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História da
Alimentação
Humana no Mundo

Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP


Faculdade de Ciências da Saúde – FCS
Profa. Dra. Patrícia de Souza Genaro Galvão
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Introdução

 A alimentação é um tema universal e multidisciplinar;

 A alimentação possui uma complexa estrutura de símbolos e


significados:

• Sociais
Que se modificam em
• Étnicos
função do tempo e da
• Religiosos
evolução humana
• Politicos
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ALIMENTAÇÃO
NA PRÉ-HISTÓRIA
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Alimentação na Pré-história e Idade
Antiga
Há cerca de 40 mil anos, no período paleolítico superior, quando
apareceram na Europa homens anatomicamente idênticos aos de hoje.
Alimentação na Pré-história

Mas poderiam nossos antepassados ter melhorado a


qualidade alimentar de outra forma?

O Uso do Fogo
Alimentação na Pré-história

 Richard Wrangham e cols - Harvard University,

 Importância do cozimento na evolução humana.

 Eles demonstraram que cozinhar não só faz com que os vegetais fiquem
mais macios e fáceis de se mastigar, como aumenta substancialmente o
conteúdo energético disponível, particularmente em tubérculos feculosos
como a batata e a mandioca.

 Quando crus, as féculas não são imediatamente quebradas pelas enzimas


do corpo humano. Quando aquecidos, porém, esses carboidratos
complexos tornam-se mais digestíveis e, portanto, liberam mais calorias.
Alimentação na Pré-história

 Os pesquisadores propuseram que o Homo erectus foi, provavelmente, o


primeiro hominídeo a usar o fogo para cozinhar há, talvez, 1,8 milhão de
anos, não se sabe ao certo.

 Eles sustentam que aquele cozido antigo de vegetais (especialmente


tubérculos) permitiu à espécie desenvolver dentes pequenos e cérebros
maiores que seus antecessores.

 Além disso, as calorias extras permitiram ao H. erectus começar a caçar -


uma atividade energeticamente dispendiosa - com maior freqüência.
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Alimentação na Pré-história

 Nessa época nossos ancestrais já produziam uma grande variedade de


ferramentas e viviam basicamente da caça e da coleta de alimentos silvestres,
atividades feitas em grupo e com funções definidas para homens, mulheres e
crianças;

 A densidade populacional era baixa e os grupos familiares vagavam por um


vasto território, caçando;

 Como nem sempre havia manadas por perto e algumas plantas só davam
frutos em determinadas estações do ano, os homens também já se
preocupavam em estocar alimentos.
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Alimentação na Pré-história

 Entre cerca de 40 mil e 20 mil anos atrás, um grande período de glaciação fez
com que as populações humanas abandonassem o norte da Europa para se
refugiar no sul do continente, em busca de um clima mais quente.

 Como a população se concentrou mais e também cresceu em número


absoluto, os territórios vastos, que favoreciam as caçadas, começaram a
rarear.

 Alguns achados arqueológicos da época mostram que o homem tratou de


desenvolver novas estratégias de sobrevivência, como o consumo de animais
mais fáceis de se obter (coelhos, peixes e crustáceos).
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Alimentação na Pré-história

 Parte da caça era assada para consumo imediato em fogueiras coletivas.


Existem poucos dados sobre o uso de temperos, mas é possível que cinzas
tenham servido para salgar os alimentos. Uma grande parte do animal abatido
podia ser transformada em carne seca e armazenada para o consumo no
inverno.

 Mas as caçadas só começariam a perder de fato sua importância 10 mil anos


depois, quando teve início a domesticação de alguns animais.
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Alimentação na
Antiguidade Clássica e
na Idade Média
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Alimentação na Antiguidade Clássica e
na Idade Média
 A disseminação do uso de diferentes tipos de alimentos entre os continentes
se deve muito ao comércio e à introdução de plantas e animais domésticos
em novas áreas.

 Os gregos e os romanos tinham um comércio de grande porte, envolvendo


plantas comestíveis, azeite de oliva e ainda importavam especiarias no
Extremo Oriente em 1000 a.C.

 Durante os séculos tormentosos da Idade Média, houve um aperfeiçoamento


lento dos modos de produção de alimentos. A alimentação não se
desenvolveu, ocorrendo, ainda, um recuo às práticas primitivas,
principalmente relacionadas às épocas de penúria e fome.
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Alimentação na Antiguidade Clássica e
na Idade Média
 Um influxo de plantas comestíveis importantes para a Europa ocorreu quando
os árabes invadiram a Espanha em 711.

 Nesse tempo os invasores sarracenos levaram arroz para o sul da Europa,


além de outros alimentos vegetais, frutas, condimentos e a cana de açúcar.

 O domínio árabe do Mediterrâneo abalou drasticamente a estrutura da região,


o que trouxe quinhentos anos de caos principalmente no comércio.
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Alimentação na Antiguidade Clássica e
na Idade Média
 Somente no século XII o Mediterrâneo reconquistou posição destacada
no sistema comercial europeu e as especiarias voltaram a ter importância
em toda a Europa.

 Com as cruzadas, que tiveram início em 1096, milhares de peregrinos


entraram em contato com o Oriente Médio, estabelecendo-se um intenso
comércio.

