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FUNÇÕES DO GOVERNO

Disciplina: Economia e Negócios


(5)

Finanças Pública- Fabio Giambiagi, Ana Cláudia Além, Campus- 2. Edição,2000.


Economia do Setor Público-Alfredo Filellini, Atlas,1989.
Conceitos Básicos- Teoria das Finanças Públicas
Conceitos Básicos Relevantes: O Caso do Brasil-Falhas de Mercado-O Setor
Público como produtor de bens e serviços.
Professor Ms Regis Ximenes
DEFINIÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

 Administração Pública é todo o aparelhamento do Estado,


preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das
necessidades coletivas.

 Administrar é gerir os recursos públicos; significa não só prestar


serviços, executá-lo, como também dirigir, governar, exercer a vontade
com o objetivo de obter um resultado útil.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA x ADMINISTRAÇÃO PRIVADA

 A administração pública difere de forma fundamental da


administração privada. Seu objetivo é atender de forma continuada às
necessidades mais essenciais da coletividade, ela tem a obrigatoriedade
de atender as necessidades públicas.

 Na Administração Pública não há liberdade pessoal. Enquanto na


administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na
Administração Pública só é lícito fazer o que a lei autoriza.
PARA QUE POLÍTICAS PÚBLICAS ?

“Do nascimento à morte, nossas vidas são afetadas de inúmeras


maneiras pelas atividades do governo. Nascemos em hospitais
subsidiados, quando não públicos... Muitos de nós recebemos uma
educação pública... Virtualmente todos nós, em algum momento de
nossas vidas, recebemos dinheiro do governo, como crianças – por
exemplo, através de bolsas de estudo –; como adultos, se estamos
desempregados ou incapacitados; ou como aposentados; e todos nós nos
beneficiamos do serviço público”
Joseph Stiglitz
TEORIA DE FINANÇAS PÚBLICAS

 A alocação de recursos determinada pelo mercado livre é desejável?

 Existe espaço para que a intervenção do estado melhore a vida das


pessoas?

 De forma geral, quatro são as funções do Estado:


 Função alocativa, que visa à provisão de bens públicos;

 Função distributiva, voltada à geração de uma distribuição de


renda mais adequada que aquela que o mercado por si mesmo faria;

 Função estabilizadora, através da condução de políticas de


estabilização de preços e emprego ;

 Função de desenvolvimento, com o objetivo de crescimento com


alterações estruturais e elevação do padrão de vida da sociedade como
um todo (países não desenvolvidos ou subdesenvolvidos).
 A principal razão de existência da estrutura federativa encontra-se na
função alocativa. A questão central está na provisão de bens e serviços
públicos compatíveis com as preferências dos habitantes da região
beneficiada e que por eles seja financiada.

 Alguns bens e serviços públicos, como segurança nacional e a política


externa, beneficiam toda a população do país e, portanto, devem ser
providos pela União.

 Por outro lado, existem serviços, como iluminação pública, coleta de


lixo e saneamento básico, que beneficiam diretamente um grupo restrito,
sendo, assim, bens públicos locais. Portanto, se levarmos em
consideração a eficiência de todo o setor público, cada nível de governo
deve ser responsável pela provisão dos bens e serviços públicos cujos
benefícios são auferidos apenas dentro de sua jurisdição. Caso contrário,
incorrer-se-á em ineficiências.
 Se a provisão do bem ou serviço público não atender toda a
comunidade algumas famílias pagarão impostos sem, no entanto,
consumir o bem, reduzindo o benefício total percebido por elas e
levando também a um aumento da demanda por aqueles que o
consomem, visto não pagarem totalmente por esses bens e serviços
públicos.

 Por outro lado, a racionalidade indica que os bens e serviços


públicos devem ser providos e financiados pelo mais baixo nível de
governo possível, de forma que os benefícios sejam absorvidos pela
comunidade local e que eventuais vazamentos devem ser corrigidos
através de transferências.
 Dessa forma, o comportamento dos grupos de pressão ou dos
caçadores de renda que competem entre si por recursos provenientes do
governo federal configura uma ação racional e, portanto, natural e
recorrente num ambiente de competição política por transferências.

