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Intensivo II
Prof.a Fredie Didier Junior
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Aula 01 30/08/2010
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d) Revisão das sentenças fundadas em lei, ato normativo ou interpretação
havidos pelo STF como inconstitucionais:
Não possui prazo, sendo um instrumento de revisão por questão de justiça. Está
previsto no art. 475-L, § 1.º e 741, parágrafo único, como uma espécie de defesa do
executado.
Art. 475-L (...) § 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo,
considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo
declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal
Federal como incompatíveis com a Constituição Federal.
Art. 741 (...) Parágrafo Único. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste
artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato
normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado
em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal
Federal como incompatíveis com a Constituição Federal.
AÇÃO RESCISÓRIA
É uma ação autônoma de impugnação que tem por objetivo desconstituir decisão
judicial transitada em julgado e, eventualmente, promover um novo julgamento da
causa.
OBS: Rescisória não é recurso, mas sim ação autônoma de impugnação. Por ela se
instaura processo novo que tem por objetivo revisar a coisa julgada.
OBS: Na Rescisória poderá haverá dois pedidos. Em toda ação rescisória há pedido de
rescisão, ou seja, pedido de desconstituição da decisão. Quase sempre haverá também
pedido de re-julgamento da causa. Nada impede que a rescisória seja proposta apenas
com o pedido de rescisão, sem que conste pedido para novo julgamento da causa.
Esses dois pedidos, de rescisão e de re-julgamento da causa, são também chamados
de iudicium rescindens (juízo de rescisão ou juízo rescindente) e iudicium
rescissorium (juízo rescisório ou pedido de rejulgamento),
respectivamente.
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Regra geral: pode ser objeto de rescisória decisão de mérito transitada em julgado.
Abrange sentenças, acórdãos e decisões interlocutórias de mérito.
Este ano houve um julgado que repercutiu no círculo acadêmico. A situação foi a
seguinte: foi proposta uma rescisória antes do trânsito em julgado, logo não havia
decisão rescindível. O Desembargador não se apercebeu para tal ponto, mandando
citar o réu. Nesse ínterim, surgiu o trânsito em julgado, que foi posterior à rescisória. O
TJ/RJ aceitou o trânsito em julgado superveniente, corretamente. Isso porque é um fato
superveniente que interfere no julgamento da causa, logo deve ser levado em
consideração pelo juiz.
Nesse caso, a inicial deveria ter sido indeferida, mas como não o foi e já tinha havido o
trânsito em julgado, o defeito foi suprido e não havia mais razão para o indeferimento
da inicial.
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Mas a querela nulitatis é admissível. Os advogados costumam usar mandado de
segurança ao invés da rescisória.
Enunciado nº. 44
Não cabe ação rescisória no JEF. O artigo 59 da Lei n 9.099/95 está em consonância
com os princípios do sistema processual dos Juizados Especiais, aplicando-se também
aos Juizados Especiais Federais.
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tema pouco trabalhado, deve-se, em primeiro momento, levar em consideração a
posição do STJ.
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de ação rescisória. Assim, entendem que para ser objeto de rescisória a decisão tem
que ser de mérito. Mas Pontes de Miranda discordava.
Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o
autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a
prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.
A doutrina mais atual tem afirmado que no caso da sentença terminativa do inciso V do
art. 267, que tem efeito semelhante a de uma sentença de mérito por conta do artigo
268 do CPC, cabe ação rescisória.
Assim, no caso do inciso V do artigo 267 do CPC, cabe ação rescisória.
O STJ tem elastecido, ampliado a aplicação do artigo 268 do CPC, ou seja, em outros
casos do artigo 267 também não se proibiria a repropositura da ação, abrangendo os
incisos I, IV, VI e VII do artigo 267, casos em que seriam admitidos a ação rescisória.
Todos esses casos tratam de um defeito do processo. Se o STJ estende a esses incisos
ao caso do art. 268, logo, cabe ação rescisória.
A vingar o entendimento de que o art. 268 se aplica a outros casos alem do inciso V,
nesses outros casos também, em tese, caberia ação rescisória.
O STJ tem vários julgados no sentido de confirmar a tese de Pontes de Miranda, porque
admite rescisória contra decisão que não conhece de recurso. Esta não é uma decisão
de mérito, mas impede a repropositura.
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Se a sentença citra petita não examinou um fundamento, é inválida. Se, porém, não
examinou um pedido, é inexistente, porque sequer houve decisão.
Logo, cabe rescisória em sentenças citra petita nos casos em que um fundamento não
foi analisado, quando ela é inválida. Porém, sentença citra petita que não examinou um
pedido não pode ser objeto de rescisória. Isso porque ela não existe.
Vai-se rescindir o quê?
O TST é o Tribunal no Brasil que mais julga rescisórias, logo é o que mais trata da
matéria.
A OJ 41 da SBDI2 do TST (orientação jurisprudencial) diz que cabe ação rescisória de
sentença citra petita.
2) Condições da ação:
A legitimidade merece atenção especial.
O artigo 487 do CPC diz que podem propor a rescisória as partes ou os seus
sucessores; o terceiro que interveio; o terceiro interessado, que não interveio no
processo original, mas poderia ter intervindo; o MP, no casos das hipóteses abaixo.
Art. 487. Tem legitimidade para propor a ação:
I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;
II - o terceiro juridicamente interessado; (todo aquele que sofrer uma eficácia direta
ou reflexa de uma decisão judicial sem ter sido parte)
III - o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a intervenção;
b) quando a sentença é o efeito de colusão (é conluio) das partes, a fim de fraudar a
lei.
O MP, no presente caso, atua como custos legis. Essa legitimidade do MP para propor
rescisória como custos legis é exaustiva ou pode também propor em outros casos?
Esses casos são apenas exemplos, não exaurindo a competência do MP para interpor
uma rescisória. É o que reza a súmula 407 do TST:
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“AÇÃO RESCISÓRIA. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE AD CAUSAM
PREVISTA NO ART. 487, III, "A" E "B", DO CPC. AS HIPÓTESES
SÃO MERAMENTE EXEMPLIFICATIVAS”.
Não existe litisconsórcio ativo na ação rescisória porque qualquer um prejudicado pode
propor a referida ação.
