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A DELINQUÊNCIA JUVENIL CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

“A primeira grande causa da delinquência é a má governação! O primeiro


grande antibiótico é a alternância do poder na governação”.

Luisete Macedo Araújo

Nós estamos todos de acordo que queremos, aliás devemos fazer de


Angola um grande país. Mas, para que Angola se torne verdadeiramente
num grande país, 1° temos que construir um grande povo. Entretanto,
para termos um grande povo, é fundamental e indispensável 1° investir no
homem angolano, temos de edificar um cidadão no verdadeiro sentido da
palavra, que usufrua de todos os direitos que não se pode privar à um
cidadão do século XXI.

Angola precisa mais do que tudo de se fazer construir milhões de cidadãos que
sejam úteis para a vida do país, que sejam amados e não indesejáveis ou
rejeitados, que sejam a primeira escolha nos projectos de construção e não
desprezados como acontece com o grande grupo de jovens muitos deles
lançados para o mundo da delinquência e da droga que em Angola, sem
exagero, se transformam em classe social de marginais.

Pois, para que um país seja realmente respeitado, é preciso que tenha suas
sociedades estabilizadas. E, a estabilidade de uma sociedade de muito
depende da personalidade de seus cidadãos, da consciência de seus
residentes e não unicamente das suas riquezas. E a consciência dos
residentes de uma localidade, de uma vila, de um país, depende
essencialmente dos projectos definidos pelo Estado e da direcção que for
indicada pelo governo que aplica as políticas do Estado para a construção da
nação.
Não, nós nunca ignoramos os esforços que têm sido empreendidos pelo
governo. Mas, em linhas gerais, quero dizer que, o bom ou mau cidadão, o
bom ou mau jovem, de muito depende do bom ou mau desempenho do
governo. O mau desempenho do governo, fomenta as desigualdades nas vias
e nos meios para os cidadãos conquistarem as ferramentas e o conhecimento
para eles próprios adquirirem o essencial que lhes permita viver bem. Á isto
chamamos os desequilíbrios sociais e económicos. Logo, se hoje em Angola a
delinquência faz lei, é essencialmente porque o governo está a trabalhar mal.
Pois, o ambiente que se vive numa sociedade é sempre fruto da boa ou má
actividade do governo.

Quando falamos de um lado de uns poucos ricos e do outro de milhares de


angolanos pobres ou miseráveis; quando falamos de milhares de angolanos
que não sabem onde dormir e de uns poucos que têm cinco ou seis casas e
vivem em grandes palácios; quando falamos de gente que tem cinco ou dez
carros e outros milhares de irmãos também angolanos que têm que andar a pé
debaixo do Sol, na chuva ou na poeira ou lutar para conseguir o Candongueiro;
quando falamos das mulheres que perdem os filhos durante os partos
violentos ou por falta de lugares nas maternidades; quando falamos das
milhares de crianças que morrem por falta de tratamento médico, porque são
rejeitadas nos hospitais e porque seus pais não têm dinheiro nem para comprar
o paracetamol que combate a febre; quando falamos daqueles que com armas
na mão defenderam o país, deram tudo de si e até hoje ou não têm as suas
pensões ou recebem uma ninharia do que deviam; quando falamos dos casais
que se divorciam ou dos homicídios e suicídios que se multiplicam só porque
um dos parceiros não tem dinheiro para matar a fome ou dar a criança aquilo
que ela precisa, ao mesmo tempo que uns poucos deitam fora milhões de
dólares no estrangeiro; quando falamos das crianças que ficam sem estudar
por falta de escolas, ou sem o ingresso à universidade por caprichos de uns
poucos, enfim… tudo isso não restam duvidas, é prova mais do que evidente
que o governo não quer o bem do seu povo. E somos forçados a aceitar que é
aqui onde inicia a fonte da delinqüência.

Porque a delinqüência é também falta de amor, amor de si próprio, amor ao


próximo. O facto de não se sentir amado, o facto de não amar a sua própria
vida; o facto de se sentir inútil e impotente na satisfação dos seus desejos,
empurra a pessoa a odiar-se primeiro a si e depois a pensar que o outro é
culpado da sua situação. Esta falta de amor, é também conseqüência da falta
de meios que os permita satisfazer as suas necessidades básicas.
Contudo e conforme disse, para além de outras razões, a delinqüência começa
com a privação dos direitos mais elementares do cidadão como é o direito a
educação, a saúde, ao emprego, a uma casa condigna, a livre circulação, mas
também o direito a palavra e a informação. Portanto, é a reunião de todos
esses estímulos negativos que muito influencia a delinqüência; porque a falta
do essencial para viver, provoca a frustração e essa ilumina o desespero e é o
desespero que empurra os mais fracos psicologicamente para a violência, para
a via mais suja e condenável que é a delinqüência..
Porém, não venho ao Cacuaco para formular críticas gratuitas ao
governo, tão pouco como advogada dos marginais. Eu venho hoje ao
Cacuaco para em conjunto encontrarmos as soluções dos problemas que
nos afectam à todos.

