Você está na página 1de 14

UNIVERSIDADE ESTADUAL

PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
Campus de Ilha Solteira - SP
UNESP – FEIS

Projeto de Elementos de
Máquinas II

Ponte Rolante de Aplicação


Não Siderúrgica

Departamento de Engenharia Mecânica


Docente : Prof. Dr. Amarildo Tabone Paschoalini
Discente: Guilherme Francisco Munhoz R.A. 200324978

Ilha Solteira, 12 de Novembro de 2006.


Sumário

1. Mecanismo de Elevação 01

1.1 Dispositivos de Fixação de Carga 01

1.2 Sistema de Cabeamento 01

1.3 Diâmetro do Cabo de Aço 01

2. Tambor para Enrolamento do Cabo de Aço 03

2.1 Diâmetro do Tambor 03

2.2 Comprimento do Tambor 04

2.3 Espessura Mínima do Tambor 04

3. Polias Utilizadas 0

3.1 Polias Fixas e Móveis

3.2 Polia Equalizadora

4. Motor de Levantamento

4.1 Motor Selecionado

5. Redutor do Sistema de Levantamento

6. Conexão Tambor x Redutor

7. Rolamentos

8. Eixos

9. Freio de Parada de Carga

10. Acoplamentos

11. Referências Bibliográficas


1. Mecanismo de Elevação

1.1 Dispositivo de Fixação da carga:

Gancho anzol, onde seu peso é de 2700 N conforme tabela 20 da página 67 de [02]
Iniciarei o desenvolvimento pressupondo-se que o dispositivo de fixação da carga é um
gancho anzol.

1.2 Sistema de Cabeamento:

Cabeamento gêmeo de 4 cabos.


Adotarei o sistema de cabeamento gêmeo pela facilidade de cálculos uma vez que a
força de tração no cabo de aço é constante e o comprimento do cabo de aço é único.
Existem vários tipos de sistemas gêmeos de cabeamento, adotarei o de 4 cabos pois
a carga a ser levantada é relativamente baixa.

1.3 Diâmetro do Cabo de Aço:

1
d c  Q.Tc 2 [mm]
Onde:
dc é o diâmetro externo do cabo de aço dado em milímetros;
Q é o coeficiente para determinação do cabo de aço dado na tabela 27 na página 34
da NBR 8400, Q = 0,3 para o grupo de mecanismo 2m para cabo normal e 0,335 para cabo
não rotativo;
Tc é o esforço máximo de tração nos cabos de aço.

Tc é dado por:
SL
Tc  .10 1
nc . c
Onde:
SL é a carga de serviço (carga útil mais o peso próprio dos acessórios) dada em N;
nc é o número total de cabos de sustentação da carga;
 c é o rendimento mecânico do sistema de cabeamento.
 c é dado por:
 c  p
np

Onde:
 p é o rendimento mecânico do mancal da polia que pode ser adotado como 0,99
para mancais de rolamento;
np é o número de polias em rotação a contar da equalizadora para um sistema gêmeo
de cabeamento.

150000  2700  38560,6 N


Então: Tc 
4.0.991
1
d c  0,3.3856,1 2 18,63 mm
Diâmetro do cabo de aço padronizado: dcp = 19,00 mm = ¾”.
É indicado o cabo de aço da linha 6x41WS com alma de fibra, indicado pela
CIMAF [03] e na página 83 de [04] para a aplicação em pontes rolantes com acabamento
polido conforme o fabricante.

Figura 1: Tabela de tamanho e dados técnicos dos cabos de aço indicados para pontes rolantes
retirados de [03].

