Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
Esse estudo trata de uma revisão de literatura de abordagem qualitativa com objetivos de
descrever o conceito e a fisiopatologia da úlcera venosa e comparar as terapias de bandagem
elástica e inelástica. Ao associar os descritores: Úlcera varicosa; Úlcera da perna; Bandagens;
Bandagens compressivas e ao filtrar os artigos utilizando os critérios de inclusão, obteve-se o
total de 13 para o estudo. A análise dos dados ocorreu pelo método dedutivo; após a leitura dos
artigos, surgiram três categorias: desenvolvimento da úlcera venosa, fatores de risco e
complicações; importância da utilização das terapias compressivas e do papel do enfermeiro;
comparação entre as terapias elásticas e inelásticas no tratamento da úlcera venosa. Concluí-se
que a terapia inelástica, obteve melhor resultado para o tratamento da úlcera venosa, quando
comparada à terapia elástica. A terapia elástica, no entanto, é fundamental para manutenção dos
padrões hemodinâmicos venosos, integridade da pele e a prevenção de recidiva da lesão.
ABSTRACT
1
Discente do curso de bacharelado em enfermagem. E-mail: herica002@gmail.com.
2
Discente do curso de bacharelado em enfermagem. E-mail: jpsantosnicacio_10@hotmail.com.
3
Enfermeira; M.ª; Profª; orientadora no Centro Universitário Jorge Amado. E-mail: deia_severo10@yahoo.com.br.
3
This study deals with a qualitative approach to literature review, with aims to describe the
concept and pathophysiology of venous ulcer and compare the elastic and inelastic bandaging
therapies. By associating the descriptors: Varicose ulcer; Leg ulcer; bandages; compression
bandages and filter using inclusion criteria gave the total of 13 items in the study. Data analysis
was the deductive method, after reading the articles appeared three categories: Development of
venous ulcer, risk factors and complications; The importance of the use of compression therapy
and the role of nurses; Comparison between elastic and inelastic therapies in the treatment of
venous ulcers. It is concluded that the inelastic therapy had the best results for the treatment of
venous ulcers, compared to the elastic therapy. The elastic therapy, however, is essential for
maintenance of venous hemodynamics, skin integrity and the prevention of tumor recurrence.
INTRODUÇÃO
A úlcera vasculogênica é um sério problema de saúde pública, além de ser responsável por
provocar grande impacto econômico em todo o mundo. Essa lesão está diretamente associada à
insuficiência venosa crônica. Silva (1) identificou por sua vez, no relatório publicado pelo Ministério
da Previdência Social no ano de 1983, que a Insuficiência venosa crônica (IVC) apareceu como a
14ª causa de afastamento de trabalho (2,3).
Para França e Tavares (4), a IVC é a incapacidade de manutenção do equilíbrio entre o fluxo
de sangue arterial que chega ao membro inferior e o fluxo venoso que retorna ao átrio direito,
decorrente da incompetência do sistema venoso superficial e/ou profundo, provocando hipertensão
venosa que consequentemente compromete a irrigação sanguínea dos membros inferiores e leva ao
surgimento da úlcera (3,4).
Dentre as formas de tratamento clínico da úlcera venosa, estão as terapias com o uso das
bandagens elástica e inelástica. As bandagens elásticas são fabricadas com fibras elásticas e
funcionam como facilitadoras do retorno venoso, permitindo maior alívio das musculaturas dos
membros inferiores. Segundo Smeltzer e Bare (5), as meias e as ataduras de compressão elásticas são
dispositivos que exercem uma pressão sustentada, com distribuição uniforme sobre toda a superfície
das panturrilhas, reduzindo o calibre das veias superficiais das pernas e favorecendo maior fluxo
nos vasos profundos (5, 11).
4
O curativo denominado bota de Unna consiste numa bandagem compressiva inelástica
desenvolvida, no século XIX, pelo médico dermatologista alemão Paul Gerson Unna. Nesse
curativo, há presença de uma pasta composta basicamente das seguintes substâncias: óxido de
(6)
zinco, glicerina, água destilada e gelatina. Borges diz que a bota de Unna, atua de forma a
aumentar a compressão e a favorecer a drenagem e o suporte venoso, beneficiando, assim, a
cicatrização da úlcera (6,10).
Essa pesquisa é relevante por proporcionar aos estudantes e profissionais conhecimento mais
amplo sobre os dois tipos de tratamento clínico, bandagens elásticas (meia e atadura elástica) e
bandagem inelástica (bota de Unna) e por formar subsídios para a melhor escolha de tratamento
oferecido àqueles que possuem ulceração venosa nos membros inferiores. Assim, faz-se necessário
estabelecer comparações entre as terapias através de uma investigação que parte da literatura já
existente sobre o assunto, buscando evidenciar a importância do tema, em vista ao crescimento
epidemiológico desta patologia ao longo dos anos. Desse modo, o presente estudo tem uma questão
norteadora, a saber: qual das terapias entre a elástica e a inelástica é melhor para pacientes com
úlcera venosa? E objetiva principalmente descrever o conceito e fisiopatologia da úlcera venosa e
comparar as terapias de bandagem elástica (meia e atadura elástica) e inelástica (bota de Unna).
