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MATERIAIS PARA VIDRO

a) O que é vidro:
•É um material resultante da fusão completa
a altas temperaturas (1.500 a 1.600oC) da
mistura de minerais que, moldado ao res-
friamento, gera pro-
dutos amorfos, com-
pactos, homogê-
neos, resistentes e
bonitos, de amplo
uso.
b) Como é fabricado:
-As matérias primas em pó, secas e homogêneas, são
bem misturadas e dosadas, de
acordo com a composição de-
sejada do vidro.
-A fusão é feita em fornos com
revestimento refratários, com
capacidade para 20 a 600t/
dia (a fusão, viscosidade e ho-
mogeneização devem ser bem controlada.
-A moldagem é feita por estiragem em rolos (para vidros
planos), assopro em moldes (garrafas e frascos),
prensagem em moldes (artigo de mesa) e fibragem (fibras
de vidro).
-O acabamento pode envolver o polimento a quente,
esmerilhagem, temperagem (com a aplicação de
tensões), etc.
c) Produtos mais comuns:
-Quanto ao formato e usos: vidros planos;
de embalagem; de mesa e fogão; fibras de
vidro; vidros artísticos e vidros técnicos
(televisão, óticos, oftálmicos, bulbos de
lâmpadas, laboratório, etc).
-Quanto à cor: transpa-
rentes, coloridos e fos-
cos.
-Quanto a natureza quí-
mica: vidros sílico-sodo-
cálcicos (95% da produ-
ção de vidros), borossi-
licatados (pirex) e cristais (com Pb).
d) Funções das matérias-primas e seus
óxidos:
1) Materiais vitrificantes:
-SiO2 é o óxido formador do vidro. É obtido
de areia silicosa, quartzitos moí-
dos e da sílica proveniente de
outras matérias primas essen-
ciais, como o feldspato.
-B2O3, usado juntamente com o
SiO2, em vidros de alta resistên-
cia térmica (pirex). É obtido do
bórax (borato de sódio), ácido
bórico, ulexita e colemanita.
-P2O3 e G2O3, são utilizados em vidros es-
peciais, para a absorção de infravermelho
ou ultravioleta.
2) Materiais fundentes:
-Na2O3, principal fundente, é ob-
tido da barrilha(Na2CO3) ou da
trona (natural). O feldspato e ne-
felina sienito, suprem o Al2O3 e os álcalis.
-K2O, mais caro que o Na, é usado em
vidros especiais (televisão), sendo obtido
do feldspato potássico ou do K2CO3
(artificial).
-Li2O, usado em tubos de TV, é obtido do
3 - Materiais estabilizantes: compensam a
redução de resistência química produzida
pelos álcalis.
-Al2O3, aumenta a viscosidade a altas tem-
peraturas, aumenta a resistência química e
mecânica do vidro. É fornecido pelo felds-
pato potássico, albita ou nefe-
lina sienito, ou ainda pela alu-
mina calcinada ou hidratada
(em certos vidros especiais)
ou pelo caulim (fibras de vidro
para reforço, com baixo álca-
lis).
-CaO, reduz a viscosidade a altas
temperaturas, mas aumenta o risco de
desvitrificação, sendo um fundente da sílica.
É suprido pelo calcário ou cal.
-MgO, age como o CaO, mas não é
desvitrificante. Dolo-
mita e MgO são as
matérias-primas.
-PbO e BaO dão bri-
lho e densidade. Se
PbO>24%, o vidro é
chamado cristal.
4) Materiais corantes e opacificantes
-Os principais corantes são Fe, Mn, Cr, Cu,
Ni, Co e S (âmbar).
-Opacificantes: fluorita, criolita, NaF, etc.
5 - Afinantes, oxidantes e redutores.
-Os afinantes produzem bolhas que
arrastam as bolhas menores
como CaSO4, BaSO4, NaCl.
