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e Cognição
A prática da análise, do comportamento e cia
terapia coqnitivo-comportamentaC
Orqanlzado por: H aly DeLitti
f lR B ^
E DI T ORA
Sobre
Comportamento
e Cogníção
Volume 2
A prática da análise do comportamento e da
terapia cognitivo-comportamental.
Organizado por M a ly P c litti
H R B pded
E D I T O R A
Copyright desta edição:
AKBytcs E ditora L ida., Sflo Paulo, 1997.
Todos os direitos reservados
^ F o n e /F ax
(§11) 4979-4608
" Assim como falham as palavras quando querem
exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem
exprimir qualquer realidade".
Alberto Caiero
Este livro é dedicado aos nossos clientes, que partilhando conosco suas vidas,
sôo uma fonte constante de desafio, aprendizagem e reforçamento.
Maly Delitti
A pr ese n t a ç ã o
Organizar estes livros foi um desafio e uma alegria. Reunir textos de diferentes
autores é sempre uma tarefa complicada. Alinhavar várias exposições feitas em sessões
de palestras, conferências e mesas redondas realizadas em datas e lugares diferentes,
por diversos profissionais de todo o Brasil ó ainda mais difícil. No início, parecia que o
único ponto em comum entre os vários trabalhos é que tinham sido apresentados nos
encontros da ABPMC nos anos de 1993 a 1996. Depois, percebemos que poderíamos
fazer uma organização mais detalhada e o resultado foram três volumes de uma mesma
coleção:
Sobre comportamento e cognição:
Vol I: Aspectos teóricos, metodológicos e de formação em análise do comportamento e
terapia cognitivo-comportamental.
Vol II: A prática da análise do comportamento e da terapia cognitivo-comportamental.
Vol III: A aplicação da análise do comportamento e da terapia cognitivo comportamental
no hospital geral e nos transtornos psiquiátricos.
Este volume reúne as exposições que abordaram o processo clínico e a aplicação
da análise do comportamento a outras situações práticas, tais como as empresas e as
escolas. Qualquer profissional de clinica ou professor de Análise do Comportamento no
Brasil sabe que a falta de bibliografia nesta área é enorme. Se pensarmos em autores
brasileiros, a carência é ainda maior. Os raros livros que existem são o resultado do
empenho da ABPMC na figura de algumas pessoas que se dedicaram ao mesmo objetivo
que temos agora: mostrar o que e como os profissionais do Brasil estão fazendo no
campo da Análise do Comportamento. Por isso a sensação de desafio. Por isso a alegria.
Este livro está dividido em quatro partes. Na primeira parte estão reunidos
trabalhos que abordam a história e evolução da Terapia Comportamental no Brasil. São
textos que envolvem depoimentos e reflexões de profissionais empenhados no ensino,
pesquisa e prática da Análise Comportamental Aplicada, sem os quais jamais poderíamos
ter hoje uma publicação como está.
Na segunda parle os textos tratam da avaliação ou diagnóstico comportamental.
Esta avaliação consiste na integração de informações (coletadas com diferentes
instrumentos) acerca do comportamento que o cliente refere como queixa. Para que
esta análise seja realizada de modo eficaz é necessário além de conhecer os padrões
comportamentais, identificar na história de vida dos clientes as contingências nas quais
os comportamentos foram instalados e como os mesmos se mantém. Somente a partir
de uma análise Inicial criteriosa é que terapeuta e cliente podem juntos estabelecer
objetivos, avaliar os recursos pessoais e definir as estratégias do processo terapêutico.
Os trabalhos de vários profissionais, envolvidos com a pesquisa e a aplicação
dos princípios da Análise do Comportamento na situação clinica .estâo compilados na
terceira parte deste livro. As variáveis que influem na mudança comportamental, tais
como a relação terapêutica, o controle por regras ou por contingências, o papel do
terapeuta, e a utilização da fantasia no processo clínico são alguns dos temas explorados.
Estés textos mostram a preocupação e os procedimentos terapêuticos desenvolvidos
por seus autores e indicam possibilidades de atuação clínica objetiva, sem perder de
vista a necessidade da boa relação entre os indivíduos envolvidos no processo clínico.
Finalmente, na quarta parte, estão reunidos os trabalhos que mostram o uso
efetivo da Análise do Comportamento na educação com ênfase na prática da
psicopedagogia , e também textos que mostram a possibilidade da utilização desta
abordagem às situações das empresas, no esporte enfim a atuação do psicólogo na
comunidade.
Estou certa que a leitura e utilização deste livro, proporcionará a você os mesmos
reforçadores que eu obtive ao organizá-lo: aprendizagem, satisfação e a certeza de que
estamos num caminho promissor,
obrigado pelas "dicas’’ em torno do nome dos livros;
Maly Delitti
P refá c io
Capítulo 20 - Mudança do controle por regras falsas para o controle por con tin
gências ou "dê uma chance para as contingências”
Maly Delitti (PUC/SP)............................................................................... 182
A História da terapia
comportamental no
Brasil
Capítulo 1
IA /J
4 UiiclidRodriguesKciluuy
registro de atividades realizadas, a maneira como foi feita e o prazer decorrente, as
circunstâncias em que estes comportamentos ocorreram, são outros exemplos de tarefas
que completam e auxiliam o processo terapêutico comportamental.
Um outro ponto inovador das terapias comportamentais é o didatism o, talvez
por assumir o papel educacional ao debater as regras, ou suas afirmações e cognições
sobre o mundo. Fundamenta-se na lógica segundo a qual os comportamentos e as
emoções das pessoas são determinados pelo modo como organiza o mundo, segundo
Beck (1967). Para esse autor, cognições, ou seja, .os eventos verbais ou pictóricos
conscientes, baseiam-se em atitudes ou suposições desenvolvidas em experiências
anteriores. Desse modo, se uma pessoa interpreta suas experiências como sendo
adequadas ou inadequadas, pode ter por trás uma regra: “se eu não fizer perfeito sou
um fracasso". Formulação semelhante e com justificativas do debate das regras e
avaliação da adequação lógicas são as de Skinner (1974), que discute a maneira pela
qual a pessoa aprendeu a formular regras ou aceitá-las, sem verificar sua adequação as
contingências presentes no momento tornando-as dfsfuncionais, ou seja, as
conseqüências passam a ser diferentes das previstas pelas regras, (c).
