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VALORES e VALORAÇÃO
A ação humana implica a existência de valores que orientam as escolhas - as nossas ações,
as decisões que tomamos não são por acaso ou à deriva. Os valores influenciam a forma como
nos relacionamos com o que nos rodeia. Perante as coisas, os factos, os acontecimentos, as
pessoas não nos limitamos a descrever e a explicar, assumimos posições valorativas;
paralelamente a uma atitude explicativa, temos uma atitude valorativa: apreciamos as coisas que
nos cercam em termos de bom ou mau, justo ou injusto, belo ou feio, útil ou prejudicial…
A atitude valorativa leva-nos a tomar posição perante os factos, apreciando-os como algo
valioso. Assim, a realidade deixa de ser neutra porque o sujeito a valoriza como positiva ou
negativa.
“Introduzir o valor no mundo é introduzir nele diferenças que estão sempre relacionadas
com preferências” (L. Lavelle) - é porque valorizamos a realidade que não há neutralidade.
Assumir valores implica cortar com a indiferença. Então, os valores não estão diante de
nós como um facto, mas são referências que nos obrigam a uma atitude de rejeição ou de
aceitação.
Importa aqui distinguir juízo de facto de juízo de valor. Os juízos de facto procuram
exprimir o que é ou como é a realidade, explicamos o seu ser. Quando emitimos um juízo de
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valor, apreciamos, avaliamos reconhecendo ou retirando valor, mas não acrescentando nada à sua
estrutura.
“Quando dizemos de algo que vale, não descrevemos o que esse algo é, mas que ele não é
indiferente”. (García Morente)
“Um juízo de valor não é arbitrário (tal como o não pode ser um juízo de facto), refere-se
a seres ou condutas julgados à luz de certos valores. É um juízo que supõe a adesão de um
sujeito a um ideal, uma referência com o qual compara as coisas ou acontecimentos.”
(Guy Rocher)
O valor é portanto anterior ao juízo de valor e faz com que julguemos a realidade em
termos do que deve ser, em termos do seu grau de estima.
A hierarquia de valores que assumimos influencia a forma como agimos e julgamos o que nos
rodeia, podemos, assim, dizer que os valores funcionam como princípios orientadores da nossa
ação e dos nossos juízos valorativos. Então, o nosso querer, as nossas ações e juízos têm que ter
uma referência para não serem à deriva, ao acaso, ao sabor das circunstâncias. Se os valores do
homem fossem diferentes, o mundo seria julgado de modo diferente e a nossa atuação teria uma
diferente orientação.
* Os valores têm uma estrutura hierárquica: os valores são múltiplos (éticos, estéticos,
religiosos, económicos, intelectuais, vitais) mas não nos aparecem como um amontoado, antes
como uma certa ordem de prioridades, quer isto dizer que, nas diversas situações ou
circunstâncias, há valores que consideramos superiores e outros inferiores, isto é, uns parecem-
nos mais nobres, mais elevados, outros mais baixos, menos nobres; há uns que nos aparecem
com maior força e exigência e, como tal, uns que preferimos e outros que preterimos. Esta
hierarquia não é rígida sendo influenciada por fatores pessoais e histórico-culturais, mas admitir
flutuações na hierarquia de valores não significa que todas as hierarquias tenham a mesma
legitimidade.
QUESTIONÁRIO:
Questão a debater:
- Os valores são referências diferentes de indivíduo para indivíduo ou de sociedade para
sociedade ou existem valores comuns a todos os homens?