METODOLOGIA
Este estudo parte de uma revisão de literatura de abordagem qualitativa, que possui por
definição o processo de busca, análise e descrição de um corpo do conhecimento, em busca de
resposta a uma pergunta específica (7).
As bases de dados utilizadas foram a Medical Literature Analysis And Retrieval System on
line (MEDLINE), Literatura Latino-Americano de Ciência da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic
Library Online (SCIELO) e Revistas de Enfermagem. Utilizamos os seguintes descritores: Úlcera
varicosa; Úlcera da perna; Bandagens; Bandagens compressivas. Os critérios de inclusão foram
artigos publicados nos últimos cinco anos, publicações disponíveis na íntegra em periódicos
nacionais e internacionais, nos idiomas português, inglês e espanhol de forma gratuita e que
contemplam o objetivo proposto.
5
A análise dos dados ocorreu pelo método dedutivo, que é o método que parte do geral e a
seguir para o particular. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis
possibilitando chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de
sua lógica (8).
RESULTADO E DISCUSSÃO
Ao associar os descritores bandagens e úlcera de perna, foram encontrados 128 artigos que
foram filtrados de acordo com a língua e com anos publicados. Dentre estes, 124 eram da
MEDLINE e 04 da LILACS, sendo que 22 artigos estiveram repetidos. Após a leitura do título e
resumos, entraram para análise 35 artigos e em seguida ao realizar a leitura na íntegra restaram
apenas 04.
6
A convivência com uma úlcera remete a um impacto maior do que somente a exposição a
uma inconveniência ou desconforto, pois demanda adaptação a uma condição contínua. Observa-se
que os impactos físicos estão diretamente relacionados à dor, dificuldades para locomoção,
limitações no trabalho doméstico, nas atividades sociais, restrições na vida conjugal e de lazer.
Além do impacto fisiológico, a úlcera venosa pode acarretar também complicações psicossociais e
no estilo de vida do indivíduo, atingindo diretamente a qualidade de vida da população acometida,
uma vez que envolve todos os elementos essenciais à condição humana, quer seja físico,
psicológico, social, cultural ou espiritual (9).
A leitura dos artigos revela que a úlcera é caracterizada por perda de derme ou epiderme,
que pode atingir também tecidos subcutâneos e subjacentes em membros inferiores, como na região
maleolar medial e na porção superior da panturrilha e nos pés. De modo semelhante está atrelada a
não cicatrização da úlcera no período máximo de seis semanas. Há pacientes que possuem lesões há
anos, com presença ou não de exsudato, tecido de granulação e esfacelos no leito, além de dermatite
ocre que é algo comum para aqueles que possuem úlcera venosa (10).
Seu diagnóstico clínico ocorre por meio da anamnese e exame físico, sendo necessário
realizá-lo detalhadamente, principalmente sobre comorbidades, sintomatologias, traumatismo
prévio e prováveis fatores de risco associados. A fim de confirmar que se trata de uma úlcera
venosa, além do exame clínico é necessário a realização do Ecocolor Doppler, que é o exame mais
utilizado atualmente para detecção da disfunção das válvulas venosas e/ou obstrução crônica, como
descrevem Barcelos (15) e Soares (12).
7
A úlcera venosa quando não tratada adequadamente pode desencadear complicações
severas, como o surgimento de infecções de partes moles, dermatite de contato, osteomielite e
tecido neoplásico, que são decorrentes de degenerações malignas, especialmente carcinomas
espinocelulares, também denominado de úlcera de Marjolin. Os achados clínicos que sugerem a
transformação maligna, incluem: úlceras que não cicatrizam, aumento da consistência da lesaõ ,
vegetação, odor desagradável e formação de nódulos sobre a cicatriz, particularmente na borda
(12,15).
A bota de Unna é uma atadura composta por uma pasta, que cria um molde semissólido
necessário para a efetivação da compressão externa, resultando em alta pressão na contração
muscular durante a movimentação e pequena pressão ao repouso. Alguns pesquisadores discutiram
sobre os aspectos positivos dessa terapia e relacionaram: a melhora da dor, que ocorre devido à
diminuição do edema; o tempo de troca que é a cada sete dias, reduzindo, dessa forma, os custos
com o tratamento e melhora da qualidade de vida dos portadores de úlcera venosa. Para efetiva
atuação do produto, recomenda-se a continuação de atividades diárias e realização de pequenas
caminhadas durante a sua utilização (18, 10, 12, 13, 9).
