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Artigo

EMBALAGEM FARMACÊUTICA TIPO BLISTER:


ESCOLHA DE UM FILME ADEQUADO PARA
FÁRMACOS SENSÍVEIS À UMIDADE
Resumo Letícia Norma Carpentieri
Rodrigues1* e
Humberto Gomes Ferraz2
A facilidade de manuseio e identificação de violação torna crescente o emprego da
embalagem em blister para formas farmacêuticas sólidas em todo o mundo. O filme Setor de Ciências da Saúde,
1

moldável de PVC é um material transparente, de excelente termomoldabilidade e bai- Departamento de Farmácia,


xo custo, oferecendo uma estabilidade adequada para um grande número de produtos Universidade Federal do
Paraná
farmacêuticos. Contudo, os filmes de cloreto de polivinila oferecem mínima proprie-
dade barreira à umidade, além de riscos ambientais. No caso de produtos em que a 2
Faculdade de Ciências
umidade é um aspecto importante, o uso de materiais com maior função barreira como Farmacêuticas, Universidade
laminados combinados PVC/PVDC, PVC/COC/PVC, Aclar® e outras, ou ainda lamina- de São Paulo.
dos alumino/alumínio onde a proteção máxima é alcançada, se faz necessário.
*Autora para correspondência:
Av. Prefeito Lothario Meissner, 632
Palavras-chave: filme termoformado, blister, umidade CEP: 80060-190. Curitiba. PR
Fone: (41) 3360-4070
Summary E-mail: lcarpen@ufpr.br

When considering the growing factors of easy usage and violation identification, it has
been observed that the importance of blister packaging for solid pharmaceutical dosage
forms is increasing worldwide. Moldable PVC film is a transparent material, presenting
excellent thermal moldability and low cost, thus offering adequate stability for a large
number of pharmaceutical products, however these same films also possess minimal
moisture barrier properties, apart from enviromental risks. In the case of products
where moisture is a great concern, the use of material with a greater barrier function
such as combined laminates like PVC/PVDC, PVC/COC/PVC, Aclar® and others, inclu-
ding aluminum laminates where maximum protection is achieved, becomes necessary.

Keywords: thermoformed film, blister, moisture

Introdução
Uma década atrás, a embalagem dos produtos era geral- indevido por crianças - child proof -, resistem á violação do
mente considerada como a última prioridade para muitas conteúdo - tamper proof -, ou identificam a probabilidade
empresas farmacêuticas, entretanto, o papel da embalagem de terem sido violadas - tamper evident. A dose individu-
na vida de uma preparação farmacêutica sofreu mudança. alizada e rotulagem especial, que possa auxiliar o pacien-
O elemento marketing, através do qual os fornecedores te no uso adequado da medicação, são características de
podem diferenciar seus produtos daqueles comercializados conformidade; pequenas embalagens conferem conveni-
por seus competidores, alia-se ao novo conceito para a em- ência favorecendo a adesão ao tratamento (3,4).
balagem farmacêutica, representado pela tríade: segurança, Um medicamento é uma associação de um ou mais fár-
conveniência e conformidade (1, 2). macos, com um ou mais excipientes e/ou veículos, os quais
As embalagens classificadas com base nos critérios de apresentam energia interna e estão sujeitos a reagir entre
segurança aos usuários envolvem dispositivos que impe- si, mediados ou não por fatores intrínsecos, relativos à
dem o furto do conteúdo - pilfer proof -, impedem o uso formulação (hidrólise, oxidação, fotólise, pH, tamanho da

