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EULER JANSEN
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Euler Paulo de Moura Jansen é juiz de Direito da 3ª Vara de Bayeux/PB, professor de Direito Processual Penal
(ESMA/PB) e do módulo de Sentença Criminal (FESMIP/PB), especialista lato sensu em Direito Processual Civil
(PUC/RS) e em Gestão Jurisdicional de Meios e de Fins (UNIPÊ/PB) e autor do livro Manual de Sentença Criminal
(Renovar-RJ, 2006).
Entretanto, foi a transcrita decisão um estranho engano, pois, menos de quatro meses
depois, em 03.12.2002, os Embargos Declaratórios opostos daquela decisão (EDcl no RHC
12033-MS) foram julgados, também à unanimidade, procedentes para dar efeito modificativo ao
julgado e entender que o advento da Lei 10.259/01 não atingiu o instituto da suspensão
condicional do processo ou o art. 89 da Lei 9.099/95 – entendimento que predomina até hoje.
Ainda mais estranho que o dito efeito modificativo – que se constituiu na simples
mudança de entendimento da Turma e não numa contradição – foi o calar das vozes da doutrina a
respeito do tema. Não podemos entender que foi apenas por coincidência que o “um ano” que
antes definia a pena máxima em abstrato para o crime de potencial ofensivo (art. 61 na redação
original da Lei 9.099) foi utilizado para definir que, se a pena mínima em abstrato de um delito
não o ultrapassasse, seria cabível a suspensão processo do art. 89.
Claramente há uma correlação lógica nesse ponto, inclusive para não subutilizarmos a
suspensão condicional do processo já que vários dos crimes que permitiam sua aplicação agora
não mais dela carecem, por estarem sujeitos ao rito sumaríssimo.
O legislador precisa entender – já que os tribunais não perseveraram nesse entendimento
– que os crimes que seriam alcançados por uma reformulação no aumento da amplitude da
suspensão condicional do processo para aqueles cuja pena mínima não ultrapasse dois anos iria
separar o autor de um furto, mesmo qualificado, do autor de um roubo, o estelionatário do
traficante, aquele que apenas porta uma arma de fogo do latrocida, etc. e a sociedade continuaria
resguardada, pois é sabido sabe que o verdadeiro criminoso não pára no seu primeiro crime ou
pratica apenas um furto qualificado ou um porte de arma e, por isso, com qualquer cumulação ou
prática reiterada seriam objetivamente inaplicável a suspensão.
Não nos satisfaz a justificativa de que, por serem institutos diversos, um vinculado à
pena máxima e outro à pena mínima, não seria aplicável o princípio da proporcionalidade, pois
todo o sistema punitivo está (ou deveria estar) voltado para a solução do fenômeno criminal.
Ainda, como aprendizado de vida, talvez por conta de nossa crença cristã amparar-se
num insondável Plano Divino, temos que não existem coincidências. Inclusive, é razoavelmente
fácil fazer um estudo de como o legislador chegou à definição de um ano para o art. 89, se era ou
não correlacionado com a definição do art. 61 da mesma Lei dos Juizados Especiais. Não
tomamos tal providência, por não termos a compreensão de que a vontade do legislador se
confunda com a vontade do “ente” que se constitui a lei, quando promulgada e integrada ao
ordenamento jurídico.
Esse texto tem uma só pretensão: reacender o debate sobre questão jurídica de grande
aplicação prática, destinada a resguardar direitos individuais e sociais – à medida que impede o
“aprendizado” do criminoso de médio potencial ofensivo com os mestres do grande potencial e
até da hediondez criminosa. O debate praticamente cessou por simples esquecimento, por estar
extremamente ligado a uma questão que foi pacificamente acolhida – a competência do juizado –
pela jurisprudência e pela lei, mas não se chegou a uma explicação que não derivada do
argumento de autoridade – chamado certa vez de “alvará para não pensar” – da Súmula 243 do
STJ, de 11/12/2000 e pub. no DJ 05.02.2001, que está regulando uma abordagem que não
nasceu para regular e que não existia à época de sua concepção.