O que faz parar o maior relógio de seu corpo T S Wiley, Antropóloga e teórica médica, com passagem pelo jornalismo investigativo. Trabalha atualmente em pesquisa médica, com especial interesse nas áreas de endocrinologia e biologia evolutiva
Nossos batimentos cardíacos nos dão a certeza de que estamos
bem. Temos pavor de pensar que ele possa parar, temos pavor de pensar que o coração daqueles que amamos possa silenciar. Meu coração está partido, respondemos, como se ele fosse um bloco de giz espatifado por um martelo. – Diane Ackerman, A Natural History of the Senses
A verdade, escondida, enterrada no fundo da síndrome do uso
de antidepressivos, é que o fenômeno “insone” que cria os níveis anormalmente elevados de serotonina no cérebro, responsável pela depressão que todos nós experimentamos, causa simultaneamente doenças cardíacas. A mídia, os médicos e os pesquisadores vão todos dizer que as pessoas gordas têm mais probabilidade de ter ataques do coração, porque têm colesterol alto e pressão alta – porque são gordas. E todo mundo sabe que as pessoas gordas são gordas porque consomem alimentos gordurosos. As pessoas gordas realmente têm colesterol alto e pressão alta, que provocam ataques cardíacos, mas o fato de consumirem alimentos ricos em gordura não tem nada a ver com isso. Esta é a mentira que eles estão escondendo. As pessoas gordas simplesmente estão cansadas demais para viver. O sono controla o seu apetite por carboidratos, cujo consumo controla a retenção de líquidos (para modificar sua pressão arterial) e a produção de insulina (que facilita a produção do colesterol). Se não há sono, não há controle. E a serotonina se acumula. Quando você não dorme e come carboidratos todos os dias, meses, anos, décadas, você fica nadando num estado crônico de serotonina elevada, porque ela nunca consegue se transformar em melatonina. É daí que vêm a depressão e os problemas cardíacos. É sabido que as pessoas tristes têm coração partido, e as pessoas com o coração partido são realmente tristes. As pessoas deprimidas têm mais ataques cardíacos, e as pessoas com doenças cardíacas estão sempre deprimidas. Os cientistas sabem que a depressão e a doença cardiovascular andam de mãos dadas. Só o público é que não tem a menor idéia de que isso acontece.
O CÓDIGO NAVAJO
Já delineamos aqui o efeito de ficar sem dormir – mais
carboidratos, mais cortisol e menos melatonina – sobre a compulsão e o metabolismo dos açúcares e gorduras na corrente sangüínea. Concluímos que, quando você não passa fome e nem hiberna durante uma boa parte de uma viagem planetária em torno do sol, todo o açúcar e os carboidratos que você consome “fora de estação” causam obesidade, depressão e finalmente diabetes Tipo II (não-dependente de insulina). Isso acontece porque a insulina existe para facilitar, apenas por algum tempo, o “uso” dos açúcares como glicose no sangue. Após aquele período evolutivo normal – uns poucos meses – estimulam-se adaptações diferentes às mudanças do clima. Podemos lidar com o intenso estresse da época de acasalamento e de preparação para a hibernação apenas durante alguns dos doze meses do ano. Durante o resto do ano, todos os nossos sistemas necessitam de um alívio para se preparar para o próximo soar do gongo, quando o verão chega de novo. O estresse do acasalamento é único. Na natureza, quando há muita luz, um homem vai passar os dias tentando se acasalar – o que significa luta contínua com outros machos, e também sangramento constante, na maioria das vezes. Uma mulher, vendo tantos homens tentando acasalar-se com ela, também passa por um estresse excessivo. A serotonina (que se eleva em resposta ao estresse do medo, quando você come carboidratos) controla a vasoconstricção e a agregação de plaquetas, por uma razão real, no mundo natural. Você nunca entraria num estado de pânico, a menos que o que o estivesse assustando arrancasse sua perna fora ou o atingisse com um tacape e o fizesse sangrar até morrer. A principal cadeia de eventos na doença cardiovascular – pressão alta, constricção dos vasos sangüíneos, aumento dos fatores coagulantes, colesterol alto e canais de cálcio porosos – espelha todos os sintomas da síndrome de hibernação prolongada. Todos esses sintomas são reversíveis com uma quantidade adequada de sono, que eleva a melatonina e suprime seu apetite por carboidratos. Para evitar doenças cardíacas, você precisa parar de comer açúcar durante mais da metade do ano, porque os níveis anormalmente elevados de serotonina provocados pela insulina na qual você está nadando não apenas cria um estado maníaco- depressivo; ela também aciona seu sistema nervoso simpático, que é o motor quântico primitivo que conecta seu coração e seu cérebro. Ele controla a resposta “lutar ou fugir” que pode salvá-lo quando você não consegue se salvar sozinho. Mais importante ainda: o sistema nervoso simpático corre através de moléculas chamadas fatores de crescimento nervoso (NGF), em seu coração, e de seus contrapartes no cérebro, os fatores neurotróficos derivados do cérebro (BDNF). O BFNF é responsável pelo crescimento das células cerebrais chamadas neurônios e suas ramificações, os dentritos. Os