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partícula e incompatibilidade) e extrínsecos, relativos a A Estrutura
fatores ambientais (temperatura, umidade, gases atmosfé-
ricos e radiações) (5,6,7). A estabilidade de um produto Há dois tipos básicos de embalagem em blister para
pode ser definida como sendo o período durante o qual produtos farmacêuticos. Em uma das variedades a cavida-
uma preparação farmacêutica mantém certas caracterís- de é construída em plástico termomoldável e o verso é
ticas inalteradas como identidade, potência, pureza, ino- formado por um plástico ou uma combinação de plástico,
cuidade e manutenção das características organolépticas papel e/ou alumínio; a outra variedade de embalagem em
(8). O sucesso de uma formulação depende do cuidado da blister contém alumínio em ambos os lados e sua cavidade
seleção dos excipientes usados para facilitar a administra- é formada por alongamento a frio (1).
ção, promover consistente liberação e biodisponibilidade
da droga e proteção da sua degradação (9). Embalagem em blister termoformados
Dentro deste contexto, o uso de embalagens que ofe-
reçam aos pacientes doses individualizadas, permitindo que Os quatro principais componentes da embalagem em
eles se assegurem de que tenham tomado o medicamento blister termoformado são: o filme termomoldável – que
prescrito, bem como os medicamentos administrados per- representa 80% a 85% do blister -, o material do verso
maneçam na embalagem original e completamente protegidos – que representa 15% a 20% do peso total embalagem,
contra reações externas adversas; a facilidade de manuseio o revestimento para selagem a quente e a tinta para im-
e identificação de violação torna crescente o emprego da pressão (Figura 1). O filme termomoldável corresponde
embalagem em blister para formas sólidas em todo o mun- ao componente da embalagem que recebe o produto em
do. Oitenta e cinco por cento das formas sólidas na Europa cavidades projetadas em baixo relevo.
são acondicionadas em blister. O “Healthcarre Compliance A embalagem em blister termomoldável é formada por
Packaging Council (HCPC, Washington, DC)” alerta sobre o amolecimento a quente de uma folha de resina termo-
papel da embalagem em blister na obediência ao tratamento. plástica e sucção a vácuo da folha plástica amolecida para
A “New Jersey Society of Hospital Pharmacists” citou rela- um molde, e finalizando, selada com um material supor-
tórios mostrando que acontece um número menor de erros te termosensível. Um fato importante para o sucesso da
de medicação com sistemas de dose unitária em blister (1). embalagem é a escolha do filme plástico correto para os
Quatro aspectos podem definir as vantagens do em- blisters em termos de tipo de material, grau e espessura.
prego da embalagem em blister: O material mais freqüentemente usado para blisters
termoformados é o cloreto de polivinila (PVC), podendo
• Integridade do produto – os medicamentos nela con- vir algumas vezes revestido com componentes adicionais
tidos estão hermeticamente selados em sua própria bolha que acentuem a barreira ao oxigênio e ao vapor de água:
sendo protegidos contra reações adversas, o que garante cloreto de polivinilideno – PVDC (PVDC/PVC); clorotri-
a integridade do produto desde o produtor até a distribui- fluoretileno - CTFE (CTFE/PVC – Aclar®); copolímero
ção ao consumidor final; de olefinas cíclicas (COCs) (PVC/COC/PVC); poliamida
orientada (OPA/alumínio/PVC ou náilon/alumínio/PVC,
• Evidência de violação – as formas farmacêuticas são entre outras.
seladas individualmente de forma que qualquer forma de
violação em um blister torna-se imediatamente visível; Cloreto de polivinila – PVC

• Possibilidade de mau uso acidental – a embalagem O filme moldável de PVC é conhecido como PVC rígido
em blister também pode ser resistente á crianças: o em- porque é praticamente isento de agentes amolecedores. É
prego de cloreto de polivinila (PVC) com especificação 15 um material bastante transparente, exibe excelente temo-
Mil (milésimo por polegada) oferece uma segurança extra, moldabilidade, elevada resistência física, alta resistência
pois é pouco provável que uma criança possa perfurá-la à dobra, boa resistência química, baixa permeabilidade a
com uma mordida; revestimentos amargos estão sendo óleos, gorduras e substâncias aromáticas, baixo índice de
experimentados para evitar que as crianças coloquem as permeabilidade ao vapor de água – IPVA - e baixo custo.
embalagens na boca; Estas propriedades fazem do PVC rígido o material mais
escolhido para embalagens em blister. A espessura do fil-
• Obediência ao tratamento pelos pacientes – o pe- me rígido de PVC usado pelas indústrias farmacêuticas va-
queno tamanho da embalagem em blister facilita o trans- ria de 7 a 10 mil. O grau de proteção contra a permeabili-
porte contribuindo para a adesão ao tratamento. dade ao vapor de água oferecido pela embalagem depende

