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LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO BÁSICA

(LEB)

AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
Docente: Prof.ª Dr.ª Teresa Gonçalves
2.º ano, 1.º semestre
MÓDULOS *Avaliação

MÓDULO I
10 horas 1.º teste de avaliação de frequência:
8 nov.
MÓDULO II
8 horas
MÓDULO III
3 horas 2.º teste de avaliação de frequência:
10 jan.
MÓDULO IV
20 horas
*Avaliação 2 horas + 2 horas
Módulo 1 – Comunicação e
linguagem
(10 horas)
1.1. Definição de conceitos
1.2. O processo de aquisição da linguagem.
1.2.1. Bases biológicas para a aquisição da linguagem.
1.2.2. Interação verbal e aquisição da linguagem.
https://youtu.be/V--eu2d10Cg
Problemas:
● Todos os seres vivos podem adquirir uma língua?
● A nossa capacidade linguística é algo natural (‘nature’), ou seja, biologicamente determinado, OU cultural
(‘nurture’), isto é, socialmente determinado?

❑ Universalidade da faculdade de processar a linguagem [usar uma língua] nos seres


humanos.
❑ Usar uma língua não é uma faculdade das outras espécies animais.
❑ Portanto, usar uma língua é algo biologicamente determinado.

❑ A especificidade biológica dos seres humanos para usarem uma língua faz com que o
processo de crescimento linguístico decorra de forma semelhante em todas as
crianças, independentemente da sua língua materna.

❑ Em suma, tornamo-nos falantes porque temos uma determinada especificidade


biológica.
❑ Contudo, também é verdade que as línguas concretas não se herdam geneticamente.
Adquirimo-las porque vivemos em sociedade, vivemos imersos num grupo social que (Com base em:
usa uma determinada língua. Lopes, 2016: pp.173-182
Cabrera, 2013: pp.43-122.)
1.2.1. Bases biológicas para a aquisição da linguagem.
Critérios que demonstram a fundamentação biológica da faculdade humana da linguagem:
• Especificidade (função cognitiva da espécie; faculdade associada a uma série de capacidades cognitivas
exclusivas do ser humano).
• Universalidade (as propriedades específicas da função cognitiva aparecem reproduzidas em todos os
membros da espécie).
• Desenvolvimento linguístico natural e espontâneo (processa-se por etapas idênticas em todos os seres
humanos).
• Período crítico de desenvolvimento natural da competência linguística (situa-se, aproximadamente,
entre os 2 e os 10 anos).
• Adaptação espontânea (mecanismos de coesão grupal).
As línguas não se herdam geneticamente. Herdamos, sim, e apenas, a capacidade da
linguagem. Isto porque possuímos estruturas biológicas, anatómicas e neurológicas, que
nos permitem produzir e compreender uma língua.

O ser humano tem uma especificidade anatómica para a articulação dos sons e uma
especificidade neurológica requerida pela linguagem.
Especificidade anatómica:
O homem possui órgãos articulatórios ou vocais (aparelho fonador), com uma
especificidade própria, que lhe permitem produzir os sons da sua própria língua, bem
como de outras línguas. O aparelho fonador inclui os pulmões, a traqueia, a laringe
(cordas vocais), duas caixas de ressonância (a boca – língua, lábios, maxilares, palato e
dentes – e a cavidade nasal) e a faringe.

“A fala é produzida pelo fluxo de ar dos pulmões, que passa pela laringe, onde se situam
as cordas vocais, e daí pelas cavidades oral ou nasal, que configuram o tracto vocal. Os
movimentos conjugados dos lábios e da língua, que modificam a forma e as dimensões do
tracto vocal, permitem produzir as vogais. As consoantes são, por seu turno, produzidas
por diversos movimentos articulatórios que obstruem, momentaneamente, o fluxo de ar.
No caso de algumas destas consoantes, a passagem de ar é interrompida por completo
como, por exemplo, |p|, cuja oclusão é provocada pela junção dos lábios, ou |t|, em que
esse efeito se obtém pela compressão da ponta da língua na face interior dos [dentes]
incisivos superiores.” (Andrade, 2012: 16.)

❑ Os outros animais não conseguem usar o fluxo respiratório para articular uma tão
grande variedade de sons como o ser humano.
❑ Nos símios, por exemplo, a projeção da boca para a frente constitui um
constrangimento articulatório que impede a produção variada de sons.
Além da especificidade anatómica, o ser humano tem também uma especificidade
neurológica que permite o processamento da linguagem.

Especificidade neurológica:
O cérebro humano tem de controlar os atos motores da articulação e teve de se
especializar, ao longo da evolução, para o desempenho de funções linguísticas específicas.
“[…] a fala começa no nível cortical. O processo de pensamento ou de resposta conduz a
uma sequência de impulsos neurais que são transmitidos para a musculatura do
mecanismo respiratório, para a laringe e para as estruturas articuladoras. Esses impulsos
neurais podem ser (não necessariamente, porém) levados para toda a musculatura ao
mesmo tempo ou para determinadas estruturas.” (Andrade, 2012: 17.)

