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O que é multilinguismo?

Translinguagem
Leonardo Ribeiro
PPGL/UFPel
Aquisição, variação e ensino
País de Gales
País de Gales

● Duas línguas oficiais: o galês e o inglês.


País de Gales

● Duas línguas oficiais: o galês e o inglês.

● O galês foi a língua dominante no país até o início do século XX,


quando o inglês assumiu o posto.
País de Gales

● Duas línguas oficiais: o galês e o inglês.

● O galês foi a língua dominante no país até o início do século XX,


quando o inglês assumiu o posto.

● Esforço de manutenção do galês entre a população do país.


Cen Williams
trawsieithu

Cen Williams

(Williams, 1994)
trawsieithu
● Modelo pedagógico

Cen Williams

(Williams, 1994)
trawsieithu
● Modelo pedagógico

● Revitalização do bilinguismo

Cen Williams

(Williams, 1994)
trawsieithu
● Modelo pedagógico

● Revitalização do bilinguismo

● Alternância entre a língua do input e a


língua do output
Cen Williams

(Williams, 1994)
trawsieithu

Colin Baker

(Lewis, Jones e Baker, 2012)


trawsieithu

translanguaging

Colin Baker

(Lewis, Jones e Baker, 2012)


Os quatro benefícios da translinguagem:

1º:

2º:

3º:

4º:
(Lewis, Jones e Baker, 2012)
Os quatro benefícios da translinguagem:

1º: promove um entendimento mais aprofundado do tema em questão;

2º:

3º:

4º:
(Lewis, Jones e Baker, 2012)
Os quatro benefícios da translinguagem:

1º: promove um entendimento mais aprofundado do tema em questão;

2º: auxilia o desenvolvimento da língua mais fraca;

3º:

4º:
(Lewis, Jones e Baker, 2012)
Os quatro benefícios da translinguagem:

1º: promove um entendimento mais aprofundado do tema em questão;

2º: auxilia o desenvolvimento da língua mais fraca;

3º: facilita a conexão entre o ambiente escolar e o ambiente doméstico;

4º:
(Lewis, Jones e Baker, 2012)
Os quatro benefícios da translinguagem:

1º: promove um entendimento mais aprofundado do tema em questão;

2º: auxilia o desenvolvimento da língua mais fraca;

3º: facilita a conexão entre o ambiente escolar e o ambiente doméstico;

4º: estimula a integração entre alunos mais e menos fluentes.


(Lewis, Jones e Baker, 2012)
Você utiliza a sua língua materna durante as suas aulas de língua estrangeira?
Com que finalidade?
Você utiliza a sua língua materna durante as suas aulas de língua estrangeira?
Com que finalidade?

Seus professores utilizam a língua materna também? Em quais momentos?


Você utiliza a sua língua materna durante as suas aulas de língua estrangeira?
Com que finalidade?

Seus professores utilizam a língua materna também? Em quais momentos?

Você já se sentiu constrangido por falar outra língua em sala de aula?


Trawsieithu

Translanguaging
Trawsieithu

Translanguaging

Translanguaging (Garcia, 2009)


Translanguaging

Translanguaging
(Garcia, 2009)
Translanguaging

Translanguaging
(Garcia, 2009)
Ofelia Garcia
● repertório linguístico

● línguas nomeadas

● corriente
Ofelia Garcia
● repertório linguístico

● línguas nomeadas

● corriente
Ofelia Garcia
● repertório linguístico

● línguas nomeadas

● corriente
Ofelia Garcia
Bilinguismo subtrativo Bilinguismo aditivo
Bilinguismo subtrativo
Bilinguismo subtrativo

Quando o sujeito precisa substituir


uma língua pela outra.
Bilinguismo subtrativo

Quando o sujeito precisa substituir


uma língua pela outra.

● povos indígenas

● imigrantes

● falantes de línguas minoritárias


Bilinguismo subtrativo Bilinguismo aditivo

Quando o sujeito precisa substituir


uma língua pela outra.

● povos indígenas

● imigrantes

● falantes de línguas minoritárias


Bilinguismo subtrativo Bilinguismo aditivo

Quando o sujeito precisa substituir Quando o sujeito acrescenta outra


uma língua pela outra. língua ao seu repertório e conserva o
uso de ambas.

● povos indígenas

● imigrantes

● falantes de línguas minoritárias


Bilinguismo subtrativo Bilinguismo aditivo

Quando o sujeito precisa substituir Quando o sujeito acrescenta outra


uma língua pela outra. língua ao seu repertório e conserva o
uso de ambas.