Em decorrência dessa postura, o paciente aprende a dominar situações através
da reavaliação e correção de seu pensamento. O terapeuta auxilia o cliente a pensar e
comportar-se mais realista e adaptativamente. Emprega ao fazer isto, técnicas para testar
e especificar as falsas concepções, e examinar evidências e substituir crenças
disfuncionais. O trabalho de Ellis em (1957, 1962) favoreceu o desenvolvimento das
terapias cognitivo-comportamentais por enfatizar o ABC , ou seja o evento ativador (A)
as crenças (B=belief) B e as conseqüências emocionais.
Para concluir falta explicitar mais uma contribuição e talvez a maior delas: O
emprego da análise funcional como ponto básico de diagnóstico e terapia.
Um dos temas emergentes na última década, nas análises teóricas e conceituais
em TC, com implicações práticas é o papel dos eventos que não são diretamente
observáveis, os denominados por Homme (1965) de coverants, comportamentos*
operantes encobertos, e atualmente apenas encobertos.
Nesse sentido, o behaviorismo radical de Skinner foi “colocado corretamente"
segundo Franks (1990), p. 2, “como a ciência do comportamento, que tem lugar para
eventos que não são diretamente observáveis". A repercussão dessa aceitação derivou
de formas de trabalhar em TC, e reacendeu, a meu ver, a necessidade de revitalizar a
maneira como o terapeuta comportamental faz o diagnóstico e tratamento, através da
análise funcional. Essa análise era utilizada, já na “pré-história"da terapia comportamental,'
defendida brilhantemente por Kanfer desde (1970) como forma de diagnóstico no cap. 2,
foi cada vez mais detalhada atualmente, com a análise do comportamento verbal, definido
por Skinner (1957), e em pesquisas atuais especialmente na área de equivalência. Na
análise funcional estamos falando de uma contingência clássica de três termos, com
reforçamento. Estudos de equivalência mostram a aprendizagem sem reforçamento,
pois estabelece relações de classes de estímulos equivalentes. O que está sendo
estudado é o significado sendo possível verificar a relação entre o comportamento
aberto e encoberto. Na clínica, se faz a dedução sobre o tipo de relação de funções, sem
a forma mais sofisticada da prova realizada através do teste de laboratório.
Bibliografia
6 R a c h e i R o J rlg u e t K e rb au y
59,167-175
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A história da modificação de
comportamento no Brasil
N ilcc Pinheiro M c jü s
usr
1. As trajetórias pessoais
S o ln r iv m / w r ta tn e n to c cohii I ç.I o 9
secundário em que o professor demonstrava o que ensinava, sincronizando sua exposição
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A trajetória de um terapeuta
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Myrian VüHíüs dc Oliveira Linm
(Clínica privada)
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24 Sandra Cury
de discutir com os professores Maria do Carmo Guedes, Hélio Guilhardi, Luiz Otávio de
Seixas Queirós, Sérgio Luna, Maria Lucia Ferrara e outros professores da PUC, sobre a
criação do Programa de Modificação de Comportamento naquela universidade. Tive
a oportunidade de interagir com ele nessas duas atividades, por ser aluna do curso de
pós-graduação da USP e professora da PUC.
Nessa ocasião, Martin participou também de discussões na clínica de Modificação
de Comportamento de L.Otávio e Hélio, em Campinas.
Uma observação importante, para a compreensão do que ocorria na época.
Nesse mesmo ano de 1973, a Professora Rachel Kerbauy (com a qual eu
trabalhava) iniciava a primeira turma de especialização em Modificação de
Comportamento no Instituto de Psicologia Sedes Sapientiae da PUCSP. O Sedes, embora
já se intitulasse Instituto de Psicologia Sedes Sapientiae da PUC, ainda não havia sido
verdadeiramente incorporado à PUC, funcionando com instalações e alunos diferentes.
Possuía , até então, três áreas pelas quais os alunos poderiam optar nos dois anos de
profissionalização: clínica, industrial e educacional. A partir de 1973, uma nova opção foi
incluída: a de Modificação de Comportamento, que a professora Rachel vinha testando
desde 1969 com grupos menores. Para esse curso, transferiram-se em 1973 cerca de
quarenta alunos da PUC propriamente dita, dos quais muitos viriam a ser, posteriormente,
professores do Programa de Modificação de Comportamento que estava sendo planejado
com a colaboração do Dr. Martin. Também na PUC, esta seria uma quarta área de
opção.
Em outubro de 1974, o Professor Martin retorna ao Brasil. Ministra um curso de
Modificação de Comportamento para alunos da PUC, outro para profissionais interessados
em Modificação de Comportamento em Excepcionais, várias palestras em diferentes
Universidades e consultoria para a AMAE (Associação Morumbi de Assistência ao
Excepcional). Dedica também um considerável tempo de consultoria à APAE de São
Paulo.
Continua a trabalhar com os professores da PUC SP no desenvolvimento do
Programa de Modificação de Comportamento e no preparo de um artigo que o descreveria.
Do clima dessas discussões, surgiu um dos mais bem sucedidos cursos do Programa,
que se intitulava: Problemas controvertidos.
Colaborou também com o grupo que na ocasião organizava a AMC (Associação
de Modificação de Comportamento).
Em abril de 1975 (portanto esteve conosco em três anos consecutivos), Garry
Martin volta a trabalhar no Brasil. Dá aulas na Faculdade São Marcos e na USP. Ministra
um curso para estudantes da PUCSP e outro em Campinas, juntamente com Maria
Amália Andery, Hélio Guilhardi, Angela Pallotta e Adelaide Palma, sobre Procedimentos
de Modificação de Comportamento com Indivíduos Severamente Retardados.
Ao se referir recentemente àquele ano de 1975, relata o seu espanto com o que
Hélio e Maria Amália tinham conseguido em um ano na área de excepcionais, o que
segundo ele fez com que percebesse não ser mais necessário naquele setor.
