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HISTÓRIA , 7º Ano do Ensino Fundamental

Expansão Marítima e Comercial Europeia

1. O mundo conhecido até o século XV


Para compreender o que foi a Expansão Marítima
Europeia, precisamos fazer um exercício: imaginar o
mundo sem telefone, internet, televisão ou qualquer
outra forma de comunicação imediata que conhecemos.

Com isso em mente, vamos estudar o que os europeus


do século XV sabiam sobre o mundo e o que passaram
a conhecer com a Expansão Marítima.
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Este era o mundo conhecido pelos europeus no século XV:

século 15 / Autor Desconhecido / British Library Harley /United


Imagem: Mapa do mundo segundo Ptolomeu, redesenhado no

States Public Domain.


Observe bem e reflita:
- Esse mapa corresponde aos mapas que conhecemos hoje?
- O que era diferente nesse mapa? Quais regiões os europeus da época
desconheciam? E quais conheciam mais detalhadamente?
http://dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=7470
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Como você pode ter notado, o mundo conhecido pelos europeus


resumia-se à sua vizinhança:

a própria Europa;

parte da África;

parte da Ásia.

O conhecimento que se tinha do mundo, no século XV, era muito


limitado, geralmente, vindo de mapas gregos, romanos e,
principalmente, dos comerciantes que viajavam pela região.

A maioria dos europeus pouco sabia sobre o extremo Oriente, e a


pouca informação que chegava era baseada nos relatos dos
viajantes de forma imprecisa e repleta de elementos fantásticos.
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O livro do viajante Marco Polo, nascido em Veneza, é um exemplo de


fonte de informação, em que relatava as viagens que fez pelo Oriente
(incluindo a China), as riquezas, as características e os costumes dos
povos com que teve contato.
Marco Polo em uma de suas viagens. Observem o que ele carregava em seu
navio: novidades do Oriente.

Imagem: Marco Pollo viajando / miniatura do livro "As Viagens


de Marco Polo“ / Autor Desconhecido / Public Domain.
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Na época, acreditava- -se


que a Terra era plana
(semelhante ao formato de
um prato) e que os navios,
quando chegavam ao fim do
mundo (na linha do horizonte),
caíam em um abismo sem
fim.

http://www.dominiosfantasticos.xpg.com.br/id737.htm

Imagem: Ilustração do livro de Edward Grant, "Celestial Orbs in the


Latin Middle Ages", Isis, Vol. 78, No. 2. (Jun., 1987), pp. 152-173. /
Autor Desconhecido / Disponibilizado por Fastfission / United
States Public Domain.
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O Oceano Atlântico era conhecido como “Mar Tenebroso” com


temperaturas escaldantes, povoado por monstros e outros perigos.

Imagem: Xilogravura de St. Brendan celebrando uma missa no corpo Imagem: Nau de Rui Vaz Pereira levantada por um monstro
de um monstro marinho, século 15 / autor desconhecido / United marinho / Victorcouto / Public domain.
States Public Domain.

http://www.consciencia.org/grandes-navegacoe
s
Para um europeu sem instrução, o que você acha que as imagens transmitiam?
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Entretanto, mesmo com muitas lendas existentes, que geravam medo sobre
o mar e o que era desconhecido, alguns europeus o encaravam de forma
destemida e otimista. Nos mares, estava a oportunidade de encontrar
novos mundos, instigando a aventura e a busca por uma vida melhor.
“Navegar é preciso, viver não é preciso.”(Fernando Pessoa)

English coast, 3 October 1602 / Rijksmuseum Amsterdam /


Imagem:Dutch ships ramming Spanish galleys of the

Hendrick Cornelisz Vroom / Public Domain.


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2. Em busca de novos caminhos


Até o século XV, o Oceano Atlântico era um obstáculo
intransponível, mas os europeus começaram a se lançar nele em
busca de novas rotas marítimas que os levassem a novas
possibilidades e às riquezas existentes no Oriente relatadas pelos
viajantes.

