Você está na página 1de 2

Inclusão cultural e social do surdo na leitura de Histórias

A importância da inclusão cultural e social do surdo através do auxílio da arte,


especificamente da leitura de História, como entrada para o mundo da imaginação e do
sonho tão permitido para criança ouvinte e agora para criança surda também faz parte
do contexto literário cultural.

A inclusão cultural do surdo é efetiva quando todos compartilham da mesma expressão


artística, como protagonista ou espectadores, na medida em que se oferece uma
contação de historia por meio de teatro para todos.

A leitura de histórias para essas crianças é um instrumento muito importante no


estímulo à criatividade, pois desenvolve a Linguagem, seja ela qual for. As histórias têm
a função de transmitir conhecimento, educar, instruir, avisar - com o intuito de
preparar e também promover a inclusão.

Dentro desse estímulo do desenvolvimento encontra-se principalmente o estímulo à


imaginação, uma vez que – tanto ao assistir, quanto ao reproduzir uma história – a
imaginação é a principal ferramenta condutora.

Desse processo de exclusão social resulta a exclusão cultural e o não acesso à cultura.
Por isso é tão essencial refletir sobre a inclusão cultural para tornar acessível a arte ao
deficiente auditivo, de tal modo que ele possa participar de uma contação de história e
conviver com os ouvintes.

Papel do contador de histórias para ouvintes e surdos e sua acessibilidade

O contador transfere para o público todas as possibilidades gestuais e de expressão


para demonstrar aquilo que é contado; utiliza-se do desenvolvimento do imaginário
para ajudar a quem presencia a construção verdadeira.

O contador de histórias se mistura com o personagem e deixa de ser uma pessoa


comum passando uma referência reflexiva, constitutiva e construtiva de atitudes e
comportamentos que servem como modelo a ser seguido pelas crianças.

Buscamos colocar o intérprete no espaço cênico, para além da sua função de intérprete
de Libras, é ele também integrante do espetáculo. Assim, nas Contações de Historias ter
a história falada, a cantada e a história em Libras. Isso tudo no mesmo cenário, mesmo
tempo e mesmo espaço. Isso sim é ter arte acessível para todos. Assim, observa-se que,
quando o surdo depara com uma ação cultural que o envolve com os ouvintes, eles se
sentem mais inclusos na sociedade.

Adaptação da leitura de Histórias


A Contação de História reforça a expressão da criatividade e aumenta a comunicação e
interação entre surdos e ouvintes, mesmo sendo uma comunicação pela linguagem de
sinais ou não.

A Contação de História torna-se facilitador na inclusão cultural e social do surdo, pois a


Contação bilíngue (Libras /Português) propicia que todos compartilhem da mesma
contação, sejam protagonistas ou espectadores, uma vez que o campo de visão, tanto do
surdo como do ouvinte, é o mesmo, sem distinção e com participação simultânea.

O acesso ao acervo literário infantil de forma sinalizada e oralizada adequando a cada


cenário, aos personagens e, principalmente, a mensagem implícita e explícita da
narrativa é uma proposta inovadora que contribui com a estruturação da sociedade
inclusiva e para todos. Não basta ver a imagem de cada cenário com o olhar, os sinais e
na áudio-descrição, mas compreender na narrativa, o discurso que envolve cada cena,
modelo de sociedade e regras de comportamento e sentimentos que envolvem a
construção da história.

O trabalho de contação de histórias em Libras requer não apenas o domínio da língua


de sinais, mas também, como desenvolver estratégias educacionais necessárias para o
bom entendimento e desenvolvimento das atividades. É preciso conhecimento prévio
de como construir o cenário, os personagens, adequar cada história e como estabelecer
um diálogo participativo, compartilhado e educativo com o público oralizado e
sinalizante.

Então não basta contar a história infantil em Libras, mas também, construir as reflexões
éticas e morais inerentes aos valores explícitos e implícitos em cada narrativa e tornar
tudo isto acessível como proposta educacional e de formação humana.

Há então a necessidade de um curso para a formação, capacitação e atualização de


educadores contadores de histórias infantis em Libras, que sejam surdos e/ou ouvintes,
para atuarem em bibliotecas, espaços educacionais e multiculturais gerando atividades
bilíngues que alcancem os diversos ambientes de modo inclusivo, compartilhado,
interativo, que contagia com brilho nos olhos daqueles que vivenciam tamanhas
emoções.

Você também pode gostar