O pólo passivo da rescisória deve ser todo aquele que foi beneficiado com rescisão e
que pode ser prejudicado com a rescisória. Nesse caso, há um litisconsórcio necessário
passivo. Muito a propósito, a súmula 406 do TST trata desse assunto:
S[UMULA 406 DO TST
AÇÃO RESCISÓRIA. LITISCONSÓRCIO. NECESSÁRIO NO PÓLO PASSIVO E
FACULTATIVO NO ATIVO. INEXISTENTE QUANTO AOS SUBSTITUÍDOS PELO
SINDICATO.
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Pelo inciso II, a rescisória deve ser proposta contra o Sindicato, que era substituto
processual. Assim, eventual rescisória não será contra os empregados, mas sim contra
o sindicato que os representaram.
Esse inciso consagra expressamente uma hipótese de ação coletiva passiva.
É uma ação coletiva proposta contra uma coletividade e não em seu favor.
3) Prazo:
A rescisória possui prazo de dois anos para ser ajuizada. Esse prazo é decadencial e é
contado do trânsito em julgado da decisão. Isso porque é o prazo para exercício do
direito potestativo de rescisão da sentença.
Mas se a sentença envolver transferência de terra pública rural, para evitar grilagem, o
prazo é de oito anos para a ação rescisória. É o que reza a Lei 6.739/79, art. 8.º-C.
O TST bem resolveu esse problema, por meio do inciso II da súmula 100:
AÇÃO RESCISÓRIA. DECADÊNCIA
II - Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em julgado dá-se
em momentos e em tribunais diferentes, contando-se o prazo decadencial
para a ação rescisória do trânsito em julgado de cada decisão, salvo se o
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recurso tratar de preliminar ou prejudicial que possa tornar insubsistente a
decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em
julgado da decisão que julgar o recurso parcial. (ex-Súmula nº 100 - Res.
109/2001, DJ 18.04.2001).
Se o recurso trata de preliminar que pode afetar toda a decisão não é parcial.
O “salvo” da súmula não é uma exceção, tratando de outra matéria, ou seja, trata de
recurso total, que pode afetar toda a decisão.
Imagine que tenha havido uma sentença, a qual foi apelada em 2004 e em 2008 o
tribunal não conheceu da apelação. Há uma polêmica acerca da decisão que não
conhece do recurso, ou seja, se tem ou não efeito retroativo. Há 3 correntes sobre o
tema:
1. Para Barbosa Moreira o prazo já teria começado a correr porque se o recurso não
foi conhecido significa que ele não produziu efeito nenhum. Este pensamento
gera uma insegurança muito grande por isso não prevalece;
2. Concepção eclética ou mista: o trânsito em julgado conta-se da última decisão,
salvo em duas hipóteses: a) quando o recurso é intempestivo ou b) quando o
recurso é incabível.
O inciso III afirma que o recurso intempestivo e o recurso incabível não impedem
o trânsito em julgado. Mas isso salvo se houver dúvida razoável. Isso porque a
intempestividade pode ser discutida ainda por vários anos.
Súmula 100:
VI - Na hipótese de colusão das partes, o prazo decadencial da ação rescisória
somente começa a fluir para o Ministério Público, que não interveio no processo
principal, a partir do momento em que tem ciência da fraude. (ex-OJ nº 122 - DJ
11.08.2003).
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O STJ tem decisão recente que adota a tese do Didier no AgRg no Agravo de
Instrumento n° 218.222 – MA de 22 de junho de 2010.
AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.218.222 - MA
EMENTA
AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO RESCISÓRIA. PRAZO DECADENCIAL. RECURSO
INTEMPESTIVO. TERMO INICIAL APÓS SEU JULGAMENTO. OFENSA À SÚMULA
150 DESTA CORTE. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.
IMPROVIMENTO.
I. O posicionamento desta Corte é no sentido de que "o prazo decadencial da
ação rescisória conta-se do trânsito em julgado da decisão rescindenda, que se
aperfeiçoa com o exaurimento dos recursos cabíveis ou com o decurso, in
albis, dos prazos para sua interposição pelas partes (ratio essendi do art. 495,
do CPC). Nesse segmento, não há como considerar o termo inicial da contagem
do prazo decadencial distintamente para cada uma das partes" (AgRg no Resp
996.970/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJe 16.3.2010).
II. Não demonstrada a má-fé do recorrente, que visa reabrir prazo recursal já
vencido, o início do prazo decadencial se dará após o julgamento do recurso
tido por intempestivo. Precedentes. III. No presente caso, foi o próprio Banco
quem interpôs Recurso de Apelação, que não foi recebido já que intempestivo
e, tanto confiava no conhecimento e acolhimento do seu recurso que interpôs,
sucessivamente, Agravo de Instrumento, Embargos de Declaração, Recursos
Especial e Extraordinário, estes não conhecidos por intempestividade,
conforme Acórdão recorrido.
IV. A alegação de ofensa à Súmula 150 desta Corte não tem passagem em sede
de Recurso Especial, porque não se enquadra em nenhuma de suas hipóteses
de cabimento.
V. A agravante não trouxe qualquer argumento capaz de modificar a conclusão
alvitrada, a qual se mantém por seus próprios fundamentos.
Agravo Regimental improvido. Brasília (DF), 22 de junho de 2010 (Data do
Julgamento)
4) Hipótese de rescindibilidade:
A ação rescisória só cabe em algumas hipóteses, ou seja, em situações tipicamente
previstas em Lei. Por isso que dizemos que ela é uma ação de fundamentação
vinculada ou ação típica. Isso porque é uma ação que tem que ter causa de pedir
prevista em Lei.
O rol das hipóteses de rescindibilidade está em dois artigos do CPC, 485 e 1.030, sendo
este o caso das ações rescisórias em casos de partilha:
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de
colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar literal disposição de lei;
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Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou
seja provada na própria ação rescisória;
VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava,
ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento
favorável;
VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que
se baseou a sentença;
IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa;
§ 1o Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar
inexistente um fato efetivamente ocorrido.
§ 2o É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem
pronunciamento judicial sobre o fato.
Cada uma dessas hipóteses é suficiente para que seja a sentença rescindida. Não
obstante, as partes costumam alegar mais de uma hipótese. Costuma haver cumulação
de causas de pedir em ações rescisórias. É uma cumulação causal.
