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A REPÚBLICA

A REPÚBLICA

A CRISE DA MONARQUIA
“O pensamento e a ciência são republicanos,
porque o génio criador vive de liberdade e só
a República pode ser verdadeiramente livre
[...]. O trabalho e a indústria são
republicanos, porque a atividade criadora
quer segurança e estabilidade e só a
República [...] é estável e segura [...]. A
República é, no Estado, liberdade [...]; na
indústria, produção; no trabalho, segurança;
na nação, força e independência. Para todos,
riqueza; para todos, igualdade; para todos,
luz.”

Antero de Quental, República, 1870.


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A CRISE DA MONARQUIA
• Esgotamento do • Défice elevado das • Descontentamento
rotativismo. finanças públicas. perante a cedência face a
• Incapacidade dos partidos • Endividamento do Estado. Inglaterra.

FATORES ECONÓMICOS
políticos e dos governos em • Dependência da economia • Limitação das liberdades
FATORES POLÍTICOS

FATORES SOCIAIS
resolver os problemas do nacional face ao individuais.
país. estrangeiro. • Aproveitamento das
• Ascensão progressiva do • Questão dos comemorações da morte
Partido Republicano adiantamentos à Casa Real. de Luís de Camões e do
Português. • Atraso do país face aos Marquês de Pombal para
• Cedência da monarquia outros países europeus. mobilizar a opinião pública
perante o Ultimatum. • Persistência de atrasos contra a monarquia.
• Descredibilização da estruturais nos vários • Campanha republicana na
monarquia. setores económicos. imprensa para
• Descontentamento com a • Aumento de impostos. desacreditar a monarquia.
ditadura de João Franco. • Diminuição do poder de • Multiplicação das greves.
• Tentativas republicanas de compra das classes médias.
derrube da monarquia.
A REPÚBLICA

A CRISE DA MONARQUIA

A família real foi alvo de um


atentado a 1 de fevereiro de 1908,
na Praça do Comércio, quando
regressavam de Vila Viçosa.

REGICÍDIO

D. Carlos e o D. Manuel II subiu ao trono,


príncipe herdeiro, num reinado que apenas
D. Luís Filipe, durou dois anos, conhecidos
morreram. como a “acalmação”.
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A CRISE DA MONARQUIA
D. Manuel II

Promoveu a tolerância e a liberdade.


Manteve-se o
Não conseguiu evitar a ascensão do Partido sentimento de
Republicano Português, que obteve uma descrédito associado
vitória significativa nas eleições de 1910. à monarquia.

A agitação
O seu reinado ficou marcado pela
republicana
revogação do monopólio do açúcar e do D. Manuel II, O Desventurado.
continuou.
álcool na Madeira, pela questão do Hinton
e do desfalque do Crédito Predial.
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A IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
5 de outubro de 1910
O golpe iniciou-se no Às 11 horas do dia 5, Formação de um
dia 4 de outubro de os chefes governo provisório.
1910. republicanos
proclamaram, da
Foi dirigido por varanda da Câmara
Machado dos Municipal de Lisboa,
Santos. a instauração da
República.

Machado dos Santos José Relvas Teófilo de Braga


A REPÚBLICA

A IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA

Bernardino
Teófilo de Braga, Machado, ministro
presidente. dos Negócios Brito Camacho,
Estrangeiros. ministro do
Afonso Costa, Fomento.
António José de ministro da Justiça.
Almeida, ministro
do Interior.
A REPÚBLICA

A AÇÃO DO GOVERNO PROVISÓRIO


Esteve em funções de 5 de outubro de 1910 até 3 de setembro de 1911.
Aplicou medidas que estavam consagradas no programa do Partido
PROVISÓRIO
GOVERNO
Republicano Português.
Procurou restabelecer a ordem pública.

Procurou obter o reconhecimento internacional do novo regime.

