Você está na página 1de 126

Capítulo A DIMENSÃO PESSOAL E

5 SOCIAL DA ÉTICA

o b l ema cen t r al
Pr

o i s as
H á c en te
t i va m d as?
obje ou erra
er t a s
c

O problema da natureza
dos juízos morais
OS VALORES

Existem valores
de diversos tipos:
•éticos ou morais
•estéticos
BONDADE
BONDADE •religiosos
Um valor é um princípio •políticos
ou ideal que inspira
HONESTIDADE
HONESTIDADE
JUSTIÇA •desportivos
aquilo que as pessoas
pensam, querem e
JUSTIÇA
LIBERDADE

LIBERDADE
fazem.
BELEZA
BELEZA
Um valor é algo de Ética ou moral: diz respeito
HARMONIA
HARMONIA à diferença entre o certo e o
estimável que merece ser SAGRADO errado, entre o que devemos
defendido, procurado ou SAGRADO e não devemos fazer.
realizado – é uma meta
PERFEIÇÃO
PERFEIÇÃO
importante a atingir. …
… Neste capítulo
Muitas das ações
estudamos apenas
humanas são motivadas os valores
pelos valores. éticos ou
morais.
Pensar Azul Texto Editores

Valores

Vida Paz
Justiça Amor
Lealdade Beleza
Tolerância Verdade
Igualdade Amizade
Solidariedade Liberdade
Honestidade
3
Pensar Azul Texto Editores

Problema

O que são valores e como condicionam a


ação humana?

4
Não são coisas nem
Os valores: qualidades sensíveis
das coisas  são
qualidades especiais que
tornam algo preferível 
um BEM ( em que se
reconhece um valor)
Concretiza o valor.

- São os motivos fundamentais das nossas decisões e


ações;
- São as formas de as legitimarmos e
justificarmos
5
São qualidades que só se concretizam numa realidade,
são uma espécie de suplemento que torna algo um bem,
isto é, estimável.

Estas qualidades são de um


tipo muito especial, porque
se distinguem de outras que
também são reconhecidas
nos objetos, como sejam o
peso, a forma, a cor, o
sabor.

6
Falar de um valor é falar do critério
que justifica as nossas escolhas e
preferências

A estrutura do valor consiste em


comprometer-nos exigindo de
nós uma tomada de posição

“ O mundo não é apenas o que é, mas


também, posto que o homem o habita e
anima, o que pode ser.” Savater
A nossa atitude deixa de ser
neutra ou de distanciamento –
o que significa que deixamos
de olhar as coisas como
São a razão simples factos, para passar a
fundamental da vê-las como bens, ou seja,
como objetos portadores de
nossa decisão
valores. 7
Funcionam como um ponto de
referência ou critério em função do
qual julgamos e decidimos.

São os valores que


nos permitem
referirmo-nos às
coisas como sendo
boas ou más,
melhores ou piores.

8
Os valores são aquelas qualidades que não se referem à
estrutura dos objetos, mas que fazem que esses não
sejam indiferentes para nós.

Daí que a essência do valor não consiste em


ser mas em valer.

Isto significa que, influenciados por valores a realidade


Isto significa que, influenciados por valores a realidade
não nos aparece apenas como um facto que pode ser
não nos aparece apenas como um facto que pode ser
descrito e explicado, antes nos aparece sujeita à nossa
descrito e explicado, antes nos aparece sujeita à nossa
apreciação valorativa.
apreciação valorativa.

9
c ia
r ê n
ef e i va
Pr orat
val
É o próprio ato da valoração . Ela é a
atribuição do valor e constitui o elemento
fundamental da natureza humana. É uma
Estas atitudes atitude que nos leva a tomar posição perante
preferenciais as coisas, os acontecimentos e as pessoas.
estão
presentes em
todos os
momentos da Quando fazemos opções, se escolhemos
nossa vida ou rejeitamos, ao construirmos projetos
e tomarmos decisões temos
inevitavelmente como cenário,
preferências enraizadas em valores.

10
Os valores obrigam-nos a uma atitude de
aceitação ou rejeição perante a realidade
Quando
Quandotemos
temosconsciência
consciência
dos
dosvalores,
valores,aarealidade
realidadeee
as
asações
açõesdeixam
deixamde deser
ser
indiferentes,
indiferentes,neutras.
neutras.
Então podemos
dizer:
“Com os valores a indiferença não é permitida.”
“ Quando dizemos de algo que vale, não descrevemos o que esse algo
é, mas que ele não é indiferente. A não indiferença constitui aquilo
que contrapõe o valor ao ser. A não indiferença é a essência do
11
valer.”
Pensar Azul Texto Editores

Definição

Valor

É uma qualidade potencial resultante da apreciação


que um indivíduo ou sociedade faz acerca de um
objeto, de uma ação, ou de um ser real ou
ideal, em função da presença ou ausência de
algo que é desejável ou digno de estima

12
Qualidades que não
têm existência própria
– precisam de um
suporte ( uma
coisa ,um
acontecimento, um
pensamento).

“A beleza de um quadro não se pode identificar com o próprio


quadro. A beleza é uma qualidade do quadro que não tem
existência própria independentemente dele, necessita de um
13
suporte ou depositário onde aparece incorporada.”
Para existirem os valores têm de apoiar-se em
objetos reais  “ o valor é a qualidade de uma
coisa que só pode pertencer-lhe em função de
um sujeito dotado de uma certa consciência.” 14
A) Qualidades potenciais

As propriedades reais que sustentam o


valor, e sem as quais este não existiria,
são valiosas somente em potência

Para se transformarem em propriedades


valiosas de facto têm de entrar em
contacto com o ser humano, com os seus
interesses e necessidades.

15
B) São sempre valores para alguém  por isso não há
unanimidade na apreciação do valor das coisas.

C) São qualidades estruturais.

D) São os meios que guiam e dão sentido à vida


humana  permitem categorizar o que nos rodeia ( e a nós
mesmos)  formar juízos sobre a realidade e considerar cada um
dos seus componentes como tendo um lugar especifico na “balança”
de cada valor.

16
• O valor não é uma qualidade dos objetos em si,
mas uma propriedade adquirida por esses objetos
graças à sua relação com o homem como ser social,
embora os objetos, para poderem valer, tenham de
possuir realmente certas propriedades objetivas.
17
Agimos, portanto, em função de valores . Os valores são uma
espécie de bússola que nos indica a decisão a tomar numa determinada situação.

18
Caracterização geral dos valores

• Polaridade
• Hierarquização (tábuas de valores)
• Historicidade
• Absolutividade/relatividade 19
Polaridade

Polaridade – têm sempre um pólo positivo


e um pólo negativo (bem/mal; belo/feio;
sagrado/profano)
20
Características dos Valores
 Polaridade
A oposição de contrários é inseparável da natureza do
valor - a esta característica chama-se polaridade. A
polaridade dos valores significa que qualquer valor nos surge
sempre desdobrado. Ao lado de um valor aparece sempre o
seu contrário, por isso, obriga-nos a uma atitude de adesão
ou rejeição. Em termos de valores, a realidade aparece
desdobrada num pólo positivo e num pólo negativo, tal como
uma face e a sua contra-face. Então tudo o que tem valor
para o homem é considerado preferível, estimável, prefere-
se a sua existência à não existência.