 Dada a existência de transferências num sistema federativo, a restrição


aos gastos públicos estaria em princípio mais flexibilizada gerando
maiores condições para um aumento do déficit ótimo (WERNECK,
1995), justificando assim o comportamento rent-seeking (Alugar uma
busca) dos governos locais.
 A função distributiva é resultante , em determinado momento, das
dotações dos fatores de produção – capital, trabalho e terra, e da venda
dos serviços desses fatores no mercado pode não ser a desejada pela
sociedade.

 A função estabilizadora , passou a ser defendida com a publicação do


livro “Teoria Geral do Juro, do Emprego e da Moeda “ em 1936 ,de John
Maynard Keynes. Neste caso, Keynes deu ênfase ao papel do Estado
mediante as políticas monetárias e , principalmente, fiscal para promover
um alto nível de emprego na economia.
AS FALHAS DE MERCADO
EXTERNALIDADE:

Uma externalidade ocorre quando alguma atividade de produção ou


consumo possui efeitos indiretos sobre outras atividades de produção ou
de consumo que não estejam diretamente refletidas nos preços de
mercado.

 O termo “externalidade” é empregado porque os efeitos sobre os


outros itens (custos ou benefícios) são externos ao mercado. Por
exemplo, uma usina que despeje seus poluentes num rio, tornando sua
água inadequada para consumo, pesca ou natação das comunidades
próximas, estará produzindo externalidades negativas (custos) para elas.
 Na presença de uma externalidade negativa da produção o custo social
é maior que o custo privado, de forma que a “oferta social” fica a
esquerda da oferta privada. O resultado é que a produção do mercado é
maior do que a socialmente desejável.

 Os custos de produção estarão sendo absorvidos por outros agentes


que não o inicial.

 A melhor medida alocativa é a imposição de um tributo sobre a


produção, de modo a que seja inibida.
Ex: Uma fábrica de cimento que esteja gerando poluição do ar pela
emissão de partículas através de suas chaminés, pode ser obrigada por
atos regulatórios a instalar equipamentos de controle da poluição, de
forma a evitar efeitos negativos (custos) para outros produtores e
moradores próximos.
 Na presença de uma externalidade positiva da produção o custo
privado é maior que o custo social, de forma que a “oferta social” fica a
direita da oferta privada. O resultado é que a produção do mercado é
menor do que a socialmente desejável.

 Benefícios sociais de um produto excedem os benefícios privados.


Nesta situação, a firma produtora irá produzir menos que o necessário,
porque os benefícios que concede à sociedade são maiores que aqueles a
que fará jus via mecanismos de mercado. A medida alocativa neste caso
é fazer a correção da oferta pela concessão de um subsídio à firma para
incentivar maior produção e consumo.
• O Teorema de Coase é uma teoria desenvolvida pelo economista
Ronald Coase (Prêmio de Ciências Econômicas, 1991), que busca
resolver as externalidades, provocadas nos mercados.
•Basicamente, segundo o Teorema de Coase, se os agentes envolvidos
com externalidades puderem negociar (sem custos de transação) a partir
de direitos de propriedades bem definidos pelo Estado, poderão negociar
e chegar a um acordo em que as externalidades serão internalizadas.
• Imposto de Pigou, trata da teoria das externalidades do economista
britânico do início do século passado Arthur C. Pigou, na qual sua
teoria trata da elaboração de um tributo sobre a emissão de poluentes que
evite incorrer em inconstitucionalidades e bi-tributação, ao mesmo
tempo em que instiga o empresário a investir em processos e técnicas
ambientalmente defensivas.
 Teorema de Coase:

Se os agentes privados puderem negociar sem custos a respeito da


alocação de recursos, eles podem resolver por si próprios o
problema das externalidades.

 Imposto de Pigou:

Imposto implementado para corrigir os efeitos de uma


externalidade negativa.
MEDIDA DE BEM-ESTAR

 Excedente do Consumidor = Valor para o comprador (–) Quantia paga


pelo comprador.

 Excedente do Produtor = Quantia recebida pelo vendedor (–) Custo de


produção.

 Excedente Total = Excedente do Consumidor (+) Excedente do


Produtor.

 Excedente Total = Valor para compradores (–) Custo de produção.