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da variação e espessura da parede da cavidade do PVC, ao oxigênio e a água. Um aumento da temperatura, por
da integridade da selagem e da formulação do produto exemplo, traduz-se em um aumento da permeabilidade
(13). O uso do PVC tem atraído muitas críticas devido à dos gases. Dependendo do gás e do material de embala-
liberação de toxinas durante sua combustão (emissão de gem usado, podem-se verificar diferenças importantes na
hidrocloretos e dioxinas altamente tóxicas), fato que tem permeabilidade. Uma vez que as moléculas não atraves-
levado à sua substituição pelo PP – polipropileno - para sam as zonas cristalinas, um aumento da cristalinidade do
embalagens em blister na Europa. Polietileno tereftalato material deve diminuir a permeabilidade, encontrando-se
(PET) e poliestireno (PS) podem substituir o PVC, entre- assim valores diferentes a diferentes temperaturas (12).
tanto a alta permeabilidade ao vapor de água comparada
ao PVC restringe o uso (10,1). Polipropileno (PP)
O capítulo <671>, “Permeabilidade de Recipientes: Re-
cipientes de Dose Unitária para Cápsulas e Comprimidos” Existe uma tendência crescente para o uso do polipropile-
apresentam testes funcionais que determinam proteção no (PP) como material de suporte para blisters dado a sua fácil
contra a umidade (11). reciclagem, não liberação de toxinas durante incineração e suas
A transmissão dos gases, vapores, ou líquidos através boas propriedades barreira à umidade, comparável à estrutura
de materiais de embalagem pode ter um efeito adverso PVDC/PVC. A espessura dos filmes de PP usados em proces-
sobre o prazo de validade do fármaco. A permeabilidade sos de termomoldagem varia de 10 a 12 mil. Entretanto, o uso
do vapor de água ou do oxigênio através do material de do PP tem suas resistências: a temperatura de termomoldagem
embalagem unitária para os fármacos pode constituir um e subseqüente processo de resfriamento do PP devem ser con-
problema se a forma farmacêutica for sensível à hidrólise trolados com precisão; maior rigidez que o PVC; instabilidade
ou oxidação. A temperatura e a umidade são fatores im- térmica e suscetibilidade de contração após processo; além de
portantes que influenciam a permeabilidade da embalagem difícil manuseio em emblistadoras padrão (1).

Figura 1. Componentes básicos da embalagem em blister

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Polietileno tereftalato (PET) PVC/Clorotrifluoretileno (CTFE)

O PET é outro material que pode substituir o PVC, Os filmes feitos com PVC e CTFE têm baixa permeabi-
entretanto, a elevada permeabilidade ao vapor de água lidade ao vapor de água. Quando comparados à permeabi-
comparada àquela do PVC, evitará seu uso universal. O lidade ao vapor de água do PVC 10 mil, a permeabilidade
PET revestido com PVDC pode oferecer a mesma barrei- da estrutura PVC 8 mil/CTFE 0,76 mil é menor por um
ra ao vapor de água que o PVC. fator de 15. Entretanto, os cuidados ambientais ligados ao
PVC também se aplicam a filmes PVC/CTFE.
Poliestireno (PS)
Homopolímero CTFE (Aclar®, Morristown – NJ)
Compatível com a termomoldagem, o poliestireno
apresenta alta permeabilidade ao vapor de água, o que O homopolímero CTFE de 3 mil (Aclar®UltRx 3000) é
o torna inadequado para uso em blisters com propósito facilmente termomoldado e oferece a mais alta barreira á
farmacêutico. umidade dentre os filmes transparentes. Vários produtos
Aclair® permitem o uso abrangente das embalagens em
Cloreto de polivinilideno (PVDC) blister moldadas em embalagens, transparentes ou escure-
revestido com PVC cidas, exibindo propriedades de barreira próximas àquelas
– quase perfeitas - oferecidas pelo alumínio (13,1).
O PVDC desempenha papel crítico nas embalagens em
blister como laminação ou revestimento sobre o PVC, Copolímeros de Olefinas Cílcicas (COCs)
reduzindo 5 a 10 vezes a permeabilidade do PVC ao oxi- (Penthapharm COC, Klöckner Pentaplast)
gênio e à umidade. Os filmes de PVC revestidos têm uma
espessura de 8 a 10 mil; a espessura do revestimento de Parte da família das olefinas que incluem o polietileno
PVDC é de 1 a 2 mil. O revestimento é aplicado em um (PE) e polipropileno (PP), os COCs oferecem excelente
dos lados e geralmente fica em contato com o produto e transparência, alta rigidez, boa termofomabilidade, com-
o material de verso (1). patibilidade com ferramentas padrão de termoformação

Tabela 1. Propriedades barreira dos laminados (13,14)