21
Hierarquização

Hierarquização – ordenam-se de acordo com o


grau da sua importância e poder impositivo,
constituindo uma escala - tábua de valores
(ordenação aberta e dinâmica que hierarquiza os
22
valores)
Os valores têm uma estrutura hierárquica:
são múltiplos (éticos, estéticos, religiosos,
económicos, intelectuais, vitais) não nos aparecem como um amontoado, antes como uma
certa ordem de prioridades, quer isto dizer que, nas diversas situações ou circunstâncias, há
valores que consideramos superiores e outros inferiores, isto é, uns parecem-nos mais nobres,
mais elevados, outros mais baixos, menos nobres; há uns que nos aparecem com maior força e
exigência e, como tal, uns que preferimos e outros que preterimos.

Esta hierarquia não é rígida sendo influenciada por factores pessoais e histórico-culturais, mas
admitir flutuações na hierarquia de valores não significa que todas as hierarquias tenham a
mesma legitimidade.

23
Historicidade, absolutividade/relatividade

Historicidade – carácter temporal e relativo de


alguns valores; padrões valorativos próprios de
uma época

Absolutividade/relatividade – carácter perene de


alguns valores e a dependência histórica e cultural
de outros

24
Têm existência cultural e O seu modo de ser é o
comunitária valer

São critérios, atributos criados pelo homem e que, sob a forma de preferências, qualidades ou
25
aspirações, lhe permitem avaliar realidades e condutas.
FUNÇÕES DOS VALORES

 Introduzem diferenciações qualitativas na realidade, levando ao reconhecimento de


que determinadas coisas são mais relevantes ou prioritárias do que outras
 Configuram esquemas ou tipos de condutas que a sociedade reconhece como
corretas
 Atuam como dispositivos de controlo e de pressão social (incentivam ou censuram)
 Desencadeiam fortes dinâmicas relacionais e sociais (promovem a união e a
solidariedade, mas também a divisão e o antagonismo)
 Funcionam como bússolas morais para os indivíduos: proporcionam um sentido de
orientação vital; ancoram o sentido de identidade e de valia pessoal; sinalizam o
lugar de cada um na sua relação com os outros
 Suportam a avaliação das condutas individuais e sociais por referência a modelos
ideais
 São reconhecidos como fonte permanente de aperfeiçoamento moral de indivíduos e
sociedades

26
 O que são os valores?

 Os valores são aquilo que nos faz dar importância a certas


coisas e não a outras, agir desta ou daquela maneira, escolher
isto ou aquilo, preferir e optar por umas coisas em vez de
outras.1

 Essas preferências são muitas vezes expressas através de juízos.


 Mas o que são juízos?

1 - geralmente damos importância à honestidade, à justiça, à democracia, à amizade ou ao conhecimento.

27
 Emitir juízos consiste em atribuir certas propriedades ou características àquilo com
que nos deparamos.

 Exemplos de juízos:
1. Beethoven compôs mais de oito sinfonias.
2. A Nona Sinfonia de Beethoven é sublime.
3. Alguns estados norte-americanos aboliram a pena de morte.
4. A pena de morte devia ser abolida.

 Os juízos (1) e (3) são diferentes dos juízos (2) e (4).

 Quais são as diferenças?

28
Os juízos (1) e (3):

São puramente descritivos (pretende-se que o juízo corresponda à


Realidade; visa adequar o pensamento à realidade).
Têm valor de verdade (se descreverem corretamente a realidade, então
são verdadeiros).
São objetivos (independentes das diversas perspetivas das pessoas).
 Designam-se como juízos de facto.
Os juízos (2) e (4):

São, pelo menos em parte, normativos (pretende-se que a realidade


corresponda ao juízo; visa adequar a realidade ao pensamento).
Dizem-nos como as coisas devem ser.
Envolvem a pretensão de expressar uma determinada avaliação das
coisas.
 Designam-se como juízos de valor.

29
Juízos de facto e juízos de valor

Há dois tipos de abordagem de um acontecimento:


a) imparcial
b) apreciativa

a) quando descrevemos o acontecimento sem


qualquer apreciação emitimos juízos de facto

b) quando manifestando as nossas preferências


e apreciações emitimos juízos de valor
30
Juízos de facto (ou de realidade)
Descrevem a realidade
São:

Descrições neutras e impessoais


Objetivos
Verificáveis
Susceptíveis de serem verdadeiros ou falsos
Exemplos
Miguel Ângelo é autor da Pietá
Platão é um filósofo grego
Picasso pintou Guernica
Lisboa é a capital de Portugal.
O João é alto.
31
Existem muitos quadros azuis.
Juízos de valor (ou de apreciação)
Indicam uma valoração
São:

• Interpretações parciais e subjetivas


• Relativos
• Discutíveis
• Expressam emoções
• Normativos1 Não visam descrever o que as pessoas fazem, mas antes o
que gostaríamos que fizessem
• Prescritivos

A diferença entre juízos de facto e juízos de valor normativos não resulta de os primeiros serem consensuais e os
segundos não o serem. Pois há juízos de facto que não são consensuais (como a existência de extraterrestres) e juízos
de valor que são consensuais (como a incorreção moral do homicídio) .
32
Alguns juízos morais não são normativos.
Quando o Luís afirma que gosta de pastéis de Belém, não quer que todas
as pessoas gostem de pastéis de Belém. Neste caso, trata-se apenas de
exprimir um gosto ou preferência; não exprime um juízo normativo
porque ele não quer adequar a realidade ao seu pensamento.

33
Juízos de valor (ou de apreciação)
Exemplos
Pietá é uma das mais belas esculturas renascentistas
Guernica é uma bela pintura
O amor é belo
Lisboa é uma cidade encantadora
O João é corajoso.
Só os quadros azuis são belos.

34
JUÍZOS DE FACTO, JUÍZOS DE VALOR E ÉTICA

Inspirados nos valores em que acreditamos, fazemos avaliações


ou apreciações
de coisas, ações e pessoas, ou seja, fazemos juízos de valor.
«Juízo» pode ter vários significados, mas o significado que aqui nos interessa é
semelhante ao de proposição: é o pensamento expresso por uma frase
declarativa.

Para compreender melhor o que é um juízo de valor é importante ver como é que
um juízo desses se distingue de um juízo de facto.