-Oxidantes (sulfatos e nitra-
tos) e redutores (carvão ve-
getal) afetam a cor do vidro
e a solubilidade dos gases.
e) Proporções e especificações das
matérias primas
1) Proporção de matéria prima no vidro
sílico-sódico cálcico:
-Uma mistura das matérias primas
essenciais com: areia silicosa (50%),
barrilha (25%), feldspatos (8%) e dolomita
(17%), daria um vidro com composição
aproximada de 72% SiO2, 11%
(CaO+MgO), 2%
Al2O3 e 15% de ál-
calis, que é a com-
posição média dos
2) Características gerais das matérias primas
-Homogeneidade, ou seja, constân-
cia de análises.
-Pureza Química, com teores muito
baixos dos elementos estranhos ao
mineral, tais como elementos cromó-
genos (Fe, Ti, Cr).
-Granulometria homogênea, sem
muitos finos (arrastados pelos gases em
combustão) ou de grãos grossos que não fundem.
É desejável grãos entre 35 e 200 mesh.
-São preferíveis grãos angulosos aos arre-
dondados, devido à maior superfície.
-Minerais refratários, se maiores que 60 mesh,
devem estar ausentes (zirconita, cianita, corindon
e outros).
Especificações da ABIVIDRO para areia,
dolomita, feldspato e nefelina sienito
Óxidos Areia Feldspato Nefelina Dolomito
(%) sienito
A B C D A B A
SiO2 99,5 99,5 99,4 99,0 66,5 68,0 60,5 1,0
Al2O3 0,2 0,2 0,3 0,5 18,5 15,0 22,0 0,15
CaO - - - - 0,2 0,5 - 30,5
MgO - - - - - - - 21,0
K2O - - - - 11,5 9,0 15,0 -
Na2O - - - - 2,5 2,5 0,1 -
Fe2O3 0,002 0,015 0,03 0,15 0,1 0,3 0,1 0,05
TiO2 0,02 0,02 0,03 0,05 - - - -
A - vidros especiais (óticos, oftálmicos e outros)
B - vidros brancos de qualidade
C - vidros brancos comuns (planos)
D - vidros coloridos
f) Mercado, preços e substitutivos
-O Brasil produz cerca de 1,6Mt/ano de vi-
dro: 0,8M em vasilhames; 0,4M em vidros
planos; 0,2M em artigos de mesa e fogão;
0,2M em produtos técnicos e fibras.
-As fabricas estão em RJ/SP, em função do
mercado consumidor e disponibilidade de
areia silicosa. Outros insumos são transpor-
tados à distância.
-Cerca de 50% do vasilhame (0,4Mt) são
fabricados com vidro reciclado. O restante
consume (por ano), cerca de 0,6Mt de areia,
0,3Mt de barrilha, 0,2Mt de calcário e
dolomita e 90.000t de feldspato.
-Os preços (locais e internacionais) dos
insumos minerais para vidro (FOB fábrica),
são os seguintes: areia silicosa (US$20 a
60/t); feldspato e nefelina sienito (US$80 a
100/t); calcário e dolomito (US$30 a 50/t).
-No Brasil não é utilizado o
nefelina sienito (apesar da
existência de depósitos). O
nefelina sienito substitui com
vantagem o feldspato, visto
ter mais alumina (20%) e ál-
calis (15%), reduzindo o con-
sumo de barrilha (mais cara).
MATÉRIAS PRIMAS APLICADAS
COMO FUNDENTES
FUNDENTES NOS VÁRIOS SETORES
INDUSTRIAIS
INDÚSTRIA METALÚRGICA:
siderurgia; metalurgia e indús-
tria de alumínio.
INDÚSTRIA DE CERÂMICA E
VIDRO: composição da massa e indústria
de fritas; vidros domésticos, vidros
especiais e fibra de vidro.
ELETRODOS DE SOLDA: eletrodos e
escória protetora do cordão de solda.
SIDERURGIA:
-olivina/serpentinito .. 3% .. sinterização
-calcáreo .. 7-20% .. sinteriz./calcinação
-dolomita .................... 6% .. calcinação
-fluorita ............. - .... sinterização/aciaria
FABRICAÇÃO DE Fe-LIGAS
-fluorita .. FeSiMn/FeMn/FeMo/FeTi/FeV/ FeW
METALURGIA DE METAIS BÁSICOS
-carbonatos ..... Sn
-fluorita ............ Cr / Cu / Pb / Ni / Zn / Sn
FUNDENTES NA INDÚSTRIA
METALÚRGICA
-ALUMÍNIO: criolita ... 95% .. 20 a 30kg/t de Al
fluorita ... 5% .. 20 a 30kg/t de Al
-METAIS RAROS: fluorita .... Nb/Ta/Sb/Au/Ag
FUNDENTES NA INDÚSTRIA
CERÂMICA E DE VIDRO
FELDSPATO: quase todos
os setores, como fundente
e como fonte de álcalis.
