Você está na página 1de 18

O Auto da Barca do Inferno

Análise da Cena do
FIDALGO
1. As Personagens
1. Papel e função
O ANJO O DIABO

O Companheiro

 Anjo e Diabo :Personagens principais


Advogados de acusação e juízes

 O Companheiro : figurante
O Pajem O Fidalgo

O Fidalgo : Protagonista
Réu e advogado de defesa
O Pajem : Figurante
Elemento de “prova judicial” que ajudará a condenar o Fidalgo
Põe em destaque a categoria social do amo
Representa a classe desfavorecida ( o povo),
Simboliza a opressão e a tirania do Fidalgo
2. Caracterização da personagem-tipo
O FIDALGO
Símbolos cénicos
O Pajem, a cadeira de espaldar e o manto são
elementos cénicos que representam o estatuto social da
personagem (a nobreza), mas também servem para
tecer uma crítica.
- o pajem
- o rabo (manto) Símbolos de :
- a cadeira

- Tirania e exploração do povo


- Vaidade desta classe social
- Gosto excessivo pelo poder e abuso do mesmo
Argumentos de defesa do Fidalgo
 O Fidalgo argumenta que tem quem reze por si e
que, por isso, se salvará:
- “Que leixo na outra vida / quem reze sempre por
mi.”
 Afirma ser Fidalgo e só por isso pensa ir para o
Paraíso:
- “Sou fidalgo de solar / é bem que me recolhais.”
 Defende-se dizendo-se importante:
- “Pêra senhor de tal marca / nom há aqui mais
cortesia?”
Argumentos de acusação do Diabo
 É acusado pelo Diabo de viver em pecado e de se fiar
nas orações:

- “E tu viveste a teu prazer/cuidando cá


guarecer/porque rezam lá por ti?”
 O Diabo acusa-o de viver de acordo com o Inferno:
- “Segundo lá escolhestes,/assi cá vos
contentai”
Argumentos de acusação do Anjo
 O Anjo acusa-o de tirania:
- “Não se embarca tirania/neste batel divinal”
 É acusado pelo Anjo de vaidade:
- “Pêra vossa fantesia/mui estreita é esta
barca.”
 Acusa-o também de exploração dos mais
fracos:
- “desprezastes os pequenos”
Níveis de língua

• Corrente – no geral do texto


• Popular – quando o Fidalgo se dirige à Barca
do Anjo
3. Percurso cénico
Barca da Glória
Barca do Inferno

Cais
4. Recursos expressivos
Alguns Recursos Estilísticos
 Eufemismo – “Vai pera a Ilha Perdida” (v.27)

 Ironia – “Ó poderoso Dom Anrique” (v.23)

 Repetição – “Quê, quê, quê?” (v. 55)

 Antítese – “Achar-vos-ês tanto menos / quanto mais


fostes fumoso” (vv 104- 105)
 Interjeição – “Ora, sus! Que fazes tu?” (v.13)

 Onomatopeia – “Hi hi hi hi hi...”


5. Tipos de cómico
• Linguagem (vocabulário usado e o
próprio discurso que provocam o riso)
- “Que jiricocins, salvanor!”
• Situação (gerado pela situação ridícula em que a
personagem se coloca)
- “Pera lá vai a senhora?/ senhora?
• Caráter (a maneira como a personagem é e
se apresenta)
- “Esperar-me-ês vós aqui, / tornarei à outra vida /
ver minha dama querida / que se quer matar por
mi.”
6. Intenção crítica
da Cena
Gil Vicente denuncia a vida e as atitudes assumidas por
muitos fidalgos da sua época.
Como personagem-tipo, é o grupo da Nobreza que
está em causa.

Corrupção dos costumes: infidelidade


do fidalgo, da esposa e da amante

Vaidade e presunção

Tirania e exploração dos pequenos

Vida imoral, sem pensar na morte

Importância e poder deste grupo social

Você também pode gostar