Juízos Juízos

de facto
São
de valor
São avaliativos: fazem uma EXEMPLO
S
EXEMPLO •A pena d
Em Portugal
descritivos: apreciação positiva ou negativa;
morte
e
não existe descrevem são a favor ou contra
é injusta.
pena de morte. o modo como alguma coisa e formulam uma •A pena d
e
as coisas são. preferência. morte
é justa.
Juízos de facto e Juízos de valor
1 – Descrevem a realidade ou informam-nos acerca 1 – Valoram determinados acontecimentos,
de factos, coisas, acontecimentos ou ações. coisas ou ações.
Durante a segunda guerra mundial A morte de 6 milhões de judeus às mãos dos
seis milhões de judeus morreram nos nazis foi um ato criminoso e horrendo.
campos de concentração nazis.
2 – Têm claramente valor de verdade. O seu valor 2 – Refere-se de forma implícita ou explicita a
de verdade é independente das crenças ou valores ou princípios fundamentais nos quais
se baseia para produzir uma avaliação ( uma
gostos de quem os profere. valoração positiva ou negativa ).
É verdadeiro ou falso, isto é , refere-se aos factos A morte de 6 milhões de judeus foi um ato criminoso
podendo ser negado ou confirmado pela porque ( justificação do juízo) o respeito pela vida
experiência ( observação e/ou e dignidade do homem é valioso.
experimentação).
Não se tem a certeza sobre o nº de judeus que 3 – São normativos ou prescritivos. Destinam-
morreram nos campos de concentração nazis. Só se a indicar-nos como devemos avaliar as
se sabe que o nº de vitimas mortais foi elevado. coisas.
3 -São descritivos ou informativos: não prescrevem Ao julgar-se que a morte de 6 milhões de judeus foi um
ato criminoso dos nazis, considera-se que esse ato
ou proíbem o que deve ou não fazer-se. –
não devia ser cometido. O respeito pelo valor da
Descrevem a realidade ou informam-nos vida e dignidade humanas traduz-se na norma:
acerca de factos, coisas, acontecimentos ou “Não matarás”, que neste caso foi infringida.
ações. Quando são verdadeiros limitam-se a
dizer-nos como as coisas são. 36
Ficha de trabalho valo
res
Ficha de trabalho valo
res correção
Exercícios
Juízo de facto ou de valor?

1.O holocausto foi moralmente horrível.


2.O holocausto é considerado moralmente horrível.
3. A justiça é mais importante do que a liberdade.
4. A liberdade é mais importante do que a justiça.
5.Muitas pessoas valorizam a liberdade.
6.É bom que muitas pessoas valorizem a liberdade.
7.Há quem julgue que não é bom que muitas pessoas valorizem a liberdade.
Guimarães é a capital de Portugal.

39
Exercícios
Juízo de facto ou de valor?

1.O holocausto foi moralmente horrível.


2.O holocausto é considerado moralmente horrível.
3. A justiça é mais importante do que a liberdade.
4. A liberdade é mais importante do que a justiça.
5.Muitas pessoas valorizam a liberdade.
6.É bom que muitas pessoas valorizem a liberdade.
7.Há quem julgue que não é bom que muitas pessoas valorizem a liberdade.
Guimarães é a capital de Portugal.

40
Exercícios
Juízo de facto ou de valor?

1.O holocausto foi moralmente horrível. (Juízo de valor)


2.O holocausto é considerado moralmente horrível. (Juízo de facto)
3. A justiça é mais importante do que a liberdade. (Juízo de valor)
4. A liberdade é mais importante do que a justiça. (Juízo de valor)
5. Muitas pessoas valorizam a liberdade. (Juízo de facto)
6. É bom que muitas pessoas valorizem a liberdade. (Juízo de valor)
7. Há quem julgue que não é bom que muitas pessoas valorizem a liberdade.
(Juízo de facto)
8. Guimarães é a capital de Portugal. (Juízo de facto)

41
A NATUREZA DOS JUÍZOS DE VALOR
MORAIS

O problema da natureza dos


juízos de valor morais pode ser
São formulado como se segue:
normativos:
a verdade ou falsidade dos juízos
de valor morais será subjetiva,
culturalmente relativa ou
implícita ou explicitamente, objetiva?
dizem como as coisas
devem ser.
43
Formulação do Problema da Natureza dos Juízos Morais

Problema da natureza dos juízos morais:

1. Os juízos morais têm valor de verdade?


2.Se têm valor de verdade, são verdadeiros ou falsos independentemente da
perspetiva de quaisquer sujeitos?

Serão os valores algo que o ser humano inventou e inventa, existindo apenas nas
mentes desses seres, ou serão eles características das coisas às quais os atribuímos,
fazendo assim parte da realidade?

44
A NATUREZA DOS JUÍZOS
DE VALOR MORAIS Essas respostas serão
Considerar que a Ética meras opiniões, que não
é objetiva ou não é objetiva temos nenhuma obrigação
influencia de modo de ter em conta, ou poderã
diferente as nossas ser verdades que todos
respostas a inúmeras deveríamos aceitar
O problema da natureza questões.
dos juízos de valor e ter em conta?
morais
é uma questão importante
com implicações Em seguida,
Para discutir este problema é preciso
na resposta à questão vamos abordar
ter em consideração o facto de muitas
de saber se sociedades atuais serem multiculturais:
três perspetivas
diferentes
pessoas de culturas, valores e costumes
sobre esta
há ou não diferentes vivem em conjunto.
questão.
verdades No nosso estudo
Como lidar com
objetivas
essas diferenças?
na Ética Será tudo
não vamos fazer

aceitável? nenhuma
distinção
entre Ética e
Teorias
Duas famílias de teorias:

• Não-cognitivismo: aqueles que respondem negativamente ao problema 1. Os juízos


morais não descrevem qualquer tipo de facto, não comunicam quaisquer verdades ou
falsidades.
• Cognitivismo: aqueles que respondem afirmativamente ao problema 1. Os juízos morais
descrevem algum tipo de facto, comunicam verdades ou falsidades.

46
47
Sub-Teorias

Não-cognitivismo:

• Emotivismo: os juízos morais são expressões de emoções: não têm


valor de verdade.

Cognitivismo:
• Subjetivismo: os juízos morais têm valor de verdade, mas o seu valor
de verdade depende da perspetiva do sujeito que faz o juízo.
• Relativismo: os juízos morais têm valor de verdade, mas o seu valor
de verdade depende da perspetiva de cada cultura.
• Objetivismo: os juízos morais têm valor de verdade, mas o seu valor
de verdade é independente da perspetiva de quaisquer sujeitos.

48
49
Tema –
O problema da natureza dos juízos m
orais: o Subjetivismo ; o Relativismo e
o Objetivismo.
As teorias objetivistas 1respondem afirmativamente a ambas as
questões.

Subjetivismo 2

Os juízos morais são meras expressões das preferências do sujeito


.
Quando uma pessoa exprime um dado juízo de valor, não pode
estar enganada. Isto contrasta com os juízos de facto. Quando
alguém afirma um juízo de facto, estará enganada se os factos não
forem como ela pensa.
Por exemplo, o juízo de facto de que Justin Bieber não é um cantor é falso
porque ele é de facto um cantor.