Verificação do coeficiente de segurança:


F
kS  R
Tc
Onde:
FR é a carga de ruptura do cabo de aço fornecida pelo fabricante.
kS é o fator de segurança recomendado pelo fabricante na pág 21 de [04].

ks indicado: 6 < ks < 8.


m
FR  21.6 tf x 9.81  211 .9 kN  211896,0 N
s2

Portanto:
211896,0
ks   5,5
38560,6
Sendo assim, é recomendável usar um cabo de aço maior e o próximo do fabricante
é:
m
dcp = 22,00 mm = 7/8” .cujo FR  29.2 tf x 9.81  286.4 kN  286452,0 N .
s2
286452,0
Portanto: k s  38560,6  7,43

Portanto usarei o cabo de aço de 22mm de diâmetro.

Estimativa do peso próprio do cabo de aço:

F pca  q ca .h1 .n c [ N ]
Onde:
Fpca é o peso do cabo de aço;
qca é o peso próprio por unidade de comprimento,
kg m
q ca  1,842 x 9,81 2  18,07 N ;
m s m
h1 é a altura de elevação [m], h1 = 8 m;
nc é o número de cabos, nc = 4;

F pca  18,07 . 8 . 4  578,24 N

Verificando o dc mínimo:
Tc 
150000  2700  578,24  38706,6 N
4.0,991
1
d c  0,3.3870,1 2 18,66 mm
Portanto o cabo a ser usado é mesmo o de 22 mm.

2. Tambor para Enrolamento do Cabo de Aço:

2.1 Diâmetro do Tambor:

Verificação preliminar:

Det  d cp .H 1 .H 2

Onde:
Det é o diâmetro do tambor;
dcp é o diâmetro do cabo de aço;
H1 é um coeficiente que incide sobre o diâmetro de enrolamento dos cabos sobre o
tambor, polia equalizadora, polias móveis e fixas, e é função do grupo de classificação do
mecanismo [01] pg. 34; tabela 28;
H2 é um coeficiente que incide sobre o diâmetro de enrolamento dos cabos sobre o
tambor, polia compensadora, polias móveis e fixas, e é função do sistema de cabeamento
[01] pg. 34, tabela 29;
Portanto:

Det  22.18.1  396 mm


Diâmetro adotado:

Det = 500 mm

2.2 Comprimento do Tambor:

l t  nrt .a c  a1  2.a 2
Onde:
lt é o comprimento do tambor;
nrt é o número total de ranhuras no tambor;
ac é o passo do cabo de aço [mm], adotado 25mm;
a1 é a distância entre o inicio das primeiras ranhuras e o centro do tambor, adotado
100mm;
a2 é a distância entre o clip de fixação do cabo de aço e o flange externo do tambor,
adotado 150mm;
nru é o número de ranhuras úteis;

nc ; h1 4.8000 [ mm]
n ru    20,4  21
 .Det  .500 [ mm]
nrt  n ru  4  21  4  25 ranhuras .
Portanto:
l t  nrt .a c  a1  2.a 2  25.25  100  2.150  1025 mm

2.3 Espessura Mínima do Tambor:

Tensão devido ao efeito de viga:


i.Tc .l t
v  [ N / mm 2 ]
 .Det .et
2

Onde:
v é a tensão atuante devido ao efeito da viga, em N/mm2;
et é a espessura considerada (fundo da ranhura), em mm;
i é o número de entradas de cabo no tambor, tirada da tabela 14 de [02], i = 12 mm;
Portanto:
2.38706,6.1025
v   8,42 N / mm 2
 .500 .12
2

Tensão de flexão local:


1
 f  0,96.Tc .4 2 6
[ N / mm 2 ]
Det .h
1
 f  0,96.38706,6.4 2 6
 39,98 N / mm 2
500 .12

Tensão de compressão, devido ao enrolamento do cabo:


0,5.Tc
 cc  2
[ N / mm 2 ]
a c .et  0,112 .ac
0,5.38706,6
 cc   52,31 N / mm 2
25.12  0,112 .25 2

Tensão resultante:
2
 res  ( v   f ) 2   cc [ N / mm 2 ]

 res  (8,42  39,98) 2  52,312  71,26 N / mm 2

Material do tambor:

ABNT A36 (ASTM A36) – normalizado


e = 240 N/mm2
r = 400 N/mm2

Admitindo-se o tambor, um componente mecânico:


r 400
a    127,77 N / mm 2
k ml .k s 1,12.2,8
Onde:
a é a tensão admissível, em N/mm2
kml é o coeficiente que depende do grupo de classificação do mecanismo.
Grupo 2M km1 = 1,12
ks é o coeficiente que depende do caso de solicitação que está sendo verificado.
ks (caso I) ks = 2,8

Portanto, como  res   a , então pode-se utilizar o material para confecção do tambor.

NOTA: O tambor deverá ser verificado quanto à:


Torção;
Ângulo de torção;
Juntas soldadas;
Sobre metal para usinagem;
Espessuras dos flanges;
Ponta eixo;
Ensaio estático e dinâmico, conforme NBR 8400.
3. Polias utilizadas:

Os diâmetros mínimos das polias fixas, móveis e equalizadora deverão ser:

3.1 Polias Fixas e Móveis:

Dep  d cp .H 1 .H 2 [mm]
Onde:
Dep é o diâmetro de enrolamento das polias.fixas e móveis.
Dep  22.20.1,25  550 mm

Tomando como referência a pagina 26, item B de [02], adotamos:

Dcp = 630 mm.

3.2 Polia Equalizadora:

Depc  d cp .H 1 .H 2 [ mm]
Onde:
Depc é o diâmetro de enrolamento da polia equalizadora.

Depc  22.14.1  308 mm

Tomando como referência a pagina 26, item B de [02], adotamos:

Dcpc = 380 mm.

4. Motor de Levantamento:

S L .V L
P1  [ kW ]
 c .1 . 2 .1000
Onde:
SL é a carga de serviço, em N;
VL é a velocidade de levantamento da carga em m/s;
c é o rendimento mecânico do sistema da cabeamento, 0,97 para o sistema de
cabeamento gêmeo;
1 é o rendimento mecânico do sistema de redução entre o motor e o tambor, 0,973
para o redutor de levantamento utilizando engrenagens helicoidais com 3 pares de
engrenagens;
2 é o rendimento mecânico do mancal de apoio do tambor, 0,99 para o mancal de
rolamento para o pedestal do tambor;
(150000  2700  578,24).0,1
P1   17,5 kW
0,97.0,97 3.0,99.1000
4.1 Motor Selecionado:

Tensão de alimentação: 440V x 3 fases x 60 Hz;


Norma: NBR 11723;
Carcaça: 225M;
Número de pólos: 6 (adotado);
Potência (Pml): 17,6 kW (24 CV);
Intermitência: 40 %
Classe de partida: 150;
Isolação: classe B;
Grau de potência: IP54 (ambiente interno);
Caixa de ligação: posição superior;
Pintura: standard;
Ponta de eixo secundária: sim

5. Redutor do Sistema de Levantamento:

Relação de transmissão necessária:

n1
Ril 
nt

Rotação do motor:

12,565. f r
n1  .0,95 [ rad / s ]
np
12,565.60
n1  .0,95 119,368 rad / s
6

Rotação do tambor:

3141.nc .V L
nt  [ rad / s ]
 .Det
3141.4.0,1
nt  0,8 rad / s
 .500
119 ,368
Ril   149,24
0,8

Observações:
(1) A seleção do redutor de levantamento deverá obedecer os critérios
recomendados pelo fabricante, de acordo com a aplicação.
(2) O ajuste do valor da velocidade nominal do levantamento poderá ser
determinado por meio da alteração do diâmetro do tambor e, se ocorrer, os cálculos
anteriores deverão ser obrigatoriamente revistos.
6. Conexão Tambor x Redutor:

Verificação preliminar:

Figura 2: Ilustração da conexão tambor x redutor retirada de [05].

Onde:

Dp é o diâmetro entre os pinos da conexão tambor x redutor.