Convocou eleições para a Assembleia As eleições realizaram-se a


20 de maio de 1911.
Nacional Constituinte.
À Assembleia Nacional
Constituinte cabia elaborar
a Constituição republicana.
Busto da República, de
Júlio Vaz Júnior.
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A AÇÃO DO GOVERNO PROVISÓRIO

Aboliu as
Dissolveu os partidos
PROVISÓRIO

instituições
GOVERNO

monárquicos
monárquicas

Aboliu os símbolos Alterou os símbolos


do regime da identidade
monárquico nacional

Postal comemorativo do
primeiro aniversário da
implantação da República.
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NOVOS SÍMBOLOS DA IDENTIDADE NACIONAL


A bandeira passou a ser verde e vermelha,
já que estas eram, desde 1891, as cores do
Partido Republicano Português.
O verde simbolizava a esperança da nação e
o vermelho o sangue dos que tinham
morrido pela pátria.
A bandeira azul e No centro, a esfera armilar manuelina
branca da monarquia valorizava a história marítima de Portugal;
foi substituída sobre ela, o escudo com as cinco quinas
dispostas em cruz grega, cada uma com
cinco besantes brancos, que simbolizam as
cinco chagas de Cristo, ladeadas de sete
castelos amarelos, que representavam as
vitórias dos portugueses sobre os mouros.
A REPÚBLICA
Heróis do mar, nobre povo,
NOVOS SÍMBOLOS DA IDENTIDADE NACIONAL Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
A verdade não se ofusca Entre as brumas da memoria,
O Rei não se engana, não, Oh pátria sente-se a voz
Proclamemos Portugueses Dos teus egrégios avós,
Divinal Constituição Que há de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
(Coro)
Sobre a terra, sobre o mar,
Viva, viva, viva ó Rei Às armas, às armas!
Partitura do
Viva a Santa Religião Hino da Carta Pela pátria lutar!
Vivam Lusos valorosos Constitucional. Contra os Canhões
A feliz Constituição marchar, marchar!
A feliz Constituição
Excerto do Hino da Carta. Excerto de A Portuguesa.
Partitura de A Portuguesa, de Henrique
Lopes de Mendonça e Alfredo Keil.
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NOVOS SÍMBOLOS DA IDENTIDADE NACIONAL

Moeda de 200 réis, 1909. O escudo substituiu o real.


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MEDIDAS DO GOVERNO PROVISÓRIO


‐ Combateu o clericalismo.
‐ Promoveu a laicização do Estado através de várias medidas:
• extinção das ordens religiosas;
• expulsão dos jesuítas;
PROVISÓRIO

• nacionalização dos bens eclesiásticos;


GOVERNO

Medidas em • proibição do uso de vestes talares em público;


matéria • abolição do juramento religioso nos atos civis;
religiosa
• extinção da faculdade de Teologia;
• Fim do ensino religioso nas escolas.
‐ Promulgação da lei da Separação do Estado da Igreja.
‐ Consagração da liberdade religiosa.
‐ Abolição do financiamento à Igreja.
‐ Extinção das côngruas.
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A PROPAGANDA ANTICLERICAL
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MEDIDAS DO GOVERNO PROVISÓRIO


Medidas ‐ Aprovação da lei do divórcio.
em ‐ Consagração do casamento como ato civil.
matéria
PROVISÓRIO

‐ Aprovação da lei do Registo Civil.


GOVERNO

civil

‐ Estabelecimento do descanso semanal


obrigatório.
Medidas ‐ Regulamentação do horário de trabalho. Legislação republicana
em após o Governo
‐ Promulgação do direito à greve.
matéria Provisório:
social ‐ Aprovação da liberdade de imprensa.
‐ Consagração da responsabilidade patronal em - criação do Ministério
caso de acidentes de trabalho. do Trabalho e da
‐ Aumento do número de associações de socorros Previdência Social
mútuos. (1916)
‐ Promoção da construção de bairros operários.
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DIREITOS E LIBERDADES CÍVICAS

A consagração do registo civil.


A liberdade de
imprensa.
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MEDIDAS DO GOVERNO PROVISÓRIO

‐ Promoção de um ensino laico e descentralizado.


‐ Implementação do ensino infantil (4 a 7 anos) com a
criação de jardins-escolas.
PROVISÓRIO
GOVERNO

‐ Obrigatoriedade e gratuitidade do ensino primário.


