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Alunas: Cleide Pereira / Suliane Soares

SAPEM1A

Fernando Hernández

O espanhol Fernando Hernandez, doutor em Psicologia e professor de História da Educação Artística e


também Psicologia da Arte na Universidade de Barcelona, defende a reorganização do currículo por
projetos, em vez das tradicionais disciplinas. Tem 50 anos e há 20 se dedica a lutar pela inserção dos
projetos didáticos na escola. Escreveu Transgressão e Mudança na Educação (Ed. Artmed).

Para Hernandez a organização do currículo deve ser feita por projetos de trabalho, com atuação conjunta
de alunos e professores. As diferentes fases e atividades que compõem um projeto ajudam os estudantes a
desenvolver a consciência sobre o próprio processo de aprendizagem.

Ele alerta que todo projeto precisa estar relacionado com os conteúdos, para não perder o foco. Além
disso, é fundamental estabelecer limites e metas para a conclusão do trabalho.

Baseia seu estudo nas idéias de John Dewey (1859-1952). Hernández põe em xeque a forma atual de
ensinar. “Comecei a me questionar em 1982, quando uma colega me apresentou a um grupo de docentes”.
“Eles não sabiam se os alunos estavam de fato aprendendo.

Ele conta que... “trabalhei durante cinco anos com colegas, e para responder a essa inquietação,
descobrimos que o melhor jeito é organizar o currículo por projetos didáticos.”

O modelo propõe que a pesquisa seja valorizada, que o docente abandone o papel de “transmissor de
conteúdos” para se transformar num pesquisador, transformando o aluno de receptor passivo a sujeito do
processo.

É importante entender que não há um método a seguir, mas uma série de condições a respeitar. O
primeiro passo é determinar um assunto – a escolha pode ser feita partindo de uma sugestão do mestre ou
da garotada. “Todas as coisas podem ser ensinadas por meio de projetos, basta que se tenha uma dúvida
inicial e que se comece a pesquisar e buscar evidências sobre o assunto”, diz Hernández.

Cabe ao educador saber aonde quer chegar. “Estabelecer um objetivo e exigir que as metas sejam
cumpridas, esse é o nosso papel”, afirma Josca Ailine Baroukh, assistente de coordenação da assessoria
pedagógica da Escola Vera Cruz, em São Paulo. Por isso, Hernández alerta que não basta o tema ser “do
gosto” dos alunos. Se não despertar a curiosidade por novos conhecimentos, nada feito. “Se fosse esse o
caso, ligaríamos a televisão num canal de desenhos animados”, explica. Por isso, uma etapa importante é a
de levantamento de dúvidas e definição de objetivos de aprendizagem.
O projeto avança à medida que as perguntas são respondidas e o ideal é fazer anotações para comparar
erros e acertos – isso vale para alunos e professores porque facilita a tomada de decisões. Todo o trabalho
deve estar alicerçado nos conteúdos pré-definidos pela escola e pode (ou não) ser interdisciplinar. Antes,
defina os problemas a resolver. Depois, escolha a(s) disciplina(s). Nunca o inverso. A conclusão pode ser
uma exposição, um relatório ou qualquer outra forma de expressão. Para Cristina Cabral, supervisora
escolar da rede pública, a proposta é excelente, mas é preciso tomar cuidado porque nada acontece por
acaso. “O tratamento didático é essencial ao longo do processo”, destaca.

É importante ainda frisar que há muitas maneiras de garantir a aprendizagem. Os projetos são apenas uma
delas. “É bom e é necessário que os estudantes tenham aulas expositivas, participem de seminários,
trabalhem em grupos e individualmente, ou seja, estudem em diferentes situações”, explica Hernández.
Vera Grellet, psicóloga e coordenadora de projetos da Redeensinar, concorda. “O currículo tradicional
afasta as crianças do mundo real. A proposta dele promove essa aproximação, com excelentes
resultados.”

Há necessidade de propiciar momentos de interação com os alunos, para criar oportunidades de


desenvolvimento do “olhar crítico’, para que as informações sejam analisadas, refletidas e só depois
transformadas em saberes construídos à luz da criticidade e do fazer inteligente”.

Fernando Hernández enaltece os professores com sua fala: “o professor, no Brasil, tem desejo de aprender
e vontade de se comprometer com sua aprendizagem. O Brasil é um dos países do mundo que eu conheço
em que os educadores vibram mais. Eles são apaixonados, preocupados, comprometidos. Esse é um
capital que o país tem e não pode ser desperdiçado. Eu conheço poucos em outros países, que não tem
dinheiro e mesmo assim se reúnem em grupo para comprar um livro e aprender conjuntamente. Isso é
maravilhoso”.

A Organização de Projetos Segundo Hernandez

a) A escolha dos temas – O ponto de partida são as experiências anteriores dos alunos. Os fatores que
integram esse processo são a necessidade, relevância, interesse ou oportunidade de trabalhar um novo
tema. De acordo com a demanda, é feita uma organização curricular mediada por tais interesses. Todos os
temas podem ser trabalhados com Projetos.

b) A atividade do docente após a escolha do Projeto – Especificar o fio condutor; buscar materiais; estudar
e preparar o tema; envolver componentes do grupo; destacar o sentido funcional do Projeto; manter uma
atitude de avaliação; recapitular o processo seguido.

c) A atividade dos alunos após a escolha do Projeto – Os alunos fazem um índice com os aspectos a serem
trabalhados no Projeto; relacionam os pontos comuns dos índices da classe; buscam de informações para
complementar as fontes iniciais.

d) A busca das fontes de informação – A aprendizagem também acontece fora do contexto da escola, ou
seja, o aprender é um ato comunicativo.

e) O índice como uma estratégia de aprendizagem – O índice é usado como o início da organização da
aprendizagem e como procedimento aplicável a outras situações.
f) Realizar um dossiê de síntese dos aspectos tratados no Projeto – Ordena os diferentes aspectos da
informação trabalhada e dos procedimentos utilizados. O dossiê “constitui o primeiro componente da
avaliação formativa do Projeto” (HERNANDEZ;VENTURA, 1998, p. 80).

g) Os Projetos: um modelo didático para trabalhar as ‘Ciências’? Para os autores, as Ciências Naturais e
Sociais favorecem a busca e o tratamento das informações.

A avaliação com respeito à inovação dos Projetos de trabalho

A avaliação no Projeto de trabalho tem o objetivo de ser um processo em que se acompanha e explica e,
por isso, não visa medir ‘os processos de ensino e aprendizagem que se desenvolvem no marco da sala de
aula’ (HERNANDEZ; VENTURA, 1998, p. 86). A avaliação faz com que haja uma ligação entre
intenções iniciais do Projeto e a aprendizagem do aluno.

Numa relação avaliação-aprendizagem se pretende detectar: se o que se pretende com as propostas de


avaliação coincidem com a teoria dos Projetos de trabalho; o grau de aprendizagem dos alunos
relacionado com o que se pretendeu ensinar; dar valor ao sentido psicopedagógico na seqüência ensino-
aprendizagem; captar o valor que tem a avaliação para os alunos. A avaliação não deve ter significado
somente para os alunos, mas também é o contraste das intenções do docente com a aprendizagem do
discente. Isso se torna claro no Projeto de trabalho.

Referências

http://www.educador.brasilescola.com/gestao-educacional/fernando-hernandez.htm

http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/materias_296380.shtml
http://www.fae.ufmg.br/teoriaspedagogicas/teoriashernandez4htm.htm

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