O desbravamento do Atlântico foi uma alternativa encontrada por


portugueses e espanhóis, uma vez que as rotas comerciais
conhecidas (por onde eram trazidas as riquezas do Oriente) eram
controladas por mercadores árabes e comerciantes de Gênova e
Veneza (cidades italianas).
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Rotas comerciais dominadas por comerciantes árabes, genoveses e


venezianos.

Imagem: Extensão da Rota da Seda / Wikiality123 / GNU Free Documentation


License.
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Nessa época, as viagens marítimas eram arriscadas e longas


demais, o que terminava exigindo grande quantidade de recursos
materiais.

Com barcos movidos a remo ou à vela, a sobrevivência dos


navegadores era bem delicada, pois a alimentação era racionada,
com pouca variedade e, geralmente, não tinha boa qualidade. Esse
quadro colaborava para o surgimento de várias doenças.

Mas o que fazia todo esse risco valer a pena?

Que riquezas eram essas? Ouro, prata e pedras preciosas?

A resposta vai além e pode surpreendê-lo!


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Todo esse esforço era para ter acesso às especiarias do Oriente, além
das riquezas minerais. Você sabe que especiarias eram essas?
Especiarias podiam ser uma flor, um fruto, uma semente, uma casca
de planta, secos e com forte aroma, como cravo, canela, noz-
-moscada, canela, gengibre, sândalo, entre outras.

Eram usadas não só na


culinária, mas também na
fabricação de óleos, cosméticos,
incensos e medicamentos.
E na atualidade, continuamos
usando essas especiarias?
Encontramos esses produtos
com a mesma dificuldade?

Imagem: Especiarías / heydrienne / Creative Commons Attribution


2.0 Generic.
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Além do acesso às especiarias e aos metais


preciosos, a Expansão Marítima foi norteada por:
- conquistas de mais terras;
- conquista de fiéis para a Igreja Católica;
-conquista de mercados consumidores do que era
produzido na Europa.
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3. O pioneirismo português
O primeiro povo que se propôs a explorar o Oceano Atlântico
foram os portugueses. Uma série de fatores favoreceram
essa iniciativa pioneira:
- posição geográfica favorável;
- precoce centralização política;
- capital disponível para investir;
- existência de comércio marítimo com o norte da Europa;
- domínio das técnicas de navegação.
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Quanto ao domínio das técnicas de navegação, podemos destacar a


importância da Escola de Sagres, um centro de estudos náuticos que
reunia geógrafos, cartógrafos, matemáticos, astrônomos, navegadores
e construtores que desenvolveram e aperfeiçoaram instrumentos
náuticos (bússola e balestilha), mapas, embarcações e estudos sobre
navegação. Isso tudo possibilitou que os portugueses pudessem
navegar cada vez mais longe do litoral.

Imagem: Bastão de Jacob / Autor Desconhecido /


Foto disponibilizada por Luis García (Zaqarbal),
em março de 2008 / GNU Free Documentation
Museu Arqueológico Nacional da Espanha /
Imagem: Bússola Surveyor do século 18 /

United States Public Domain.


License.
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Neste contexto, vários navegadores portugueses se


destacaram:

- Bartolomeu Dias: chegou ao sul da África (1488), até


então denominado “Cabo das Tormentas”, passando a
chamar-se “Cabo da Boa Esperança”;
-Vasco da Gama: primeiro navegador a chegar à Índia
(1498), trazendo um grande carregamento de
especiarias;
- Pedro Álvares Cabral: veio ao Brasil (1500) antes de
seguir até a Índia.
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4. A navegação espanhola
A Espanha foi a segunda a iniciar no empreendimento
das navegações. Seu atraso deveu-se à finalização do
processo de expulsão dos muçulmanos de seu território,
chamado de Reconquista.

