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Métodos científicos

Marina de Andrade Marconi


Eva Maria Lakatos

PROF. VALTUIR MOREIRA DA SILVA


UEG – CÂMPUS CORA CORALINA
Métodos científicos
 Não há ciência sem o emprego de métodos científicos;
 método é o conjunto de passos que possibilita alcançar
um determinado objetivo;
 possibilita traçar o caminho a ser seguido o qual o
pesquisador terá segurança na investigação;
 Um conjunto de procedimentos pelos quais se propõem
problemas científicos e colocam-se à prova hipóteses
científicas;
Métodos científicos
 O método, segundo Garcia (1998, p. 44), representa um
procedimento racional e ordenado (forma de pensar), constituído
por instrumentos básicos, que implica utilizar a refl exão e a
experimentação, para proceder ao longo do caminho (signifi cado
etimológico de método) e alcançar os objetivos preestabelecidos no
planejamento da pesquisa.
método não pode ser visto como receita rígida de regras, capaz de
garantir soluções para todos os problemas. Nunca existiu essa
receita única, pois método científico não é conjunto fi xo e
estereotipado de atos a serem adotados em todos os tipos de
pesquisa cientifica. (Cotrin, 2002, p. 241).
Métodos científicos
 Método é o “conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a
serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma
ciência ou para alcançar determinado fi m.” (GALLIANO, 1986, p.6).
Técnica é o “modo de fazer de forma mais hábil, mais seguro, mais
perfeito, algum tipo de atividade, arte ou ofício” (GALLIANO, 1986,
p. 6).
O método é um plano de ação, formado por um conjunto de etapas
ordenadamente dispostas, destinadas a realizar e antecipar uma
atividade na busca de uma realidade, enquanto a técnica está ligada
ao modo de realizar a atividade de forma mais hábil, mais perfeita.
Método indutivo
 Indução - Parte-se, portanto, do específico em direção ao geral.
 O objetivo do referido método é alcançar conclusões de teor mais
amplo, quando comparadas ao conteúdo das premissas que foram
utilizadas como base do pensamento;
 As premissas no método indutivo conduzem apenas a conclusões
prováveis;
A indução realiza-se em três etapas:
a) Observação dos fenômenos – Observa-se os fatos;
b) Descoberta da relação entre eles – Procura-se uma
relação (padrão) entre eles;
c) Generalização da relação - Expande esse padrão a
outros casos similares
* Para Fachin (2001, p.30), este método é um raciocínio que, a
partir de uma análise de dados particulares, se encaminha para
noções gerais. A marcha do conhecimento principia pelos
elementos singulares e vai caminhando para os elementos gerais.
3 etapas do trabalho de indução:
a) certificar-se de que verdadeiramente essencial a relação que se
pretende generalizar;
b) assegurar-se de que sejam idênticos os fenômenos ou fatos dos
quais se pretende generalizar uma relação;
c) não perder de vista o aspecto quantitativo dos fatos ou fenômenos;
Regras do método indutivo
a) “nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem os
mesmos efeitos;
b) “o que é verdade de muitas partes suficientemente enumeradas de
um sujeito, é verdade para todo esse sujeito universal” (NÉRICI, 1978
, p. 72).
A) Qual a justificativa do método indutivo?
Existe regularidade nas coisas, por isso, o futuro tende a ser como
o passado.

B) Qual a justificativa para a crença de que o futuro será como o


passado?
Baseado em observações do passado.

Exemplo
O sol vem nascendo a milhares de anos, pressupõe-se que o sol
nascerá amanhã
A indução tem duas formas:
a) Completa - Não se induz de alguns casos mas sim de TODOS.
Segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e domingo tem 24 horas.
Ora, segunda, terça quarta, quinta, sexta, sábado e domingo são dias da
semana.
Logo, todos os dias da semana tem 24 horas.
 Não tem importância para a ciência

b) Incompleta - Se induz de alguns casos adequadamente observados, mas não


em todos.
Mercúrio (*), Vênus (*), Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão
não têm brilho próprio.
Ora, Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão
são planetas.
Logo, todos os planetas não tem brilho próprio.
Força indutiva
a) Quanto maior a amostra, maior a força do argumento indutivo;
b) Quanto mais representativa a amostra, maior a força indutiva.

A amostra interfere na legitimidade da inferência:

a) Amostra insuficiente - A generalização indutiva é feita a partir de dados


insuficientes para sustentar essa generalização.

Exemplo:

Em um pequeno vilarejo do Estado de São Paulo, de 150 moradores, em um


ano, 2 pessoas morreram: uma atropelada por uma carroça puxada por burro e
outra de insuficiência renal. Nunca pode-se dizer que 50% da população que
falece da Vila X são por acidentes de trânsito e 50% por insuficiência renal.
Amostra tendenciosa - A generalização indutiva baseia-se em uma amostra
não representativa.

