill;
• McGill reduzido;
• Locus de controle e
dramatização (catastrofismo);
• Escala de Ansiedade e
Depressão.

Fonte: Adaptado
1.3. TRATAMENTO DA DOR ONCOLÓGICA

O tratamento da dor visa ao resgate da normal interacção físico-


psicossocial dos doentes (dor total). Não apenas o alívio da dor, mas a
normalização das funções psíquicas e operacionais dos diferentes
sistemas e aparelhos e a correcção dos desajustamentos familiares e
sociais que contribuem para o sofrimento, deve ser alvo da equipe
multiprofissional que atende os doentes com câncer.

(Teixeira & Ferreira, 2013, p. 1296)


1.3.1. Tratamento farmacológicos da Dor

O método proposto pela OMS em 1986, com a participação da


IASP para tratamento da dor oncológica, vulgarmente conhecido como
Escada Analgésica, tem-se revelado de grande importância no controlo
da dor numa percentagem significativa de doentes (Biasi, Zago, Paini,
& De Biasi, 2011).
Segundo Teixeira e Ferreira (2013, p. 1297) «a dor dos doentes
com câncer pode ser adequadamente controlada com medidas
farmacológicas em 70 a 90% dos casos».
Escada analgésica da OMS modificada

Fonte: (Direção Geral da Saúde, 2001)


É importante salientar que a escada sugere classes
medicamentosas e não fármacos específicos, possibilitando uma
maior flexibilidade ao prescritor.
Ao avaliar e tratar a dor, deve-se considerar alguns princípios da
farmacoterapia propostos pela OMS, podem ser resumidos em cinco
tópicos.

• Ingestão
• Intervalo das Doses
• Escada analgésica
• Individualização do Esquema Terapêutico
• Atenção aos detalhes
1.4.2. Tratamento não farmacológicos da Dor

• Fitoterapia;
• Termoterapia (calor) e crioterapia (frio);
• Uso de massagem de conforto e de alongamentos suaves;
• Eletroanalgesia (TENS), (Naime, 2013).
Existem diversas terapias para este fim, só que poucas têm sua eficácia
comprovada cientificamente, dentre ela destacam-se o toque terapêutico,
musicoterapia, reflexologia, reiki, acupunctura. (Minson, Garcia, Júnior,
Siqueira, & Júnior, 2010).
CAP. II. OPÇÕES
METODOLÓGICAS DO ESTUDO
OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO

2.1. MODOS DE INVESTIGAÇÃO

2.2.VARIÁVEIS

2.3. OBJECTO DE ESTUDO

2.4. INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO

2.5. PROCESSAMENTO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO


CAP. III. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE
CRÍTICA DOS RESULTADOS
Tabela 1: Distribuição dos Profissionais, segundo a faixa etária.

Faixa etária n %
18 - 25 anos 12 50
26 - 35 anos 7 29
36 - 44 anos 3 13
≥ 45 anos 2 8
Total 24 100%

Fonte: Instituto Angolano de Controlo do Câncer (IACC), II Trimestre De 2022


Tabela 2: Distribuição dos Profissionais, segundo o Género.

Género n %
Masculino 10 33
Feminino 20 67
Total 24 100%

Fonte: Instituto Angolano de Controlo do Câncer (IACC), II Trimestre De 2022


Tabela 3: Distribuição dos Profissionais, segundo a
Categoria Profissional.

Categoria Profissional n %
Auxiliar de Enfermagem —— ——
Técnico de Enfermagem 26 87
Enfermeiro 4 13
Bacharel —— ——
Auxiliar de Enfermagem Especialista —— ——
Técnico de Enfermagem Especialista —— ——
Enfermeiro Especialista —— ——
Total 30 100%

Fonte: Instituto Angolano de Controlo do Câncer (IACC), II Trimestre De 2022


Tabela 4: Distribuição dos Profissionais, segundo o
Tempo de Serviço.

Tempo de serviço n %
≤ 5 anos 24 80
6 – 10 anos 4 13
11 – 15 anos 1 3
≥ 16 anos 1 3
Total 30 100%

Fonte: Instituto Angolano de Controlo do Câncer (IACC), II Trimestre De


2022
Tabela 5: Distribuição da amostra segundo o
conceito de Dor Oncológica

Conceito de Dor Oncológica   n %


Uma experiência sensitiva e emocional Sim 14 47
desagradável, associada, ou semelhante
àquela associada, a uma lesão tecidual real ou
Não 16 53
potencial.

É conceituada como dor total, onde a dor é Sim 21 70


descrita por vários componentes: social,
espiritual, físico e mental Não 9 30

Fonte: Instituto Angolano de Controlo do Câncer (IACC), II Trimestre De 2022


Tabela 6: Distribuição da amostra segundo as Formas de
avaliação da Dor Oncológica

Formas de avaliação da Dor Oncológica   n %


Sim 18 60
Histórico e exame físico
Não 12 40
Sim 22 73
Escala numérica de dor (ENV)
Não 8 27
Sim 21 70
Escala visual analógica (EVA)
Não 9 30
Sim 11 37
Inventário de Sintomas da Dor Neuropática
Não 19 63
Fonte: Instituto Angolano de Controlo do Câncer (IACC), II Trimestre De 2022
Tabela 7: Distribuição da amostra segundo o tratamento
n/farmacológico da Dor Oncológica.
Tratamento não-farmacológico   n %
Sim 6 20
Opioides fortes com Adjuvantes
Não 24 80
Sim 26 87
Fisioterapia
Não 4 13
Sim 17 57
Acupunctura
Não 13 43
Sim 16 53
Bloqueio neurolítico do plexo celíaco
Não 14 47
Sim 21 70
Termoterapia (calor) e crioterapia (frio)
Não 9 30
Analgésicos anti-inflamatórios não Sim 6 20
hormonais (AINHs) Não 24 80
Tabela 8: Distribuição da amostra segundo a Assistências de
Enfermagem a prestar em paciente com Dor Oncológica Crónica.