1No subjetivismo, os juízos de valor são relativos aos sujeitos; no relativismo,


são relativos às sociedades .
51
52
O SUBJETIVISMO
Tese fundamental
Todos os juízos de valor morais são
subjetivos.
O subjetivismo considera que os juízos de valor a verdade ou falsidade
morais não são objetivamente verdadeiros nem Cada pessoa
de um juízo depende
falsos. tem a sua
Dito de outro modo, nos temas éticos não há lugar verdade, dos sentimentos
para uma verdade objetiva e universal, face à qual
se pudesse dizer que o juízo contrário é falso.
ou seja, e preferências
individuais:
Para o subjetivismo, em situações
de opiniões divergentes sobre
um determinado assunto … os juízo
s sã o
nenhuma opinião é melhor verdadeiro
do que outras, o juízo para as pe
s … os juíz
os são
sso a s q u e
de uma pessoa não tem
os aceita
falsos par
mais valor do que o juízo m. as pesso a
a s qu e
os rejei
de outra. t a m.
O SUBJETIVISMO

Ninguém impor aos outros os seus juízos morais:


•favorece a liberdade individual;
•promove a tolerância entre pessoas com convicções
morais diferentes.
o subjetivismo é uma resposta adequada aos
desafios do multiculturalismo.
O subjetivista pensa que os juízos de valor são
apenas preferências pessoais. Por exemplo,
quando o Luís defende que devemos mentir em
alguns casos, está apenas a manifestar a sua
preferência. E, claro, a Joana tem outra
preferência e defende que nunca devemos
mentir. Mas nenhum dos dois tem mais razão
do que outro. É por isso que se diz que os
gostos não se discutem: os valores são
subjetivos.

1. Não existe certo e errado universal;


2. Juízos morais apenas expressam
sentimentos de aprovação ou
desaprovação.
Uma consequência importante dessa
concepção é as divergências morais são
apenas diferenças de preferências. Dizer
que “o roubo é errado” ou “o roubo é
certo” equivale a dizer “gosto de pizza” ou
“não gosto de pizza”. Nos dois casos há
apenas uma divergência de gostos
pessoais e não há qualquer possibilidade
55
de dizer que um está certo e outro
Razões para ser subjetivista:
Os juízos morais têm valor de verdade, mas o seu valor de verdade depende
da perspetiva do sujeito que faz o juízo. Há assim factos morais, mas estes
são subjetivos, pois só dizem respeito aos sentimentos de aprovação ou
desaprovação das pessoas .

Pressupõe, portanto, que


agimos livremente apenas
quando escutamos os
nossos sentimentos e
agimos de acordo com eles.
torna possível a liberdade

Promove a tolerância entre


pessoas com convicções
morais diferentes.

56
Subjetivismo
O subjetivista defende as seguintes teses:

• (T1) Os juízos morais têm valor de verdade, mas o seu valor de verdade depende da
perspetiva do sujeito que faz o juízo.
• (T2) Há factos morais, mas estes são subjetivos, pois só dizem respeito aos sentimentos
de aprovação ou reprovação das pessoas.
• (T3) «X é bom» ou «X é moralmente correto» significa «Eu aprovo X»; «X é mau» ou «X
é moralmente errado» significa «Eu reprovo X».

Destas teses podemos concluir que:


• Na ética só há opiniões pessoais e não verdades universais. 5
• Os juízos morais descrevem apenas os nossos sentimentos de aprovação ou reprovação.

5 Na ética cada um tem «a sua verdade»; assim, quando uma pessoa exprime um juízo moral não pode estar enganada.
57
58
59
60
61
O argumento da discordância

Baseia-se na ideia de que, no que respeita aos juízos de valor, só há discordâncias: o


que uma pessoa considera bom ou aceitável, outra considera mau ou inaceitável. É
por isso que são subjetivos. Se fossem objetivos, essas discordâncias não existiriam.

Contraste-se com os juízos de facto: neste caso, pensa o subjetivista, não encontramos o mesmo tipo de discordâncias . Por
exemplo, há um consenso quanto à composição química da água, mas não há um consenso quanto à permissibilidade do aborto.
Do ponto de vista subjetivista, não há consenso neste segundo caso porque é um juízo de valor.

62
Objeções ao argumento da discordância

O argumento baseia-se na ideia de que não há maneiras objetivas de resolver


conflitos de valores. Será isto verdadeiro?

1 Ou seja, a premissa que está a ser posta em causa é a de que, no que respeita aos valores só há discordância.

63
Objeções ao argumento da discordância

A segunda objeção põe em causa a ideia de que se um juízo não for subjetivo, não já
discordância. Pelo contrário, há muitos casos em que estamos perante juízos que não
são subjetivos e no entanto há discordância.
Por exemplo, há quem pense que os seres humanos foram diretamente criados por
Deus, como é descrito na Bíblia, e quem pense que os seres humanos surgiram de
outras espécies, por meio de processos naturais. Contudo, não se trata de juízos
subjetivos. Acontece apenas que as pessoas não conseguem chegar a um consenso.
Também há quem pense que o clima hoje é mais quente devido aos seres humanos, e
quem pense que não. Uma vez mais, não estão em causa juízos subjetivos. Apesar disso,
as pessoas não conseguem chegar a um consenso. 1

1 A premissa que está a ser rejeitada é uma condicional: « Se os juízos não fossem subjetivos, não haveria discordância». Assim a
objeção consiste em defender que a verdade da antecedente é compatível com a falsidade da consequente: há casos em que um
juízo não é subjetivo, mas há discordância.

64
O argumento do conflito de valores

Talvez o argumento da discordância capte mal uma ideia parecida, mas diferente.
Essa ideia é a de que, quando há conflitos no que respeita a juízos de facto, há
maneiras objetivas de decidir quem tem razão: é só uma questão de observar as
coisas cuidadosamente. Contudo, o que acontece quando há conflito de valores?
Neste caso, não parece haver uma maneira objetiva de decidir quem tem , razão, e é
por isso que os valores são subjetivos.

65
Objeções ao argumento do conflito de valores

O argumento baseia-se na ideia de que não há maneiras objetivas de resolver conflitos


de valores. Será isto verdadeiro?
Imaginemos que vamos decidir se os estudantes do sexo feminino devem ter
prioridade para entrar na universidade. Alguém propõe fazer uma lei de tal modo que
se só tivermos mais uma vaga e tivermos dois candidatos exatamente com as mesmas
qualificações escolares, entra o candidato do sexo feminino. A Joana e o Carlos vão
agora decidir se aceitam a lei ou não.
Se cada um deles pensar apenas nos seus interesses.

66
OBJEÇÕES AO SUBJETIVISMO

À luz desta teoria, nenhum


ponto de vista, por mais
monstruoso ou absurdo que
seja, pode ser considerado
realmente errado ou pelo menos
pior que pontos de vista
alternativos.

Qualquer comportamento é
aceitável, bastando para isso
que este esteja de acordo
com os sentimentos de cada
um.

As noções de certo e errado,


bem e mal, ao serem
criações dos indivíduos, não
são mais do que o resultado
das suas preferência,
desejos ou sentimentos.

