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Projeto leitura coletiva

em sala de aula
Leitura do livro: Suzy
e as águas-vivas

Autora: Ali Benjamim


Autora:
Suzy e as águas-vivas é o primeiro romance escrito por Ali
Benjamin, autora norte-americana, cujo verdadeiro nome é
Alison.
No romance Suzy e as águas-vivas, Benjamin confessou:
como a protagonista, ela ficou encantada pela espécie ao
visitar o aquário público. A escritora também contou que,
igual a Suzy, ficou impactada com a descoberta de que
existiam pessoas que dedicavam toda a vida à pesquisa sobre
as águas-vivas. Ela segredou em uma entrevista que teve uma
sensação de inveja, pois essas pessoas, embora dedicassem
suas pesquisas somente a um objeto — a água-viva —,
sempre teriam novidades a aprender

A tradutora deste livro é Cecília Camargo Bartalotti. Nascida


em São Paulo, Bartalotti estudou Farmácia e Letras,
especializando-se posteriormente na área de Tradução. Sua
produção como tradutora inclui vários livros de literatura e de
não ficção.
Suzy e as águas-vivas foi escrito em 2015 e
publicado no Brasil no ano posterior. Diante de sua
qualidade, a obra conquistou o prestigiado prêmio
de livro do ano do New York.
O romance discorre sobre um período difícil
enfrentado por sua protagonista e também
narradora, a adolescente Suzanne Swanson. Trata-
se, pois, de uma narrativa autodiegética. Times
Book Review.
Suzy, como é chamada, vê-se aos doze anos diante de um período de luto, e é
sobre as formas pelas quais ela tenta compreendê-lo para, posteriormente,
superá-lo que trata o livro. Além disso, a obra aborda questões pertinentes à
tolerância e ao respeito às diferenças e às escolhas. A narrativa tem como temas
centrais as questões dos processos de autoconhecimento enfrentados pelos
adolescentes, seus sentimentos e emoções, e suas relações com a família, os
amigos e a escola. O romance trata com muito cuidado as mudanças da
adolescência, sobretudo em torno daqueles garotos e garotas que se sentem
diferentes.
Essas diferenças são apontadas como relacionadas a certos sintomas de
transtornos, representados na narrativa por meio de traços específicos no
comportamento de personagens, apresentados tanto de forma explícita, como
implícita.
Assim, o personagem Justin, colega de classe de Suzy, apresenta sintomas de TDAH,
isto é, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. De maneira clara, a
narrativa o representa como um menino deslocado e com comportamento não
convencional, que muda positivamente após o tratamento;

Outro transtorno representado ficcionalmente na narrativa, por meio da personagem


Franny — a amiga que Suzy perde —, é a dislexia. Todavia, ao contrário do TDAH,
que é claramente citado no romance, só são apresentados ao leitor os sintomas de
Franny: dificuldade para ler e memorizar informações textuais, troca de letras no
processo de escrita e escrita espelhada.
O terceiro transtorno aludido no livro — este relacionado à própria protagonista
— é a síndrome de Asperger. Como ocorre com a personagem Franny, o
transtorno não é nomeado, porém são elencadas na narrativa várias características
de Suzy que convergem para o diagnóstico de Asperger, como a alta inteligência,
a sensibilidade a sons e toques, a dificuldade de interação social e a fala contínua,
apontada pelos pais dela, por exemplo.