centros de energia que alimentam o crescimento desses neurônios e dentritos são as células de seu cérebro chamadas glias. Em pessoas cronicamente deprimidas, os pesquisadores observam uma perda drástica das células glias. E as células só morrem quando ficam sem combustível. Acreditamos que esta morte seja o resultado de resistência lozalizada à insulina no cérebro, que precede o diabetes cerebral da esquisofrania. As células gliais normalmente crescem quando alimentadas pelo açúcar que chega a elas através dos receptores de insulina. No entanto, graças à resistência à insulina (provocada pela ingestão de carboidratos durante um período longo demais) atinge o cérebro, as glias morrem e o BDNF cai. O efeito sobre a consciência é a depressão. Não importa se é um desequilíbrio de serotonina/dopamina, de GAQBA/NMDA ou de insulina/cortisol, ou se é uma falta de BDNF/NGF, porque tudo é a mesma coisa. Todos os trilhões de sistemas circulares de resposta dos trilhões de diferentes moléculas em suas células, com trilhões de nomes diferentes, fazem seu trabalho simultaneamente, para que você continue se adaptando. Normalmente, uma das principais funções evolutivas do BDNF sobre seus neurônios é adaptar-se às mudanças ambientais, fomentando o crescimento de dentritos, que abrem novos caminhos para que se possa aprender coisas novas e recordá-las. Essa capacidade nos permite mudar nosso comportamento para nos adaptarmos a novas circunstâncias e sobreviver. Sem o BDNF para reforçar a expansão ao longo dos atalhos de serotonina e de dopamina e fortalecer as conexões com o hipocampo, nós não apenas seríamos incapazes de suportar circunstâncias, lembrar ou aprender: nós morreríamos. Ou a gente se suicidaria ou nosso coração pararia. O NGF (fator de crescimento nervoso) no coração realiza as mesmas tarefas de crescimento nervoso que ajuda o coração a se lembrar e a suportar dificuldades. Mas a resistência à insulina nos músculos do coração significa que nenhum açúcar do sangue vai para as células que fornecem NGF. Quando falta NGF, as conexões da memória (sinapses) enfraquecem e o coração literalmente esquece de manter o ritmo. Essa falha afeta a variabilidade dos batimentos de que você precisa para lidar com as situações estressantes. Seu coração e sua mente são uma coisa só. Quando você mantém as luzes acesas para criar um verão infindável, e tem acesso a um estoque inesgotável de carboidratos, todos os seus hormônios permanecem também no modo de verão. Não apenas as nossas mentes, mas também os nossos corações vivem no “pânico” constante da época do acasalamento (competindo para conseguir recursos, mudanças hormonais bruscas de humor e, no final, perda), que costumava coincidir com o verdadeiro verão. Dessa forma, dia e noite, o ano todo e década após década, nossos hormônios sexuais ficam em franca atividade – e nós, prontos para a luta. Esse estado de pico e prontidão é uma circunstância com a qual só estamos preparados para lidar durante uns cinco meses, no máximo, dos doze meses do ano. As mentiras sobre baixo teor de gordura das décadas de 1970, 1980 e 1990 só fizeram exacerbam um enorme problema técnico evolutivo, ao recomendarem uma dieta com mais carboidratos e exercícios, que induzem a picos de cortisol e de insulina jamais vistos em seres humanos. E tem também a psicose de uma população mentalmente consumida pelo sexo, mas não precisamos chegar lá. Porque o que é importante você saber, e saber até os ossos, é que, quando você não dorme, seu coração morre. É simples assim.
(fonte: trecho do livro “Apague a Luz”!, pág 145 a 148).
“Apague a luz!” Durma melhor e: perca peso, diminua a pressão arterial e reduza o estresse, Bent Formby e T. S. Wiley, 384 páginas, Rio de Janeiro, Editora Campus, 2000.
Com base em uma pesquisa minuciosa, colhida no National
Institutes of Health (Instituto Nacional de Saúde), T.S.Wiley e Bent Formby apresentam descobertas incríveis:os americanos estão doentes de cansaço. Diabetes, doenças do coração, câncer e depressão são enfermidades que crescem em nossa população e estão ligadas à falta de uma boa noite de sono.
Quando não dormimos o suficiente, em sincronia com a exposição
sazonal à luz, estamos alterando um equilíbrio da natureza que foi programado em nossa fisiologia desde o Primeiro Dia. A obra revela por que as dietas ricas em carboidratos, recomendadas por muitos profissionais da saúde, não são apenas ineficazes, mas também mortais; por que a informação que salva vidas e que pode reverter tudo é um dos segredos mais bem guardados de nossos dias.
Com o livro, o leitor saberá que:
• perder peso é tão simples quanto uma boa noite de sono
• temos compulsão por carboidratos e açúcar quando ficamos
acordados depois que escurece
• a incidência de diabetes tipo II quadruplicou
• terminaremos como os dinossauros, se não comermos e
dormirmos em sincronia com os movimentos planetários.
T.S.WILEY e BENT FORMBY, Ph.D., são pesquisadores que
trabalharam juntos no Sansum Medical Research Institute em Santa Barbara, na Califórnia – o centro de pesquisas de ponta sobre diabetes desde que a insulina foi sintetizada pela primeira vez, lá mesmo, na década de 1920.