Se aceitarmos o subjetivismo deixaremos de ter motivos para avaliar os juízos éticos das
outras pessoas e para argumentar racionalmente quando se trata de resolver questões morais.
Esta teoria torna absurdo qualquer esforço racional para encontrar os melhores princípios
éticos e fundamentá-los perante os outros.
67
OBJEÇÕES AO Atenção!
Estas são
SUBJETIVISMO apenas d
de várias uas
possíveis objeções
Impede a censura de ações ao subjet
ivismo.
claramente erradas

Os defensores desta objeção


consideram que há Não explica a existência de
comportamentos manifestamente desacordos morais e esvazia de
errados como o assassínio ou a sentido os debates
pedofilia, entre outros, que não
poderiam ser criticados se o Os defensores desta objeção consideram que
subjetivismo fosse verdadeiro. seria absurdo e inútil debater problemas
morais se estes assuntos fossem subjetivos,
Concluem que o subjetivismo é pois normalmente não discutimos assuntos
implausível, pois consideram realmente subjetivos, tal como preferências de
óbvio cores ou de calçado.
que os assassinos e pedófilos
E, considerando que existem desacordos
prejudicam outras pessoas e
morais e que debater temas morais não é
que há, por isso, razões fortes certamente insensato e absurdo, concluem que
para os censurar. o subjetivismo não é uma teoria correta.
Teoria do Objetivismo

69
O OBJETIVISMO
Tese fundamental
Alguns juízos de valor morais são objetivos.
A verdade ou falsidade de alguns juízos de valor morais não
depende nem da cultura nem das preferências individuais.
A verdade ou falsidade desses juízos depende das razões
que os sustentam, ou seja:

• um juízo moral será objetivamente verdadeiro, se Porém, esta teoria defende que
puder existem algumas verdades morais
ser justificado com boas razões; universais, como por exemplo:
• um juízo moral será objetivamente falso, se não • a mutilação genital feminina é
puder errada;
• o racismo é errado;
ser justificado com boas razões.
• a escravatura é errada.

São juízos morais que podem


ser
aceites por qualquer pessoa,
independentemente da cultura
a que pertence.
Objetivismo axiológico ou conceção objetiva de
valor: o valor existe independentemente das
pessoas, que apenas têm de considerar valiosas
as coisas que o incorporam

71
O OBJETIVISMO

Alguém pode estar enganado


Como vimos, o objetivismo defende que alguns juízos
de valor morais são objetivos. consideram que,
Esta objetividade de alguns juízos significa que acerca ao contrário
de um determinado assunto é possível: do subjetivismo
e do relativismo,
• alguém estar objetivamente certo;

• alguém estar objetivamente errado. a sua teoria promove


a tolerância entre
Deste modo, o objetivismo rejeita a ideia pessoas de
sociedades
de que, acerca de um assunto que gera
diferentes
desacordo, nenhum dos lados pode
estar errado, como é defendido pelo
relativismo.
por tornar possível
um autêntico
debate
intercultural.
O OBJETIVISMO
Para o objetivismo, há assuntos acerca dos
quais já sabemos
o que é realmente verdadeiro.

Se uma pessoa discorda de um certo juízo


moral, essa pessoa
está objetivamente enganada.
Porém, há também assuntos que são motivo de
controvérsia mesmo entre especialistas e não
há modo de garantir qual dos juízos sobre essa
matéria é o verdadeiro. «É errado
defender
Mas, mesmo que não saibamos qual deles é o o racismo» é um
juízo verdadeiro, exemplo possível
ainda assim um deles será o verdadeiro e o de um juízo moral
outro será falso objetivamente
– e por isso vale a pena investigar e debater verdadeiro.
para tentar
estabelecer qual é o verdadeiro.
1

74
Critérios transubjectivos
de valoração
Há valores que, independentemente da especificidade
de cada cultura, devem valer para toda a Humanidade.

Exemplos: É necessário avançar para um diálogo intercultural ,


Para tal é necessário ter como base um conjunto de valores
morais partilhados:
- salvaguarda dos direitos humanos;
- apreço pela liberdade, igualdade e solidariedade;
- respeito pelas diferenças culturais;
- Consciência Ecológica; - promoção de uma atitude dialogante .
- Diálogo Intercultural; - implementação de uma tolerância activa o que é ?
Promovendo uma tolerância activa, no sentido de que esta
- Liberdade de Expressão; levada ao extremo pode conduzir á indiferença, aceitando a
- Tolerância; intransigência e a crueldade.
- Respeito; Estes limites são sempre os que se prendem com a
dignidade e os direitos do Homem.
- Dignidade Humana.
76
77
78
79
OBJEÇÕES AO OBJETIVISMO

Existem enormes diferenças


éticas
Falta de métodos de
Esta objeção pode ser expressa através prova
do argumento seguinte:
Nas ciências, as
Se alguns juízos morais fossem objetivos divergências costumam ser
seria de esperar que não existissem tantas
ultrapassadas através
divergências éticas.
do recurso a métodos
científicos
Porém, como estas existem em grande de prova.
quantidade, pode concluir-se que nenhum
juízo moral é objetivo e que o Na Ética não existem esses
objetivismo métodos e por isso os
não é uma boa teoria. desacordos éticos são
Atenção! intermináveis.
Estas são Isto mostra, segundo os
ap enas d
u as
de várias
objeções defensores desta objeção,
possíveis que não há verdades
ao objetiv
ismo.
éticas objetivas e que o
objetivismo não é uma
boa teoria.
81
Teoria do Relativismo

82
O RELATIVISMO
Tese fundamental
Todos os juízos de valor morais são
culturalmente relativos.
Tal como o subjetivismo, o relativismo também considera que os juízos de valor
morais não são objetivamente verdadeiros nem falsos.

Mas enquanto o subjetivismo afirma que a verdade ou falsidade dos juízos depende
dos sentimentos e preferências do indivíduo, o relativismo afirma que depende da
cultura de cada sociedade:
•os juízos morais são verdadeiros para as sociedades que os aceitam;
•os juízos morais são falsos para as sociedades que os rejeitam.
O RELATIVISMO
Falamos de
diferenças:
Nem melhores nem piores: diferentes •no vestuário
•nas língua
O relativismo dá muita importância à diversidade cultural: s
povos diferentes têm valores e costumes diferentes.
•na educação
das crianças
•na religião
O relativismo afirma que não se pode dizer que os valores
de uma sociedade são melhores ou piores do que os de outra. •nas crença
s acerca da
sexualidade
• A mutilação genital feminina é moralmente certa. •no papel d
os homens e
m u das
• A mutilação genital feminina é moralmente errada. lheres na sociedade

Estes juízos são verdadeiros ou falsos?
Para os defensores
Ambos são verdadeiros em algumas
sociedades e falsos noutras, pois a prática
do relativismo ...
da mutilação é aprovada pela maioria das … esta teoria favorece
pessoas em algumas sociedades e a tolerância
reprovada pela maioria noutras entre pessoas de sociedades
sociedades. Não há uma maneira neutra e diferentes.
universal de determinar que uma dessas
posições é preferível à outra.
O RELATIVISMO
O relativismo defende que
as pessoas devem viver de acordo
Rejeição do etnocentrismo com os valores da sociedade
a que pertencem e não devem criticar
os valores aceites em outras
Para o relativismo, não existe uma moralidade sociedades.
única.
A moralidade varia em todas as sociedades, consideram que esta
consoante os hábitos que cada sociedade aprova teoria favorece
ou reprova. a tolerância entre
sociedades diferentes
Por essa razão, o relativismo considera
incorreto
que pessoas de uma sociedade
critiquem
os costumes de outras sociedades.
o relativismo é uma
Para o relativismo uma crítica desse
resposta
género
adequada aos desafios
é intolerante e etnocêntrica.
do multiculturalismo
e aos problemas que
possam surgir do
convívio entre pessoas
com valores
e costumes muito
diferentes.
86
87
88
89
90
Atenção!
OBJEÇÕES AO Estas são
ap enas d
u as
RELATIVISMO de várias
objeções
possíveis
A crítica pode não ser ao relativ
ismo.
etnocêntrica
Não permite explicar
o progresso moral
Se o relativismo fosse verdadeiro, a
• é possível criticar outros costumes sem ideia
ser ofensivo; de progresso moral não teria sentido
– por esta teoria entender que não é
• criticar um determinado costume de outra possível fazer juízos transculturais.
sociedade não significa criticar a totalidade
Porém, como é implausível não haver
dos costumes dessa sociedade, nem,
progresso moral, pode concluir-se que
consequentemente, ter uma atitude o relativismo não é verdadeiro.
etnocêntrica contra essa sociedade.