HIPÓTESES DE RESCINDIBILIDADE:
1)
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
Perceba que é o caso de rescisória em razão de a sentença ter sido produto de uma
atividade criminosa do juiz. A sentença aqui será nula. É um caso de rescisória por
questão meramente formal. Não há necessidade de prévia condenação penal. Esses
crimes podem ser apurados no bojo da ação rescisória.
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Não é pressuposto dessa rescisória a sentença penal condenatória. O crime pode ser
apurado dentro da própria ação rescisória. Pode-se valer do processo da rescisória para
apurar esse crime.
2)
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;
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Se se propuser uma rescisória de acórdão, a competência será do tribunal que proferiu
a decisão rescindenda. Se se afirma que o acórdão foi proferido por tribunal
incompetente, pode-se pleitear o rejulgamento, ou seja, para o Tribunal julgar o que foi
afirmado que ele não tinha competência para julgar? A resposta é não. Isso porque
estar-se-ia pedindo para o tribunal cometer de novo o mesmo erro.
Mas existe uma exceção. Uma rescisória pode ter por objeto uma sentença. E se o
objeto for uma sentença, quem julga a rescisória é o tribunal ao qual o juiz que proferiu
a sentença é vinculado.
Ex: imagine uma causa de família que foi julgada por um juiz federal. É o típico caso de
incompetência absoluta. Nesse caso, o tribunal, pela rescisória, diz que o juiz era
incompetente e o próprio tribunal irá julgar a causa.
Cabe, assim, pedido de rejulgamento na rescisória por incompetência absoluta. Isso
porque o tribunal tem competência para o rejulgamento. Nesse caso, o tribunal não foi
acusado de incompetência. Quem era incompetente era o juiz.
Ex: sentença de juiz estadual, quando a causa era federal. Nesse caso, o TJ pode
rejulgar? Não. Aqui, haverá uma rescisória de sentença mas o tribunal não poderá
julgar porque ele não tem a competência para a causa que se vai julgar.
3)
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de
colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
I - Não caracteriza dolo processual, previsto no art. 485, III, do CPC, o simples fato de a
parte vencedora haver silenciado a respeito de fatos contrários a ela, porque o
procedimento, por si só, não constitui ardil do qual resulte cerceamento de defesa e,
em conseqüência, desvie o juiz de uma sentença não-condizente com a verdade.
(ex-OJ nº 125 - DJ 09.12.2003)
II - Se a decisão rescindenda é homologatória de acordo, não há parte vencedora ou
vencida, razão pela qual não é possível a sua desconstituição calcada no inciso III do
art. 485 do CPC (dolo da parte vencedora em detrimento da vencida), pois constitui
fundamento de rescindibilidade que supõe solução jurisdicional para a lide.
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O silencia das partes não pode ser tida como conduta dolosa.
Se houver acordo, (por exemplo homologação de transação)não pode haver rescisória
com base no inciso III do art. 485, porque não há nem vencedor nem vencido. Mas uma
sentença homologatória pode ser rescindida, mas não com base no inciso III do art. 485
do CPC. Se o acordo foi celebrado com dolo, o inciso VIII embasará a rescisão do
julgado.
4)
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
IV - ofender a coisa julgada;
Quer-se dizer aqui que havia uma coisa julgada decidindo tal questão. Depois, veio
outra coisa julgada, a qual ofendeu a primeira. A segunda, por óbvio, pode ser objeto
de ação rescisória, porque viciada. A rescisória aqui será por questões meramente
formais. A rescisória protege a coisa julgada nesse caso, ou seja, serve
para impedir que a coisa julgada seja violada, já que a segunda coisa julgada foi
viciada.
Há dois anos para se rescindir, nesse caso, a segunda coisa julgada. Caso assim não
seja feito, qual das duas coisas julgadas prevalece, a primeira ou a segunda? Prevalece
a segunda, mesmo que viciada. Isso porque, aqui, a norma nova substituirá a anterior.
É a posição de Marinoni e do Prof.
OBS: para a PUC/SP (Arruda Alvim, Teresa Wambier, etc) prevalece a primeira coisa
julgada. Isso porque a segunda coisa julgada é como se não existisse, porque viciada.
Para o professor, tanto existe, que é rescindível!
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5)
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
V - violar literal disposição de lei;
Obs.: Se o autor indica o artigo de lei violado mas o Tribunal, quando foi julgar, entende
que aquele artigo não foi violado mas outro artigo da mesma lei e julga procedente a
rescisória com base na violação deste outro artigo. Esta correto o Tribunal?
Não, porque o tribunal decidiu com base em outra causa de pedir que não foi
apresentada constituindo uma decisão extra petita. Logo, se não se disser qual o artigo
de Lei violado, não há causa de pedir e a petição é inepta.
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E se o autor erra o inciso do artigo que foi violado na sua petição inicial e o Tribunal
julga procedente a rescisória corrigindo o enquadramento para o inciso correto? Esta
correto o Tribunal?
Sim, porque neste caso o Tribunal não inovou na causa de pedir que é violação ao
artigo de lei.
SUM-408 AÇÃO RESCISÓRIA. PETIÇÃO INICIAL. CAUSA DE PEDIR. AUSÊNCIA
DE CAPITULAÇÃO OU CAPITULAÇÃO ERRÔNEA NO ART. 485 DO CPC. PRINCÍPIO
"IURA NOVIT CURIA" (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 32 e 33
da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005
Não padece de inépcia a petição inicial de ação rescisória apenas porque
omite a subsunção do fundamento de rescindibilidade no art. 485 do CPC ou o
capitula erroneamente em um de seus incisos. Contanto que não se afaste
dos fatos e fundamentos invocados como causa de pedir, ao Tribunal é lícito
emprestar-lhes a adequada qualificação jurídica ("iura novit curia"). No
entanto, fundando-se a ação rescisória no art. 485, inc. V, do CPC, é
indispensável expressa indicação, na petição inicial da ação rescisória, do
dispositivo legal violado, por se tratar de causa de pedir da rescisória, não se
aplicando, no caso, o princípio "iura novit curia". (ex-Ojs nºs 32 e 33 da SBDI-
2 - inseridas em 20.09.2000)
Aula 02 05/08/2010
A súmula 343 do STF afirma o que não é violação literal. Não é violação literal se, à
época da decisão, havia divergência jurisprudência sobre o tema. Isso porque se à
época da decisão rescindenda os tribunais divergiam sobre o tema, não se pode dizer
que a adoção de um ou outro entendimento seria violar disposição literal.