Os dois hemisférios do cérebro são responsáveis por diferentes aspetos do processamento


da linguagem.
O hemisfério esquerdo, habitualmente, especializa-se na análise estrutural do material
linguístico, nomeadamente, na realização fonológica, morfológica e sintática.
O hemisfério direito, habitualmente, especializa-se na representação global,
nomeadamente, em aspetos semânticos, na entoação (prosódia) e na expressão facial.
Prosódia: é no nível prosódico que se incluem os processos entoacionais, rítmicos ou o acento.
The organs of speech (Pearltrees)
http://www.pearltrees.com/pablooldaq/phonetics/id16931261#item194891698/l027
1.2.2. Interação verbal e aquisição da linguagem.
(competência linguística socialmente determinada)
Problemas:
● A nossa capacidade linguística é algo natural, biologicamente
determinado, ou cultural, socialmente determinado?

● A forma como falamos com as crianças poderá favorecer a


aquisição da língua e desenvolver “consciência linguística”?
1.2.2. Interação verbal e aquisição da linguagem.

❑ Estamos geneticamente determinados para o desenvolvimento da linguagem humana.


Todavia, as línguas concretas aprendem-se em sociedade, isto é, a aquisição de uma
língua específica só ocorrerá se a criança estiver imersa num ambiente linguístico e se
receber input linguístico, por isso a interação verbal é importantíssima. Se uma
pessoa não crescer rodeada de outras pessoas que usem uma língua, não adquirirá
nenhuma língua.

❑ Independentemente da língua em causa, os pais e adultos do ambiente próximo da


criança, apesar de conversarem naturalmente entre si, costumam dirigir-se-lhe num
discurso simplificado, que designaremos por maternalês [“motherese”].

❑ Resumidamente, o maternalês caracteriza-se por recorrer a frases curtas, vocabulário


simplificado, articulação clara e entoação muito expressiva.
• Mecanismos usados no maternalês:

– contexto;

– redundância;

– repetição;
– ordens e perguntas;

– aprovação/elogio.

• Adaptações estruturais típicas no maternalês:

– Acentuada marcação dos contornos melódicos da frase.


– Ritmo (sobretudo, ao nível da entoação) mais vivo.

– Velocidade da fala mais lenta.

– Articulação mais clara.


• Adaptações estruturais típicas no maternalês (continuação):
– Sob o ponto de vista sintático: frases simples e curtas.

– Sob o ponto de vista semântico: palavras carregadas de significado e coladas ao


contexto.

– Sob o ponto de vista morfológico: poucas palavras gramaticais, formas verbais


simples e predominância de nomes em detrimento de pronomes.

– À medida que a criança progride vão diminuindo as mudanças/adaptações


estruturais do discurso.

• Reação verbal do adulto às produções da criança:


– reformulações;
– expansões;
Atitudes educativas que promovem o desenvolvimento linguístico
Sim-Sim, 2008: 28.
Síntese:
O maternalês (discurso simplificado para favorecer a compreensão e para
fornecer modelos linguísticos simples) parece favorecer a aquisição da
língua pelas crianças.

A interação linguística (prática de utilização da língua) com diversos


interlocutores (crianças, jovens, adultos, conhecidos, desconhecidos), em
diversas situações comunicativas (conversar, pedir, perguntar, explicar, etc.)
e em diversos contextos (família, amigos, jardim de infância/escola, outros
contextos frequentados pela criança no meio envolvente) é fulcral para as
crianças desenvolverem o seu domínio sobre a língua.
O quadro anterior foi retirado de… página 28.
Assinale se cada uma das seguintes afirmações é
verdadeira (V) ou falsa (F).

1. Sem interação verbal a criança não desenvolve a


linguagem.
2. A função do maternalês é corrigir as produções
infantis.
3. As repetições reforçam a sintonia entre o adulto e a
criança.
4. A grande frequência de ordens no discurso do adulto
reflete a diretividade necessária para educar uma
criança.
5. O maternalês diz apenas respeito à forma como as
mães falam com os respetivos bebés.
Bibliografia recomendada:
Cabrera, J. (2013). Cuestiones Clave de la Lingüística. Madrid: Editorial Síntesis.

Fromkin, V. e Rodman, R. (1993). Introdução à Linguagem. Coimbra: Almedina.

Lopes, C. (2016). A Consciência da Linguagem. Lisboa: Ed. Colibri.

Sim-Sim, I. (1998). Desenvolvimento da Linguagem. Lisboa: Universidade Aberta.

Sim-Sim, I. e outros. (2008). Linguagem e Comunicação no Jardim de Infância. Lisboa:


DGIDC. Disponível em:
https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/EInfancia/documentos/linguagem_comunica
cao_jardim_infancia.pdf
AVALIAÇÃO de frequência

MÓDULO I 5,25 VALORES


Teste: 26 de outubro

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