EXCEDENTE DO CONSUMIDOR

Preço
10

Excedente do
Consumidor
5
Dispêndio
Efetivo

100
Quantidade
EXCEDENTE DO PRODUTOR

Preço
10

5 Excedente do
Produtor

100
Quantidade
EXCEDENTE TOTAL

Preço
10

Excedente do
Consumidor
5 Excedente do
Produtor

100
Quantidade
EXCEDENTE TOTAL E EFICIÊNCIA DE MERCADO

 O preço e a quantidade determinados pelo mercado maximizam o


excedente total. Em outras palavras, a alocação determinada pelo livre
mercado é eficiente.

INEFICIÊNCIA DE MERCADO
 Os mercados competitivos apresentam desvio e ineficiência devido a
cinco razões básicas:
 Poder de mercado;

 Informação incompleta;

 Externalidades;

 Bens públicos; e

 Recursos comuns.
PODER DE MERCADO

 Na existência de poder de mercado o produtor determina a


quantidade produzida para qual a receita marginal seja igual ao custo
marginal e venderá uma quantidade menor e por um preço mais
elevado do que em um mercado competitivo.

 A necessidade de um sistema regulador eficiente é fundamental á


medida que o processo de privatização chega á prestação dos
chamados serviços de utilidade pública.
DIVISÃO DOS TÓPICOS DE MICROECONOMIA
Os grandes tópicos abordados na análise microeconômica são:
1) Teoria da Demanda (procura) : Teoria do Consumidor (demanda
individual) e Demanda de Mercado.
2) Teoria da Oferta : Oferta individual (Teoria da Produção e Teoria
dos custos de produção) e Oferta de Mercado.
3) Análise das estruturas de mercado: Mercado de bens e serviços
(Concorrência perfeita-Concorrência monopolística-Monopólio-
Oligopólio) e Mercado de fatores de produção (Concorrência
perfeita-Monopsônico-Oligopsônio).
4) Teoria do equilíbrio geral e do bem-estar
5) Imperfeição de mercado. Externalidades
DEFINIÇÃO DE DEMANDA
•Demanda (ou procura) é a quantidade de determinado bem ou serviço
que os consumidores desejam adquirir, num dado período.
•Assim, a demanda é um desejo, um plano. Representa o máximo
que o consumidor pode aspirar, dada sua renda e os preços no
mercado.
•A escala de demanda indica quanto o consumidor pode adquirir,
dadas várias alternativas de preços de um bem ou serviço. Ou seja,
indica que, se o preço for $ 2 , ele pode consumir, dada sua renda, 10
unidades; se o preço for $ 3 , ele pode consumir 8 unidades, e assim
por diante.
•Nesse sentido, a demanda não representa a compra efetiva, mas a
intenção de comprar; a dados preços.
FUNDAMENTOS DA TEORIA DA DEMANDA
Os fundamentos da análise da demanda ou procura estão alicerçados
no conceito subjetivo de utilidade.A utilidade representa o grau de
satisfação que os consumidores atribuem aos bens e serviços que
podem adquirir no mercado. Ou seja, a utilidade é a qualidade que os
bens econômicos possuem de satisfazer às necessidades humanas.

TEORIA DO VALOR UTILIDADE


Essa teoria pressupõe que o valor de um bem se forma por sua
demanda, isto é, pela satisfação que o bem representa para o
consumidor.
A TEORIA DO VALOR TRABALHO
Essa teoria considera que o valor de um bem se forma do lado da
oferta, mediante os custos do trabalho incorporado ao bem. Os custos
de produção eram representados, basicamente, pelo fator mão-de-
obra, em que a terra era praticamente gratuita (abundante) e o
capital, pouco significativo, ou seja, o valor do bem depende do tempo
produtivo que é incorporado ao bem.

A teoria do Valor Utilidade veio complementar a Teoria do Valor


Trabalho, pois já não era possível predizer o comportamento dos
preços dos bens apenas com base nos custos, sem considerar o lado
da demanda (padrão de gostos, hábitos, renda etc.).
A teoria da Demanda, baseia-se na Teoria do Valor
Utilidade.Supõe-se que, dada a renda e dados os preços de mercado,
o consumidor, ao demandar um bem ou serviço, está maximizando a
utilidade ou satisfação que ele atribui ao bem ou serviço. É também
chamada de Teoria do Consumidor.