Súmula 343
NÃO CABE AÇÃO RESCISÓRIA POR OFENSA A LITERAL DISPOSITIVO DE LEI,
QUANDO A DECISÃO RESCINDENDA SE TIVER BASEADO EM TEXTO LEGAL DE
INTERPRETAÇÃO CONTROVERTIDA NOS TRIBUNAIS.
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prevalecer a decisão do STJ, mesmo que, à época, houvesse divergência
jurisprudencial.
Ao contrário do que se pensava antes, a existência de divergência, deve incentivar a
rescisória.
RESP 1.026.234, de 27/05/2008:
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLAÇÃO À LEI FEDERAL. MATÉRIA
CONTROVERTIDA NOS TRIBUNAIS À ÉPOCA DA PROLAÇÃO DA DECISÃO RESCINDENDA.
JURISPRUDÊNCIA DO STJ EM SENTIDO CONTRÁRIO. SÚMULA 343/STF. NÃO-
APLICAÇÃO. REVISÃO DA JURISPRUDÊNCIA A RESPEITO.
1. A súmula 343/STF, editada antes da Constituição de 1988, tem origem na doutrina
(largamente adotada à época, inspiradora também da súmula 400/STF) da
legitimidade de interpretação razoável da norma, ainda que não a melhor, permitindo
assim que a respeito de um mesmo preceito normativo possa existir mais de uma
interpretação e, portanto, mais de um modo de aplicação.
2. Ao criar o STJ e lhe dar a função essencial de guardião e intérprete oficial da
legislação federal, a Constituição impôs ao Tribunal o dever de manter a integridade
do sistema normativo, a uniformidade de sua interpretação e a isonomia na sua
aplicação. O exercício dessa função se mostra particularmente necessário quando a
norma federal enseja divergência interpretativa. Mesmo que sejam razoáveis as
interpretações divergentes atribuídas por outros tribunais, cumpre ao STJ intervir no
sentido de dirimir a divergência, fazendo prevalecer a sua própria interpretação.
Admitir interpretação razoável, mas contrária à sua própria, significaria, por parte do
Tribunal, renúncia à condição de intérprete institucional da lei federal e de guardião
da sua observância.
3. Por outro lado, a força normativa do princípio constitucional da isonomia impõe ao
Judiciário, e ao STJ particularmente, o dever de dar tratamento jurisdicional igual
para situações iguais. Embora possa não atingir a dimensão de gravidade que teria
se decorresse da aplicação anti-isonômica da norma constitucional, é certo que o
descaso à isonomia em face da lei federal não deixa de ser um fenômeno também
muito grave e igualmente ofensivo à Constituição. Os efeitos da ofensa ao princípio
da igualdade se manifestam de modo especialmente nocivos em sentenças sobre
relações jurídicas de trato continuado: considerada a eficácia prospectiva inerente a
essas sentenças, em lugar da igualdade, é a desigualdade que, em casos tais,
assume caráter de estabilidade e de continuidade, criando situações discriminatórias
permanentes, absolutamente intoleráveis inclusive sob o aspecto social e econômico.
Ora, a súmula 343 e a doutrina da tolerância da interpretação razoável nela
consagrada têm como resultado necessário a convivência simultânea de duas (ou até
mais) interpretações diferentes para o mesmo preceito normativo e, portanto, a
cristalização de tratamento diferente para situações iguais. Ela impõe que o
Judiciário abra mão, em nome do princípio da segurança, do princípio constitucional
da isonomia, bem como que o STJ, em nome daquele princípio, também abra mão de
sua função nomofilácica e uniformizadora e permita que, objetivamente, fique
comprometido o princípio constitucional da igualdade.
4. É relevante considerar também que a doutrina da tolerância da interpretação
razoável, mas contrária à orientação do STJ, está na contramão do movimento
evolutivo do direito brasileiro, que caminha no sentido de realçar cada vez mais a
força vinculante dos precedentes dos Tribunais Superiores.
5. Por todas essas razões e a exemplo do que ocorreu no STF em matéria
constitucional, justifica-se a mudança de orientação em relação à súmula 343/STF,
para o efeito de considerar como ofensiva a literal disposição de lei federal, em ação
rescisória, qualquer interpretação
contrária à que lhe atribui o STJ, seu intérprete institucional. A existência de
interpretações divergentes da norma federal, antes de inibir a intervenção do STJ
(como recomenda a súmula), deve, na verdade, ser o móvel propulsor para o
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exercício do seu papel de uniformização. Se a divergência interpretativa é no âmbito
de tribunais locais, não pode o STJ se furtar à oportunidade, propiciada pela ação
rescisória, de dirimi-la, dando à norma a interpretação adequada e firmando o
precedente a ser observado; se a divergência for no âmbito do próprio STJ, a ação
rescisória será o oportuno instrumento para uniformização interna; e se a
divergência for entre tribunal local e o STJ, o afastamento da súmula 343 será a via
para fazer prevalecer a interpretação assentada nos precedentes da Corte Superior,
reafirmando, desse modo, a sua função constitucional de guardião da lei federal.
6. Recurso especial provido.
Este julgado é jum “signaling”, ou seja, ele sinaliza a tend~encia de decisões do STJ.
(ver Editorial 69 do site do Diddier).
Há uma tendência na jurisprudência e na doutrina, no sentido de dar à rescisória do
inciso V um tratamento semelhante ao de um Recurso Extraordinário. A própria decisão
do STJ acima mencionada é um exemplo dessa tendência.
Exs: para o TST (súmula 298),a rescisória do inciso V exige pré-questionamento. O STJ,
porém, não adota esse entendimento, assim como a doutrina do processo civil
brasileiro. Ainda o TST entende que nesse tipo de rescisória não cabe a produção de
prova, ou seja, é uma espécie de rescisória apenas para tratar de questões de direito.
É o que reza a súmula 410 do TST.
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processo que originou a decisão rescindenda. (ex-OJ nº 109 da SBDI-2 - DJ
29.04.2003)
6)
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou
seja provada na própria ação rescisória;
É preciso que a prova sustente a decisão. Aqui, a decisão se baseou na prova falsa. Se
a prova falsa for mais uma das provas que se baseia a sentença, não cabe a rescisória,
tendo em vista que mesmo que essa prova falsa for retirada, outras lícitas sustentarão
a sentença.