Exemplo:
João, José e Antônio torcem para o Goiás.
João, José e Antônio moram em Goiânia.
Todos os goianienses torcem para o Goiás.
Método Dedutivo
 Procura transformar enunciados complexos em particulares;
 O conhecimento embutido na conclusão já existe nas premissas.
 Esse método utiliza o raciocínio lógico para chegar a conclusões
mais particulares/específicas a partir de princípios e preposições
gerais.
 Consiste na extração de uma verdade particular a partir de uma
verdade geral na qual ela está implícita.
Parte do conhecimento de dados universais para a conclusão de
questões mais específicas, particulares.
Método Dedutivo
 Todo homem é mortal.
Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.

Todos os metais são condutores de eletricidade.


A prata é um metal.
Logo, a prata é condutor de eletricidade.
Argumentos dedutivos e indutivos
Dedutivos indutivos
Todos os cães que foram observados
Todo mamífero tem um coração tinham um coração.
Ora, todos os cães são mamíferos. Logo, todos os cães tem um coração.
Logo, todos os cães tem um coração. I. Se todas as premissas são verdadeiras,
a conclusão é provavelmente
I. Se todas as premissas são verdadeiras, verdadeira, mas não necessariamente
a conclusão deve ser verdadeira. verdadeira.
II. Toda a informação ou conteúdo factual II. A conclusão encerra informação que
da conclusão já estava, pelo menos não estava, nem implicitamente nas
implicitamente, nas premissas. premissas.
 O método indutivo aumenta o conteúdo das premissas, com o sacrifício da precisão;

 O dedutivo sacrifica a ampliação do conteúdo para atingir a “certeza”.


Método hipotético-dedutivo
Proposto pelo filósofo austríaco Karl Popper, tem uma abordagem que
busca a eliminação dos erros de uma hipótese;
Enquanto que no método dedutivo procura-se deduzir/provar a hipótese,
no método hipotético-dedutivo a ideia é derrubar a hipótese;
 É uma das formas mais clássicas e importantes do método científico;
 É um método de tentativas e eliminação de erros, que não leva à
certeza, pois o conhecimento absolutamente certo e demonstrável não é
alcançado. Pois, surgem novos problemas.
Método hipotético-dedutivo
Karl Popper acreditava que o progresso científico acontecia em três
fases: o estabelecimento de um problema, a colocação de hipóteses
ou soluções provisórias e a tentativa de refutação destas conjecturas.
o que se pesquisa é precisamente a solução dos problemas, é
necessário ter a imaginação criadora de hipóteses ou conjecturas:
precisa-se de criatividade, da criação de idéias “novas e boas” para a
solução de problemas.
 A observação não é feita no vácuo. Tem papel decisivo na ciência. Mas toda
observação é precedida por um problema, uma hipótese, enfim, algo teórico. A
observação é ativa e seletiva, tendo como critério de seleção as “expectativas
inatas”. Só pode ser feita a partir de alguma coisa anterior. Esta coisa anterior
é nosso conhecimento prévio ou nossas expectativas
Momentos no processo
investigatório, segundo Popper:
1. O problema consiste em algo
sem explicação ou solução
adequada previamente
estabelecida;
2. É desenvolvida uma solução,
consistindo numa conjectura
(nova teoria)
3.Essa nova teoria é submetida
a tentativas de refutação por
meio de observação e
experimentação.
O Método Hipotético-dedutivo Segundo Bunge
Para Bunge (1974a:70-2), as etapas desse método são:
a) Colocação dos fatos (reconhecimento dos fatos, descoberta do
problema, formulação do problema);
b) Construção de um modelo teórico (seleção dos fatores pertinentes,
invenção das hipóteses centrais e das suposições auxiliares);
c) Dedução de consequências particulares (procura de suportes racionais
e empíricos);
d) Teste das hipóteses: (esboço da prova, execução da prova e
elaboração dos dados e inferência da conclusão);
e) Adição ou introdução das conclusões na teoria (comparação das
conclusões com as predições e retrodições, reajuste do modelo e sugestões
para trabalhos posteriores).
Método Dialético
A dialética é uma forma de analisar a realidade a partir da confrontação
de teses, hipóteses ou teorias e tem origem na Grécia antiga, com
filósofos clássicos como Sócrates, Platão, Aristóteles e Heráclito.
 Os elementos do esquema básico do método dialético são: a tese, a
antítese e a síntese.
 A tese é uma afirmação ou situação inicialmente dada;
 A antítese é uma oposição à tese;
Do conflito entre tese e antítese surge a síntese, que é uma situação
nova que carrega dentro de si elementos resultantes desse embate;
A síntese, então, torna-se uma nova tese, que contrasta com uma nova
antítese gerando uma nova síntese, em um processo em cadeia infinito.
Método Dialético
 A história é dialética porque constantemente está desenvolvendo
ideias novas que contradizem as antigas. Por isso é um processo
que não termina. Ou seja, para toda afirmação há uma negação
(outra teoria), que produzem uma nova síntese (teoria). Esta
síntese é uma nova tese e assim sucessivamente.
A tese é a afirmação; a antítese é a negação da primeira; a síntese,
o resultado da dialética do sim e do não, isto é, dos contrários.
 Hegel, expoente da filosofia clássica alemã, identificou três momentos
básicos no método dialético: a tese (uma ideia pretensamente
verdadeira), a antítese (a contradição ou negação dessa essa tese) e
a síntese (o resultado da confrontação de ambas as ideias). A síntese se
torna uma nova tese e o ciclo dialético recomeça.
 Mas a dialética só se torna método científico a partir de Karl Marx, que critica
o idealismo da filosofia clássica alemã e propõe a dialética materialista, ou
seja, a utilização do pensamento dialético como método de análise da
realidade, utilizando a própria realidade como argumento.