Assistências de Enfermagem   n %
Sim 26 87
Avaliação da dor
Não 4 13
Planeamento assistencial de Sim 23 67
enfermagem Não 7 23
Sim 24 80
Promover repouso e relaxamento
Não 6 20
Escada analgésica da OMS (terapia Sim 27 90
farmacológica) Não 3 10

Fonte: Instituto Angolano de Controlo do Câncer (IACC), II Trimestre De 2022


Categoria 1: Quais são as outras Assistência de Enfermagem?

Essa categoria denota a avaliação dos profissionais de enfermagem


sobre as outras assistências de enfermagem implementado aos pacientes
com dor oncológica crónica. Nesta perspectiva, os profissionais
participantes discursaram sobre as suas intervenções diária, no processo
assistencial da dor oncológica crónica:
«Instituir a terapêutica médica (analgésicos), controlar a eficácia da
terapia, repetir quantas vezes for necessário até controlar a dor do
doente»; (Id: 8, 16, 21, 26 e 27)
«Apoiar a família e paciente apoio psicologicamente, repouso no leito;
Preparação psicológica, proporcionar uma boa alimentação, higienizar o
paciente» (Id: 1, 3, 4, 5 e 9).
Categoria 2: Quais são as dificuldades vivenciadas por vocês para
um efectivo controle da dor oncológica?

Essa categoria reflecte as dificuldades vivenciadas pelos


profissionais de enfermagem do IACC, para um efectivo controle da dor
oncológica crónica. A seguir estão as falas que retractam essa situação:

«A principal dificuldade vivenciada é a falta de analgésicos nalguns


casos os fortes» (Id: 14, 26 e 27)
«A falta intermitente de maior parte dos analgésicos orai, consiste
uma dificuldade no controlo da dor, a falta de material, de pessoal
precisa melhorar» (Id: 9, 18, 30,).
Ademais, a pesquisa apontou que alguns dos participantes relatam
que as famílias apresentam algumas dificuldades para um efectivo
controlo da dor oncológica. Abaixo, estão as falas que retractam tais
circunstâncias:
«Há situações que as famílias trazem os Pastores para fazerem
orações aos pacientes, e depois eles já não querem tomar a
medicação, dizendo que Deus vai lhe curar» (Id: 1)
«Abandono por parte dos familiares, dando a descontinuidade do
tratamento; estilo de vida inadequado, favorecendo assim a gravidade
da doença; sem apoio psicológico da equipa multidisciplinar por causa
do abandono» (Id: 17 e 18)
CONCLUSÕES

Os resultados do estudo versam sobre a Assistência de


Enfermagem prestada aos pacientes com Dor Oncológica
Crónica no Instituto Angolano de Controlo do Câncer no II
Trimestre de 2022, baseando-se no cumprimento do objectivo
proposto, em exploração deste, tive êxito e alcancei a resposta
da questão de partida.
CONCLUSÕES

• Em relação aos resultados, conclui-se que, o perfil sociodemográfico


encontrado, dos profissionais de Enfermagem do IACC, 50% são da
faixa etária dos 18 – 25 anos; sendo que a houve maior predominância
no género feminino com 67%; a categoria profissional encontrada em
maior número foram os Técnicos de Enfermagem com 87%; sendo
que maior parte deste têm um tempo de serviço ≤5 com 80%.
• Conclui-se que os Profissionais de Enfermagem possuem
conhecimento sobre a Dor Oncológica, as formas de avaliação; o
tratamento farmacológico e n/farmacológico.
CONCLUSÕES

• A pesquisa mostrou existências de algumas dificuldades relatadas


pelos enfermeiros para o controle efectivo da dor. Destacam-se
dentre estas, a falta de condições de trabalho englobando desde
acções complexas como o número insuficiente de enfermeiros,
bem como indisponibilidade de drogas.

Resposta à questão de partida:


Portanto, os resultados obtidos neste estudo, nos permitem
concluir que a assistência de enfermagem prestada a esses
pacientes de forma multimodal.
RECOMENDAÇÕES
•Recomendo a criação de estratégias educativas, pois, é
fundamental que a equipe de enfermagem receba orientações contínuas
sobre a melhor maneira de mensurar e avaliar a dor, de tal modo a
assegurar o controle e alívio da mesma, a fim de prestar um cuidado
caracterizado ao paciente.

•Recomenda-se que, mais estudos sejam feitos abordando essa


temática, com a finalidade de aumentar a produção cientifica a cerca da
Dor Oncológica Crónica, possibilitando aos interessados subsídios para
suas acções.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Araújo, M. (2020). Manual de avaliação e tratamento da dor. Belém:


EDUEPA.
Minson, F. P., Garcia, J. B., Júnior, J., Siqueira, J. & Júnior, L. (2010). II
Consenso Nacional de Dor Oncológica. São Paulo, SP: EPM - Editora
de Projectos.
Naime, F. F. (2013). Manual de tratamento da dor: dor aguda e dor de
origem oncológica: tratamento não invasivo (2ª ed.). Barueri: Manole.
Teixeira, M. J. & Ferreira, K. A. (2013). Controle da Dor. Em P. G. Hoff,
Tratado de Oncologia (pp. 1292-1319). São Paulo: Atheneu.
“Eis que até aqui nos ajudou o Senhor”.

(I Samuel 7:12)

A todos, o meu
muito obrigado!

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