Continua, naquele ano, a fazer muitas reuniões com o pessoal dos comitês da
AMC que, no ano seguinte, começaria a editar sua revista: Modificação de Comportamento
26 Sundr«i Cury
Martin, em vista disso, tentou de todas as formas estimular publicações,
combatendo muito o que denominou de auto-censura dos grupos.
A influência de Garry Martin sobre nós, nâo se restringiu à sua presença no
Brasil. Suas interações conosco continuaram e vários de nossos colegas continuaram
sua formação com ele no Canadá.
Assim ó que, além de receber várias visitas de brasileiros como: Dra Margarida
Windholz, Rachel Kerbauy, Hélio Guilhardi, que foram conhecer seus programas na
Universidade de Manitoba, atuou diretamente com outros brasileiros que permaneceram
lá por períodos mais longos, efetuando outras atividades.
Lucia Albuquerque Williams, fez lá seus cursos de mestrado; Maria das Graças
Andrade (Yaya) trabalhou no Departamento de Modificação de Comportamento em
Manitoba , permanecendo até hoje no Canadá; Maria Amália Andery obteve o grau de
Mestre na mesma Universidade; Angela Pallotta-Comick obteve em Manitoba seus graus
de Mestre e Doutora e; Celso Goyos colaborou com Garry Martin em pesquisas na
Manitoba School for Mentally Retarded Persons.
Os seguintes trabalhos foram publicados pelo Dr. Martin em co-autoria com
professores brasileiros:
Albuquerque-Williams, L., & Martin, G.L. (1979). Self-recordingtraining to improve
effective use of temporary summer staff in institutions for the developmentally disabled:
A demonstrations project. Journal of Practical Approaches to Developmental Handicap,
3,18-21.
Goyos, A.C., Michael, j., & Martin, G .L (1979). Self-recording training to teach
retarded adults to reinforce work behaviors of retarded clients. Rehabilitation Psychology,
26, 215-227.
Martin, G.L. & Pallotta-Cornick, A. (1979). Behavior Modification in sheltered
workshops and community group homes: Status and future. In L.A. Hamerlynk (Ed.),
Behavioral Systems for the Developmentally Disabled.lnstitutional, Clinic, and Community
Environments. New York: Brunner/Mazel.
Pallotta-Cornick, A., & Martin, G.L. (1983). Evaluation of a staff manual for
improving work performance of retarded clients in sheltered workshops. International
Journal of Rehabilitation Research, 6,43-54.
Queiroz, L .., Guilhardi, H., Guedes, M., & Martin, G.L. (1976). A university program
in Brazil to develop psychologists with specialization in behavior modification. The
Psychological Record, 26,181 -188.
Atualmente o Professor Martin continua a se dedicar a pesquisas de Modificação
de Comportamento com Excepcionais e também a pesquisas e aplicações na área da
Psicologia do Esporte. Ele e seus alunos têm usado técnicas de Modificação de
Comportamento para melhorar o desempenho e o bem-estar de atletas e outros
associados ao esporte.
Seus livros mais recentes são:
• Sport Psychology Consulting: Practical Guidelines from Behavioral Analysis
28 Sandra Ciny
Seção II
Avaliação
comportamental
Capítulo 5
Ia lar sobre Análise Funcional no contexto terapêutico, requer (a) que se reveja o
próprio conceito de análise funcional, para em seguida (b) questionar sua utilidade na
prática clínica, e (c) que se verifique de que forma ela tem sido conduzida pelos terapeutas
comportamentais.
(a) A importância de se rever o conceito de análise funcional está na comunicação
entre analistas de comportamento, para que possa haver consenso entre eles no uso
desta expressão.
Começando a revisão pelo próprio Skinner, referencial máximo quanto à análise
experimental do comportamento ou à análise funcional do comportamento, verificou-se
que ele tem poucas formulações explicitas sobre a análise funcional, especialmente em
seus livros mais recentes. Em Ciência e Comportamento Humano (1974) ele escreveu o
seguinte:
As variáveis externas das quais os comportamento é função dão margem ao
que pode ser chamado de análise causai ou funcional. Tentamos prever e controlar
o comportamento de um organismo individual. Esta 6 a nossa “variável
Millenson (1967) discorreu sobre esta questão dizendo que uma das razões
pelas quais a ciência do comportamento demorou a se desenvolver, baseia-se na própria
natureza de seu objeto, o comportamento, que não pode ser facilmente retido para
observação. É difícil identificar pontos na corrente comportamental contínua, onde
unidades naturais do comportamento possam ser fracionadas. E ainda, não há duas
ações de um organismo que sejam exatamente iguais, porque nenhum comportamento
é repetido exatamente. Mas, para submeter o comportamento a uma análise científica -
isto é, de modo a ser possível predizê-lo e controlá-lo - é preciso dividir o objeto de
estudo de tal modo que alguma coisa fixa e reproduzível possa ser conceituada. Os
métodos da ciência são reservados para eventos reproduzlveis. Millenson segue,
afirmando que pode-se iniciar pela definição de um conjunto algo arbitrário de
comportamentos que preenchem certas restrições e condições. Os critérios originais
para agrupar certas amostras de comportamento podem estar baseados em pouco mais
do que a observação superficial de que o conjunto de comportamentos poderia ser uma
classe de algum interesse. A definição de um operante não coloca qualquer restrição
sobre a amplitude de uma classe de resposta, em termos da quantidade de
comportamento abrangida por ela. A única exigência formal para um operante é que ele
seja uma classe de comportamento suscetível, como classe, de reforçamento.
Na prática clínica não existe instrumento pronto que seja suficiente para fornecer
a unidade de análise mais abrangente e relevante com que trabalhar. Os clínicos bem
sabem que as queixas não indicam necessariamente que comportamentos devem ser
alterados. Testes e inventários podem ser úteis, mas eles não descrevem a função de
um operante. O DSM e o CID fornecem dicas importantes sobre que aspectos podem
ser investigados, mas não são os instrumentos para predlção e controle do
comportamento. Da mesma forma, as principais crenças disfuncionais e/ou estratégias
típicas de cada transtorno de personalidade, na terapia cognitiva dos transtornos de
personalidade (Beck e Freeman, 1993), podem servir de guia aos terapeutas de que
dados pesquisar, ao mostrar que há formas típicas de pensamentos correlacionados a
transtornos específicos de personalidade, mas também não fornecem as necessárias
unidades de análise.