● povos indígenas ● membros da elite

● imigrantes ● falantes de línguas majoritárias

● falantes de línguas minoritárias


Os modelos subtrativo e aditivo não são suficientes para descrever a
maneira como falantes bilíngues e multilíngues adquirem, e sobretudo
utilizam, as suas línguas.
Os modelos subtrativo e aditivo não são suficientes para descrever a
maneira como falantes bilíngues e multilíngues adquirem, e sobretudo
utilizam, as suas línguas.

- as línguas não desaparecem;


Os modelos subtrativo e aditivo não são suficientes para descrever a
maneira como falantes bilíngues e multilíngues adquirem, e sobretudo
utilizam, as suas línguas.

- as línguas não desaparecem;


- as línguas não deixam de ser usadas;
Os modelos subtrativo e aditivo não são suficientes para descrever a
maneira como falantes bilíngues e multilíngues adquirem, e sobretudo
utilizam, as suas línguas.

- as línguas não desaparecem;


- as línguas não deixam de ser usadas;
- as línguas estão em contato ao redor do falante;
Os modelos subtrativo e aditivo não são suficientes para descrever a
maneira como falantes bilíngues e multilíngues adquirem, e sobretudo
utilizam, as suas línguas.

- as línguas não desaparecem;


- as línguas não deixam de ser usadas;
- as línguas estão em contato ao redor do falante;
- as línguas estão em contato no falante.
Os modelos subtrativo e aditivo não são suficientes para descrever a
maneira como falantes bilíngues e multilíngues adquirem, e sobretudo
utilizam, as suas línguas.

- as línguas não desaparecem;


- as línguas não deixam de ser usadas;
- as línguas estão em contato ao redor do falante;
- as línguas estão em contato no falante.

dinâmico
translanguaging
translanguaging
● a language (substantivo)
translanguaging
● a language (substantivo)
translanguaging
● a language (substantivo)

● to language (verbo)
translanguaging
● a language (substantivo)

● to language (verbo)

Languaging se refere à nossa ação constante de desenvolver novas práticas


comunicativas.
translanguaging
● a language (substantivo)

● to language (verbo)

Languaging se refere à nossa ação constante de desenvolver novas práticas


comunicativas.

Segundo Becker (1995 apud Garcia, 2009), languaging significa empregar


língua antiga em novos contextos.
translanguaging
A language é algo que não pode ser alcançado.
translanguaging
A language é algo que não pode ser alcançado.

Um ato constante de utilizar, e atualizar, as nossas práticas linguísticas conforme


interagimos linguísticamente com o mundo.
translanguaging
A language é algo que não pode ser alcançado.

Um ato constante de utilizar, e atualizar, as nossas práticas linguísticas conforme


interagimos linguísticamente com o mundo.

ensinar uma língua


translanguaging
A language é algo que não pode ser alcançado.

Um ato constante de utilizar, e atualizar, as nossas práticas linguísticas conforme


interagimos linguísticamente com o mundo.

ensinar uma nova


ensinar uma língua
maneira de language
“Eu falo português, inglês e espanhol.”
“Eu falo português, inglês e espanhol.”

“Eu possuo um repertório linguístico.”


“Eu falo português, inglês e espanhol.”

“Eu possuo um repertório linguístico.”

O repertório linguístico é um conjunto de elementos e recursos, de ordem


fonológica, morfológica, sintática, semântica, pragmática e semiótica, que são
selecionados e empregados pelos falantes dependendo do contexto.
“Eu falo português, inglês e espanhol.”

“Eu possuo um repertório linguístico.”

O repertório linguístico é um conjunto de elementos e recursos, de ordem


fonológica, morfológica, sintática, semântica, pragmática e semiótica, que são
selecionados e empregados pelos falantes dependendo do contexto.

Esses recursos são associados a línguas nomeadas.


Português Inglês Francês
Português Inglês Francês

Repertório linguístico
Configurações
Selecionar idioma

- português
- inglês
- espanhol…
Configurações
Selecionar idioma
Teclado QWERTY
- português
Par…
- inglês part | parabéns | partage
- espanhol…
Como você descreveria o seu repertório linguístico?
Como você descreveria o seu repertório linguístico?

Quais elementos do seu repertório linguístico você mais usa?


Como você descreveria o seu repertório linguístico?

Quais elementos do seu repertório linguístico você mais usa?

O uso do seu repertório linguístico varia de acordo com quem você está falando?
Explique, por favor!
Três pilares
Três pilares

repertório linguístico
Três pilares

práticas linguísticas >


repertório linguístico
línguas nomeadas
Três pilares

práticas linguísticas > efeitos materiais de


repertório linguístico
línguas nomeadas ideologias estruturalistas
Perspectiva externa: quando os sujeitos
falam, tem-se a impressão de que eles estão
simplesmente selecionando um código no qual
irão performar (Vogel; Garcia, 2019).