Qualquer prova poderá ser falsa, não se restringindo às provas documentais (pode ser
falso testemunho, falsa perícia, documento falso).
A falsidade pode ser apurada no bojo da própria ação rescisória. Mas pode ser que já
exista coisa julgada penal. Nesse caso, haverá a produção do efeito positivo no âmbito
cível, ou seja, o tribuna terá que levar em conta a coisa julgada penal. Mutatis
mutandis, tal também ocorre se for o caso de sentença penal afirmando que não existe
a falsidade.
Há uma dúvida, suscitada por Barbosa Moreira, no sentido de se saber se a coisa
julgada cível sobre a falsidade de documento poder ser levada em consideração.
Nesse caso, para o professor, há o efeito positivo da coisa julgada, devendo o tribunal
levar em consideração tal coisa julgada. Mas Barbosa Moreira entende diferente, no
sentido de que essa coisa julgada deveria ser usada apenas como argumento.
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7)
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava,
ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento
favorável;
8)
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que
se baseou a sentença;
Quer-se rescindir uma sentença que se baseou em confissão, desistência (deve-se ler
renúncia) ou transação.
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O CPC diz que se pode rescindir a sentença se houver motivo para anular o ato em que
ela se baseou e não nela própria.
A invalidade está no ato anterior em que a sentença se baseou (transação, confissão
ou renúncia). Todos estes atos são atos das partes.
Mas deve-se atentar ao fato de que desistência deve ser lida como renúncia. Isso
porque a desistência não gera decisão de mérito, logo não pode ser objeto de
rescisória. Houve um erro técnico. Essa questão é pacífica.
Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for
meramente homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral,
nos termos da lei civil.
A redação do artigo deve ser corrigida da seguinte forma: onde se lê “atos judiciais”
deve ser lido “atos das partes ou dos servidores”. O papel da sentença, aqui, ou é
irrelevante ou de mera homologação.
Onde há “rescindidos”deve-se ler “invalidados”.
Assim, o artigo deveria ser lido da seguinte forma: “Os atos das partes e dos
servidores, que não dependem de sentença, ou em que esta for meramente
homologatória, podem ser invalidados, como os atos jurídicos em geral, nos
termos da lei civil”.
O artigo 486 nada tem a ver com ação rescisória. Tem por alvo atos das partes e dos
servidores e a rescisória visa desconstituir decisão judicial, que não é o objetivo do art.
486.
O art. 486 fala, assim como inciso VIII do art. 485, falam de sentença homologatória.
Nesse caso, cabe rescisória ou anulatória do artigo 486?
Para se conciliar esses dois dispositivos, deve-se partir da seguinte premissa: se já há
coisa julgada, cabe apenas rescisória. Se não há coisa julgada, não cabe rescisória.
Poderá caber ação anulatória. Esta não será da sentença, mas do ato das partes ou dos
servidores.
Toda vez que se tiver dúvida entre esses dois dispositivos, deve-se ler o artigo 352 do
CPC, que pode ser utilizado como parâmetro nesse caso:
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Art. 352. A confissão, quando emanar de erro, dolo ou coação, pode ser revogada:
I - por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita;
II - por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da qual
constituir o único fundamento.
Parágrafo único. Cabe ao confitente o direito de propor a ação, nos casos de que
trata este artigo; mas, uma vez iniciada, passa aos seus herdeiros.
Se estiver pendente o processo em que foi feita a confissão, não há coisa julgada.
Então, ação anulatória (inciso I). Se já há coisa julgada, rescisória da sentença (inciso
II). Se não há coisa julgada, anulatória do ato. Esse artigo nos explica tudo. É
exatamente assim que vocês têm que seguir. Isso vale para transação, renúncia,
reconhecimento? Vale! Mesma coisa! Esse artigo é o parâmetro legislativo para você
resolver os casos de transação, de renúncia, de reconhecimento. Ele é a chave para
você compreender isso, compatibilizar o inciso VIII, do art. 485, com o art. 486.
O artigo 352 fala da confissão, mas pode ser estendido aos outros institutos.
OBS: o art. 352 tem um problema no caput. Trata-se de anulação e não revogação. O
segundo problema diz respeito ao fato de que deve a confissão emanar de erro de fato
ou coação. Deve-se excluir o dolo. Isso porque o caput do art. 352 foi revogado pelo
NCC, art. 214.
Art. 214. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de
fato ou de coação.
O NCC afastou o dolo porque pouco importa se a pessoa confessou porque foi induzido
ou não, se o que falou foi a verdade.O dolo não altera a verdade do que foi dito na
confissão.
9)
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa;
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Só cabe rescisória por erro de fato se esse fato for incontroverso, ou seja, ninguém
havia discutido e o juiz, por conta disso, cometeu o erro.
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Art. 574. O credor ressarcirá ao devedor os danos que este sofreu, quando a
sentença, passada em julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a
obrigação, que deu lugar à execução.
Reconvenção e rescisória:
Cabe, mas para tanto, é preciso que seja a reconvenção também uma ação rescisória
e, ainda, uma rescisória do mesmo julgado. Ex: o autor pede a rescisória de um
capítulo e o réu reconvém para rescindir outro capítulo da sentença.
Intervenção do MP em rescisória:
O CPC é silente acerca do tema. O entendimento que prevalece é o de que o MP
intervém em todas as ações rescisórias, porque há interesse público no que concerne à
coisa julgada.
Recursos em rescisória:
Não cabem os seguintes recursos:
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- apelação;
- agravo retido;
- agravo de instrumento (art. 525 do CPC);
- Recurso Ordinário Constitucional;
Rescisória de rescisória:
Cabe ação rescisória de rescisória?
Houve uma primeira decisão (rescindenda) e uma segunda (decisão da rescisória).
Quer-se saber se pode ser rescindida a decisão da rescisória.
Tal é possível, mas, para tanto, é preciso que se aponte um vício no julgamento da
própria rescisória, ou seja, não se pode rescindir a segunda decisão porque a primeira
estava errada. Deve mostrar que a decisão que decidiu a rescisória estava viciada. Ex:
corrupção de um membro do tribunal, cujo voto foi decisivo na causa.
