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Bruna

Rafaela

Ambigüidade
Minha pesquisa se fundamenta na tentativa de
mostrar como a ambigüidade costuma ser abordada
e quais pontos de vista prevalecem. Para isso, foram
analisados:
• quatro dicionários “comuns”;
• quatro dicionários específicos;
• quatro livros de Semântica;
• quatro livros didáticos;
• e quatro “artigos” de internet.
Dos quatro dicionários analisados, três apresentam a
ambigüidade como:
• qualidade do que é ambíguo; obscuridade; incerteza.
O único que não se vale apenas destas características para
conceituá-la é o Dicionário Houaiss, que também a destaca
como:
• “propriedade que possuem diversas unidades lingüísticas
(morfemas, palavras, locuções, frases) de significar coisas
diferentes, de admitir mais de uma leitura; anfibologia [A
ambigüidade é um fenômeno muito freqüente, mas, na maioria
dos casos, os contextos lingüístico e situacional indicam qual a
interpretação correta; estilisticamente, ela é indesejável em
texto científico ou informativo, mas é muito us. na linguagem
poética e no humorismo.]”.
Dos dicionários específicos, tanto de Lingüística como de
Literatura, apenas o de Mattoso Câmara Jr. apresenta um
juízo de valor, demonstrando uma postura contrária à
utilização da ambigüidade e categorizando-a como erro. Os
demais se limitam a descrevê-la e exemplificá-la, explicando a
existência da ambigüidade lexical e da sintática.
Introdução ao estudo do léxico: descreve a ambigüidade como
decorrente de fatores lingüísticos ou da intencionalidade irônica
de um falante.
palavra (homonímia/homografia)
Semântica: ambigüidade estrutura sintática
situacional
Manual de semântica: trata mais a fundo a questão da
ambigüidade, comparando-a à idéia de vagueza.
Teoria semântica: critica a simplicidade com que a
ambigüidade é abordada, e propõe um conceito contraposto à
noção de vaguidade.
Vejamos, agora, como os livros didáticos costumam tratar
desse tema:
SACCONI: “A ambigüidade (ou anfibologia) é o duplo sentido
causado por má construção da frase”.
NICOLA: “A ambigüidade ou anfibologia ocorre quando a frase
apresenta mais de um sentido, em conseqüência de má
pontuação ou má colocação das frases”.
BOLSANELLO: “a frase, ou período, que admite mais de uma
interpretação ou leitura é chamada de ambígua; opõe-se a
ambigüidade à clareza.”
CEREJA: “duplicidade de sentidos que pode haver em uma
palavra, em uma frase ou em um texto inteiro”.
Aborda a ambigüidade não como erro, mas como importante
recurso de expressão.
Também nos “artigos” disponíveis na internet, a ambigüidade é
vista como um vício de linguagem. Vejamos:
1. “A ambigüidade é um dos problemas que podem ser evitados na
redação”; “em certos casos, a ambigüidade pode se transformar
num importante recurso estilístico na construção do sentido do
texto”; “procure empregar vocábulos ou expressões que sejam mais
adequadas às finalidades do seu texto”.
2. “A função da ambigüidade é sugerir significados diversos para uma
mesma mensagem”; “embora funcione como recurso estilístico, ela
também pode ser um vício de linguagem”.
3. “Ela geralmente é provocada pela má organização das palavras na
frase”.
4. “A ambigüidade pode ser proposital ou inconsciente (ato falho) ou,
ainda, dar-se por mero descuido do falante ou do escritor ao
organizar as palavras do enunciado.
Podemos perceber, portanto, que
a maioria das abordagens que
dizem respeito à ambigüidade
apresentam esse fenômeno
como algo negativo, sendo
considerada a importância dos
efeitos de sua utilização apenas
por alguns.
A ambigüidade deve ser trabalhada
em sala de aula? Ou deve ser cortada
do ensino e sentenciada como erro?
A diferença entre “tu” e “você”

O Diretor Geral de um Banco estava preocupado com um jovem e


brilhante Diretor, que depois de ter trabalhado durante algum tempo com
ele, sem parar nem para almoçar, começou a ausentar-se ao meio-dia.
Então o Diretor Geral do Banco chamou um detetive e disse-lhe:
- Siga o Diretor Lopes durante uma semana, durante o horário de almoço.
O detetive, após cumprir o que lhe havia sido pedido, voltou e informou:
- O Diretor Lopes sai normalmente ao meio-dia, pega o seu carro, vai a sua
casa almoçar, faz amor com a sua mulher, fuma um dos seus excelentes
cubanos e regressa ao trabalho. Responde o Diretor Geral:
- Ah, bom, antes assim. Não há nada de mal nisso.
Logo em seguida o detetive pergunta:
- Desculpe. Posso tratá-lo por tu?
- Sim, claro! Respondeu o Diretor surpreendido!
- Bom, então vou repetir: O Diretor Lopes sai normalmente ao meio-dia,
pega o teu carro, vai a tua casa almoçar, faz amor com a tua mulher, fuma
um dos teus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.
Referências bibliográficas:

Ambigüidade. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADcio_de_linguagem

Anfibologia. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anfibologia

BOLSANELLO, Artelírio. Noções de lingua(gem). Vitória: Cultural, 1996.

CÂMARA JR.,Mattoso. Dicionário de filologia e gramática referente à Língua Portuguesa. 3ª Ed. São Paulo: J. Ozon, 1968. p. 40-1.

CANÇADO, Márcia. Manual de semântica: noções básicas e exercícios. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2005. p. 59-75.

CEREJA, William Roberto. Português: linguagens: literatura, produção de texto e gramática. 3ª Ed. São Paulo: Atual, 1999.

Dicionário Enciclopédico Ilustrado Larousse. São Paulo: Larousse do Brasil, 2007.

DUBOIS, Jean. Dicionário de Lingüística. São Paulo: Cultrix, 1973. p.45.

GREIMAS, Algirdas Julien. Dicionário de Semiótica. São Paulo: Cultrix, 1978. p. 19.

GUIMARÃES, Nilma. Ambigüidade: evite-a para fazer uma boa redação. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1706u74.jhtm

HOLANDA, A. B. Dicionário Aurélio Escolar da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.

HOUAISS, Antônio e VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001.

ILARI, Rodolfo. Introdução ao estudo do léxico: brincando com as palavras. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2003. p. 9-17.

ILARI, Rodolfo.; GERALDI, João Wanderley. Semântica. São Paulo: Ática, 1985. p. 57-59.

KEMPSON, Ruth. Teoria Semântica. São Paulo: Zahar, 1980.

MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, 1978. p.19-20.

NAKAMURA, Tânia Serrano. Ambigüidade pode ser vício de linguagem. Disponível em: http://vestibular.uol.com.br/redacao/ult2826u2.jhtm

NICOLA, José de. Língua, literatura e redação. 13ª Ed. São Paulo: Scipione, 1998.

SACCONI, Luiz Antonio. Nossa Gramática: teoria. 9ª Ed. São Paulo: Atual, 1989.

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