Perspectiva interna: quando os sujeitos


falam, entende-se que eles estão
selecionando, dentro dos seus repertórios
linguísticos, aqueles que melhor expressam o
que desejam dizer naquele ambiente (Vogel;
Garcia, 2019).
Perspectiva externa: quando os sujeitos
falam, tem-se a impressão de que eles estão
simplesmente selecionando um código no qual
irão performar (Vogel; Garcia, 2019).

Perspectiva interna: quando os sujeitos


falam, entende-se que eles estão
selecionando, dentro dos seus repertórios
linguísticos, aqueles que melhor expressam o
que desejam dizer naquele ambiente (Vogel;
Garcia, 2019).
Perspectiva externa: quando os sujeitos
falam, tem-se a impressão de que eles estão
simplesmente selecionando um código no qual
irão performar (Vogel; Garcia, 2019).

Perspectiva interna: quando os sujeitos


falam, entende-se que eles estão
selecionando, dentro dos seus repertórios
linguísticos, aqueles que melhor expressam o
que desejam dizer naquele ambiente (Vogel;
Garcia, 2019).
Perspectiva externa
Perspectiva interna
Práticas translíngues podem ser:
Práticas translíngues podem ser:

- ser associadas a uma língua;


Práticas translíngues podem ser:

- ser associadas a uma língua;

- ser associadas a outra língua;


Práticas translíngues podem ser:

- ser associadas a uma língua;

- ser associadas a outra língua;

- ser consideradas não


pertencentes a língua alguma.
Práticas translíngues podem ser:

- ser associadas a uma língua;

- ser associadas a outra língua;

- ser consideradas não


pertencentes a língua alguma.

O foco da teoria não está nas


línguas. Está no uso que os
falantes dão aos seus repertórios
linguísticos.
práticas linguísticas > línguas nomeadas
práticas linguísticas > línguas nomeadas

Línguas nomeadas, como “francês”, “inglês” e “espanhol”, são termos comuns, empregados
pelas sociedades humanas com o intuito de nomear as suas práticas linguísticas (Vogel;
Garcia, 2019).
práticas linguísticas > línguas nomeadas

Línguas nomeadas, como “francês”, “inglês” e “espanhol”, são termos comuns, empregados
pelas sociedades humanas com o intuito de nomear as suas práticas linguísticas (Vogel;
Garcia, 2019).

Essas línguas nomeadas cumprem o papel sócio-político de estabelecer diferenças entre


povos e fronteiras. São construtos sociais, mas não são fatos linguísticos (Vogel; Garcia,
2019).
práticas linguísticas > línguas nomeadas

Línguas nomeadas, como “francês”, “inglês” e “espanhol”, são termos comuns, empregados
pelas sociedades humanas com o intuito de nomear as suas práticas linguísticas (Vogel;
Garcia, 2019).

Essas línguas nomeadas cumprem o papel sócio-político de estabelecer diferenças entre


povos e fronteiras. São construtos sociais, mas não são fatos linguísticos (Vogel; Garcia,
2019).

Psicolinguisticamente falando, aprender uma língua nova significa flexibilzar o nosso


repertório linguístico, expandindo-no com novos recursos e elementos.
As línguas podem
estar separadas aqui.
Mas não estão
separadas aqui.
É importante destacar, contudo, que, ainda que a teoria da translinguagem
reconheça que as línguas nomeadas são construtos sociais, elas não deixam de
ter efeitos materiais.
É importante destacar, contudo, que, ainda que a teoria da translinguagem
reconheça que as línguas nomeadas são construtos sociais, elas não deixam de
ter efeitos materiais.

Esses efeitos materiais se manifestam na forma de crenças quanto a:

- superioridade racial;
- superioridade de classe;
- superioridade de gênero; e
- outros marcadores sociais.
É importante destacar, contudo, que, ainda que a teoria da translinguagem
reconheça que as línguas nomeadas são construtos sociais, elas não deixam de
ter efeitos materiais.

Esses efeitos materiais se manifestam na forma de crenças quanto a:

- superioridade racial;
- superioridade de classe;
- superioridade de gênero; e
- outros marcadores sociais.

Por essa razão, a teoria da translinguagem é, acima de tudo, decolonial.