A súmula 400 do TST trata do tema:
EM SE TRATANDO DE RESCISÓRIA DE RESCISÓRIA, O VÍCIO APONTADO DEVE NASCER
NA DECISÃO RESCINDENDA, NÃO SE ADMITINDO A REDISCUSSÃO DO ACERTO DO
JULGAMENTO DA RESCISÓRIA ANTERIOR. ASSIM, NÃO SE ADMITE RESCISÓRIA
CALCADA NO INCISO V DO ART. 485 DO CPC PARA DISCUSSÃO, POR MÁ APLICAÇÃO
DOS MESMOS DISPOSITIVOS DE LEI, TIDOS POR VIOLADOS NA RESCISÓRIA ANTERIOR,
BEM COMO PARA ARGÜIÇÃO DE QUESTÕES INERENTES À AÇÃO RESCISÓRIA
PRIMITIVA.
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A pergunta é se a revelia da rescisória pode produzir confissão ficta. A resposta é: não,
porque não se pode cogitar de uma confissão ficta contra coisa julgada. Isso não tem
sentido. Então, não se pode falar em confissão ficta decorrente da revelia em rescisória
porque não se pode falar de confissão ficta contra coisa julgada.
RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL
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Parágrafo único - A reclamação, dirigida ao Presidente do Tribunal, instruída com
prova documental, será autuada e distribuída ao relator da causa principal, sempre
que possível.
Art. 16 - O Ministério Público, nas reclamações que não houver formulado, terá vista
do processo, por cinco dias, após o decurso do prazo para informações.
A Súmula 734 do STF afirma que não cabe Reclamação contra decisão transitada em
julgado, ou seja, a reclamação não pode fazer as vezes de rescisória, não obstante não
haja prazo para se interpor uma Reclamação.
SÚMULA 734:
NÃO CABE RECLAMAÇÃO QUANDO JÁ HOUVER TRANSITADO EM JULGADO O ATO
JUDICIAL QUE SE ALEGA TENHA DESRESPEITADO DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL.
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A Reclamação, assim como a rescisória, é uma ação típica, o que significa dizer que só
cabe Reclamação nas hipóteses previamente determinadas pela CF, e só há duas
hipóteses:
Ex: quando a maioria absoluta de um tribunal for suspeita, quem julga a causa é o STF.
Quando a maioria é suspeita, os tribunais, para não remeteram a causa ao STF,
convocam juízes de primeira instância para compor o quorum. Tal se configura em
usurpação de competência do STF, porque está impedindo o STF de julgar uma causa
para a qual é competente.
Ex: quando a LACP foi criada em 1985, os membros do MP começaram a entrar com
ACP alegando inconstitucionalidade de uma Lei, mas em controle difuso, ou seja, ACP
como instrumento de controle difuso. Os réus começaram a perceber que em uma ACP
exercendo o controle difuso a coisa julgada seria erga omnes, logo a ACP teria a
mesma eficácia de uma ADIN. Os advogados começaram a interpor Reclamação no STF
por usurpação de competência. O STF afirmou que seria possível exercer o controle
difuso em ACP. O STF conheceu da Reclamação, mas julgou seu mérito improcedente.
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Ex: Reclamação por desrespeito às decisões finais em ADIN, ADC e ADPF. Essas
decisões possuem eficácia vinculante e erga omnes. Se alguém as desrespeita, cabe
Reclamação. Aqui também estão incluídas as medidas liminares nessas ações
constitucionais.
Ex: súmula vinculante, onde a CF afirmou que cabe Reclamação contra decisão que
viole súmula vinculante. A Reclamação por desrespeito à súmula vinculante pode ser
contra ato administrativo. Se uma autoridade administrativa desrespeita uma súmula
vinculante, cabe Reclamação no STF.
Ex: Sucede que a Lei 11.417/2006 afirmou que a Reclamação por desrespeito à súmula
vinculante contra ato administrativo, pressupõe esgotamento da discussão no âmbito
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administrativo. O art. 7.º dessa lei afirma isso expressamente. Como interpretar
constitucionalmente esse dispositivo?
Só é possível reclamar contra ato administrativo por desrespeito à súmula vinculante,
sem que se esgotem as instancias administrativas, se for demonstrada a necessidade
de ir ao STF sem que se esgotem as instâncias administrativas.
Ex: As decisões no STF, em controle difuso, tem eficácia vinculante. Logo, surge a
seguinte pergunta: cabe Reclamação contra decisão de juiz que desrespeite decisão do
STF em controle difuso?
Essa questão ainda não foi pacificada no STF. Para o Professor, cabe Reclamação. Hoje,
dois ministros votaram a favor e dois contra. O caso é de um habeas corpus da Lei de
Crimes Hediondos. O STF disse que essa lei era inconstitucional. Um juiz disse que o
STF estava errado e que a Lei era constitucional. O réu na ação penal interpôs uma
Reclamação no STF afirmando que o juiz não poderia dizer que a Lei era constitucional.
Ora, se o STF fixou a tese, pelo pleno, como se dizer que o juiz que entende de forma
diversa, não está desrespeitando decisão do STF?
Ex: uma lei do Estado de Goiás foi considerada inconstitucional por tratar de tema
reservado à Lei Federal. O Estado do Piauí tem Lei idêntica. Um juiz do Piauí diz que a
Lei de seu Estado é constitucional. Houve uma Reclamação do STF, sob o fundamento
de que, ao dizer que a Lei do Piauí era constitucional, o juiz estava desobedecendo
decisão do STF que afirmou que a Lei de Goiás era inconstitucional. A Reclamação aqui
é para fazer valer os motivos determinantes de uma ADIN, que podem valer para uma
situação que se assemelha. Motivos determinantes da ADIN é a suaratio decidendi, que
foi a seguinte: Lei estadual não poderia cuidar daquela matéria. Ora, uma vez fixada a
ratio decidendi ela terá que ser aplicada a casos semelhantes. É a transcendência
dos motivos determinantes, que é a mesma coisa que a eficácia vinculante da
ratio decidendi. O STF já admitiu ADIN para fazer valer essa eficácia vinculante de
uma ratio decidendi. Vide Reclamação 4.987 no Informativo 458 do STF.
Ex. Resolução 12 -2009 do STJ – O STJ passou a aceitar Reclamação contra decisão de
Turma Recursal que desrespeita jurisprudência do STJ.
Editorial 79
23/12/2009
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No editorial 76, destacamos que o STF, ao julgar os Embargos de Declaração
no Recurso Extraordinário n. 571.572-8/BA, anunciou ser cabível, no âmbito
do STJ, a reclamação constitucional para eliminar divergência entre decisões
dos Juizados Especiais Estaduais e a jurisprudência do próprio STJ.