A todos porque: são os delinquentes que estão permanentemente em risco de


vida, são os delinquentes que perigam as vidas de seus próximos e a vida de
seus parentes; à todos porque os crimes perpetrados pelos delinquentes
prejudicam muito mais aqueles que já nada têm, aqueles que se levantam
cedo, aqueles que trabalham duro e ganham muito pouco, os pobres e
sacrificados, a gente do subúrbio, a gente que já é discriminada pelo Estado na
distribuição dos bens da nação, os mais desfavorecidos, os sem teto, os sem
escolas, os sem emprego, os sem alegria.

Numa única palavra, os delinquentes por sua vez impedem o progresso e


o desenvolvimento do país, porque tiram a tranquilidade que outros
cidadãos de boa fé precisam para poderem trabalhar para o bem-estar de
todos nós.

Para além de outras medidas que seriam ideais para colmatar o mal
delinquência, proponho trabalhar com as associações que têm de ser
profissionalizadas. É urgente promover mais cursos de assistentes sociais,
criar mais infra-estruturas e triplicar os meios materiais por formas à que essas
associações locais que, repito, têm de ser profissionalizadas, sejam capazes
não só de albergar, enquadrar as crianças e os jovens, mas possam
transformar a maneira de pensar e agir de um potencial delinquente e fazer
desse um homem íntegro e valoroso cidadão angolano.

“A solução dos nossos problemas não passa nunca pela violência! É a


luta pelo saber e o esforço no trabalho digno de todos os dias que o Sol
se levanta e a todo o preço que nos vai dar a felicidade”.
Nesse aspecto muito particular, as igrejas, em auxilio das escolas e dos pais e
encarregados de educação, têm um papel muito importante a desempenhar na
pacificação dos espíritos e na aplicação da mensagem do Senhor para cada
um de nós praticar o bem ao nosso próximo. Quem fala das igrejas, fala do
comportamento das forças da ordem. Os polícias, os tribunais e os
magistrados, não podem constituir-se unicamente em meios de repressão; têm
de ser igualmente agentes de persuasão, de aconchego. As forças da ordem
têm de servir de conselheiros e educadores, assim como o agente da polícia,
não pode estar na rua somente para prender, punir ou matar, tem de se prestar
útil ao cidadão como confidente, como irmão mais velho do jovem
desorientado.

Nisso tudo, o grande erro que o actual governo cometeu, foi o de não ter
acreditado nas potencialidades do angolano, sobretudo na sua capacidade de
se transformar. O governo ao campar na filosofia de que o angolano é
preguiçoso ou pouco inteligente, optou pela importação de mão-de-obra
estrangeira, em vez de investir muito mais na formação e na mobilização dos
jovens para o estudo, o esforço do dia-a-dia e o trabalho digno. O dinheiro que
gastamos com esta política de importação, daria para proporcionar o bem-estar
para muitos milhões de cidadãos e para retirar da delinquência milhares de
jovens que hoje caíram no total desespero. Esta política do governo fechar
fábricas e oficinas para privilegiar a importação.
Porém, o maior esforço ainda é igualmente a luta política. Neste quadro
específico, a alternância do poder é, tal como disse no início uma das
soluções mais viáveis e consentâneas para a solução global dos
problemas que tenho vindo a citar. A alternância do poder significa que:
quando não estamos satisfeitos com a forma como o governo está a resolver
os problemas que nos tocam, nós demos um voto de contestação. Ou seja, na
altura das eleições, nós votamos num outro partido ou dirigente que pensamos
que melhor vai trabalhar para a maioria do povo.

Se este governo ou presidente que nós escolhemos, não trabalhar conforme


queríamos no espaço dos cinco anos, então retiramos o nosso voto de
confiança e vamos votar num outro.

É assim que os países avançados fazem, é assim que nesses países a


delinquência é muito relativa; é assim que o número de pobres é muito
reduzido, porque os presidentes, ministros, ou governadores são obrigados a
trabalhar bem sob pena de abandonarem os cargos.
Aqui em Angola, as coisas não mudam, porque os dirigentes sabem que
trabalhando bem ou mal, continuarão sempre a governar.

É por isso que, nas próximas eleições, se quisermos que as nossas vidas
tenham um outro rumo, que o nosso futuro e das gerações vindouras esteja
seguro, que haja paz social para todos, que reine o amor entre todos nós; que
as nossas crianças gritem e saltem com alegria já não de dor, de fome ou de
medo; que possamos andar nas ruas de noite e de dia sem medo de ser
assaltados ou mortos, temos de votar um outro governo, um outro presidente
que sinta na carne e na alma a dor que esta situação nos provoca.

É nesta óptica que eu ofereço os meus préstimos e coloco ao dispor de


todos os angolanos a minha visão e o meu programa de acção social que
garante uma Angola muito mais social, muito mais justa e
verdadeiramente próspera e acolhedora!

Há mais de trinta anos que andamos nisso, é tempo de mudar. Aqui está a
urgência de experimentarmos outras coisas, com outras pessoas a pensarem e
agirem para o bem de todos os angolanos e não apenas para o beneficio de
muito poucos. Eis ao justo o motivo principal da minha candidatura à
presidência dos destinos de Angola.