 Na a Idade Média, as especiarias e ervas aromáticas eram usadas em


banquetes para ostentar riqueza.
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Alimentação na Antiguidade Clássica e
na Idade Média
 Durante os séculos XV e XVI, Portugal, Espanha e Itália competiram no
financiamento de viagens marítimas visando descobrir centros produtores de
especiarias e apoderar-se deles.

 Essas viagens foram de grande importância para a descoberta de novos


alimentos e especiarias, além de expressar o domínio econômico dos países
que a realizavam.

 Durante a história, o poder econômico e o monopólio do comércio passou por


vários povos e nessas conquistas e descobertas houve um intercâmbio de
cultura, hábitos, culinária e conhecimentos.
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Alimentação na Antiguidade Clássica e
na Idade Média
 A descoberta oficial da América, 1492 não tiveram apenas repercussões
políticas e econômicas.

 As caravelas do navegador voltaram com novos ingredientes de cozinha.

 Se não encontrou um trajeto mais rápido para buscar as especiarias no


oriente, como prometera, Colombo foi pelo menos um brilhante estimulador
de descobertas gastronômicas.
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Alimentação na Antiguidade Clássica e
na Idade Média
 Assim, muitos alimentos foram à Europa, trazidos da América: tomate,
batata, abacaxi, abacate, amendoim, baunilha, milho, mandioca, feijão,
pimentas, provocando uma revolução nas receitas da época.

 Pelo valor que era dado aos cereais, os europeus desprezaram os tubérculos
encontrados no Novo Mundo, principalmente a batata que era usada por eles
para alimentar porcos, prisioneiros e camponeses pobres.

 O milho quando introduzido na Europa foi utilizado pelas camadas sociais de


reduzidas posses, surgindo assim as preparações econômicas.
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Alimentação na Antiguidade Clássica e
na Idade Média
 O milho e a batata foram certamente as contribuições mais significantes para
beneficiaras populações menos favorecidas em recursos alimentares.

 O cacau, a baunilha e o tomate ascenderam às esferas de maior sofisticação


culinária, comparecendo à mesa dos ricos.
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Alimentação no século
XIX e XX
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Alimentação no século XIX e XX
A alimentação da humanidade foi, ao longo dos anos, muito influenciada pelas
evoluções tecnológicas ocorridas:

 Modo de produção,
 Agricultura,
 Indústria,
 Transportes,
 Distribuição e
 Consumo dos alimentos.

 Em especial, nos séculos XIX e XX – época que foi caracterizada pela


Revolução Industrial, que ocorreu inicialmente na Inglaterra, Europa
Ocidental e Estados Unidos.
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Alimentação no século XIX e XX

 No século XIX, importantes acontecimentos transformaram a


alimentação da humanidade

 Desenvolvimento do transporte marítimo e ferroviário,

Facilitou-se o comércio e o
abastecimento dos gêneros alimentícios
agrícolas entre os países;
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Alimentação no século XIX e XX

 O uso de máquinas a vapor no processamento dos cereais aumentou a


velocidade e a capacidade de produção;

 A pasteurização do leite;

 A tecnologia da refrigeração;

 Desenvolvimento de outras técnicas de conservação dos alimentos;

Tornou possível a importação


dos gêneros alimentícios
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Alimentação no século XIX e XX

A melhora do abastecimento,
produção e conservação dos
alimentos

 Aumento ao seu acesso

 Redução da fome e a desnutrição nos países da Europa


e nos Estados Unidos;

 Diminuição das taxas de mortalidade nesses países nos


séculos XVIII e XIX.
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Alimentação no século XIX e XX
 O crescimento econômico decorrente da industrialização e do
capitalismo;

 Processo de urbanização das cidades;

 Êxodo rural;

 À inclusão do trabalho feminino nas fábricas e escritórios;

 À elevação do nível de vida;

(ocorridos especialmente na segunda metade do século XX)

Modificou drasticamente
o modo de vida da
sociedade urbana.
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Alimentação no século XIX e XX
Com menos tempo para as atividades domésticas e a necessidade
frequente de alimentação fora do lar, impulsionou-se o surgimento de
um vasto setor de alimentação:

Restaurantes,
Redes de fast-food;
Indústria de alimentos “prontos para o consumo”.
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Alimentação no século XIX e XX

Da mesma forma, com intuito de facilitar as atividades domésticas,


surgiram novas tecnologias:

Equipamentos eletrodomésticos,

Fase essa denominada por LEVENSTEIN (2009), autor que descreve


os modelos de vida dos americanos, como a

“era da comodidade”.
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Alimentação no século XIX e XX
Com a Globalização

A intensificação comercial entre os países aumentou muito

Permitindo “a difusão de novos hábitos homogeneizados”


pelas grandes cadeias multinacionais de alimentos

Acarretando transformações globais nos padrões


alimentares, com importantes consequências para a saúde
das populações.
Conclusão

Sabemos, agora, que os humanos evoluíram não


para subsistirem com uma dieta paleolítica única

Mas para desfrutarem de um padrão


alimentar diversificado.
Em um sentido evolutivo, somos o que comemos

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