O foco narrativo está limitado aos pensamentos e percepções de Suzy


sobre o mundo. O alcance sobre a condição do amigo com TDAH só
ocorre porque ele conta para Suzy sobre o remédio que precisa tomar.
Em relação à dislexia de Franny e às características no espectro da
síndrome de Asperger presentes em Suzy, há uma alusão implícita, por
conta da inconsciência desta, embora ela consiga tanto percebê-las como
refletir sobre estas.
O bullying caracteriza-se pela continuidade, não sendo apenas uma
mera briga ou discussão episódica, mas uma condição de
perseguição repetitiva. No romance, Suzy é vítima de bullying e,
por conta dele, passa por uma humilhação durante uma viagem
escolar, em uma situação que se torna ainda mais dolorosa por
envolver Franny.
A narrativa tem início com Franny morta e Suzy, recém-ingressa
no segundo segmento do Ensino Fundamental, iniciando um
projeto de Ciências, nas aulas de sua nova professora, a Sra.
Turton, a quem, no decorrer da história, se conectará. Haverá
durante todo o romance uma relação entre o projeto de pesquisa e
as etapas referentes ao seu desenvolvimento científico — objetivo,
hipótese, referencial, variáveis, procedimento, resultados e
conclusão — e as reflexões que Suzy organiza para enfrentar os conflitos da vida.
• Suzy, sobretudo, está em busca de um sentido não só para a
morte da amiga, como para sua própria vida. Ela decide deixar
de falar, uma vez que também não consegue ver sentido no ato
de se comunicar verbalmente. A fala de Suzy passa a ser, então,
e durante boa parte da narrativa, convertida para dois receptores,
ambos imaginários: um “você”, com quem ela conversa, e que
no processo de leitura pode ser assumido como o narratário,
criando-se assim uma ligação com o leitor; e Franny, em
páginas nas quais as palavras são grafadas em itálico, a fim de
diferenciar as duas instâncias da narração de Suzy.
A conversa com Franny é solitária e imaginária, uma vez que a amiga já está morta. É um modo
de Suzy acessar a memória e tentar compreender sentimentos e comportamentos, de si e dos
outros, sobretudo de Franny. Amigas por anos e desde muito novas, Suzy encontrou em Franny
uma pessoa com quem se identificava, por ser a parceira também deslocada em relação ao que
se considera como o padrão. Elas constroem uma amizade muito bonita, porém Franny começa
a mudar e passa a desejar a companhia de outras meninas.
No início, ela tenta levar Suzy para o novo grupo, mas, como esta não se encaixa, passa a evitá-
la e a menosprezá-la, como as novas amigas. Na viagem à qual nos referimos, Franny está entre
as meninas mais populares da escola, enquanto Suzy encontra-se sozinha e deslocada. Em dado
momento, Suzy está deitada e percebe a aproximação de um grupo. Alguém cospe em seu rosto
e o grupo sai, rindo e debochando da garota. Suzy, desolada, compreende que Franny está
envolvida na situação. Como contrapartida, ela prepara uma situação vexatória para Franny, ao
colocar em seu armário discos congelados de urina. Ela não tenta, com o ato, humilhar a amiga,
mas alertá-la para o seu comportamento, já que no passado Franny pedira a Suzy que a avisasse,
caso se tornasse como o grupo de garotas com o qual passou a andar posteriormente.
• Após o episódio, Suzy espera uma reação de Franny, que não vem. O que lhe chega é uma
terrível notícia: em uma viagem a Maryland, a menina, malgrado o fato de ser ótima
nadadora, havia se afogado. A morte de Franny abala Suzy profundamente e a levará ao
silêncio. Ao ir ao aquário com a sua turma e se espantar com as águas-vivas e a quantidade de
pesquisas e informações que as cercavam, Suzy, além de escolhê-las como seu objeto de
estudo, passa a pensá-las como uma metáfora de sua própria vida e escolhas. Por exemplo, ao
pensar sobre como reagiu ao bullying de Franny, Suzy reflete que o veneno é uma forma de
defesa empreendida pelos mais frágeis.
• Além disso, sua ida ao aquário faz com que encontre uma água-viva minúscula e mortalmente
venenosa, da espécie Irukandji. Como havia relatos da presença dessa espécie no local onde
Franny morrera, Suzy tenta dar um sentido para a morte da amiga, fazendo muitas pesquisas
para provar a hipótese de que esta fora causada pelo veneno da Irukandji.
No decorrer do livro, enquanto reflete sobre seu passado com Franny e suas relações no
presente, Suzy começa a pesquisar vários especialistas em águas-vivas, para obter ajuda na
comprovação de sua hipótese. Todos os que são nominalmente citados no livro existem não só
no universo ficcional do romance, mas de fato. Dois deles terão grande importância na
história: o biólogo especialista em águas-vivas Jamie Seymour, da universidade australiana
James Cook, e a nadadora sexagenária Diana Nyad, que tentara quatro vezes atravessar a nado
a distância entre Cuba e a Flórida, sendo impedida pelas queimaduras de águas-vivas.
Ambos aparecem no romance, e suas referências nesta ficção coincidem com dados reais, à
exceção da data da quinta travessia de Nyad, tratada com a liberdade ficcional franqueada à
obra literária. Outras referências existentes na realidade e aproveitadas no romance são os
materiais pesquisados e usados nas aulas de Ciências por Suzy e sua professora — há no fim
do livro uma relação de onde encontrá-los.
Sobre o personagem Jamie, Suzy acredita que ele será a única
pessoa a entendê-la, já que o biólogo fora picado por uma
Irukandji e sobrevivera, tendo tudo sido registrado pela televisão.
Porém, sobretudo, Suzy tem tal crença porque Jamie, apesar de
ter quase morrido, teve a capacidade de perdoar as águas-vivas e
de continuar a estudá-las. Portanto, ele lhe parece uma promessa
de aprendizado do perdão.

O romance oferece-se, pois, como um instrumento relevante para


provocar a reflexão em nossos alunos 19 sobre a necessidade
fundamental de respeitarmos as diferenças, assim como de
refletirmos sobre nossos sentimentos e ações, a fim de
entendermos o nosso lugar no mundo. Além disso, oferece vários
pontos de interesse sobre a experiência científica, ao demonstrar
seu poder para abrir novas perspectivas sobre o mundo.
Pós-leitura
Como a obra representa as experiências de adolescentes com transtornos?

Vocês percebem que a questão é tratada de modo natural, ou como doença? Qual é
a como diferença.

Como é a representação do bullying na obra?


Vocês já sofreram algum tipo de bullying?
Nós conte sobre as experiências vividas ou testemunhadas pela turma em torno da
prática de bullying.

Reportagem “Alunos tentam virar o jogo e superar o bullying em escola pública do


Rio de Janeiro”, disponível em https://globoplay. globo.com/v/4642368/. Acesso
em junho de 2018.

Listem argumentos e ações contra o bullying;


Águas- Vivas

• https://www.nationalgeographicbrasil.com/video/tv/101-agua-viva

• https://www.dailymotion.com/video/x14q5pm

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