Índice de Permeabilidade
Material Transmissão de oxigênio* ao vapor de água**

0,002 PVDC/0,006 PVC 0,6 0,092

0,0015 Aclar®/0,002 PE/0,0075 PVC 1,0 0,034

0,0015 Aclar®/0,0075 PVC 1,1 0,035

0,002 PE/0,0075 PVC 1,3 0,170

0,0075 PVC 1,9 0,330

0,002 PE/0,005 PVC 2,6 0,200

0,005 PVC 2,7 0,520

0,001 náilon 25,0 19.000

PP/COC/PP - 0,071

*IPVA - cm3/24 horas/25 cm2 a 25ºC, 50% UR.


**g/24 horas/25 cm2 a 35ºC, 90% UR.

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e, revestimentos e coberturas tradicionais. Os COCs in- camada de alumínio. Ao contrário dos blisters contendo
cluem ainda elevada barreira ao vapor de água (cerca de material plástico, estes não são moldados a quente, mas
10 vezes a do PVC e mais que o dobro do PVDC revestido transformados no formato desejado por pressão a frio.
de PVC), excelente biocompabtilidade, alta transmissão de O processo é significativamente mais caro que a termo-
luz (mesmo na faixa próxima ao UV), boa resistência quí- moldagem, além de que as cavidades devem ser maiores
mica, entretanto são incompatíveis com hidrocarbonetos comparadas ao sistema de termomoldagem, aumentando
alifáticos ou aromáticos e certas gorduras e óleos. A baixa assim a área total da embalagem e conseqüentemente o
densidade (1,02 g/cm3 versus 1,4 g/cm3 do PVC) significa custo (1).
maior rendimento por metro e menor custo potencial.
Laminados PVC-COC-PVC são disponíveis, bem como Considerações Finais
COC revestido com PVDC para aplicações que necessi-
tam de alta barreira ao oxigênio e vapor de água. Estru- A escolha de uma embalagem adequada para os fár-
turas de olefinas como PP-COC-PP despertam interesse macos não constitui tarefa fácil, pois esta pode ter con-
para empresas que procuram eliminar materiais com base seqüências importantes. Um sistema de embalagem tem
em halogênios, como o PVC e PVDC – prejudiciais ao que proteger o fármaco sem alterar de qualquer forma a
meio ambiente (14). composição do produto até que a última dose seja admi-
A Tabela 1 apresenta alguns materiais comuns no fabri- nistrada. Assim, a seleção do sistema de embalagem para
co de blisters termoformados e compara a sua proteção. uso farmacêutico começa com a determinação das carac-
Um tipo menos comum de blister é composto por la- terísticas físicas e químicas do produto das suas necessida-
minados de alumínio, usados para os produtos que são des de proteção e dos requisitos de marketing. Nenhum
particularmente sensíveis à umidade e/ou luz. sistema fechado é completamente inerte e garante o pra-
zo de validade da maioria dos medicamentos.
Embalagem em blister formados a frio Historicamente, os fabricantes farmacêuticos utilizam
um filme rígido de PVC 10 mil com uma estrutura lamina-
Poliamida orientada (OPA)/Alumínio/PVC da para formar blisters. Estas embalagens oferecem uma
ou náilon/alumínio/PVC estabilidade adequada para um grande número de produ-
tos farmacêuticos armazenados em condições controladas
Com uma estrutura laminada formada por OPA -1 mil, de temperatura ambiente. Entretanto, no caso de produ-
alumínio-1,8 mil e PVC-2,4 mil é possível eliminar qua- tos em que a umidade é um aspecto importante, estas
se completamente a permeabilidade ao vapor de água. A embalagens podem não oferecer a proteção necessária.
grande proporção de alumínio nesta estrutura à reciclagem Nestes casos é fundamental o uso de materiais com maior
desse material tem se tornado viável. Grandes esforços função barreira como laminados combinados PVC/PVDC,
têm sido feitos para substituir o PVC por PP nessas estru- PVC/COC/PVC, Aclar®/estrutura laminada e outras ou
turas visando atender os padrões ambientais, além de que ainda laminados alumino/alumínio onde a proteção máxi-
seu custo por metro quadrado pode suportar qualquer ma é alcançada (13).
comparação crítica com o laminado PVC/PVDC. Como as Lusina et al. (2005) estudaram a estabilidade de com-
estruturas contendo alumínio, o laminado OPA/alumínio/ primidos contendo losartan/hidroclorotiazida para esta-
PVC é moldado a frio, o que implica num consumo maior belecer uma ½ vida para o produto e recomendações de
de material que a termomoldagem para acondicionar a estocagem. Os estudos de estabilidade acelerada (50±2ºC/
mesma quantidade de produto. 80±5%UR, 4 semanas) sugerem que o produto requeira
embalagem com elevada proteção contra a umidade. Dois
Alumínio/Alumínio (Alu/Alu®, sistemas de embalagem tipo blister foram escolhidos: PVC/
cold form foil, CFC) PE/PVDC//Al e OPA/Al/PVC//Al. As condições de estoca-
gem recomendadas para zonas climáticas I e II (ICH Q1A
Laminados alumínio/alumínio são altamente emprega- (R2), 2003): 25±2ºC/60±5%UR para estudos de estabilida-
dos para produtos particularmente sensíveis á umidade, de de longa duração (12 meses) e 40±2ºC/75±5%UR para
oxigênio e/ou à luz, já que esta configuração é o único estudos de estabilidade acelerada (6 meses) foram empre-
material que oferece 100% de barreira à umidade, oxigê- gados. Os resultados obtidos mostraram que a proteção
nio e à luz. Neste sistema tem-se uma laminação de filme contra a umidade oferecida pela embalagem tipo blister
plástico (PVC ou PE), adesivo, alumínio, adesivo e um fil- PVC/PE/PVDC//Al é insuficiente e que comprimidos de
me plástico externo (PVC ou PET), que apóia uma fina losartan/hidroclorotiazida acondicionados em embalagens