CONCEITO DE UTIILIDADE TOTAL E UTIILIDADE


MARGINAL
Do conceito de Utilidade Marginal, derivam a curva da demanda e
suas propriedades.Tem-se que a Utilidade Total tende a aumentar
quanto maior a quantidade consumida do bem ou
serviço.Entretanto, a Utilidade Marginal, que é a satisfação
adicional, obtida pelo consumo de mais uma unidade de bem, é
decrescente,porque o consumidor vai saturando-se desse bem,
quanto mais o consome.
MATEMATICAMENTE
Umg = UT / q
= acréscimos finitos.

Sendo “q” a quantidade que o consumidor deseja consumir.


Utilidade Total Utilidade Marginal

q q
REGULAÇÃO DE MERCADO

“No plano econômico, a crise do endividamento externo aponta, nos


anos oitenta, na direção de um modelo econômico baseado na
especialização industrial, em setores trabalho-intensivos e cada vez mais
tecnologicamente sofisticados. No plano social, as pressões sociais
decorrentes dos altos índices de concentração de renda indicam um
aumento significativo do papel do Estado do Bem-estar. Os problemas
de inflação, desequilíbrio externo e desemprego, por outro lado, indicam
que, se o Estado Subsidiador e Produtor devem entrar em recesso, o
Estado Regulador estrito senso, formulador de política macroeconômica
complementar à regulação pelo mercado será cada vez mais
importante.” Bresser Pereira, 1985
Críticas à intervenção governamental no campo regulatório

1. Os argumentos apontam para a existência de ganhos de eficiência


associados com a ação governamental, mas deixam de lado a questão
de como a ação pública se organizaria para implementar essa
política.
2. Poucas evidências empíricas que apóiam esse ponto de vista.
Teoria econômica da regulação
O modelo considera a existência de três grupos de agentes:
a) Consumidores, que se beneficiam com menores preços no setor
e estão dispostos a apoiar aqueles que levam a cabo políticas
nesse sentido;
b) Empresário monopolista, que apóia o formulador de política na
razão direta do seu lucro definido por π(P), ou seja, uma parcela
do seu preço de venda.
c) Formulador de política, cuja função apoio político considera
Instrumentos de regulação
Para a avaliação da eficácia do uso de cada um dos instrumentos que serão
analisados é preciso entender o conceito de eficiência sob três diferentes
Para a avaliação da eficácia do uso de cada um dos instrumentos que
dimensões:
serão
Para analisados
a avaliação é preciso
da eficácia entender
do uso de cadaoum
conceito de eficiência
dos instrumentos que sob três
serão
diferentes
analisados dimensões:
é preciso entender o conceito de eficiência sob três diferentes
dimensões:

a) Eficiência produtiva, ou seja, a ação regulatória deveria ter por


base incentivar a utilização dos recursos e fatores produtivos da
forma mais eficiente possível;
b) Eficiência alocativa, com a regulação assegurando que os
produtos transacionados sejam produzidos pelas firmas mais
eficientes e adquiridos pelos consumidores que mais os desejam;
c) Eficiência dinâmica, com a regulação assegurando que a
técnica mais eficiente disponível continue sendo utilizada ao
longo do tempo.
Controle de preços
Especificação de um valor (ou um intervalo de valores) de
acordo com o qual
Especificação deas
umfirmas devem
valor (ou estabelecer
um intervalo os seus
de valores) de acordo
preços.
com o qual as firmas devem estabelecer os seus preços.
Esse controle de preços pode assumir várias formas, tais
como uma
Esse limitação
controle sobrepode
de preços o valor nominal
assumir váriasdo preçotais
formas, – como
como no
casouma
daslimitação
passagens deoônibus
sobre nas cidades
valor nominal brasileiras
do preço – como no–casoou das
como a limitação
passagens sobrenas
de ônibus a taxa máxima
cidades de reajuste
brasileiras – ou comopermitida
a limitação
parasobre
um determinado
a taxa máxima serviço – como
de reajuste no caso
permitida para da
umregra do IGP-
determinado
DI menos
serviço X% aplicada
– como nadatelefonia
no caso fixa. menos X% aplicada na
regra do IGP-DI
telefonia fixa.
REGULAÇÃO DE MERCADO
 Entende-se por regulação o estabelecimento de meios para exercer o
controle social por meio de regras explicitadas em leis, decretos,
concessões, contratos, decisões de órgãos reguladores,etc. A infra-
estrutura econômica tem as seguintes caracterísicas:

 (1) suas tecnologias são normalmente consideradas específicas, isto é,


seus investimentos não são recuperáveis.

