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Os fatores genéticos se tornam importante, tornando uma das justificativas expressas pelas
pessoas para justificar os motivos da não adoção, principalmente a justificativa da genética ser
atrelada ao caráter e personalidade, partindo do conceito de que, por não ser do mesmo sangue,
fará com que a criança ou adolescente se torne uma pessoa má, dando ênfase nos adolescentes
que são mais velhos e que estão com sua personalidade quase completas.
Objetivo Geral
Silva (2010) salienta que com a grande dificuldade de políticas públicas para esses adolescentes, de um dia
para o outro passam por uma fase de desamparo, não só legal, mas econômico, afetivo e social, surgindo assim
sentimentos de angústia, medo e novamente mais um abandono. O foco das políticas públicas atuais é voltado
para o mercado de trabalho, sendo elas recentes e insuficientes, elas acabam sendo uma manutenção capitalista,
não ocorrendo mudanças nas vidas dos adolescentes.
Conforme consta no Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), existem duas formas de adoção
mais comumente conhecidas: a unilateral e a conjunta. A adoção unilateral diz respeito à adoção que seria
quando um dos cônjuges tem filhos de relações anteriores e o novo parceiro adota esse filho do outro. E existe
também a adoção conjunta ou cumulativa que consiste na adoção feita por um casal, que precisam estar casados
ou em união estável para dar seguimento no processo, mediante comprovação legal (CALDEIRA, 2018).
Metodologia
❏ F. é do sexo feminino, tem 17 anos e nasceu em um município no Paraná. Tem 2 irmãos por parte
de pai e 7 por parte de mãe e está na instituição há 3 anos por motivo de conflitos familiares. F.
estuda e está no segundo ano do Ensino Médio.
❏ M. é do sexo masculino, tem 17 anos e é natural da Colômbia. Está na instituição há 1 ano e saiu
de casa devido a conflitos familiares. Tem 4 irmãos e está cursando o 1º ano do Ensino Médio.
❏ E. é do sexo feminino, tem 20 anos e nasceu em um município no Paraná. Não está estudando
atualmente, parou recentemente, estava no 3º ano do Ensino Médio. E. não tem irmãos. Esteve na
instituição de acolhimento após os seus 16 anos até completar 18 anos por escolha própria.
❏ D. que é do sexo feminino e tem 26 anos. Nasceu em um município em Santa Catarina, tem o
ensino médio completo e tem 2 irmãos por parte de mãe e 3 por parte de pai. Entrou na instituição
quando era bebê, devido a abandono por parte de sua mãe, onde ficou até os 15 anos e depois foi
para outra instituição onde ficou até completar 18 anos.
Caracterização dos Participantes
F. (fem., 17a.):
“Não, não sei. Ainda não”.
Categoria
Preparação do adolescente para a sua saída da
instituição de acolhimento
E. (fem., 20a.):
“Eles começaram 6 meses antes de eu fazer 18, e começaram a me colocar no mercado de
trabalho, tipo me dar mais liberdade pra ver como seria minha vida lá fora, tipo sem ter que
depender de ninguém para fazer eu ir, eles, tipo foram me dado aos pouco liberdade pra eu
conseguir ir me adaptando”.
F. (fem., 17a):
“É, comigo a gente “tá” procurando emprego pra mim sair com um emprego, já “tá”
trabalhando”.
Categoria
Ingresso na sociedade ao completar a maioridade
Para Honorato (2011) é necessária uma boa preparação por parte da instituição no
desligamento desses jovens, os incentivando a enxergar e ter esperanças de sua vida na
sociedade, onde deixará de receber ajuda da instituição, sentindo segurança em suas escolhas e
desejos.
M. (masc., 17a.):
“No começo eu “tipo” “tô” um pouco preocupado, né? Porque querendo ou não é uma experiência
nova que tu vai ter né? Daí depois (…) arrumar um trabalho e ficar mais estável daí pra poder
ingressar numa universidade que eu quero fazer engenharia civil, quero me formar e tudo, mas eu
vou tentar né? Se vai dar certo eu não sei, é isso que eu quero fazer”.
E. (fem., 20a.:
“Ah, no começo foi complicado fazer sozinha, mas aos poucos eu fui colocando metas e fui
cumprindo e assim eu me adaptei”.
Categoria
Ingresso na sociedade ao completar a maioridade
M. (masc., 17a): “É, no começo foi difícil porque tipo querendo ou não eu tava muito apegado na minha família, só
que com o tempo eu me acostumei né? Daí querendo ou não isso aqui é a minha segunda família”.
F. (fem., 17a): “Ah, as vezes eu fico mais ansiosa, que eu né, “tô” pra sair. Ah, é legal ficar aqui dentro, mas às
vezes eu não gosto muito, sabe? Que eu queria sair, eu penso toda hora que eu quero sair, não vejo a hora de sair,
só que às vezes me dá preocupação né? Porque quando eu tiver lá fora vai ser tudo diferente, não vai ter ninguém
pra me ajudar, eu vou “tá” sozinha né? Enquanto eu “tô” aqui dentro tem quem me ajude, mas quando eu tiver
lá fora?” .
Categoria
Avaliação do tempo de vivência na instituição
M. (masc., 17a.):
“Cara, não sei, eu tipo não sei se foi positiva nem negativa, acho que foi neutra assim porque sair
daqui é um … querendo ou não que eu não fazer nada, entendeu? Tipo eu durmo, agora que eu to
começando a trabalhar mas antes eu não fazia nada, só ia pra escola, a gente chegava e tinha tudo
feito, tipo roupa lavada, a comida feita, a casa limpa, só que daí quando eu for morar sozinho eu
vou ter que fazer isso, entendeu? Então pra mim vai ser um pouco difícil assim mas vai ser bom”.
D. (fem., 26a.):
“Os dois, um pouco positiva, um pouco negativa (risos) um pouco dos dois assim, não vou te dizer
“ah foi muito positiva e legal, bacana” não, não foi, foi um pouco dos dois, eu acho que, é… eu
aprendi bastante morando lá, acho que se eu tivesse pai e mãe eu não tinha aprendido tanto como
eu aprendi, porque a vida é como dizem pai e mãe ensina a gente mas quem ensina é a vida”.
Considerações Finais
❏ É possível reconhecer que a forma como essa preparação acontece vai depender de cada
instituição, mas o que é fato é que os adolescentes têm a consciência de que ao completar 18 anos
precisam sair dessa instituição e iniciar sua vida na sociedade.
❏ Com relação aos aspectos emocionais, sociais e culturais evidenciados nessa população, a
experiência desses adolescentes dentro da instituição pode ter uma interpretação para cada um
dos participantes, sendo positiva, negativas ou ambas.
Considerações Finais
❏ Ao longo dessa pesquisa foram experienciadas algumas dificuldades, como na busca de uma
instituição de acolhimento e na adesão dos participantes ocorrendo desistências ao longo do
processo.
ASSIS, Tatiany Cristina de et al. 18 anos, e agora? Perspectivas Pós Acolhimento Institucional. 2014.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. 3º edição. São Paulo: Edições 70, 2011. 279 p.
BRASIL, Constituição. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e
dá outras providências. Diário Oficial da União, v. 1, 1990.
SILVA, Martha Emanuela Soares da. Colhimento institucional: a maioridade e o desligamento. 2010. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal
do Rio Grande do Norte.
TUMA, Tatiana Bernardes Vieira. Acolhimento Institucional e Maioridade: Trajetórias institucionais de jovens e o momento da saída. 2016. Tese
de Doutorado. PUC-Rio.