Bibliografia
38 • Muly Pcllltl
ansiedade ou dor nas mãos) emite um comportamento que parece estar sendo punido,
mas que, na realidade, é reforçado negativamente pela remoção dos estímulos aversivos
relacionados aos comportamentos encobertos.
Portanto, a primeira consideração que precisa ser feita é que o comportamento
do cliente tem uma função. Cabe ao terapeuta descobrir porque (em que contingências)
este comportamento se instalou e como ele se mantém. Esta descoberta se faz pela
análise funcional que, em clínica, envolve pelo menos três momentos da vida do cliente:
sua história passada, seu comportamento atual, e sua relação com o terapeuta.
Vou agora traçar algumas considerações acerca de cada um destes momentos.
Para exemplificar, escolhi fragmentos de sessões de um mesmo cliente em diferentes
etapas do processo terapêutico.
O cliente é um homem de 34 anos, a quem chamarei de P.; é engenheiro
eletrônico, e trabalha em uma empresa de telecomunicações. Mora com os pais, com
quem tem um péssimo relacionamento, falando com eles apenas o essencial. Tem um
irmão mais velho que já se casou e com quem quase não tem contato. Sua queixa
refere-se a uma extrema dificuldade de relacionamento em geral, com ênfase no contato
social e afetivo com mulheres. Nunca teve uma namorada, não tem amigos ou amigas e,
embora o quisesse, nunca teve experiência sexual, pela dificuldade de aproximação.
Passa seu tempo livre em casa, assistindo televisão ou em frente ao computador. É
inteligente, bem articulado, percebe seu défícit comportamental, e relata sentir muita
solidão, tristeza e ansiedade, tendo uma “vida chata, vazia, cinzenta” (sic.).
Em relação à história passada, o acesso é feito via relato verbal, embora haja
casos em que seja difícil analisar a aquisição do padrão comportamental. Isto é comum
quando o cliente tem dificuldade de se lembrar, ou se esquiva de falar de situações
passadas por serem aversivas. O terapeuta pode se utilizar então de outros recursos
para acessar estas contingências pouco claras. Estou me referindo ao uso de análise
funcional através do relato de sonhos, fantasias, ou a utilização de poemas ou músicas
que possam funcionar como estímulos discriminativos para evocar eventos da história
passada do cliente.
De modo geral, entretanto, através do relato verbal, o terapeuta tem acesso à
história de vida do cliente (sua história de aprendizagem, desde processos de modelação,
instrução ou reforçamento diferencial, esquemas de reforçamento, contingências
aversivas, etc.).
O terapeuta poderá então avaliar o repertório existente no passado, a capacidade
de discriminação do cliente e as contingências que atuaram na instalação ou não daquele
conjunto de padrões comportamentais. A partir desta avaliação, e da análise de sua
relação com o ambiente, será possível levantar hipóteses acerca de porque determinados
padrões comportamentais permanecem (mantidos por regras) mesmo quando as
contingências são totalmente diferentes. O primeiro exemplo que quero citar refere-se a
dados da história passada de P. aos quais tive acesso através de seu relato e do
depoimento de sua mãe, que o mesmo fez questão que comparecesse a urna das
sessões.
P. relatou que “era um adolescente tímido, constantemente curioso e assustado
com as meninas", que riam dele, por achá-lo desajeitado. Seu pai referia-se a ele como
40 Maly pflltll
P: - Ai, você nem imagina, estou super gripado.
M; - Que chato.
P: - Pois é, uma gripe horrível, com dor de garganta, febre, e nariz escorrendo.
M: - Puxa!
P: - Pois 6, eu comecei a tomar aspirina, mas me deu dor de estômago. Aí tomei um
remédio para azia, me deu dor de cabeça. Nem sei mais o que fazer.
M: - Tenta descansar e tomar vitamina C. Aquele dia no trabalho, vocô se queixou que
estava cansado.
P: - Também já tomei, mas nâo adiantou. E você, está legal?
M: - Ah, eu estou. Hoje é sábado, não tem trabalho, pude dormir até tarde, e estou
ótima. E você, vai fícar em casa hoje ?
P: - Acho que vou. Também com esta dor horrível no corpo, indisposição e cansaço.
Acho que vou tomar um dorflex.
M: - Olha, faz assim, vamos desligar, você descanse bem, outro dia a gente conversa.
P: - Bom, tá bem, já que você quer assim.
M: - Não, é que vocô está muito mal. Tchau.
P: - Tchau
Pode-se claramente perceber que o conteúdo desta conversa não se enquadra
em nenhuma categoria de comportamentos que podemos chamar de paquera ou
aproximação social; ao contrário, é um comportamento que poderia ser considerado
adequado se ocorresse entre o cliente e seu módico, farmacêutico, ou em uma situação
cujo objetivo não fosse namorar. Além da constatação do défícit deste repertório, também
pode-se perceber que o comportamento verbal do cliente foi reforçado pela atenção da
jovem, com quem falava. Percebe-se também que esta, gradualmente foi se mostrando
aborrecida. Quando ela pergunta o que ele vai fazer no sábado, parece que está
sinalizando alguma possibilidade de reforçamento para ele (talvez pudessem sair), mas
quando ele recomeça a se queixar da doença, ela encerra a conversa (punição). O
registro desta interação verbal me deu oportunidade de observar e analisar com o cliente
como o comportamento dele influía no dela e vice-versa.
Nesta sessão, P. me relatou que não tinha assunto, que não sabia sobre o que
conversar. Levantamos então alguns assuntos que seriam adequados para uma conversa
social, como cinema, política, poesia, música, etc. Ele me perguntou se eu gostava de
poesia, e ficou satisfeito ao saber que sim. Foi interessante perceber que, nesta ocasião,
ele discriminou que assuntos que achava serem chatos para os outros (como poesia)
podiam, na verdade, ser interessantes. Nessa interação, ele aprendeu via modelação do
terapeuta.