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tipo blister OPA/Al/PVC//Al são fisicamente, quimicamen- comprimidos em embalagem tipo blister PVC, 91% para
te e microbiologicamente estáveis. embalagem tipo blister COC, 97% para embalagem tipo
Allinson et al. (2001) investigaram o efeito da emba- blister Aclar®, 100% para embalagem tipo blister Alu-Alu®
lagem sobre a estabilidade (perda de menos de 10% da e 99% para comprimidos acondicionados em frascos de
potência do composto) de um composto sensível à umi- polietileno de lata densidade com selo em alumínio. Os
dade (PGE-7762928, Procter & Gamble Pharmaceuticals) resultados permitiram concluir que as embalagens tipo
na forma comprimidos, através de estudos de estabilidade blister Alu-Alu® e Aclar®, e frascos de polietieleno de alta
acelerada e estabilidade de longa duração segundo normas densidade ofereceram estabilidade aceitável para os com-
ICH (ICH Q1A (R2), 2003). Comprimidos não acondicio- primidos de PGE-7762928, sendo a ordem de estabilidade
nados em embalagem foram submetidos às mesmas con- oferecida pelas embalagens tipo blister estudadas foi: Alu-
dições. Os materiais de embalagem em blister utilizados Alu®, Aclar®, copolímeros de olefinas cíclicas e cloreto de
foram: cloreto de polivinila (PVC) 10 mil, Aclar® 12 mil, polivinila. O emprego de embalagens em blister laminado
copolímero de olefina cíclica 13 mil, filmes laminados alu- alumínio-alumínio (Alu-Alu®) é reservado para situações
mínio-alumínio (Alu-Alu®) 6 mil e frascos de polietileno de em que se faz necessária elevada proteção barreira à umi-
alta densidade. O conteúdo de umidade para os compri- dade, gases e luz, devido ao elevado custo do filme, equi-
midos não acondicionados a 25ºC/60% UR, 30ºC/60% UR pamento e dificuldades do processo.
e 40ºC/75% UR foram 2.3, 2.4 e 2.9%, respectivamente. Qualquer que seja a sensibilidade do produto é respon-
O conteúdo de umidade para os comprimidos acondi- sabilidade do fabricante protegê-lo (17). Todo e qualquer
cionados em embalagem tipo blister PVC, COC, Aclar e trabalho de desenvolvimento realizado em uma empresa,
Alu-Alu foram 0.259, 0.040, 0.008 e 0.001 mg/blister/dia, e os respectivos custos, estarão perdidos se o produto
respectivamente. Após 6 meses a 40±2ºC/75±5%UR, a não estiver no mercado adequadamente protegido por
porcentagem de substância ativa encontrada foi 84% para uma embalagem que chegue íntegra ao consumido (13).

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