PROGRESSO MORAL (exemplos):


•as mulheres terem adquirido direito
de voto;
•não é uma resposta adequada •a abolição da escravatura;
aos desafios do •o reconhecimento dos direitos das
multiculturalismo. crianças.
92
https://auladigital.leya.com/shar
e/d19687fb-37ef-46bd-b109-63
770bf4d657
Video O que é
o relativismo?

https://auladigital.leya.com/shar
e/af57871f-e691-4ec7-a050-1f5
71c56587a
Guião de análise do video
Relativismo Moral
O relativismo moral defende que
o bem e o mal são convenções
sociais, próprias de cada cultura,
ou seja, que existem regras e
normas que valem apenas em
cada sociedade.

No relativismo moral não há


verdades absolutas, pois tudo é
relativo ao ponto de vista de cada
sociedade. As verdades da
maioria são relativas porque
apenas reflectem o que a maioria
das pessoas aprovam em cada
sociedade.
Relativismo Moral
Se o bem e o mal são apenas
convenções sociais, que variam
de cultura para cultura, então não
existem verdades objetivas em
moral, pois estas verdades são
independentes de qualquer ponto
de vista particular.

Se numa sociedade o infanticídio


for considerado um mal, isso não
significa que o infanticídio seja
em si mesmo errado; significa
apenas que há nessa sociedade
uma maioria de pessoas que o
desaprova.
Argumentos a favor do relativismo moral

Argumento das diferenças culturais Argumento do juiz parcial


O relativismo moral diz-nos que:
Argumento das diferenças
culturais
• A moral é uma criação de cada
sociedade, e é inevitável refletir os
padrões de cultura da sociedade que lhe
deu origem. Ou seja, define uma moral
própria e característica.

• Se os valores morais fossem objetivos,


não dependeriam de nenhum ponto de
vista particular.

• Portanto, os valores morais não são


objetivos.
Argumento das diferenças Argumento das diferenças culturais:
culturais
(1) A moral é um produto da cultura.

(2) Tudo aquilo que é um produto da


cultura, reflete o ponto de vista dessa
cultura em particular, sendo apenas
válido para ela.
... Não há verdades morais objetivas.
Análise:
Argumento das diferenças
culturais • O argumento das diferenças culturais é
válido. Se aceitarmos ambas as
premissas, teremos de aceitar a sua
conclusão.

• No entanto, não devemos aceitar a


premissa dois.

• A premissa dois aparenta ser falsa, pois a


ciência é um produto da cultura mas as
suas verdades são objectivas, aplicam-se
não apenas a uma cultura particular: mas
a todas em geral.
Argumento das diferenças Conclusão:
culturais
• Ao contrário do que o argumento afirma,
uma verdade ser um produto da cultura
não significa que não seja objetiva.

• Se isto é assim com as verdades


científicas, por que não também com as
verdades morais?

• O argumento não dá resposta a esta


pergunta.
O relativismo moral diz-nos que:
Argumento do juiz parcial
• Em ciência, quando há desacordos, os
cientistas acabam por chegar a consenso
porque a verdade em ciência é objetiva.

• Em questões de ordem moral, como o


aborto, o infanticídio, a eutanásia ou a
pena de morte, não é possível chegar a
um consenso sempre que há desacordo.
Não é possível ser imparcial quando
diferentes culturas estão em confronto.

• Portanto, os valores morais não são


objetivos.
Infanticídio

• Os esquimós consideravam o
infanticídio moralmente
permissível, enquanto que outras
culturas discordam, considerando
o infanticídio um mal.

• Será possível haver consenso


sempre que surjam casos de
conflito como este?
O relativismo moral defende que não é possível haver
acordo.

Uma pessoa educada numa cultura A é influenciada pela


educação que recebeu, pensando as coisas de acordo
com a forma como foi educada. Assim, tende a defender
o ponto de vista que a sua cultura defende. O mesmo
acontece com qualquer pessoa educada numa cultura B.

Será que é possível haver um juiz imparcial que resolva


os conflitos entre as culturas?

Não, porque esse juiz ou pertence à cultura A ou à


cultura B, sendo influenciado pelos padrões morais que
essa cultura defende, ou ainda pertencer a uma cultura
C, sendo influenciada pelos padrões morais defendidos
nessa cultura.
Argumento do juiz parcial Argumento do juiz parcial:

(1) Para resolver um conflito de valores


entre diferentes culturas é necessário
ser imparcial na avaliação de cada
perspectiva.

(2) Ninguém pode ser imparcial entre


diferentes culturas sobre questões de
natureza moral.

... Não há valores morais objetivos.


Análise:
Argumento do juiz parcial
• A premissa dois assume que não
podemos ser imparciais, porque temos
tendência para defender os valores da
cultura em que fomos educados.

• Mas isto não é verdade. Martin Luther


King, por exemplo, foi educado numa
sociedade que aprovava o racismo e não
era racista.
/

Argumento do juiz parcial • Mesmo que não seja possível chegar a


consenso sobre todas as questões morais
que dividem as sociedades, há um
grande consenso sobre muitas dessas
questões.

• A regra de ouro, que diz para fazer aos


outros o que gostaríamos que os outros
nos fizessem, é conhecida em muitas
sociedades.

• A proibição de matar, de roubar, etc. dão-


nos exemplos onde o consenso é geral.
Argumento do juiz parcial Conclusão:

• É verdade que por vezes os nossos


preconceitos não impedem de ver onde
está a verdade.

• E é verdade que nem sempre somos


imparciais.

• Mas isso não implica que não possa


haver consenso em muitas áreas em que
se discutem valores ou que estes não
sejam objetivos.
Argumentos contra o relativismo moral

Argumento da intolerância Argumento do conformismo


Argumento da Intolerância

• Os relativistas morais defendem que ao pormos de lado a ideia


que “nós estamos certos e eles errados” contribui para formar
um espírito de tolerância entre diferentes culturas e para o seu
respeito mútuo.

• O relativismo moral acredita que o bem é tudo aquilo que cada


sociedade aprova; deste modo, se a maioria dos membros de
uma sociedade aprovar a intolerância (por exemplo, por motivos
raciais), nessa sociedade a intolerância é um bem.