Apesar disso, nas semanas iniciais, o uso da bota de Unna pode ocasionar desconforto em
decorrência da dor, levando à resistência ou diminuição da adesão ao tratamento quando comparada
ao uso da terapia elástica. Isso ocorre em virtude do mecanismo de ação e composições das
bandagens, já que na terapia inelástica possui poucas fibras elastométricas. Em consequência do
mecanismo de ação, é contra indicada para pacientes acamados, que utilizam cadeira de rodas e
diabéticos não controlados, já que nestes casos pode haver perda de sensibilidade e ocorrer uma
nova lesão no membro afetado (21, 18, 17).
Através desse estudo, ficou evidenciado que a terapia inelástica, fazendo uso da bota de
Unna, obteve melhor resultado para o tratamento da úlcera venosa, quando comparado à terapia
elástica, fazendo uso da meia e atadura elástica. A terapia elástica, no entanto, é fundamental para
manutenção dos padrões hemodinâmicos venosos, a integridade da pele e prevenção de recidiva da
lesão.
REFERÊNCIAS
1. Silva, MJC. Insuficiência venosa crônica: diagnóstico e tratamento clínico. Maffei FH, editor.
Doenças vasculares periféricas, Rio de Janeiro, 2002;(2):1591-1602.
2. Silva, D et al. Cuidado de enfermagem aos usuários com úlceras venosas. Revista Contexto &
Saúde, 2011;11(20):851-854.
3. Barbosa, JAG; Campos, LMN. Diretrizes para o tratamento da úlcera venosa. Enfermería Global,
2010;(10).
4. França, LHG; Tavares, V. Insuficiência venosa crônica: uma atualização. J Vasc Br,
2003;2(4):318-28.
5. Bare, B, Smeltzer, S. Brunner & Suddarth Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico, 2011;2.
11
6. Borges, EL; Caliri, MHL; Haas, VJ. Revisão sistemática do tratamento tópico da úlcera
venosa. Revista Latino-americana de Enfermagem, 2007;15(6):1163-1170.
7. Lopes, ALM; Fracoll, LA. Revisão sistemática de literatura e metassíntese qualitativa:
considerações sobre sua aplicação na pesquisa em enfermagem. Texto and Contexto Enfermagem,
2008;17(4):771.
8. Prodanov, CC; Freitas, EC. Metodologia do Trabalho Científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa
e do Trabalho Acadêmico-2ª Edição. Editora Feevale, 2013.
9. Salomé, G; Ferreira, L. Qualidade de vida em pacientes com úlcera venosa em terapia
compressiva por bota de Unna. Rev. Brasileira Cirurgia Plástica, 2012;27(3):466-7.
10. Abreu, AM; Oliveira, BG. Estudo da Bota de Unna comparado à bandagem elástica em úlceras
venosas: ensaio clínico randomizado. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 2015;23(4): 571-
577.
11. Souza, JL et al. Assistência de Enfermagem a pacientes portadores de úlcera venosa: uma
revisão integrativa. Caderno de Graduação - Ciências Biológicas e da Saúde - FACIPE, 2014;1(3):
47-58.
12. Soares, N et al. Características da ferida tratada com a bota de Unna. Revista Eletrônica de
Enfermagem do Vale do Paraíba, 2014;1(6).
13. Nicolosi, JT et al. Terapias compressivas no tratamento de úlcera venosa: estudo
bibliométrico. Aquichan, 2015;15(2):283-295.
14. Jesus, P; Brandão, E; Silva, C. Cuidados de enfermagem aos clientes com úlceras venosas uma
revisão integrativa da literatura. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental – Online. 2015;
7(2):2639-2648.
15. Barcelos, AC et al. Manifestações Dermatológicas da Insuficiência Venosa Crônica. Cadernos
Brasileiros de Medicina, 2015;27(3).
16. Belczak, SQ. et al. Tratamento da úlcera varicosa dos membros inferiores mediante cirurgia e
bota de Unna: uma economia para o sistema de saúde brasileiro. Einstein, 2011;9(3).
17. Abreu, A; Oliveira, B; Manarte, J. Tratamento de úlcera venosa com bota de Unna: estudo de
caso. Online Brazilian Journal of Nursing, 2013;12(1):198-208.
18. Macedo, EB et al. Custo-efetividade da terapia compressiva em pessoas com úlceras
venosas. Journal of Nursing UFPE/Revista de Enfermagem UFPE, 2013;7(10).
19. Melo, BV. Qualidade de vida em doentes venosos crônicos usuários e não usuários de meias
elásticas. Jornal Vascular Brasileiro, 2014;14,(1):62-67.
20. Abreu, A, Oliveira, B. Uso da atadura elástica como terapia compressiva em úlcera venosa:
Relato de experiência. Revista Enfermagem Profissional, 2014;1(2):489-499.
21. Luz, BSR et al. A avaliação da eficácia da bota de Unna artesanal no tratamento de pacientes
com úlceras venosas. VI Congresso de Iniciação Científica da Universidade do Vale do Sapucaí –
UNIVÁS, 2013.
12
13