Além disso pude ainda questionar o por que deste cliente ter me trazido este
registro. Ou seja, qual foi a função deste comportamento em sua interação comigo? Ele
me trouxe a fita porque achava que eu não conseguiria imaginar como ele se comportava
e portanto duvidava da minha capacidade de discriminação? Ou duvidava da sua
42 M.ily PtliW
P. chegou, sentou-se e me disse: *Maly, abre aspas..
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes réles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu, tantas vezes, irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
(...)
Sou um evadido,
Logo que nasci, fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser,
Por que nâo se cansar ?
(...)
Bibliografia
44 Muly Pcllttl
Capítulo 7
D u ra n te uma sessão de terapia a cliente depressiva afirmou que não via mais
sentido em viver. Foi pedido a ela que citasse uma poesia que algum dia a tivesse
tocado de forma especial. Ela parou de chorar.
- Há tanto tempo não penso em poesia, respondeu. Lembro-me dos primeiros
versos...nem sei de quem são... são lindos.
Vi uma estrela tão alta.
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo.
Na minha vida vazia.
- Não me lembro mais.
- É de Manuel Bandeira (1986)', o terapeuta respondeu. Traga-a na próxima
1 A p o es ia c o m p leta e n c o n tra -s e no A p ên d ic e I.
Descrição da cliente
E tem 30 anos, é casada, tem dois filhos: uma garota, D, de 14 anos e um
menino, M, de 12 anos.Cursou até a 2 série do primeiro grau e trabalha como empregada
doméstica há 10 anos. Mora com A desde os 13 anos, tendo se casado aos 18. O
marido tem 36 anos, é sócio do irmão numa oficina mecânica para carros e trabalha
como motorista. Cursou até 5o série do primeiro grau.
Queixa inicial
"Eu quero me separar, mas meu marido não aceita. Ele é alcoólatra. Se pudesse
beberia todos os dias. Bêbado ele é outra pessoa: me agride muito, me xinga, me ofende,
faz a maior baixaria na frente dos vizinhos ou em qualquer lugar que a gente esteja. Ele
já me bateu muitas vezes, até mesmo quando eu estava grávida. Ultimamente melhorou,
mas não o quero mais.
Tabela 1
Verbalizações da E que ilustram “desobediência” ao marido
1. Eu fui ao shopping com D (filha) e comprei sapato e blusa para ir ao casamento. A não
queria que eu trabalhasse sem uniforme (no casamento), mas eu vou com a roupa nova
que eu já comprei. Agora eu vou ser eu mesma. A tem que entender que eu o estou
ajudando vivendo lá (em casa) com ele.
2. A não me deixa ligar o rádio, ainda mais agora que ele está controlando tudo. Ele fica
vendo televisão. Quando ele sai, eu ligo (o rádio). Eu faço mesmo.
3. Nós fomos numa festa no final de semana. Eu gosto de conversar com gente de idade
e lá (na festa) conversei com um senhor de 83 anos no sofá. A não gostou. Eu o ouvi
dizendo para o meu irmão que ele tinha perdido a mulher para o velho.
5. A quer que eu fique em casa aos sábados com ele sem trabalhar (ele não trabalha aos
sábados). Eu decidi que vou arrumar mais coisas (trabalho) para fazer aos sábados e
não vou ficarem casa.
7. A sabe que quando eu pego (no serviço em casa), não adianta ele me chamar para
sairmos, ou para eu ficar com ele. Eu não paro de fazer o que tem de ser feito.
8. A minha cunhada e minha filha me chamaram para sair e eu fui. A não gostou. Eu nem
fui longe de casa. Fui ali perto (de casa).
9. Eu estou andando de bicicleta nos finais de semana. Ando ali perto de casa. A não
quer porque acha que os homens irão olhar e mexer (comigo). Eu falei que vou continuar.
Foi a mesma coisa (A não quer) com a ginástica, mas eu também não parei.
10. A não gosta que eu use calça justa. Por ele eu só uso saia. Eu não gosto muito de
saia. Só uso caíça como eu gosto, assim ( j u s t a ) .
11. M (filho) está querendo patins. A falou que nâo vai comprar. Eu procurei e achei na
cidade. Vou dar (para M) esse final de semana. Só quero ver a cara do A.
13. Eu quero mudar (emprego), fazer cursos e A não deixa. Mas, eu já resolvi e vou fazer
o curso (datilografia) com a minha sobrinha me ensinando a teoria. A prática eu treino
sozinha, sem que ele nem sonhe.
14. Eu estava pensando: no fim eu estou fazendo tudo o que A quer (ficar em casa, sem
trabalhar). Ontem A falou que era bom que eu ficasse em casa. Eu não vou aguentar
ficar parada, então vou continuar na N (voltou ao emprego).
15. No domingo a D (filha) tinha uma festa de 15 anos e a mãe das meninas nos convidou.
A estava no bar e nós duas (E e D) prontas, esperando. Quando A chegou ainda queria
tomar banho. Eu falei para ele tomar o banho e ir depois. Eu fui rapidinho e voltei. A ainda
estava em casa e queria ir á festa. Eu falei que não iria voltar mais. A brigou, mas eu não
16. A nâo gosta que o amigo do M vá em casa todo dia. Eu adoro o horário que eu tenho
com eles. Eu fico falando com os dois e sou a que dou mais risada. A não gosta.
Tabela 2
Verbalizações da E que ilustram "obediência" ao marido
1. Quando A está em casa nâo se pode ligar o rádio junto com a televisão, porque ele
não deixa. Eu nâo gosto de televisão e nâo posso ouvir rádio.
2. A me encheu no sábado. A foi para o bar e quando voltou reclamou que nâo tinha
almoço e que queria saber onde eu tinha Ido com D (filha). Ele ficou falando um monte,
só falou mal de mim. Eu tenho vontade de sair (de casa). Mas se eu sair é pior.
5. Nò sábado, tinha show do Roberto Carlos. Eu sou louca por ele. Eu convidei o A e ele
nâo me deu resposta. Quem me convidou para o show foi o meu cunhado. Imagine se eu
fosse...
Tabela 3
Verbalizações da E que Ilustram situações de conflito ou de competição entre
ela e o marido.