 (2) tem características de monopólio natural, com economias de escala


e de escopo na prestação de serviços básicos; economias de escala no
planejamento e gerenciamento da rede e externalidades de rede.

 (3) seus produtos são consumidos em grande escala, normalmente por


consumidores cativos e com demanda bastante rígida.
REGULAÇÃO DE MERCADO

 Como muitas atividades de infra-estrutura econômica são


monopólios naturais (uma única firma pode suprir o mercado ao custo
mínimo), linhas ferroviárias.

 Redes de transmissão de energia elétrica, etc., o monopolista pode


abusar de seu poder de mercado para cobrar preços altos e/ou baixar a
produção para níveis não competitivos. Em razão disso, a maioria dos
governos regula os preços cobrados pelos monopólios para proteger os
consumidores.
REGULAÇÃO DE MERCADO

 Assim, pode-se dizer que a regulação é necessária para proteger tanto


os usuários quanto os investidores. Contudo, implica custos diretos como
administração e observância da lei, e indiretos, como a assimetria de
informações (as empresas reguladas têm sempre mais informações que
os órgãos regulatórios) e a captura regulatória.

 Segundo a percepção atual de boa parte dos especialistas, a regulação


deve ser repensada:a necessidade de regular, sempre que for possível,
deverá ser substituída por soluções competitivas. Para isso, entretanto, é
fundamental que se leve em conta a estrutura do mercado que está sendo
regulado; as barreiras ao ingresso; o número de concorrentes reais e
potenciais (estrutura horizontal); e vinculações verticais que afetam o
poder de mercado (estrutura vertical).
EFEITOS IMPREVISTOS DA REGULAÇÃO

 Freqüentemente, as características institucionais de um país não se


ajustam bem a seu marco regulatório, o que produz efeitos imprevistos.

 Serão considerados aqui três desses efeitos: insucesso regulatório


(regulatory failure), política de grupos de interesse e baixo crescimento
da produtividade.
INSUCESSOS REGULATÓRIOS

 As agências regulatórias são sujeitas a sérias restrições quanto à


informação, à política e às instituições,as quais podem causar graves
dificuldades à implementação das políticas regulatórias- o insucesso
regulatório.

 Diz-se que a agência regulatória é sujeita à assimetria de informações


porque é custoso para ela obter informações, que, entretanto, são
conhecidas pela firma. É pois, crucial, que os sistemas regulatórios
formulem políticas para contrabalançar essa desvantagem de informação.
Contudo, essas políticas exigem discrição regulatória e capacidade
administrativa ,quando o país não tem capacidade administrativa, a
implementação de uma estrutura regulatória sofisticada pode levar ao
insucesso, pois,ou a empresa regulada manipulará o processo.
POLÍTICA DE GRUPOS DE INTERESSE

 Em um país em que o Executivo tem preponderância a interpretação


legislativa ou as leis eleitorais e o Legislativo dão a um único partido o
controle tanto do Executivo quanto do Legislativo, conceder substancial
discrição ao Executivo no que diz respeito à regulação pode levar a
política de grupos de interesse a preterir o processo regulatório e afetar
os resultados.

 A discrição irrestrita pode levar à captura regulatória, mesmo quando


permite a diferentes grupos de interesse auferirem benefícios do
processo.
EFEITOS SOBRE A PRODUTIVIDADE

• Como a regulação, em sua essência, restringe a concorrência, de uma


maneira ou de outra, por hipótese, a regulação excessiva pode aumentar
os custos de transação e reduzir a competição.

•Isso afeta negativamente o crescimento da produtividade e da eficiência,


e os investimentos e a inovação tecnológica,além de levar a preços mais
altos para os usuários
ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES DA
REGULAÇÃO

 A implementação de um sistema regulatório depende da capacidade


administrativa e das instituições existentes em um país. Por isso, é útil
considerar a regulação como um problema de engenharia, no qual
distinguem-se a engenharia básica e a engenharia detalhada.