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Uniformização de jurisprudência e o
Prestem atenção: esses dois incidentes, embora diversos, têm uma estrutura
semelhante. São estruturados de forma semelhante. Por isso, tem que ser estudados
juntos. Então, o que vamos fazer? Vamos ver toda a estrutura que é semelhante e,
depois, a gente vê as peculiaridades de um e de outro.
Para que a gente possa compreender a estrutura de ambos, vou relembrar algo
que eu disse umas cinco vezes no Intensivo I. Vou relembrar a vocês que toda decisão
judicial tem fundamentação e dispositivo. E que na fundamentação o juiz examina as
questões incidentes e no dispositivo ele examina a questão principal. E a solução das
questões incidentes não faz coisa julgada e a solução da questão principal faz coisa
julgada. É uma premissa que a gente já viu e que agora precisa ser relembrada. E
quais são as questões incidentes? São todas aquelas que o juiz tem que examinar para
decidir a questão principal.
Pois bem, esses incidentes que a gente vai estudar podem ocorrer em
qualquer julgamento de tribunal. Qualquer um. Pode ser num recurso, numa ação
autônoma de impugnação, pode ser em um reexame necessário. Cuidado porque esses
não são incidentes em julgamento de recurso. São incidentes em julgamento de
tribunal. Qualquer que seja o julgamento do tribunal. Eles podem surgir numa
rescisória, podem surgir numa reclamação, numa apelação. Podem surgir em qualquer
julgamento de tribunal.
Então, uma causa está tramitando num órgão fracionário menor do tribunal.
Durante essa tramitação, o Ministério Público, qualquer das partes e os próprios
membros do tribunal podem suscitar o incidente. Os incidentes podem ser
suscitados por todo mundo, que provocam esse incidente perante esse órgão
fracionário menor. Lá na câmara, uma parte diz assim: “eu quero provocar o incidente
tal”. Lá na câmara, o próprio desembargador diz assim: “eu quero suscitar o incidente
tal.” O MP pede para suscitar o incidente tal. Então, o incidente é suscitado perante
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esse órgão fracionário menor por qualquer dos sujeitos processuais. O órgão
fracionário menor terá que decidir se admite ou não o incidente. É caso de
intervenção obrigatória do MP.
Se ele admitir o incidente, olha o que acontece: admitido o incidente pelo órgão
fracionário menor, a causa é deslocada para um órgão fracionário maior do tribunal.
Sai daquele órgão pequeno que diz assim: “é melhor suscitar esse incidente e remeter
para um colegiado maior”: uma seção do tribunal, umas câmaras cíveis reunidas, um
órgão pleno, um órgão colegiado, um órgão especial com uma composição maior.
Sempre para um órgão maior.
Com que objetivo? Desloca-se a causa para lá, com que objetivo? Vocês se
lembram que há questões incidentes e a questão principal. Qual o objetivo desses
incidentes? Fazer com que o órgão fracionário maior decida uma questão incidente
relevante. Há uma questão incidente que é relevante para a causa. Questão incidente.
Não é questão principal, é questão incidente (um fundamento!) que é relevante para a
causa. Aí a câmara diz assim: “olhe, é melhor que para decidir essa questão seja um
órgão fracionário maior do tribunal. Então, vamos deslocar para que ele decida essa
questão incidente”. E aí, durante esse incidente, o órgão fracionário maior vai resolver
essa questão, que é uma questão incidente. É um fundamento da causa. Ele decide
esse fundamento (olhe, a fundamentação é essa, a solução a ser dada é essa) e a
causa retorna para o órgão fracionário menor que vai concluir o julgamento. O que o
órgão fracionário menor vai fazer? Ele vai examinar as outras questões incidentes e vai
decidir a questão principal.
Então, olhe o que aconteceu aí. Olha a dinâmica da coisa: ao invés de o órgão
fracionário menor examinar todas as questões do processo, todas as questões
incidentes e a questão principal, percebe-se que uma questão incidente é tão relevante
que convém seja decidida por um colegiado maior. O colegiado maior decide essa
questão incidente e o colegiado menor examina as outras e a questão principal.
Percebam que no final das contas (quem profere a decisão final é o fracionário
menor!), que a decisão final é produto de dois órgãos: do fracionário menor (que
decide a questão principal e as outras incidentes) e do fracionário maior que decide
uma questão incidente relevante que foi objeto da uniformização ou da
inconstitucionalidade.
A causa está no colegiado pequeno do tribunal. Percebe-se que uma questão que
pode ser precedente é uma questão muito relevante. O que o colegiado faz? Conclui
que é melhor que esse precedente venha de um colegiado maior do tribunal. Então,
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remete para lá, o colegiado maior decide a questão precedente e depois volta para a
conclusão pelo colegiado menor.
E tem mais: observe que a decisão que julga o incidente não é a decisão final
porque é uma decisão que apenas decide um fundamento. Não é a decisão final. Por
isso, porque resolve apenas um fundamento, porque a decisão do incidente
resolve apenas um fundamento, não há coisa julgada. Eu não posso falar de
coisa julgada aqui porque, rigorosamente, só se decidiu um fundamento e não há coisa
julgada de fundamento. A coisa julgada não recai sobre a fundamentação.
Uma pergunta que muita gente faz: “há coisa julgada no incidente de
uniformização de jurisprudência?” Não, porque o incidente de uniformização de
jurisprudência, como em qualquer desses incidentes que a gente está estudando, serve
para fixar uma questão incidente, que é um fundamento e não há coisa julgada de
fundamento. A coisa julgada que, porventura surja, será da decisão final. A última
decisão.
• Decisão 02: depois uma decisão do órgão colegiado maior que julga o
incidente e
• Decisão 03: depois a decisão que julga a causa, que termina o julgamento.
Perguntaram assim na prova: “da decisão que julga o incidente cabe recurso? Da
decisão 02 cabe recurso?” Só embargos de declaração. Só. É o máximo que você pode
dizer: pedir algum esclarecimento. O máximo. Porque o recurso mesmo vai caber da
decisão final e aí, da decisão final, você pode discutir tudo. Recurso cabe da decisão
final. Vamos dar uma olhada numa súmula do Supremo. Súmula 513:
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principal. Agora, visto como é que a coisa funciona estruturalmente, vamos estudar
cada um dos incidentes.
1. UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDENCIA
Então, olhe só, a causa está numa câmara, aquela câmara decide de um jeito
distinto de outra câmara. Então, o tribunal tem quarenta câmaras. A 30ª decide de um
jeito, a 40ª decide de outro. O que você vai fazer? “Peraí, pare tudo! Já que há uma
divergência nesse tribunal, suscito a uniformização da jurisprudência.” Vai para o
colegiado maior para que o colegiado maior fixar a jurisprudência, fixar o precedente,
pacificar a controvérsia do tribunal e a partir daí, o resto continua do jeito que estava.
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Parágrafo único - Em qualquer caso, será ouvido o
chefe do Ministério Público que funciona perante o tribunal.
Art. 479 - O julgamento, tomado pelo voto da maioria
absoluta dos membros que integram o tribunal, será objeto
de súmula e constituirá precedente na uniformização da
jurisprudência.
Parágrafo único - Os regimentos internos disporão
sobre a publicação no órgão oficial das súmulas de
jurisprudência predominante.
Uma pergunta difícil que costuma ser feita, é a seguinte: Fredie, como é que eu
distingo uniformização de jurisprudência de embargos de divergência? Por que
a pergunta? Porque os embargos de divergência também pressupõem divergência
jurisprudencial. Daí a pergunta que se faz, como se distingue uma coisa da outra. Meus
caros, embargos de divergência é recurso. Eu me valho dele depois da decisão. Eu
digo que essa decisão tem que ser revista porque ela contraria o entendimento deste
tribunal. Embargos de divergência é recurso. Eu entro com ele depois da decisão. A
uniformização eu peço antes da decisão. Os embargos de divergência são um recurso,
coisa que a uniformização não é.
O Código, neste caso, só fala do relator. E a gente viu que a uniformização pode
ser proposta por todo mundo. A doutrina tenta mitigar isso, tenta dizer que não é só o
relator, que todo mundo pode também. Mas o certo é que o código só fala do relator.
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logo. Não é bate e volta. Aqui é vá e decida tudo. Essa é a grande diferença. O § 1º, do
art. 555, serve para transferir todo o julgamento, não é só para dividir o julgamento, é
para deslocar o julgamento. E um deslocamento de competência! Não é só uma divisão
da competência como é na uniformização. O § 1º, do art. 555 autoriza que se mude a
competência. Então, essa é a diferença.
2. INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE
Aqui é bem mais fácil. Pelo seguinte: vocês sabem que a Constituição, no art. 97,
diz que um tribunal só pode dizer que uma lei é inconstitucional pela maioria absoluta
dos seus membros ou do órgão especial. É a regra de reserva de plenário prevista na
Constituição (art. 97), que recebe o nome de full-rate. Só com a bancada cheia se
pode dizer que a lei é inconstitucional. Trata-se de uma exigência constitucional.
CF: Art. 97 - Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
Súmula Vinculante 10
VIOLA A CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ARTIGO 97) A DECISÃO DE ÓRGÃO
FRACIONÁRIO DE TRIBUNAL QUE, EMBORA NÃO DECLARE EXPRESSAMENTE A
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU ATO NORMATIVO DO PODER PÚBLICO, AFASTA
SUA INCIDÊNCIA, NO TODO OU EM PARTE.
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assunto em outro processo (que suscitou o mesmo incidente para discutir sobre a
mesma lei), se o tribunal já decidiu se a lei é inconstitucional ou não, não precisa
decidir de novo. Sabe por quê? Porque esse incidente gera, para o tribunal, um
precedente vinculante. Suscitei um incidente no TJ da Bahia para dizer que a lei tal é
inconstitucional. O TJ decidiu pela inconstitucionalidade. Aquele precedente é
vinculante para o tribunal. Em outro processo que se discuta a mesma lei, não será
preciso suscitar novamente o incidente porque a posição anterior terá que ser
observada.
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Imagine um credor que tenha titulo executivo, que pode partir para executar o
devedor. E o credor que não possui prova nenhuma do que afirma? Este credor terá
que propor uma ordinária para que seu direito seja reconhecido. Ou se tinha o título e
executava ou se interpunha uma ordinária. Mas entre esses extremos, pode haver o
sujeito que não tem título executivo, mas tem prova escrita do crédito. Para esse
credor que temprova escrita em eficácia de título executivo, é que foi pensada a ação
monitória.
A monitória cabe àquele que se afirma credor e tenha prova escrita que não seja título
executivo.
Deve ser credor de dinheiro, coisa fungível, ou determinado bem móvel.
Art. 1.102.A - A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita
sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa
fungível ou de determinado bem móvel.
A primeira discussão que se tem é sobre o conceito de prova escrita para fins de
monitória.
É qualquer prova que, não sendo titulo executivo, gere a verossimilhança da existência
do crédito.
Vide súmulas 247 e 299
Súmula 247: O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do
demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação
monitória.
Instaurada a monitória, a petição vai para o juiz. Este pode entender que a prova
escrita juntada é insuficiente para a monitória. Caso assim entenda manda o autor
emendar a inicial. Se não for emendada, o juiz deve receber como ação ordinária e
mandar citar o réu.
Se o juiz entende que a prova escrita é suficiente, já profere uma interlocutória,
mandando o réu pagar a dívida, em 15 dias. Há quem diga que é uma sentença sob
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condição de o réu não embargar. Isso porque se o réu for revel, a decisão vira
definitiva.
O juiz manda o réu cumprir a obrigação em 15 dias, sem que haja, no entanto,
qualquer punição, coerção ao réu.
Essa decisão do juiz é uma simples admoestação. É irrecorrível, porque não há
interesse recursal. Não há qualquer razão para o réu recorrer dela. O réu, caso não
concorde com a decisão, basta se defender na monitória, que ataca essa decisão do
juiz.
A citação na monitória pode ser por edital. Vide súmula 282 do STJ acerca do tema:
Súmula 282: Cabe a citação por edital em ação monitória.
A primeira reação do réu é se defender. A defesa aqui é feita por meio de embargos
monitórios. Na verdade, é uma defesa. Tanto o é, que são autuados nos mesmos autos,
não há custas, ou seja, é uma contestação com outro nome.
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Intensivo II
Prof.a Fredie Didier Junior
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