CARBONATOS: na compo-
sição da massa e revesti-
mento / azulejos / cimento
hidráulico.
FUNDENTES NA FABRICAÇÃO DE
ELETRODOS DE SOLDA
CARBONATOS: fundente básico e agente de
fluxo.
FELDSPATOS: fabricação de
eletrodos, como escorificante
e catalisador.
FLUORITA: como fundente e
na proteção de cordão de sol-
da.
CRIOLITA: auxiliar na transfe-
rência do arco voltáico.
FUNDENTES NA FABRICAÇÃO DE
ELETRODOS DE SOLDA
CARBONATOS: fundente básico e agente de
fluxo.
FELDSPATOS: fabricação de eletrodos, como
escorificante e catalisador.
FLUORITA: como fundente e na proteção de
cordão de solda.
CRIOLITA: auxiliar na transferência do arco
voltáico.
ESPECIFICAÇÕES DE FELDSPATOS
cerâmica ........ vidro ........ eletrodos
Granulometria (mm)  0,074 0,83 / 0,147  0,038
% SiO2 54,1 a 77,4 64,5 a 68 65 a 70
% Al2O3 15 a 23,6 15 a 19,5 15 a 20
% Na2O 0,5 a 25 2,5 a 3,5 5 a 10
% K2O 1,5 a 17 9 a 12,5 3a6
% CaO -  0,2 -
% Fe2O3 -  0,3 -
ausência de - minerais pesados -
MINAS DE FELDSPATO NO BRASIL
ASSOCIADAS A PEGMATITOS
Minas Gerais ............................................ 50% da produção
Bahia / Paraíba ......................................... 25% da
produção
São Paulo ..................................................25% da
produção
ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANITÓIDES
Sorocaba / SP ............... intemperismo de granito porfirítico
FUNDENTES CARBONATADOS - CONOTAÇÃO INDUSTRIAL
CLASSIFICAÇÃO USUAL
Denominação % dolomita % MgO MgO / CaO
Calcáreo 0a5 0,0 a 1,1 0,00 a 0,02
Calcáreo magnesiano 5 a 10 1,1 a 4,3 0,02 a 0,08
Calcáreo dolomítico 10 a 50 4,3 a 10,5 0,08 a 0,25
Dolomito calcífero 50 a 90 10,5 a 19,1 0,25 a 0,56
Dolomito  90 19,1 a 22,0 0,56 a 0,72
Indústria siderúrgica ......................... calcáreo
Indústria metalúrgica ........................ calcáreo
Indústria cerâmica ............................ calcáreo ......................... dolomito
Indústria de eletrodos ....................... calcáreo ......................... dolomito
ESPECIFICACÃO DE CALCÁRIO
siderurgia .. cerâmica..... vidro .........
eletrodos
Granulometria (mm) 50,8 / 9,5 - 0,83 / 0,147 0,083 / 0,074
% carbonato  97  97  98  95
% Al2O3 +++ -  0,5 -
% Fe2O3 -  0,3  0,2 -
% SiO2 2 2 3 -
%S 0,025  0,1  0,01 -
indesejável P - P, C -
FUNDENTES FLUORETADOS -
CONCEITO INDUSTRIAL
- FLUORITA: produto composto pelo mineral fluorita, com
teores  80% CaF2, comercializado em fragmentos ou pó,
geralmente pré-concentrado.
