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Lógica Formal – 10º Ano

Exemplo de análise de um argumento


dedutivo
Exemplo de Inspetor de circunstâncias
Lógica Formal – 10º Ano
Imaginemos um argumento de tipo dedutivo,
partindo da definição de que, dadas premissas
verdadeiras, para ser tido como válido, a
verdade das premissas deve garantir,
inequivocamente, a verdade da conclusão, isto
é, a verdade das premissas é preservada na
conclusão.

Esta ideia corresponde à hipótese da validade


dedutiva dos argumentos.
Lógica Formal – 10º Ano
A hipótese representa uma regra única e
simples para determinar a validade formal dos
argumentos e desdobra-se nestes termos:

Num argumento dedutivo válido é impossível


que de premissas verdadeiras se derive uma
conclusão falsa. Se isso acontecer, o argumento
é declarado inválido: não preserva a verdade
das premissas na conclusão.
Lógica Formal – 10º Ano
Vamos agora analisar um exemplo de raciocínio ou
argumento de tipo condicional.

«Se a liberdade existe, então os deterministas radicais


estão errados. Ora, acontece que os deterministas
radicais estão errados. Portanto, a liberdade existe».

Repare-se que à primeira vista nada de errado parece


ocorrer com este argumento. Não há nada de especial a
apontar ao conteúdo, às ideias em relação quanto ao
seu significado.
Lógica Formal – 10º Ano
Mas a lógica formal não se interessa pelo conteúdo dos
argumentos, só se interessa pela forma lógica ou
«estrutura», o esquema abstrato que revela o apoio das
premissas à conclusão.

Como é que se isola então a forma lógica do argumento?

De um modo simples, é preciso criar uma linguagem


artificial, um sistema de convenções lógicas, que permita
traduzir e abstrair da linguagem natural os aspetos da
relações lógica premissas-conclusão. Os lógicos chamam a
esse sistema «metalinguagem».
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Sabemos que à lógica formal só interessa distinguir argumentos
válidos dos que não o são. Abstrai-se o conteúdo e isola-se a
forma.
Vamos retomar o exemplo:

«Se a liberdade existe, então os deterministas radicais estão


errados».

Esta proposição com a forma «se…então…» é de tipo


condicional. O símbolo lógico usado para a representar é uma
seta: ‘→’.
Ora, para a proposição que faz parte do antecedente, os lógicos
formalizam-na por uma letra variável, ‘p’.
Para o consequente, formaliza-se a proposição por ‘q’.
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Assim, a proposição escrita na linguagem
natural, formalizada num sistema de sintaxe
lógica,

«Se a liberdade existe, então os deterministas


radicais estão errados»

Passa a ser representada pela proposição:


p→q
Lê-se: «se p então q».
Lógica Formal – 10º Ano
E quanto ao resto do argumento? Continua-se
a abstração ou formalização:

«Se a liberdade existe, então os deterministas


radicais estão errados» = p → q

«a liberdade existe» = p
«Os deterministas radicais estão errados» = q
Lógica Formal – 10º Ano
Sabemos que este argumento tem premissas e
uma conclusão:
1. «Se a liberdade existe, então os deterministas
radicais estão errados» p → q
2. «Os deterministas radicais estão errados» = q
3. Portanto, «a liberdade existe» = p

A palavra ‘portanto’ é um indicador de conclusão e


formaliza-se com o símbolo: 
Por último, separa-se com um traço as premissas da
conclusão. O que fica então do argumento?
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Aquilo a que os lógicos chamam forma canónica
ou forma padrão de um argumento, e que é a sua
estrutura ou forma lógica, a saber, neste nosso
exemplo:

1. (p → q)
2._____q
3.  p
Mas isto ainda não nos diz nada sobre se o argumento é
ou não válido. Apenas expõe a forma lógica.
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Mas podemos determiná-lo por meio de um
método formal de prova, assumindo uma simples
regra para a proposição condicional: só é falsa
quando o antecedente é verdadeiro e o consequente
falso. Nos restantes casos, é sempre verdadeira.

Qualquer proposição possui um valor de verdade e


como a lógica do pensamento humano é bivalente,
admite dois valores, uma proposição ou é
verdadeira ou falsa. O que pensamos é verdadeiro
ou falso.
Lógica Formal – 10º Ano
Assim é possível construir um dispositivo
gráfico e distribuir todas as possibilidades
lógicas para o argumento que estamos a
analisar.

O objetivo é determinar a sua validade formal


e devemos ter em mente a regra básica
definida: nunca podemos ter premissas todas
verdadeiras e conclusão falsa.
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Deste modo:

P Q (P → Q), Q, ╞ P
V V V V V

V F F F V

F V V V F
F F V F F
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A 3ª linha do inspetor prova a invalidade do argumento

P Q (P → Q), Q, ╞ P
V V V V V

V F F F V

F V V V F
F F V F F
Lógica Formal – 10º Ano

Conclusão: o argumento não é válido dado que na


terceira linha do inspetor de circunstâncias há um caso
em que as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa,
facto que contraria a hipótese da validade dedutiva – o
argumento não preserva a verdade das premissas na sua
conclusão.

Este argumento é um silogismo condicional e é uma


falácia formal, conhecida por «falácia da afirmação do
consequente», uma infração de uma regra de
infererência clássica chamada «Modus ponendo
ponens», ou simplesmente MP. O que parecia ser válido
demonstra-se assim que não o é.

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