As Leis da Dialética
1. ação recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”;
2. mudança dialética, negação da negação ou “tudo se transforma”;
3. passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa;
4. interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.
1. ação recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”;
 Nenhuma coisa está “acabada”;
 As coisas não existem isoladas;
 todos os aspectos da realidade (da natureza ou da sociedade)
prendem-se por laços necessários e recíprocos.

2. mudança dialética, negação da negação ou “tudo se transforma”;


 Todas as coisas implicam um processo;
 A negação de uma coisa é o ponto de transformação das coisas em
seu contrário;
 a mudança dialética é a negação da negação (afirmação);
3. passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa;
 Trata-se aqui de analisar a mudança contínua, lenta ou a
descontínua, através de “saltos” (quantidade para qualidade);

4. interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos


contrários.
a) a contradição é interna (a semente e a planta);
b) a contradição é inovadora (luta entre o velho e o novo);
 c) unidade dos contrários (dia e noite).
Resumindo.....
a) Método indutivo – a aproximação dos fenômenos caminha
geralmente para planos cada vez mais abrangentes, indo das
constatações mais particulares às leis e teorias;
b) Método dedutivo – parte das teorias e leis (gerais), na maioria das
vezes prediz a ocorrência;
c) Método hipotético-dedutivo – inicia-se pela percepção de uma
lacuna nos conhecimentos, acerca da qual formula hipóteses e,
pelo processo de inferência dedutiva, testa a predição da
ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese;
d) Método dialético – penetra o mundo dos fenômenos através de
sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da
mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
Praticando....
a) O pesquisador A atribui a mortalidade dos peixes à vegetação encontrada no lago.
O pesquisador B afirma que a mortalidade dos peixes é causada pela alta concentração de
cromo na água.
No final de muitas discussões, os dois acreditam que existe uma combinação de fatores
que influenciam na mortalidade e que parte dela é caudada pela vegetação e pelo cromo
presente na água. _________________________

•b) Observação 1: O peixe da espécie X que vive no mar tem 90% de ômega 3 em sua pele.
•Observação 2: O peixe da espécie Y que vive no mar tem 90% de ômega 3 em sua pele.
•Observação 3: O peixe da espécie Z que vive no mar tem 90% de ômega 3 em sua pele.
•Observação 4: O peixe da espécie A que vive no rio tem 10% de ômega 3 em sua pele.
•Os peixes X, Y, Z são do mar. Logo, todos os peixes do mar tem 90% de ômega 3 em sua
pele. _____________________________
•c) Todo peixe do mar tem 90% de ômega 3 em sua pele.
•O peixe da espécie X é do mar.
•Logo, O peixe X tem 90% de ômega 3 em sua pele. ________________________

d) Estudando um ambiente, o pesquisador acha (hipótese) que a causa da


mortalidade dos peixes de um lago seja devido a presença de determinada planta
aquática. Desta forma, solicita que as plantas sejam removidas do lago. Se a
hipótese do pesquisador for justa, a mortalidade dos peixes vai diminuir, se ela não
diminuir, é porque a hipótese é falsa ou insuficiente para chegar a uma conclusão.
__________________________
Referências

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de Andrade. Métodos ciemtíficos.


In: Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. São Paulo:
Atlas, 2016, p.68-86.

Vídeo para ver: https://


www.youtube.com/watch?v=lU4xadYdGSE
Referências

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