- CRIOLITA: produto composto pelo mineral criolita
(Na3AlF3), comercializado em pó, podendo ser um produto
natural ou sintético
ESPECIFICAÇÕES DE FLUORITA
metalúrgico ...químico....cerâmico. .. vidro ..... eletrodos
Granulometria (mm) 13 / 38  0,15 - 0,3 / 0,074  20 
% CaF2  85  97  95  95  95
% SiO2 5  1,5  2,5 -  1,5
% Fe2O3 - - -  0,15 -
% CaCO3 -  1,25 - - -
% Pb  0,25 - - - -
%S  0,3  0,03 - - -
indesejável As, Ba, Zn metais pesados - minerais  1% Mn
As, P, Be, NaCl pesados
CLASSIFICAÇÃO DOS DEPÓSITOS DE FLUORITA
HIDROTERMAIS EPIGENÉTICOS
- camadas ou lentes separadas por zonas estéreis
- estratiformes associados a rochas carbonáticas
- substituições, às vezes em falhas e fraturas
- tardios, no contacto com rochas ácidas.
- stockworks em zonas de shear - formando sills
RESIDUAIS
- a partir do intemperismo e erosão de depósitos primários
JAZIDAS DE FLUORITA NO BRASIL
PARANÁ
- Volta Grande, em Cerro Azul - reservas de 0,8 x
106t, 48% CaF; corpos tabulares em zona de fa-
lha, cortando um granito, com origem hidrotermal
associada a metamorfismo regional.
- Sete Barras - reservas de 1,4 x 106t, 43% CaF;
estratiforme em seqüência sedimentar argilo-
carbonática, brechas cimentadas por fluorita e
sílica em cavidades.
- Mato Preto - reservas de 2,8 x 10 6t, 60% CaF;
lentes de substituição hidrotermal e em fraturas
nas zonas de contato em carbonatito e alcalinas.
SÃO PAULO: Mato Dentro - reservas de 1,5 x
106t, 44% CaF2.
SANTA CATARINA - Armazem – reservas de 0,5
x 106t, 35% CaF2; Imariu - reservas de 0,17 x
106t, 38% CaF2; Jaguaruna - reservas de 0,24 x
106t, 58% CaF2; Orleans - reservas de 0,34 x
106t, 35% CaF2; Rio Fortuna - reservas de 0,75 x
106t, 45% CaF2; Santa Rosa de Lima - reservas
de 0,11 x 106t, 57% CaF2; Tubarão - reservas de
0,08 x 106t, 42% CaF2; Pedra Grande - reservas
de 0,15 x 106t, 38% CaF2; Morro da Fumaça -
reservas de 0,4 x 106t, 50% CaF2; hidrotermal
encaixada em rochas graníticas.
RIO DE JANEIRO: Itaboraí - reservas de 0,18 x
106t, 40% CaF2; filão hidrotermal associado ao
PRODUÇÃO BRASILEIRA DE FLUORITA
MINERAÇÃO LOCAL MINA PRODUÇÃO (t/ano)
Del Rey Mato Preto, PR Céu aberto 30.000
Floral Subterrânea 8.000
N. S. do Carmo Subterrânea 10.000
Sartor Itaboraí, RJ Subterrânea 7.000
Volta Grande Volta Grande, PR Céu aberto 7.000
Mater Sete Barras, PR Céu aberto 15.000
N. S. das Dores Céu aberto 3.000
Emitang Itaboraí, RJ Céu aberto 3.000
Santa Catarina Subterrânea 10.000
TOTAL 93.000
DEPÓSITOS DE CRIOLITA
GROENLÂNDIA (Ivigtut) - reserva esgotada desde 1987
(131 anos de explotação); corpo pegmatítico ou corpo
residual em granito porfirítico polimetálico com
mineralogia muito particular.
BRASIL (Pitinga) - reserva inferida de XX x 106t, XX
%Na3AlF6; veios disseminados na porção central de
granito rapakivi, mineralizado em Sn, Nb / Ta, xenotima e
criolita + fluoretos complexos.

Criolita,
siderita
e galena
CRIOLITA SINTÉTICA (Na3AlF3)
PROCESSO
1) Fluorita(2,2t)+H2SO4  HF(1,0t)+CaSO4  HF+Na2CO3+Al (OH)3  criolita
2) H2SiF6+Na2CO3Na2SiF6NaF+SiO2  6NaF+H2SO4+Al2(SO4)3  criolita

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