• Se o relativista moral pertencer a uma sociedade que aprove a


intolerância, cai em contradição.
Argumento da Intolerância

• Por um lado, o relativista moral dirá que uma das vantagens da


sua teoria está na promoção da tolerância e no espírito de boa
convivência entre culturas. Em resumo, o relativista dirá que a
tolerância é um bem.

• Por outro lado, o relativista moral defende que é um bem tudo


aquilo que a sua sociedade aprovar; se a sua sociedade aprovar
a intolerância, para ser coerente, terá de dizer que a intolerância
é um bem.

• Mas isto é contraditório. Uma teoria que pode implicar uma


contradição como esta, dificilmente merece ser considerada
uma boa teoria.
Argumento do Conformismo

• O relativista moral, ao defender que “X é um bem” significa “X é


socialmente aprovado”, pode ser acusado de a sua teoria levar
ao conformismo.

• Por muito que alguém discorde da opinião da maioria das


pessoas da sua sociedade, e por muito que esta opinião se
baseie apenas em preconceitos, falta de informação e espírito
crítico, segundo o relativismo moral, temos de aceitar a opinião
da maioria.

• É o que se passa com o racismo. Só o preconceito ou a falta de


informação e sentido crítico é que podem levar uma sociedade a
pensar que se justifica discriminar pessoas com base na cor da
pele.

• Assim, o relativismo moral não favorece o pensamento próprio e


a autonomia.
Argumento do Conformismo

• Martin Luther King vivia numa sociedade em que uma maioria


de pessoas preconceituosas e mal informadas pensava que o
racismo era bom.

• Mas King não estava de acordo. King pensava que o racismo


era objetivamente errado, fosse qual fosse o ponto de vista da
sua sociedade: era a sociedade que estava errada e não ele ou
quem se opunha ao racismo.

• King não era conformista. Não se limitava a repetir de forma


mecânica o que a maioria das pessoas diziam. Pensava pela
sua cabeça e achava que acima da opinião da maioria está a
razão.

• O conformismo diz para não pensarmos pela nossa cabeça. E


isto está errado. Uma teoria que tenha esta consequência não
pode ser uma boa teoria.
Não há normas morais universalmente válidas, sendo a
validade de cada norma relativa à sociedade e à cultura que a
impõe.

• As normas morais são relativas à cultura e à sociedade que


as institui
• Uma vez que não há normas morais absolutas ou
universalmente aceites, não possuímos qualquer base
objetiva para criticar a moralidade desta ou daquela cultura
• Logo , devemos ser tolerantes com as práticas morais das
outras culturas.

Os seus partidários argumentam que esta doutrina promove e


estimula a tolerância entre os seres humanos
113
Ficha do relativismo moral
Objeções: (argumentos contra)
Se aceitarmos esta posição como correta devemos aceitar como válidos
todo o tipo de práticas. Parece-nos que há certas práticas que não devem
ser aceites.

1 . As culturas evoluem: È certo que algumas sociedades evoluem: por exemplo a escravatura tinha um
valor positivo e era uma prática na América do Norte e hoje é uma aberração. Se as sociedades evoluem é
porque compreendem que certas práticas são más e que é melhor substitui-las por outras mais conformes
à natureza humana. Mais equilibradas para todos . A ciência ajudou a perceber que todos somos iguais. O
relativismo conduz-nos ao conformismo e à indiferença.

2 . Há revoltas dentro das sociedades. No seio de uma certa cultura muitas pessoas mais informadas não
concordam com certas práticas, nem sempre há unanimidade, e há desvios à norma. Portanto muitos
costumes não são livremente aceites mas são impostos pela inércia da tradição.

3 . Pelo facto de não sabermos o melhor não significa que não exista. Os relativistas confundem a
diversidade de opiniões com a inexistência da verdade. Se formos relativistas então não há valores morais
absolutos. Assim todos as regras morais são possíveis e nenhuma é melhor que outra. Isso não significa que
não há moral, significa apenas que ela não é única, que há diferentes regras e princípios consoante as
sociedades.
Pelo facto de não sabermos que há vida em Andrómeda, não quer dizer que não haja uma verdade sobre
isso. 115
ubjetivismo

bjetivismo
116
Segundo o subjetivismo, os juízos morais apenas exprimem
posições pessoais de aprovação ou reprovação.

O problema (a que o subjetivismo moral responde):


Serão os valores morais relativos?

A resposta:
Sim; são relativos às opiniões e sentimentos das pessoas/indivíduos
que os defendem (tese do subjetivismo moral)

O subjetivismo moral é a teoria segundo a qual, embora existam


factos morais, estes não são objetivos. As afirmações acerca do bem
e do mal, do que é certo e errado, embora exprimam proposições
genuínas, são subjetivas: são verdadeiras ou falsas, mas não o são
independentemente dos sujeitos que as fazem. Segundo esta
perspetiva, na ética só há opiniões pessoais e não verdades
universais; cada um tem «a sua verdade». Para os subjetivistas, os
juízos morais descrevem apenas os nossos sentimentos de
aprovação ou reprovação acerca das pessoas e daquilo que elas
fazem. O certo e o errado dependem, portanto, dos sentimentos de
cada um. Assim, quando afirmamos que uma acção é errada estamos
apenas a dizer que temos sentimentos negativos em relação a ela.

117
Argumentos:
O subjetivismo moral está centrado no seguinte argumento:
Premissa: Diferentes indivíduos discordam acerca do que é correto ou incorreto.
Premissa: Não existe um critério objetivo que nos permita distinguir o que é correto do que é errado (quem tem
razão).
Conclusão: Logo, todos temos razão.

A 1ª premissa apresenta-nos um facto: é do senso-comum que existe discórdia no que toca a questões morais.
A 2ª premissa é uma consequência da 1ª: o subjetivista acredita que é por haver essa discórdia que não existem
valores absolutos, que possam ser
aplicados a todos. Afirma antes que todos temos razão, que a validade dos valores morais depende do código
moral da pessoa/indivíduo que o defende.

Ex: Se João acredita que X é correto e Pedro acredita que X não é correto, segundo esta teoria ambos têm razão,
visto que a validade de cada crença depende dos sentimentos e crenças da pessoa que a defende.

Logo, não parece existir razão para criticarmos as opiniões uns dos outros: são igualmente boas, não temos o direito
de as julgar nem o critério objetivo (ou neutro) para o fazer.
A partir deste argumento e da sua explicação, delinearam-se três aspetos que tornam o subjetivismo moral
atraente: esta teoria procura promover a liberdade, autonomia e tolerância das/entre as pessoas.