A teoria da translinguagem se liberta de ideologias divisoras como:
A teoria da translinguagem se liberta de ideologias divisoras como:

língua majoritária X língua minoritária


A teoria da translinguagem se liberta de ideologias divisoras como:

língua majoritária X língua minoritária

língua do colonizador X língua do colonizado


A teoria da translinguagem se liberta de ideologias divisoras como:

língua majoritária X língua minoritária

língua do colonizador X língua do colonizado

língua do país X língua do imigrante


A teoria da translinguagem se liberta de ideologias divisoras como:

língua majoritária X língua minoritária

língua do colonizador X língua do colonizado

língua do país X língua do imigrante

A teoria empodera os falantes, subverte as relações de poder e se concentra na


produção de sentido e na construção da identidade dos sujeitos (Garcia, 2009).
A teoria da translinguagem se liberta de ideologias divisoras como:

língua majoritária X língua minoritária

língua do colonizador X língua do colonizado

língua do país X língua do imigrante

A teoria empodera os falantes, subverte as relações de poder e se concentra na


produção de sentido e na construção da identidade dos sujeitos (Garcia, 2009).

A translinguagem não é um objeto. É um processo de construção de significado,


que rompe com as fronteiras que separam as línguas (Wei, 2018).
conjunto de habilidades
conjunto de habilidades

gramática e vocabulário
conjunto de habilidades línguas de casa proibidas

gramática e vocabulário
conjunto de habilidades línguas de casa proibidas

gramática e vocabulário foco no nativo


Translinguagem “mais fraca”

Translinguagem “mais forte”


Translinguagem “mais fraca”

não desconsidera as
línguas nomeadas

Translinguagem “mais forte”


Translinguagem “mais fraca”

não desconsidera as
línguas nomeadas

instruções se valem da L1
dos alunos

Translinguagem “mais forte”


Translinguagem “mais fraca”

não desconsidera as
línguas nomeadas

instruções se valem da L1
dos alunos

Translinguagem “mais forte”

desenvolvimento do
repertório linguístico
Translinguagem “mais fraca”

não desconsidera as
línguas nomeadas

instruções se valem da L1
dos alunos

Translinguagem “mais forte”

desenvolvimento do
repertório linguístico

seleção crítica dos


recursos desse repertório
Usar o repertório completo
=
Tocar bateria com as duas mãos
Usar o repertório completo Usar parte do repertório
= =
Tocar bateria com as duas mãos Tocar bateria com apenas uma mão
Segundo Garcia, Johnson e Seltzer (2017), o uso estratégico da teoria da translinguagem em
sala de aula possui quatro objetivos:

1º:

2º:

3º:

4º:
Segundo Garcia, Johnson e Seltzer (2017), o uso estratégico da teoria da translinguagem em
sala de aula possui quatro objetivos:

1º: fornecer suporte aos alunos enquanto eles lidam com material linguístico
complexo;

2º:

3º:

4º:
Segundo Garcia, Johnson e Seltzer (2017), o uso estratégico da teoria da translinguagem em
sala de aula possui quatro objetivos:

1º: fornecer suporte aos alunos enquanto eles lidam com material linguístico
complexo;

2º: gerar oportunidades para que os alunos desenvolvam práticas linguísticas que
lhes serão úteis em contextos acadêmicos;

3º:

4º:
Segundo Garcia, Johnson e Seltzer (2017), o uso estratégico da teoria da translinguagem em
sala de aula possui quatro objetivos:

1º: fornecer suporte aos alunos enquanto eles lidam com material linguístico
complexo;

2º: gerar oportunidades para que os alunos desenvolvam práticas linguísticas que
lhes serão úteis em contextos acadêmicos;

3º: dar espaço aos bilinguismos e demais formas de saber dos alunos; e

4º:
Segundo Garcia, Johnson e Seltzer (2017), o uso estratégico da teoria da translinguagem em
sala de aula possui quatro objetivos:

1º: fornecer suporte aos alunos enquanto eles lidam com material linguístico
complexo;

2º: gerar oportunidades para que os alunos desenvolvam práticas linguísticas que
lhes serão úteis em contextos acadêmicos;

3º: dar espaço aos bilinguismos e demais formas de saber dos alunos; e

4º: fornecer suporte durante o desenvolvimento das identidades bilíngues e


desenvolvimento sócio-emocional dos alunos.
● stance
● stance

● design
● stance

● design

● shift
corriente
Você tem experiência em sala de aula?
Você tem experiência em sala de aula?

Em quais momentos você sente que o uso da língua materna é necessário?

Em quais momentos você sente que o uso da língua materna é útil?


Obrigado!

a n k s! Merci
Th !

¡Gracias!
D an k e!

leonardorribeiro3283@gmail.com

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