1. Eu disse para o A que os nossos filhos precisam de apoio e nâo adianta nada ele
simplesmente comprar refrigerante para eles. Eu falei que assim (o casal brigando) é
melhor separar, porque ele não vai mandar. Agora que temos tudo para fazer as crianças
felizes, A vai jogar tudo fora?
3. A nflo quer ir embora de casa e fica lá (em casa) querendo mandar em todo mundo.
4. O único jeito (de pararem as brigas) seria eu sair de casa. Isso não dá. Eu tenho que
fingir que está tudo bem e me submeter a A.
5. A acha que é meu dono. Mas, eu estou mostrando que ele não ó meu dono.
8. As minhas sobrinhas me ligam a cobrar e A não gosta. Antes A era o queridão delas.
Agora tem um bloqueio que as afastam dele. São as coisas ruins que ele passa. Eu não
interfiro. Antes elas chegavam e o abraçavam. Elas me adoram.
9. O que acontece é que A perdeu o interesse por mim. Todos os testes (provocações,
ciúmes) possíveis eu já fiz. Eu não sei o que foi. Eu também perdi o interesse. Então, eu
estou tentanto ter interesse para conviver, já que eu preciso.
10. Antes, a gente não tinha muito contato com a família do A. Agora (que nós temos), eu
tenho que ficar brigando com todos. A tem cabeça fraca e eles o influenciam.
12. A foi para o bar, e quando voltou, eu estava toda cheírosinha, arrumadinha. Isso (ser
arrumada) eu sou o contrário cjele.
13. M (filho) estava trabalhando de manhã num carrinho de doce. Gostava de ir e ganhava
10% do que vendia. A não deixou mais. Eu sou contra (o filho parar de trabalhar). Se
ficar dependendo do pai, nflo vai ser gente nunca. Agora M nflo quer mais (trabalhar no
carrinho). Eu quero que ele trabalhe. O problema é o A que nflo deixa. Eu falei tudo o que
pensava, é um absurdo.
14. A queria que ele trabalhasse na oficina (mecânica) com ele. Nflo dá. Mexe com óleo,
diesel e graxa. Eu sei que foi A quem fez M desistir de trabalhar no carrinho. A falou para
minha irmâ.
15. A não gosta de nada que eu gosto. Aí é que está. Nem comida, tudo é oposto. Nâo
adianta.
17. Eu não quero controlá-lo. Eu quero que ele tenha autocontrole. A fica o final de
semana no bar. Eu já disse que ele não se sente gente. Eu não tenho culpa. É o A quem
mostra isso para mim.
18. Eu tenho mais isso (afeto, carinho, atenção) do que A. Só que eu não demonstro.
Cada um tem o seu jeito.
19. É que se eu continuar me sujeitando (não reagindo) a tudo dele, A vai piorar.
20. A não tem as mesmas idéias (que eu). Da outra vez, A queria comprar os móveis,
mas com o meu dinheiro. Eu cheguei à conclusão que tenho que fazer as coisas sozinha.
Se for para ele comprar com o meu dinheiro eu não concordo. Nesse caso, compro eu
mesma.
22. Eu falei para A resolver. Ele casou para ficar comigo ou com a família dele?
23. Eu até sei ser mandada. Contanto que saia do meu jeito.
24. Eu sei que toda a vez que A beber haverá mais briga. A tenta ser autoridade e eu não
vou deixar. Sempre falo para ele aproveitar enquanto o estou levando em banho-maria.
25. A veio brigar comigo, eu senti raiva e falei que ele não se sente gente. E que eu olho
no espelho e me sinto (gente).
Tabela 4
Verbalizações de E que ilustram com portamentos dela que controlam
aversivamente o marido
1. A veio brigar comigo, eu senti raiva e falei que ele não se sente gente. E que eu olho
no espelho e me sinto (gente).
2. Eu falei para A dar graças a Deus, enquanto eu ainda me preocupo com ele. Mas eu
não quero mais viver com ele.
3. DepoiS da festa fomos para casa. A fechou tudo e quando entrou (em casa) me
perguntou por que eu não fiquei com o senhor (de 83 anos), já que ele era viúvo. Aí eu
4. Eu parei de ameaçar. Eu só faíei que agora eu resolvi dar uma chance, ele faz isso (foi
para o bar).
5. A ficou na minha irmã e deixou M em casa sozinho. A ligava falando que voltaria logo.
Eu achei um absurdo. Custava pegar o menino em casa e levar com ele?
6. A era um super-pai. Acordava para dar remédio, levava no módico. Pelo menos antes
era assim. Agora que as crianças cresceram e não precisam tanto dele, não faz mais
riada.
7. A sempre vai para São Paulo e volta às 12:00 hs. Dessa vez, ele atrasou e chegou às
18:00 hs. Eu fiquei brava porque ele não avisou e falei: “Você pisou na bola, hein?”.
8. A me perguntou no sábado por que meu irmão tinha ido embora do bar sem ele. Eu
não sabia. Mas, ele sabia que era por não ter dado bombom para D (irmão de E achou
um absurdo A não atender à filha). Para você ver como ele é.
9. Quando saiu o assunto, eu perguntei para A se ele achava certo não ter dado o
bombom para D. Ele falou que ela trabalhava e gastava o dinheiro com besteira.
10. A não ó mais aquele tio (querido, legal) porque ele bebe e tem as atitudes dele (de
bêbado).
11. Quando A fala eu não aguento. Eu fico quieta até ele acabar de falar, depois eu não
aguento e falo tudo mesmo.
12. Eu preciso ficar sozinha para fazer o serviço de casa. Eu falo que eles (A, D e M) me
atrapalham. Eles ficam me chamando o tempo todo, cada hora é uma coisa. Eu preciso
ficar sozinha e ligar o rádio.
13. Sobre os assuntos de trabalho dele, nós não conversamos mais. Eu o isolei, já falei
e briguei o suficiente. A fez uma sociedade com o irmão. Eu era contra. Ele ficou um ano
sem receber. Ficou difícil para mim, eu não queria essa sociedade. Antes a gente ganhava
e juntava nosso dinheiro.