Medidas em ‐ Valorização da carreira docente.
matéria de
educação ‐ Remodelação dos círculos escolares.
‐ Criação das Universidades de Lisboa e do Porto.
‐ Criação do Instituto Superior Técnico.
‐ Elevação das Escolas Médico-Cirúrgica a Faculdades
de Medicina.
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A INSTRUÇÃO

Postal em homenagem Sala de aula, c. 1914.


à lei da instrução primária.
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MEDIDAS DO GOVERNO PROVISÓRIO

Legislação republicana
‐ Criação da Direção-Geral da Saúde. após o Governo
PROVISÓRIO

‐ Criação de dispensários e sanatórios para


GOVERNO

Provisório:
Medidas ao assistência aos tuberculosos.
nível da saúde e ‐ criação dos Hospitais
da assistência ‐ Extensão da Assistência Nacional aos Civis de Lisboa (1914);
pública Tuberculosos a todo o continente, ilhas e ‐ aprovação da criação
colónias. da Maternidade de
‐ Criação de dispensários materno-infantis. Lisboa, Dr. Alfredo da
Costa (1917).
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A SAÚDE E A ASSISTÊNCIA

Desenvolvimento da Auxílio maternal do Funchal, 1913. A assistência aos


investigação médica, 1911. tuberculosos.
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A CONSTITUIÇÃO DE 1911

‐ Instituiu a República Portuguesa.


‐ Instituiu o sistema parlamentar.
CONSTITUIÇÃO
REPUBLICANA

Aprovada pela
Assembleia Instituiu a separação dos poderes políticos:
Constituinte a 21 ‐ poder legislativo: cabia ao Congresso, formado pela
de agosto de 1911 Câmara dos Deputados e pelo Senado, cujos
membros eram eleitos por sufrágio direto;
‐ poder executivo: era exercido pelo Presidente da
República e pelos ministros;
‐ poder judicial: cabia aos juízes, mantendo-se a
instituição do júri.
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A CONSTITUIÇÃO DE 1911
O Presidente da República:
Conferiu maior
‐ não podia dissolver o Congresso;
importância ao poder
legislativo do que ao ‐ não dispunha de direito de veto.
executivo. Os ministros prestavam contas perante as Câmaras (Congresso e Senado).
CONSTITUIÇÃO
REPUBLICANA

Instituiu um sistema parlamentar.


Consagrou a igualdade Consagrou o regime presidencialista:
dos cidadãos e as ‐ fazia do Presidente da República uma figura representativa que
liberdades promulgava as leis aprovadas pelo Congresso.
fundamentais.

Instituiu a liberdade Aboliu o privilégio do nascimento.


religiosa e a laicização
do Estado. Extinguiu os títulos nobiliárquicos.
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A FRAGILIDADE GOVERNATIVA
DIVISÕES NO INTERIOR DO
PARTIDO REPUBLICANO LUTAS POLÍTICO-
ORIGINARAM NOVOS -PARTIDÁRIAS
PARTIDOS POLÍTICOS

Partido Democrático,
Descrédito da
liderado por
República
Afonso Costa

Partido Evolucionista, Na legenda:


chefiado por António A República perde as No Coliseu de S. Bento: Os valentíssimos lutadores
José de Almeida suas bases de apoio Afonso Democrático e Pedro Evolucionista fizeram
um assalto demonstrativo… de linguagem de
Ribeira Nova. O árbitro viu-se seriamente
Partido Unionista, embaraçado para saber a quem havia de dar a
liderado por Brito vitória, tão bons foram, de parte a parte, os
Camacho golpes… de eloquência varinal.
A REPÚBLICA

A FRAGILIDADE GOVERNATIVA
INSTABILIDADE PROBLEMAS SITUAÇÃO AGRAVADA COM A
POLÍTICA FINANCEIROS PARTICIPAÇÃO DE PORTUGAL NA
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL.
- Incapacidade
governativa Elevado défice
público ESTAS FRAGILIDADES CONTRIBUÍRAM
- Queda frequente
de governos PARA PÔR FIM À PRIMEIRA
REPÚBLICA PORTUGUESA EM 1926.
Golpes Desequilíbrio
monárquicos orçamental

Golpes militares de
dissidentes
republicanos
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