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U M CO N T O D E

MA C H A D O D E A SSI S
UM HOMEM CÉLEBRE
UM RESUMO DA OBRA

Tipicamente machadiano, "Um Homem Célebre", conto publicado, primeiramente, no periódico “A


Estação”, em 1883, e, posteriormente, no livro Várias Histórias, em 1896. Sua personagem principal,
Pestana, é um famoso compositor de polcas, um estilo bastante popular de música, conhecido e louvado
por todos que o cercam, mas ele vive um dilema pessoal: odeia suas composições e toda a popularidade
que elas lhe proporcionam. Seu grande sonho é produzir música erudita no nível dos grandes mestres,
como Chopin, Mozart, Haydn, é compor uma peça erudita de alta qualidade, uma sonata, uma missa, como
as que admira em Beethoven ou Mozart. A busca pela perfeição estética marca a trajetória do famoso
músico, que vê todas as alternativas lhe serem negadas no decorrer da vida: Aspira ao ato completo, à obra
total. No entanto, eram as polcas, sempre as polcas, que lhe vinham à cabeça durante os momentos de
composição.
MOTIVAÇÕES
O protagonista do conto é apresentado tal como se encontra intimamente: vexado e aborrecido. Já no
início da obra, depara-se com um Pestana incomodado e descontente com a popularidade que existe em
torno de suas composições. Quando solicitado para que tocasse uma de suas polcas na comemoração do
aniversário da viúva Camargo, percebe a sintonia entre sua música e os convidados, apesar de tê-la
publicado apenas vinte dias antes. Frente ao ocorrido, qualquer compositor se sentiria realizado. Pestana,
entretanto, abandona o recinto alegando estar com dor de cabeça e fica mais angustiado ainda quando
ouve, nas ruas, uma de suas polcas sendo assobiadas. Segundo J. C. Garbuglio, existe uma distinção muito
grande entre o pretendido e o alcançado na vida do compositor: nem mesmo as aclamações por parte da
população facilitam e diminuem a dificuldade que há no caminho para se ir do anseio à realização, que é o
local em que se encontra o músico no conto Um Homem Célebre.
Diante de tal situação, Pestana sente-se diminuído em suas produções, pois não quer compor apenas para
as massas, quer ser portador de um modelo que simbolize e represente algo mais elaborado e elevado,
que o transporte para além do seu momento, e não, simplesmente, o consagre na plenitude de sua
existência. Essa plenitude efêmera representa pouco para o compositor. Sua ambição é a eternidade.
AMBIÇÃO X VOCAÇÃO
Vocação:

A "vocação" refere-se à inclinação natural ou talento de alguém para uma determinada atividade ou
carreira. É o desejo intrínseco de uma pessoa de realizar algo pelo prazer da própria atividade, muitas
vezes independentemente de recompensas externas.

Ambição:

Por outro lado, a "ambição" refere-se à vontade de alcançar sucesso, poder, riqueza ou status social. Pode
envolver um desejo intenso de ascender na carreira ou alcançar metas específicas, muitas vezes com um
foco nas recompensas externas ou no reconhecimento público.
EFÊMERO X ETERNO

A diferença entre o que é popular e o que é eterno na valorização cultural é um tema relevante em nossa
sociedade. O fenômeno de seguir a 'manada' muitas vezes coloca o que é popular como o 'melhor' do
momento, porém, sua popularidade é vista como algo passageiro, efêmero. Por outro lado, o eterno
representa a qualidade que perdura ao longo do tempo, como o erudito. No conto 'Um Homem Célebre',
Machado de Assis nos faz refletir sobre essa dualidade, mostrando como a busca pela popularidade
momentânea, muitas vezes, negligencia a riqueza e a permanência do que é verdadeiramente valioso.
CONCEITOS ATEMPORAIS

O conto 'Um Homem Célebre' de Machado de Assis ressoa com temas atemporais que ecoam na sociedade
atual. Angústia, complexo de inferioridade e a incongruência entre desejo e realidade são experiências
comuns nos dias de hoje. Soares, o professor dedicado, enfrenta uma angústia silenciosa diante do
sucesso superficial de Dr. Sá, refletindo o conflito entre ambição e verdadeira realização. Essas reflexões
convidam à ponderação sobre a busca por sucesso, a valorização do conhecimento e as pressões sociais
que moldam nossas vidas.
O DESTINO, E SUA IRONIA

Machado de Assis inicia a apresentação da vida de Pestana mostrando a cruel ironia do destino, que
persegue o pobre Pestana com as composições efêmeras de gosto popular, imediatamente “consagradas
pelo assobio”, e a encerra fazendo questão de deixar clara a situação na qual o compositor deixa o mundo:
"bem com os homens e mal consigo mesmo" (ASSIS, 1997, p. 27), destacando o fim do longo percurso
percorrido entre o que o compositor era e o que (inutilmente) destinou toda sua vida a ser.

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