 Assim, define-se a engenharia básica de um sistema regulatório como


os mecanismos pelos quais a sociedade cria limitações substantivas ou
de procedimento na discrição regulatória e resolve os conflitos que
surgem com relação a essas limitações. A engenharia detalhada é o
conjunto de regras referentes à tarifação, subsídios cruzados ou diretos,
ingresso, interconexão, etc.
PRINCIPAIS ESQUEMAS REGULATÓRIOS DE
PREÇOS

 Taxa de Retorno,
 Escala Móvel,

 Regulação por Incentivos,

 Preços Máximos (price-caps),

 Regulação por Gabarito(yardstick ou benchmark),

 Franquias.
Instrumentos de regulação

Controle sobre a variação máxima dos preços


(price cap)

A empresa regulada tem incentivos para a busca de


ganhos de produtividade de forma a assegurar redução
de custos no mínimo de X% ao ano, já que seus preços
serão corrigidos com base num índice de preços (-) X%.
Ganhos de produtividade excedentes podem ser
apropriados pela própria empresa, na forma de maiores
lucros.
Instrumentos de regulação
Controle de quantidades e
controle de entrada

Controle de quantidades refere-se ao conjunto de restrições


colocadas sobre a quantidade comprada ou vendida.
Esta limitação na quantidade de um produto (ou serviço)
disponível em um determinado mercado gera lucros adicionais
para os agentes que ainda possuem o direito de ofertar esse
serviço no mercado, pois podem atender a essa escassez
adicional causada pela barreira regulatória. Conseqüentemente,
estariam dispostos a investir recursos de forma a assegurar o
estabelecimento – ou continuidade – dessa barreira à entrada.
Como exemplo, o processo de privatização do sistema de
telecomunicações.
REGULAÇÃO NO BRASIL
O desempenho e estrutura do marco regulatório no Brasil estão
condicionados a:

 Dinamismo tecnológico dos setores regulados;

 Grau de desenvolvimento medido pelo nível de renda per capita do


país, que determina o tamanho de mercado e a capacidade de
pagamento dos consumidores;

 Modelo institucional do país, que é em certa medida dependente


dos dois fatores anteriores, mas também é resultado da capacidade do
setor público em regular segmentos monopolistas e desenvolver
agências resistentes à captura.
Regulação do setor elétrico no Brasil

As opções de regulação mais utilizadas neste setor têm sido:


a) Controle de taxa de retorno, com alterações de preço solicitadas
pelo monopolista, com base em seus custos e taxa de retorno
predefinida;
b) Regulação de preços (price cap), em que os preços são
reajustados anualmente, de acordo com um índice de preços,
menos um valor X, que é um fator que representa os ganhos
anuais de eficiência esperados.
A privatização ocorreu acentuadamente no setor de distribuição de
energia elétrica.
Regulação do setor de telecomunicações no Brasil
A partir da década de 80, profundas alterações impactaram o setor em
todo o mundo. Os pilares desse processo foram:

•A revolução tecnológica causada pela tecnologia digital,


contrapondo-se ao predomínio de tecnologias de base analógica;
•A ampliação e a mudança de perfil do mercado, motivada pelo uso
da teleinformática;
•As mudanças institucionais com o fim dos monopólios, a
privatização das empresas públicas e o fortalecimento dos órgãos
reguladores.
Regulação do setor de telecomunicações no Brasil
• Os desafios da regulação em telecomunicações no Brasil incluem
questões como as regras de entrada no setor, a interconexão e sua
tarifação, monopólios por tempo limitado e falhas dos instrumentos de
regulação, como o price cap, no qual a escolha do índice de correção, o
IGP-M, trouxe grande polêmica, devido a problemas conjunturais de
choques inflacionários.

• No particular aspecto da ação regulatória com o objetivo de controlar a


entrada e a saída do setor, o regulador estipulou para as empresas de
telefonia fixa uma regra de entrada ligada ao atendimento das metas de
universalização.
Regulação dos serviços de água potável e saneamento no
Brasil

• Diferentemente do setor de telecomunicações e de energia elétrica, o


Serviço de Abastecimento de Água Potável e Saneamento (SAPS)
apresenta baixo dinamismo tecnológico. Por essa razão, não há motivos
para esperar que o número de empresas do setor aumente, nem que a
situação de monopólio natural seja alterada.