Incapacitada momentaneamente em dar a largada nas


expedições marítimas, a corte espanhola decidiu
contratar navegadores em seu nome.
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- Cristóvão Colombo: (natural de Gênova) propôs chegar à Índia


navegando em sentido oeste, mas acabou descobrindo a
América (1492);

- Fernão de Magalhães: (natural de Portugal) fez a primeira


expedição que circunavegou o mundo;

- Hernán Cortez: conquistou a civilização Asteca, atual México


(1519);

- Francisco Pizarro: conquistou a civilização Inca, atual Peru


(1532).
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A Expansão Marítima e Comercial Portuguesa e Espanhola

PORTUGAL ESPANHA
Quando começou 1415 1492
Quem financiou Os reis Os reis
Objetivo Chegar às Índias Chegar às Índias
Rota que seguiu Contornar o continente Navegar para o Oeste
africano (diferencial)

Principais viajantes Bartolomeu Dias Cristóvão Colombo


Vasco da Gama Fernão de Magalhães
Pedro Álvares Cabral

Conquistas realizadas Brasil América Central / México


Calicute América do Sul
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5. A divisão do mundo e o Tratado de


Tordesilhas
A Expansão Marítima gerou um grande desentendimento entre
Portugal e Espanha, pela terras recém-descobertas do “Novo
Mundo”, batizadas de América, e ainda as terras por descobrir.
Para evitar um conflito ainda maior, em 1493, o papa Alexandre IV
foi chamado para resolver a questão decidindo, através da Bula
Inter Coetera, dividir as “novas terras” com um meridiano situado à
100 léguas a oeste da ilha de Cabo Verde.
Percebendo que não ficaria com muita coisa, baseado nesta
divisão, Portugal exigiu a elaboração de um novo documento. E
assim foi feito: um ano depois foi assinado o Tratado de
Tordesilhas, que estabelecia um meridiano a 370 léguas a oeste da
Ilha de Cabo Verde.
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Este é um mapa da América do Sul, de


1650, com indicação das áreas de
povoamento espanhol (em vermelho),
português (em verde) e holandês (em
amarelo). Entretanto, podemos
observar os meridianos (linhas
imaginárias) propostos na divisão do
mundo por Espanha e Portugal.

O meridiano mais à direita representa


o que seria a Bula Inter Coetera,
proposta pelo papa Alexandre IV. O
mais à esquerda é o Tratado de
Tordesilhas. A localização das cidades
atuais é só ilustrativa.

Imagem: Mapa da América do Sul em 1650 / Tzzzpfff / GNU


Free Documentation License.
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Vale salientar que reis de outros países europeus não aceitaram


tranquilamente o Tratado de Tordesilhas, pois não participaram da
divisão, como França, Inglaterra e Holanda.

Francisco I, rei da França, declarou a

Imagem: Francisco I, rei da França , c. 1530/ Jean Clouet /


famosa frase: “Gostaria de ver o
testamento de Adão para saber como ele
dividiu o mundo”.

Museu do Louvre / Domínio Público.


Francisco I - http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:FrancisIFrance.jpg
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6. Trocas Culturais
A Expansão Marítima e Comercial possibilitou aos europeus o
conhecimento de novos continentes, novos povos e novas
culturas.
O comércio com o Oriente, sociedade extremamente
diferente da europeia, promoveu intensa troca não só de
mercadorias, mas também de costumes e hábitos. Fez o
homem ampliar a visão e olhar fora de seu próprio mundo.

É notável a mudança na alimentação do europeu, com a


inclusão da batata, do milho, da mandioca e do tomate, por
exemplo, produtos dos quais usufruímos até hoje.
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ATIVIDADE I - Questionário
1. O que motivou os europeus a empreender a Expansão Marítima e
Comercial?
2. No século XV ainda não existiam os meios de comunicação que
conhecemos (celular e internet são alguns exemplos). Como o europeu
desse período obtinha as informações? Podemos dizer que eram
totalmente confiáveis?
3. Por que o Oceano Atlântico era tão temido no período? E hoje em dia, os
homens têm esse mesmo sentimento de medo em relação a algo?
4. Quais as riquezas que os europeus buscavam no Oriente? Você acha que
os riscos valiam à pena? Explique.
5. Aponte as diferentes estratégias de portugueses e espanhóis para chegar
às Índias.

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