Quero criticar e corrigir a forma de governação consubstanciada na busca de


dividendos políticos e de benefícios pessoais astronómicos que no fundo
inspiram o sindroma da cultura de violência para provocar a confusão e fazer
esquecer ou desviar a consciência do povo quanto a realidade do seu estado
precário de vida;

Quero criticar e corrigir a falta de políticas consentâneas para a massificação


do ensino e a consequente erradicação do analfabetismo;

Quero criticar e corrigir a falta de priorização de iniciativas de empreendimentos


de base para ocupação de um maior número de cidadãos;

Quero criticar e corrigir a falta de programas de educação e sensibilização de


moral e cívica de base junto das massas por parte dos meios da comunicação
social, sobretudo estatais;

Quero criticar e corrigir a ausência de uma política para a formação de


quadros técnicos nacionais a altura das exigências das novas tecnologias e
dos novos desafios da ciência; a problemática do emprego com salários que
estejam ajustados a realidade do custo de vida;

Mas, venho também para alertar que a falta de habitação, de assistência


médica e de outras politicas de âmbito social ao alcance de todos e que
satisfaça à todos, para além de constituir a causa primeira da delinquência, é
também um manifesto contra os Direitos Humanos.
Venho para dizer: “Sim, queremos um milhão de casas, mas não um
milhão de caixas, como estas que estão a ser construídas em muitos
locais, sem condições básicas para qualquer cidadão poder habitar. A
casa do pobre não pode ser uma casa qualquer, apenas com teto e
paredes”.

Portanto, se eu for eleita como presidente de Angola: logo a minha proposta


será para a inversão das prioridades.

Começaria por:

•Colocar o Estado como o maior empregador e com 80% das


responsabilidades na aplicação das políticas de educação, formação e
assistência médica e medicamentosa;
•Despolitizar os sectores e serviços públicos da governação e introduzir a
cultura dos Direitos Humanos no seio daqueles que estão a testa do Estado e
do Governo;

•Dar mais poderes aos governos locais desde as comunas, pois são esses que
estão mais próximos da realidade de vida das populações e em conjunto com
os residentes locais, mais facilmente podem encontrar as fórmulas para
rapidamente os resolver. Neste quadro, os critérios de eleição e nomeação dos
candidatos, serão mais por capacidade e competência e não meramente por
afinidades políticas;
•Priorizar o investimento estrangeiro para os sectores mais estratégicos como é
a pesquisa científica, a grande indústria e os sectores de exploração dos
minerais estratégicos, ao mesmo tempo que, nas zonas urbanas, deve se
triplicar o número de empresas e oficinas, profissionalizar o sector de prestação
de serviços e projectos de acção social, por formas a proporcionar muito mais
empregos, rentabilizar a produção e dar maior poder de compra aos cidadãos
de todas as categorias e classes.
•Para as zonas rurais, dar maior sustentabilidade a agropecuária, organizar a
produção e produtividade dos camponeses; criar maior fluidez na evacuação
de seus produtos e permitir um melhor acesso da população rural com as
cidades; isto os vai permitir ter uma outra visão da sociedade e os vai convidar
a dar um maior contributo para o desenvolvimento das suas vilas criando assim
muitos outros pólos de atracão. Esta dinâmica, é também uma via de escape
para libertar as cidades dos engarrafamentos, do desemprego, da bandidagem,
enfim…

“A juventude para a vida de um país é como o sangue para o corpo


humano”. Se um país não tiver a capacidade de promover jovens saudáveis,
capazes, audazes e prontos para todas as tarefas de reconstrução nacional,
este país está vulnerável e sujeito a ser ocupado por outros que vêm de longe.
Se um governo não consegue produzir jovens, futuros dirigentes ou bons
chefes de família, é um governo fracassado.

Juventude futuros dirigentes, chefes de família, obreiros da valorosa


nação angolana! Não baixem os braços, não vacilem, não entreguem a vossa
sorte à droga, ao alcoolismo, a delinquência! Levantai a vossa cabeça, colocai
a vossa inteligência no que de mais possa ser útil para si, para os vossos pais,
para os vossos futuros filhos, para a vossa geração futura, lutem com
dignidade tal como vossos antepassados lutaram para resgatar a terra do
ocupante, construam no presente os vossos lares e para com a mesma
dignidade alcançarem o amor que tanto vos falta! Metam-se por isso ao
trabalho, a partir de pequenas coisas, organizem-se em grupos de pequenos
construtores e renunciem a violência, agora. Pois podemos cair na lógica do
pai delinquente, filho será também.
Juventude, força da nação, homens e mulheres dessa grandiosa Angola!

Estamos juntos nessa luta e conto convosco nas próximas eleições!

Queremos eleições presidenciais ao sufrágio universal directo, já! Só o


povo é soberano.

Muito obrigada pela atenção que me dispensaram, que tudo quanto disse seja
benéfico para a transformação positiva das vossas vidas e não nos
esqueçamos,
Que Deus Abençoe Angola!

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