118
• Os juízos morais têm valor de verdade, mas o seu valor de verdade depende da perspetiva do sujeito que faz o juízo.
• Há factos morais, mas estes são subjetivos, pois só dizem respeito aos sentimentos de aprovação ou reprovação das
pessoas.
• «X é bom» ou «X é moralmente correto» significa «Eu aprovo X»; «X é mau» ou «X é moralmente errado» significa
«Eu reprovo X».
Há duas razões que podem levar-nos a aceitar o subjetivismo moral:
1. O subjetivismo torna possível a liberdade. O subjetivista pode alegar que, se as distinções entre o certo e o errado
não forem fruto dos sentimentos de cada pessoa, então serão imposições exteriores que limitam as possibilidades de
ação de cada indivíduo. Pressupõe, portanto, que agimos livremente apenas quando damos voz aos nossos
sentimentos e agimos de acordo com eles.
2. O subjetivismo promove a tolerância entre pessoas com convicções morais diferentes. Quando percebemos
simultaneamente que as distinções entre o certo e o errado dependem dos sentimentos de cada pessoa, e que os
sentimentos de uma não são melhores nem piores que os de outra, tornamo-nos mais tolerantes, mais capazes de
aceitar como legítimas as opiniões e as ações que vão contra as nossas preferências.
• Objeções ao subjetivismo

1. O subjetivismo permite que qualquer juízo moral seja verdadeiro.


Se uma pessoa pensa que devemos torturar inocentes, então para essa pessoa é verdade que devemos torturar inocentes.
Se uma pessoa pensa que é errado ajudar os outros, então para essa pessoa é verdade que é errado ajudar os outros.
Assim, o subjetivismo parece fazer da ética um domínio completamente arbitrário. À luz desta teoria, nenhum ponto de
vista, por muito monstruoso ou absurdo que seja, pode ser considerado realmente errado ou pelo menos pior do que
pontos de vista alternativos. Imaginemos que alguém nos diz que maltratar pessoas de raças diferentes da nossa é
correto porque somos superiores. Discordamos e afirmamos que isso não é correto. Se aceitarmos o subjetivismo
moral, teremos de aceitar que a nossa opinião não é melhor nem pior do que a da outra pessoa. Isto porque na ética
não há verdades nem falsidades independentes daquilo que as pessoas pensam. Só há opiniões diferentes.
• Objeções ao subjetivismo

Mas será que estamos dispostos a aceitar isto? Pensemos noutra possibilidade. Imaginemos que uma pessoa acredita poder
sacrificar outra, apesar de esta ser uma pessoa saudável e normal, para salvar o seu filho, que precisa de um
transplante de coração. Será que neste caso também estamos dispostos a pensar que é tudo uma questão de opinião,
ou, pelo contrário, acreditamos que ela realmente não pode fazer isso? Quem pensa que ela realmente não pode
matar para salvar o seu filho tem de rejeitar o subjetivismo. Isto porque está a supor que existem falsidades e verdades
no domínio dos juízos morais que não dependem dos sentimentos de aprovação ou reprovação de quem faz o juízo.
* O subjetivismo acredita que não há verdades absolutas porque os assuntos morais são objeto de discórdia generalizada;
mas isso não quer dizer que não existam verdades objetivas.
• Se esta teoria defende que todos os indivíduos têm razão, então também têm razão aqueles que defendem que o
subjetivismo está errado.
Portanto, é verdade que o subjetivismo está errado.
• Objeções ao subjetivismo

2. O subjetivismo compromete-nos com uma educação moral que consiste apenas em ensinar que devemos agir de acordo com os nossos
sentimentos.
Se educarmos as crianças de acordo com a perspetiva subjetivista, teremos de ensinar-lhes apenas a seguir os seus sentimentos, a orientar-se
em função daquilo de que gostam e de que não gostam. Teremos de lhes dizer que qualquer comportamento que venham a ter é
aceitável, bastando para isso que esteja de acordo com os seus sentimentos. Se uma criança tiver um sentimento profundamente negativo
em relação à escola, provavelmente pensará que não há mal algum em faltar às aulas. E o subjetivista terá de aceitar que, para ela, é
verdade que não há mal algum em faltar às aulas.
• Objeções ao subjetivismo

3. O subjetivismo tira todo o sentido ao debate racional sobre questões morais.


Para o subjetivista, as noções de certo e errado, bem e mal, são criações dos indivíduos que resultam apenas das suas preferências, desejos ou
sentimentos. Assim, um subjetivista terá de acreditar que qualquer tentativa de debater racionalmente uma questão moral é
perfeitamente inútil, uma vez que não há qualquer verdade independente dos sentimentos de cada indivíduo que possa ser demonstrada
através do debate. Cada indivíduo limitar-se-á a defender as posições que estiverem de acordo com os seus sentimentos. Se o Joaquim
seguir princípios racistas, de nada servirá tentar mostrar-lhe que está errado, até porque, de acordo com o subjetivismo, nunca é possível
que estejamos enganados em questões morais. Se o Joaquim disser que devemos tratar os brancos como inferiores, sentindo
intensamente que isso está certo, então a afirmação «Devemos tratar os brancos como inferiores» está realmente correta para ele, é
«verdadeira para ele». O Joaquim não está nem mais nem menos enganado do que alguém que pense o contrário. E, se o Joaquim tem
razão do seu ponto de vista, então ficamos sem motivos para tentar mudar a sua opinião – não temos motivos para argumentar
racionalmente a favor seja do que for. Assim, o subjetivismo torna absurdo qualquer esforço racional para encontrar os melhores
princípios éticos e para os justificar perante os outros.

4. Não explica o “progresso axiológico”:


Considerarmos que há uma evolução positiva na sociedade quando se alcançam valores considerados superiores, como a condenação da
escravatura.
• Objeções ao subjetivismo

5. Não explica a preferência por valores partilhados.


Se educarmos as crianças de acordo com a perspetiva subjetivista, teremos de ensinar-lhes apenas a seguir
os seus sentimentos, a orientar-se em função daquilo de que gostam e de que não gostam. Teremos de
lhes dizer que qualquer comportamento que venham a ter é aceitável, bastando para isso que esteja de
acordo com os seus sentimentos. Se uma criança tiver um sentimento profundamente negativo em
relação à escola, provavelmente pensará que não há mal algum em faltar às aulas. E o subjetivista terá
de aceitar que, para ela, é verdade que não há mal algum em faltar às aulas.
Principio: os juízos morais têm valor de verdade e devem ser
suportados por boas justificações ou razões imparciais.

Defende que:
* Um juízo moral é correto quando, independentemente de gostos
e de convenções, tem as melhores razões do seu lado – racionais e
imparciais.
As avaliações morais têm de ser justificadas de uma forma que seja
aceitável para qualquer individuo racional, seja qual for a sua crença
ou sociedade. Quanto melhor for a justificação que suporta o juízo
moral, mais razões teremos para considerá-lo objetivamente
verdadeiro.

•A possibilidade de existirem valores e juízos universais que


ultrapassam a subjetividade dos indivíduos e das sociedades onde
estão inseridos.
• Permite encontrar valores transubjetivos
•Permite encontrar valores transubjetivos

√ avaliação imparcial da moralidade de atos e práticas.


√ condenação de certas práticas e promoção de outras a nível global.
√ aceitação por parte de todos os indivíduos racionais
( independentemente dos seus gostos ou interesses).
√ promoção do diálogo, nomeadamente do diálogo intercultural
•Critérios transubjetivos de valoração1

Permitem fazer juízos de valor que ultrapassam o ponto de vista de


cada sujeito ou grupos de sujeitos – assim devemos adotar uma
perspetiva imparcial, pensada à escala planetária e procurada em
conjunto com outros povos

Você também pode gostar