•Nesse setor, o tema das economias de escala não tem sido colocado de
maneira adequada, pois são muitas vezes confundidas com as economias
de aglomeração – que ocorrem quando os custos de produção se reduzem
quando firmas que executam atividades relacionadas estão localizadas
em pontos próximos – que são bem mais importantes nesse caso.
Regulação dos serviços de água potável e saneamento no
Brasil

• A busca de um novo modelo de regulação para o SAPS deve considerar


a existência de dois modelos distintos de regulação: o modelo inglês, de
regulação por agência, e o modelo francês, de regulação de processos.

• O primeiro caracteriza-se pela existência de uma instância de regulação


centralizada, que controla um grupo numeroso, porém limitado de
empresas, aplicando-lhes as sanções devidas.

•O segundo prevê a criação de um sistema descentralizado de


instrumentos, práticas e instâncias de regulação. Uma das vantagens da
adoção do modelo de regulação de processos estaria na adaptação das
normas gerais às especificidades locais.
Crítica à regulação

Teoria da Captura

A regulação seria originária ou da própria demanda por parte da


indústria – ou seja, os legisladores são capturados pela indústria – ou,
com o passar do tempo, a regulação acaba por ser utilizada de acordo
com os interesses da indústria que pretendia regular.

Eleitores Governo Regulador Firma


A EXPERIÊNCIA REGULATÓRIA NOS ESTADOS
UNIDOS

 Nos EUA, as primeiras comissões regulatórias foram criadas antes de


1870, e eram,basicamente, órgãos de assessoria que tinham como
principal objetivo as ferrovias.
 As comissões faziam recomendações às assembléias estaduais e às
administrações das ferrovias; avaliavam a propriedade tomada pelas
ferrovias sob o direito de domínio eminente; faziam cumprir os padrões
de segurança das ferrovias, etc.
 Em síntese,serviam como órgãos coletores de informações, mas não
mantinham controle sobre as tarifas.
A EXPERIÊNCIA REGULATÓRIA NOS ESTADOS
UNIDOS
 Em 1907, foram criadas duas poderosas comissões em Nova York e
em Wisconsin. Nesses dois estados, as assembléias estaduais ampliaram
os poderes regulatórios das comissões.

 Além das ferrovias, foram abrangidas empresas de gás, energia


elétrica,telefones e telégrafos. Essas duas comissões receberam poderes
extensivos como regulação da segurança, exame da contabilidade,
fixação de tarifas, exigência de relatórios detalhados em forma prescrita
e o direito de fazer adotar-se um sistema unificado de contas.

 Essas comissões foram tão bem-sucedidas que, em 1920, mais de dois


terços dos estados já possuíam comissões regulatórias.
A EXPERIÊNCIA REGULATÓRIA NOS ESTADOS
UNIDOS
 Na regulação da infra-estrutura econômica nos Estados Unidos, é
visível a íntima relação entre a legislação antitruste e a legislação
específica sobre a regulação.

 Deixa-se para a legislação sobre a concorrência o peso crescente da


supervisão do setor de infra-estrutura econômica.

 Observa-se tendência crescente ao uso da regulação por incentivos nos


estados dos EUA, tanto na indústria de energia elétrica quanto na de
telecomunicações. Entretanto,ainda existem dificuldades na
implementação dos esquemas de incentivos e os estudos empíricos ainda
não permitem julgamento definitivo do impacto sobre a eficiência das
empresas.
PODER DE MERCADO
 No Brasil, com a privatização dos serviços de utilidade pública –
Telecomunicações e Energia Elétrica – o governo criou a Agência
Nacional de Telecomunicações (ANATEL) e a Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), com o intuito de regular as atividades destes
setores, por natureza pouco competitivos e que prestam um serviço
essencial à população.
Informação Assimétrica
 É comum que alguma parte envolvida em uma transação, geralmente
o consumidor, não possua informação completa sobre o produto que está
negociando. Nestes casos o governo deve agir obrigando que toda
informação relevante a respeito de um determinado produto seja
conhecida por todos os participantes do mercado.

FIM DESSE MÓDULO.

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