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O homem que não tinha nada acordou bem cedo

Com a luz do sol, já que não tem despertador


Ele não tinha nada, então também não tinha medo
E foi pra luta como faz um bom trabalhador
O homem que não tinha nada enfrentou trem
lotado
Às sete horas da manhã com o sorriso no rosto
Se despediu de sua mulher com um beijo
molhado
Pra provar do seu amor e pra marcar seu posto
O homem que não tinha nada, tinha de tudo Almoço no topo de um arranha-céu. Nova York (1932)
Artrose, artrite, diabetes e o que mais tiver
Mas tinha dentro da sua alma muito conteúdo
E mesmo sem ter quase nada ele ainda tinha fé
O homem que não tinha nada, tinha um trabalho
Com um esfregão limpando aquele chão sem fim
Mesmo que alguém sujasse de propósito o
assoalho
Ele sorria alegremente, e dizia assim...

PROJOTA. O homem que não tinha nada. São Paulo,


2014
Campo de concentração de Auschwitz- Polônia
Filosoficamente, o trabalho faz parte da essência humana, daquilo que o distingue dos
animais.
Filosoficamente, o trabalho faz parte da essência humana, daquilo que o distingue dos
animais.

É através do trabalho que o ser humano produz os seus meios de subsistência,


como trabalhar a terra, domesticar animais, modificar as paisagens e construir
moradias, por exemplo.
Filosoficamente, o trabalho faz parte da essência humana, daquilo que o distingue dos
animais.

É através do trabalho que o ser humano produz os seus meios de subsistência,


como trabalhar a terra, domesticar animais, modificar as paisagens e construir
moradias, por exemplo.

“O trabalho representa sentimentos ambíguos. Enquanto para alguns representa


um desafio instigante e prazeroso, para outros não passa de uma obrigação a que
prefeririam não dedicar tanto tempo”
Filosoficamente, o trabalho faz parte da essência humana, daquilo que o distingue dos
animais.

É através do trabalho que o ser humano produz os seus meios de subsistência,


como trabalhar a terra, domesticar animais, modificar as paisagens e construir
moradias, por exemplo.

“O trabalho representa sentimentos ambíguos. Enquanto para alguns representa


um desafio instigante e prazeroso, para outros não passa de uma obrigação a que
prefeririam não dedicar tanto tempo”

“TRABALHAR deriva do latim tripalium, tripálio, um instrumento formado


por três paus, próprio para atar os condenados ou para manter presos os animais
difíceis de ferrar.”
Se fosse possível definir trabalho em uma palavra, como você definiria?
...
Trabalho primitivo: O labor na pré-história

Os primeiros seres humanos


dependiam do trabalho para garantir
sua subsistência, caçando animais,
coletando alimentos e construindo
abrigos. Essas atividades eram
essenciais para sua sobrevivência em
um ambiente muitas vezes hostil.
Sedentarização e a divisão sexual do trabalho
Trabalho de homem e trabalho de mulher?
Qual o princípio dessa divisão sexual do trabalho?
O que mudou nos dias atuais?
Se eu largar o freio, do cantor Péricles A roupa toda amarrotada
Pago as contas, faço as compras E você nem parece que gosta de mim
Vou de casa pro trabalho Tudo bem, eu sei A casa tá desarrumada
E do trabalho vou pra casa É minha obrigação Nem uma vassoura tu passa no chão
Na moral Mas eu tenho Meus dedos estão se colando
Sem zoeira, sem balada Reclamações a fazer De tanta gordura que tem no fogão
Sem marola, sem mancada Mas eu tenho Ô-ô!
Eu tô legal Que conversar com você Se eu largar o freio
Faça sol ou faça chuva Mas eu tenho Você não vai me ver mais
O que eu faço pra você Reclamações a fazer Se eu largar o freio
Nunca tá bom Mas eu tenho Vai ver do que sou capaz
Que conversar com você
A pia tá cheia de louça
O banheiro parece que é de botequim
Concepções de trabalho na sociedade grega clássica
“Para os gregos dos séculos VI a IV a.C., a condição de escravo estava ligada à concepção de política que a sua
sociedade desenvolveu, principalmente em Atenas.
Na Grécia, o cidadão, para participar ativamente das discussões dos problemas da pólis (cidades-estado), bem
como se dedicar à elaboração de leis e aos cargos públicos, necessitava do ócio - tempo livre - para exercer
essas funções. ”
Entre gregos, havia ampla separação do trabalho braçal e do trabalho intelectual, com a desvalorização do
último.
“Platão, um dos maiores pensadores da história, desprezava o trabalho manual. De tal modo que ele achava que,
quando se estabelecessem os infernos, aqueles que deveriam ficar juntos com os escravos lá, eram os pintores,
os escultores, todos aqueles que fossem da elite, mas que desenvolvessem alguma atividade com as mãos. O
mundo da antiguidade, que é a base da nossa sociedade ocidental, coloca o trabalho como um castigo do ponto
de vista moral-religioso ou uma concepção de castigo a partir da vontade dos deuses na cultura grega...”.
(Cortella,2017, pg.19)