15. A tem uma causa trabalhista na justiça e o dinheiro vai sair. Eu só falei pra ele pensar
quem mais sofreu com essa causa. Eu não quero que coloque o dinheiro na oficina
(mecânica).
17. A oficina está precisando de mais funcionários. Mas eu já disse que nâo adianta
contratar se não forem competentes como o irmâo dele (o mecânico). Ele mesmo já está
lá há dois anos e nâo aprendeu nada.
18. A falou muito mal de mim (numa discussão) e nâo parava de encher. Entâo eu dei
umas respostas pra ele sossegar.
19. Domingo eu acordei mal-humorada porque tinha que passar a roupa. Já avisei logo
que o almoço estava no fogão e que eu não ia almoçar.
20. Quando eu peço para M me ajudar não bagunçando a casa, ele fala que o pai é pior.
M tem razâo.
21. Eu quero que M trabalhe. A não quer. Mas eu falei tudo o que pensava. Falei a
verdade e nâo adianta. A nâo mudou. Eu sou assim, falo mesmo.
22. Eu até gosto de sair no sábado, mas nâo queria ir na minha irmã (dona de um bar).
Queria Ir num lugar diferente. Eu não sai e fiquei sozinha. Eu fiquei muito chateada
mesmo. Eu queria ir no show do Roberto Carlos.
23. Ninguém suporia A bêbado. A se revolta contra mim e fala que eu só quero mandar
nele.
25. Eu falei que já estou cansada, cheia dele e das promessas. Eu falei que sou obrigada
a viver com ele.
26. Cada dia A está mais fraco. Ele pintou (bebeu) de novo. Eu falei que vou interná-lo.
Eu tive que suportá-lo na festa (churrasco de festa junina).
27. Eu conversei com A ontem. Ele ficou balançado (inseguro). Eu vou mudar de emprego
e cuidar da minha vida.
28. Eu falei que o que eu tiver que aprontar (ter outro), apronto em qualquer emprego,
onde eu quiser.
29. A não pára de beber de jeito nenhum. Só parou (dois finais de semana) para provar
que é bonzinho, por um tempo. Ele não pára de beber. Vai beber até morrer.
30. Na minha mudança de emprego eu espero várias reações (brigas) ainda. Mas, eu
estou disposta a enfrentar.
31. Quando eu arrumar um emprego definitivo, A vai se sentir ameaçado. Apesar que ele
32. Eu queria que A tivesse interesse (ser carinhoso). Mas, ele não faz o que eu quero.
33. Se A quiser me ajudar (comprar móveis), tudo bem. Se não, a decisão vai ser minha.
A não tem condições de me ajudar.
Tabela 5
Verbalizações da E que ilustram comportamentos adequados de A e como elas
os conseqüencia
1. No dia seguinte que A bebe, vira um doce. Ele quer me agradar, põe a mesa, compra
coisas que eu gosto, fica comigo na cozinha, faz jantar. Fica uma seda. Eu disse para o
A que nossos filhos precisam de apoio e não adianta nada ele simplesmente comprar
refrigerantes para eles. Eu falei que assim (o casal brigando) é melhor separar, porque
ele não vai mandar. Agora que temos tudo para fazer as crianças felizes, ele vai jogar
tudo fora?
2. A ficou brincando com as crianças na festa. Jogava-as para cima, fez uma farra com
elas. Ele estava insuportável. Ninguém estava aguentando ele.
3. Ontem A chegou para mim e falou que tem raiva dele mesmo, que não consegue
mudar. Nunca muda. Ele me pediu desculpa. Eu estava há três dias sem falar com A.
Mas não tem jeito, ele ó fraco mesmo. Ele sempre vem falar; das outras vezes também
foi assim. Ele vai morrer bebendo. Ele nâo se sente gente sem beber.
4. A fica querendo dançar comigo sem parar (na festa). Eu o incentivo a dançar com
outras pessoas. Eu já estava cansada por que tinha dançado a noite toda com a minha
cunhada e sobrinha.
5. A peguntou se eu iria para casa hoje, porque amanhã eu vou trabalhar e não vou
dormir em casa. Ele falou que já tinha passado uma semana sozinho em casa (E os
filhos viajaram), e teria que passar outra noite só. A disse que não quer que eu viaje
mais, para ele não ficar sozinho. Eu nem falei nada fiquei quieta. Eu tinha que dormir em
casa mesmo.
6. A telefonou várias vezes para o menino... A tinha bastante noticias. Eu falei que não
bastava: telefone é telefone. A tinha que ficar em casa come ete. Ai eu falei que não era
justo.
7. Quando A chega em casa, o serviço (limpeza da casa) não anda. Ele me chama para
tudo. Pelo A eu não faria mais nada só ficaria com ele. Eu falo, Hou faz ou me deixa
fazer".
9. Esse final de semana ficou tudo bem, não houve nenhuma desavença. Eu não falei
nada, Ele sabe, não houve nenhuma desavença.
10. Eu saí, A falou que eu sumi. A estava me esperando na sala. Eu falei que não tinha
sumido, e que a máquina de lavar roupa estava ligada e já estava saindo para lavar o
resto da roupa.
11. A fala para eu não passar as roupas que não precisam (uso dentro de casa). Eu não
consigo, passo, tudo, tudo, tudo.
12. Eu começo a limpar a casa, A reclama que eu não fico e nem ligo para ele. Eu
preciso limpar a casa todo dia.
13. A gosta que eu faça assim: chegue em casa jante e sente no sofá para ele deitar no
meu colo. Ele deita e fica. Aí começa a briga porque todos (os filhos também) querem
colo. Eu falo que vai durar pouco porque já vou me levantar.
14. A chega em casa do bar e me convida para ir para a minha irmã (dona de um bar).
Mas já ó tarde (umas 20:00 hs). Eu vou querer voltar logo e ele não. Prefiro não ir.
15. Eu saio com A e não fico perto dele. A odeia que perguntem se sou mulher do irmão
dele, ou solteira. Ele não gosta, e responde para a pessoa. Ele é um chato mesmo.
16. A escreveu “Nicinha", é o meu apelido e eu não gosto que ele me chame assim. Eu
prefiro que me chamem de Lu que é o meu outro apelido. É como todos me chamam.
