3 de abril de1907 – Robert Fraser vindo da argentina
associou-se a um grupo inglês e construiu a Alpargatas do Brasil As Havaianas são lançadas em 1962 e fazem tanto sucesso que todo o Mundo copia. As primeiras eram bem simples: brancas com tiras e laterais da base azuis. Não possuíam um atrativo visual, porém, eram demasiado baratas. Com o fator preço favorecendo o mercado, em menos de um ano a Alpargatas produzia mais de mil pares por dia. O grande público das Havaianas foi, durante trinta anos, uma classe financeiramente desfavorecida que a comprava em mercados de bairro. Assim, as Havaianas ficaram conhecidas como "chinelo de pobre".
Tentando mudar esta idéia, a companhia lança em 1994 o
modelo Havaianas Top, com cores fortes e calcanhar mais alto, dando a idéia de que pertencia a um público de classe mais alta. Seu preço também é mais elevado que o das tradicionais. Foram criadas embalagens para as Top (as Havaianas Tradicionais eram vendidas soltas, como se fossem pneus) e displays para expô-las de forma destacada nos pontos-de-venda (para que não ficassem dentro de caixas de sabão em pó, como muitas vezes acontecia com as Tradicionais). Havaianas passou a ter mais de 25 linhas entre 1997 e hoje, destinadas a diferentes segmentos do mercado de renda mais elevada, com preço até seis vezes superior ao das Havaianas Tradicionais. Sua gama de cores ficou cada vez mais forte – o que é comprovado por tons fashion como o rosa-chiclete, o menta, o pistache e o ultravioleta –, surgiram estampas e foram elaborados novos formatos.
Alpargatas decidiu tirar o foco do produto e colocá-lo no
usuário. E era preciso fazer isso com credibilidade e de forma divertida, o que levou à escolha de uma peça testemunhal. Resultado: Malu Mader, uma das atrizes brasileiras mais associadas ao ideal de elegância, protagonizou uma peça institucional da marca em que calçava sandálias Havaianas (dentro de casa). As Havaianas talvez tenham sabido capitalizar como nenhuma outra marca as imagens positivas do Brasil no mundo. “Com essas sandálias nos pés podemos estar andando nas ruas das cidades, mas estamos sonhando com a praia”. “Você desliza num par de Havaianas e, de algum modo indefinível, torna-se um brasileiro honorário”. “Essas sandálias são realmente vistas como alegres e coloridas, características bem brasileiras”. Se a primeira versão das sandálias já era naturalmente associada a imagens do País como praia, calor e descontração, as novas versões aprofundaram a ligação. A começar pelo tom geral da comunicação da marca, segundo a qual elas constituem um item de moda que calça todos os brasileiros, das top models aos membros do Movimento dos Sem-Terra. A natureza tropical, um dos atributos mais famosos do Brasil, também inspirou várias linhas da marca, como Floral, Flower, Hibisco, Butterfly e Ipê. As Havaianas já atingiram sucesso mundial e são vendidas desde o Brasil à Austrália passando pela Europa. Só no Brasil já foram comercializados cerca de 2 bilhões de pares desde a sua introdução em 1962.
Outro fator que culminou no sucesso da marca no
exterior foi quando, em 2003, foram produzidos modelos sofisticados com os cristais austríacos Swarovski, para os indicados ao Oscar e colocados em embalagens especiais com o nome de cada um imitando a tradicional Calçada da Fama. Os calçados foram entregues aos indicadas no dia seguinte à premiação do Oscar. Atualmente, as sandálias estão muito bem distribuídas em lojas e butiques sofisticadas do exterior –onde não são encontradas em supermercados. Seu preço médio gira entre 25 e 30 euros na Europa e entre US$ 10 e US$ 15 nos EUA, valor significativamente superior ao do modelo mais caro da marca no Brasil, as Havaianas High (com solado anabela), que aqui custam cerca de R$ 35. Seus maiores compradores são Estados Unidos, Austrália, França e Espanha. Slogan O slogan mais conhecido do produto é "As legítimas", uma vez que, devido ao sucesso, muitas outras empresas lançaram produtos semelhantes para concorrer com as Havaianas. Esse slogan começa a ser veiculado em campanha publicitária de 1970 com Chico Anysio como garoto propaganda. Os slogans são frases ou sentenças concisas usadas repetidamente na propaganda de uma empresa, produto ou serviço. O slogan é o comando que desperta associações funcionais e emocionais. Faz parte do discurso da empresa e é entendido como sua identidade, constituindo um dos fortes elementos que contribui para a formação da imagem da empresa junto ao target. Cada marca tem sua própria mitologia de marca, com seu próprio e único inventário de imagens reais e mentais, símbolos, sensações e associações.
Provido de facilidades sígnicas, o logotipo da Havaianas
reúne a essência do que se quer comunicar. O desenho das letras é responsável pelas conotações emocionais em relação à marca. A semiótica das formas traz algumas considerações importantes para a construção da expressividade e da sensorialidade marcarias por meio da análise das formas e do design. Curvas e ondulações, como no logotipo da havaianas, expressam dinamicidade, sensualidade e feminilidade.
A Havaianas se comunica com os consumidores por
meio dos sentidos e das emoções que é capaz de gerar. Essa construção perceptiva é possível por meio, principalmente, das cores que a Havaianas representa em seus anúncios que pretendem mostrar a variedade de cores das sandálias, sua versatilidade e capacidade de agradar aos mais diversos gostos. Uma marca existe em um espaço psicológico, na mente das pessoas, dos consumidores. Consiste em uma entidade perceptual, com um conteúdo psíquico previamente definido, mas que é absolutamente dinâmico, orgânico e flexível. A publicidade é o meio que nos permite ter acesso à mente do consumidor, criar o “estoque” perceptual de imagens, símbolos e sensações que passam a definir a entidade perceptual que chamamos de marca. Dentro desse espaço perceptual da marca podemos criar mundos imaginários sedutores, fábulas, sonhos e personagens míticos que, graças às ferramentas publicitárias, ficam associados ao produto e que finalmente passam a definir a marca. O objetivo da publicidade não consiste em anunciar produtos, mas sim em significar marcas. Ser lembrado é uma função da propaganda. Estar na mente dos consumidores não é tarefa fácil. A lembrança é fruto de uma rede de associações de significantes que fogem da nossa mente consciente. O fato é que, algum tempo atrás, ninguém diria que as mulheres combinariam a cor das unhas com as Havaianas que estivessem calçando no dia. Tampouco sonharia que todas as modelos de um desfile do estilista Jean-Paul Gaultier em Paris teriam Havaianas nos pés. Em apenas dez anos, essas sandálias de dedo viraram um ícone cult da cultura pop mundial. Quem pode dizer o que acontecerá nos próximos dez anos?