Verificação dos pinos:

Nº de pinos: 6

Admitindo-se 4 pinos trabalhando.

Força no pino do tambor (Fpt):


F  F2
F pt  1 [N ]
4
F ' pt
F1  Tc  [N ]
2
Mt
F2  [N ]
rp
Onde:
F’pt é o peso do próprio tambor, em N;
Mt é o torque transmitido ao tambor em N x mm;
rp é o raio dos pinos em mm.
Admitindo-se:

F’pt = 5000 N
Fpca = 3000 N
rp = 145 mm

F1  38706,6  2500  41206,6 N

1022,5.10 3 Pml . l . c 1022,5.10 3.17,6.0,97.0,97 3


Mt    19,915.10 6 N .mm
nt 0,80
19,915.10 6
F2   137342,5 N
145
41206,6  137342,5
F pt   44637,3 N
4

Verificação do pino (σFp):

Fpt .d l
 Fp  .c3 [N/mm2]
wp

Admitindo-se:

dl = 14 mm
c3 = 2

 .453
wp   8941 mm3
32

44367,3.14
 Fp  .2  139,79 N / mm 2
8941
Material dos pinos:

ABNT 4140 – normalizado


Dureza mínima: 250 HB
σR = 850 N/mm2

Tensão admissível:

R 850
a    271,04 N / mm 2
kml .k s 1,12.2,8

 fp   a (OK)
7. Rolamentos:

Admitindo-se o tempo médio de funcionamento diário maior que uma hora e menor
ou igual a duas horas, a duração total teórica de utilização é de 3200 horas.
Os rolamentos deverão ser selecionados conforme abaixo:
• Tipos de rolamentos;
• Solicitação no rolamento: força axial e radial;
• Vida útil: 3200 horas (mínima);
• Tipo de blindagem: conforme aplicação.

8. Eixos:

No layout proposto do sistema de levantamento, não há a necessidade de eixos


interligando os componentes mecânicos.
Os eixos do tambor (ponta de eixo), das polias móveis, fixas e equalizadora, devem
ser verificados conforme respectivas solicitações.

9. Freio de Parada da Carga:

Seleção do freio de parada:

Tipo: eletrohidráulico de sapatas;

Critério de seleção: fabricante.

1631.Pml
Mtl  [N.m]
nl

Onde
Pml é a potência instalada do motor de levantamento e nl é a rotação do eixo do
motor.

1631.17,6
Mt l   240,5 N .m
119 ,37

De acordo com a especificação do fabricante, temos:

Diâmetro da polia do freio: 400 mm;


Torque mínimo de frenagem: 300 N.m;
Torque máximo de frenagem: 670 N.m.
10. Acoplamentos:

Os acoplamentos selecionados devem satisfazer a condição de transmissão de


torque, com o fator de serviço conforme as recomendações do fabricante e também as
condições de usinagem dos cubos, dentro dos limites dimensionais recomendados.
Também deve ser verificado o desalinhamento máximo permitido entre os
componentes.

11. Referências Bibliográficas:

[01] NBR 8400, Cálculo de Equipamentos para Levantamento e


Movimentação de Cargas, ABNT - Associação Brasileira de Normas
Técnicas, São Paulo, 1984;

[02] Ernst, H.. Aparatos de Elevación y Transporte, vol. I e II, Editorial


Blume, Madrid, 1972;

[03] www.cimaf.com.br;

[04] Cabos CIMAF. Manual Técnico, Unimpress Gráfica LTDA, Osasco-SP, maio de 2007;

[05] Tamasauskas, A., Metodologia do Projeto Básico de Equipamento de Manuseio e


Transporte de Cargas – Pontes Rolantes – Aplicação Não-Siderúrgica, Dissertação
apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de
Mestre em Engenharia Mecânica, São Paulo, 2000;

[06] www.weg.com.br.

Você também pode gostar