Liberdade Contemplação das ideias

Qualquer esforço físico que não fosse a guerra, a filosofia ou os jogos olímpicos – ocupações dignas de um
homem livre em detrimento das ocupações remuneradas ou escravas, tidas como aviltantes e desonrosas
Trabalho na Idade Média
Idade Média é o período histórico que inicia-se com o fim do Império Romano do Ocidente, no
século V e a conquista de Constantinopla pelos turcos-otomanos, no século XV:

"No aspecto econômico, podemos dizer que o feudalismo era um sistema baseado na produção
agrícola e na exploração servil dos camponeses. Com o fim do Império Romano, a Europa Ocidental
ruralizou-se e as pessoas empobrecidas passaram a estabelecer-se nas cercanias de grandes
propriedades rurais, à procura de comida e proteção. Dessa situação criou-se a relação de
dependência entre o senhor feudal e o camponês.“
Trabalho na Idade Média
A sociedade feudal estava estratificada da seguintes forma:
“Os servos eram trabalhadores dependentes.
Recebiam do senhor lotes de terra, os mansos, de cujo
cultivo dependia sua sobrevivência e em troca da qual
realizavam o pagamento de determinadas taxas àquele
senhor” (FRANCO, 2005, p. 91)
Trabalho na Idade Média
A sociedade feudal estava estratificada da seguintes forma:
“Os servos eram trabalhadores dependentes.
Recebiam do senhor lotes de terra, os mansos, de cujo
cultivo dependia sua sobrevivência e em troca da qual
realizavam o pagamento de determinadas taxas àquele
senhor” (FRANCO, 2005, p. 91)
Trabalho na Idade Média
Escravidão mercantil e o advento da
modernidade

Com o enfraquecimento do sistema feudal devido às guerras (cruzadas) e o


fortalecimento de uma burguesia financeira (banqueiros), surgem, entre os
séculos XI e XV, os chamados Estados Modernos, ou seja, as monarquias
absolutistas.
Dentre as monarquias formadas no período, Portugal foi a pioneira no processo
de expansão marítima e posteriormente, junto com a Espanha, promoveu a
colonização e a exploração do continente americano. A princípio, a mão-de-obra
utilizada era nativa, a partir do escambo. Entretanto, a partir de meados do século
XVI até o final do século XIX o Brasil tornou-se uma máquina de triturar
pessoas negras mediante a escravidão empregada por Portugal.
Quando falamos em escravidão, o que primeiro vem à sua mente?
A escravidão já era uma prática existente no continente africano quando os europeus começam a
praticá-la, porém com características diferentes:

Escravidão doméstica:

• Escravos de guerra;
• Servidão por dívida;
• Escravidão como castigo por transgredir as normas sociais;
• Escravidão voluntária

 Quanto mais escravizados, mais o amo (líder familiar) aumentava sua riqueza, e
consequentemente prestígio e poder.
No ano de 1441 chega em Portugal o primeiro grupo de cativos africanos.
Nos primeiros anos, os cativos eram usados sobretudo para o cultivo da cana
nas ilhas de Açores e Cabo Verde.

Válido lembrar que:


A princípio, os africanos escravizados consistiam apenas em mais uma
mercadoria de segunda importância a ser comercializada, visto que o ouro e
o marfim ainda eram a força econômica da qual os portugueses almejavam.
Entretanto, a partir de meados do século XVI, o tráfico de pessoas passou a
ser exercido em larga escala.
Curiosidade histórica...
“Segundo o livro de Gênesis, Noé teria tido 3 filhos (Sem, Cam e Jafé), os quais foram responsáveis por povoar
a terra. Nesse mito, Noé, após se embriagar com vinho, deitou-se nu em sua tenda. Seu filho Cam, cujo filho é
Canaã, teria visto sua nudez, o que era extremamente recriminado pelos hebreus, e contado para seus irmãos.
Quando seu pai soube do ocorrido, amaldiçoou o filho mais novo de Cam com a seguinte frase: ‘Maldito seja
Canaã; seja servo dos servos de seus irmãos’.
Essa maldição se amplia em sentido quando relacionada à história dos três filhos de Noé e à partilha do mundo.
Para enriquecer a compreensão, é importante acrescentar, também, o significado dos nomes dos três filhos. Sem
era considerado pai dos povos semitas, cuja etimologia é “nomeado” ou “fama”; Jafé, que teria dado origem aos
povos ido-europeus, indo-germânicos e indo-arianos, corresponde à luz, aberto, ampliado e louro. Enquanto
Cam se refere a “quente”, “queimado” ou “trevas”. Canaã, filho de Cam e o neto amaldiçoado por Noé, quer
dizer “embaixo”, transmitindo, assim, uma ideia de inferioridade, e teria gerado os mongóis, chineses,
japoneses, ameríndios, esquimós, polinésios. Um dos filhos de Canaã se chama Cush, sinônimo de “preto”, e
deu origem aos etíopes, sudaneses, ganeses, pigmeus, aborígines australianos, Nova Guiné (PEREIRA
IVO/JESUS, 2019, p.50-51).
Idade Média Idade
Moderna: Ampla urbanização das
nações europeias, diminuição do
campesinato, impulso da
industrialização.

Novas relações de trabalho: • Muitos trabalhadores adquiriram


doenças respiratórias por causa do ar
poluído que vinha das máquinas.
• Os movimentos repetitivos dos
• O salário paga apenas uma parte do braços desgastavam as articulações
seu tempo de trabalho, o restante é do corpo e causavam intensas dores.
apropriado pelo capitalista.
• Alguns operários sofriam graves
• Os operários eram submetidos a acidentes de trabalho e ficavam
condições desumanas de trabalho. incapacitados para o resto da vida.
As fábricas geralmente eram
quentes, úmidas, sujas e escuras. As • Os patrões incentivavam o trabalho
jornadas de trabalho chegavam a 14 infantil, pois as crianças recebiam
ou 16 horas diárias, com pequenas salários mais baixos e eram mais
pausas para refeições precárias. obedientes (o trabalho de crianças a
partir de seis anos era comum nas
fábricas inglesas).
• Mulheres e crianças recebiam um
“Embora a terra e todas as outras criaturas inferiores sejam comuns a todos os
homens, cada homem tem propriedade em sua própria pessoa; a esta ninguém tem
qualquer direito senão ele mesmo. O trabalho do seu corpo e a obra de suas mãos,
pode-se dizer, são propriamente dele. [...] Desde que esse trabalho é propriedade
exclusiva do trabalhador, nenhum outro homem pode ter direito ao que se juntou,
pelo menos quando houver bastante e igualmente de boa qualidade em comum para
terceiros.”
LOCKE, John. Segundo Tratado sob o governo. São Paulo, 1973.
Trabalho como mercadoria: A alienação

Paradigma teórico/prático:
O trabalho enquanto condicionador de liberdade, capaz de humanizar o ser humano, confrontar e
modificar a natureza, além de prover a sua própria existência.

Alienação (tornar-se alheio; transferir para alguém o que é seu) do trabalhador, visto que ele perde
mais do que ganha e vende sua força de trabalho para outrem, escapando-lhe a posse daquilo que
produz.
Ao vender sua força de trabalho, o trabalhador se torna uma mercadoria, pois deixa de lhe
pertencer; a ele não é facultado a escolha da carga horária, do salário, do ritmo de trabalho: Tudo
lhe é designado de modo vertical.
Disciplina: O olhar vigilante
O taylorismo, o fordismo e o trabalho em migalhas
• Crença de que o trabalhador era indolente e não sabia economizar gestos e
consequentemente, o tempo;
• Frederick Taylor estabeleceu controle científico com cronômetro para acelerar a
produção;
• Com a mesma perspectiva, Henry Ford introduziu a esteira de produção, em que cada
trabalhador possuía um ofício determinado na linha de montagem, fator que
economizava os gestos e o tempo, ao tempo em que fragmenta o conhecimento do
operário sobre aquilo que ele produz.
“A história dos esforços humanos para
subjugar a natureza é também a história da
subjugação do homem pelo homem.”
Max Horkheimer
Século XX: A automação e o tecnicismo da produção.
Sociedade de consumo

Fabricação de
Consumo consciente e necessidades (consumo
necessário alienado); consumismo
Uma “civilização do lazer”?

“[...] O lazer é um conjunto de ocupações às quais o


indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para
repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou,
ainda, para desenvolver sua informação ou formação
desinteressada, sua participação social voluntária ou sua
livre capacidade criadora, após livrar-se ou
desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares
e sociais.”

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