17. A ligou da minha irmã e pediu para eu esperar na sala porque ele tinha uma surpresa.
Eu falei que iria esperar no quarto. A não quis me contar qual era a surpresa.
18. A falou para eu pegar um cobertor (para não passar frio) e esperá-lo na sala. A
surpresa era irmos comer pizza no meu irmão. Eu não peguei o cobertor. Aceitei ir até o
meu irmão, mas voltei sozinha antes dele.
19. No Sábado, A ficou o dia todo em casa sem beber. Só estávamos nós dois. Eu
gostaria que ele fizesse alguns consertos, arrumasse algumas coisas. Ele não faz nada,
só quer ficar junto, agarrando.
20. A disse que nós não saímos mais à noite. Eu não quero mesmo. Fico insegura.
21. A deixou para eu resolver se vou mudar ou nâo de emprego. Ele acha que eu não
encontro outro que ganhe mais. Ele é contra. Por isso eu fiz surpresa e nâo avisei que
pediria demissão. Quando falei já tinha pedido.
22. A fala que os brutos também amam. Ele sente ciúmes, me espera no ponto de
ônibus na porta do meu serviço. Eu já falei que não preciso tanto.
24. A reclama que eu fico em casa e nâo fico com ele. A quer ficar junto o tempo todo.
Por ele eu nâo fazia nada. Eu falo que vou fazer tudo que precisa ser feito e depois fico
com ele.
A é fácil (dele aceitar as atitudes dela). Se eu fosse mais calma eu teria muito mais. Eu
sei disso. O difícil é fazer, sempre que nós estamos nos acertando acontece algum
problema.
Tabela 6
Verbalizações da E que ilustram suas expectativas sócio-econômicas
1. A não liga para a roupa e anda cheio de graxa por todo lugar, nem liga. A diz que
mostra o seu trabalho. Eu expliquei para ele que é bom para a profissão deie, como
empresário, andar direito. Eu falo e não adianta nada. A acha que eu tenho vergonha
dele. Eu ando vestida normal (arrumada) e não tenho vergonha. Eu queria que ele andasse
arrumado por aí. Eu compro roupa para ele, mas não adianta.
3. Eu compro roupas e dou de presente para as crianças e para mim. A fica emburrado
e não gosta. Fala que eu gasto com besteira. Eu não quero deixar meus filhos com
roupas velhas.
4. Eu tenho telefone, comprei sozinha. Fiz a dívida e ainda estou pagando. Mas, eu o
uso muito. As minhas sobrinhas sempre me ligam a cobrar e eu adoro falar com elas.
5. Eu preciso trocar os móveis de casa. Não dá mais, o guarda-roupa está velho. Nós
temos muitas roupas e não está cabendo. Eu e a D temos muito mais roupas do que A e
M. Eu chamei um marceneiro para avaliar. A achou caro (cinco vezes o salário dela).
Mas, é o que eu quero, grande com as divisões do meu jeito e embutido. Eu fui ver em
lojas, ma eu já sei que nâo são bons. Não adianta.
6. Sou eu quem paga as contas do telefone e A todo mês reclama que eu gasto muito
(vinte por cento do salário dela).
8. Eu nâo me dou com a familia do A. Eles dizem que eu quero ser o que eu nâo sou. Eu
gosto de andar bem vestida e eles nâo ligam para o modo de se arrumar. A anda sujo de
graxa atrás de mim e eu nâo gosto.
9. M está no judô e precisa de uniforme para competir. A falou que nâo vai dar porque é
caro. Eu acho um absurdo, só M não vai ter?
11. Eu quero sair do meu emprego. Penso em ser recepcionista ou secretária. Eu sei
que eu posso. A nâo quer e me impede. Eu nâo quero ser doméstica a vida inteira.
12. Eu estou muito cansada de fazer o serviço de casa. Eu estou querendo contratar
alguém para isso. Pelo menos para passar roupa.
13. Eu quero melhorar, comprar mais coisas (para a casa) e o A não me ajuda e me
impede. Eu nâo vou ficar parada, eu sei o que eu quero. A é muito acomodado, multo
diferente de mim. Eu quero crescer, comprar o que eu preciso.
14. Essa semana eu e A compramos móveis. Nós saímos juntos e estamos bem. Nós
compramos um armário e um móvei para a saia. São ííndos. Nós fizemos a dívida e será
apertado esses meses, mas tudo bem. Eu comprei o que eu queria.
15. Em casa não tem hora para o jantar e eu só como na mesa. A faz aqueles pratos
enormes e come na televisão. Eu acho horrível.
16. Eu compro o que eu quero para mim e vou ter que continuar fazendo sozinha. A acha
que ó luxo sem necessidade. Para ele se tiver comida está bom. Nem para roupa ele
liga. Eu nâo. Se precisar eu fico sem tomar coca-cola e guardo o dinheiro para comprar
o que eu quero.
Procedimentos terapêuticos
1. Consequenciar socialmente (reforçar) E quando se comportar de forma compatível
com os objetivos terapêuticos;
2. Dar SAs para E responder de forma adequada aos comportamentos do marido,
evitando puni-lo e, eventualmente, reforçando-o, dando a ela, inclusive, modelos verbais;
3. Dar SAs (ou modelos verbais) para E interpretar de maneiras alternativas alguns
comportamentos de A, de modo que as novas interpretações aumentem a probabilidade
de E reforçar os comportamentos de A (reestruturação cognitiva);
4. Usar a situação terapêutica para instalar, fortalecere/ou enfraquecer comportamentos
que ocorreram na interação terapeuta-cliente, relevantes para o desenvolvimento da
cliente;
5. Consequenciar socialmente (punir) comportamentos de ameaças e desafios que E
emita com o objetivo explícito de punir (agredir) o marido (quando seu comportamento
for proposital, isto é , quando E tiver consciência das conseqüências que mantém seus
comportamentos);
6. Dar SAs para E discriminar comportamentos seus que tenham, provavelmente,
função aversiva para o marido, mas que ela não emitiu com o objetivo (explícito) de puni-
lo;
7. Dar SAs para E discriminar algumas contingências significativas de sua vida e que
conseqüências, tipicamente, essas contingências geram, com o objetivo de levá-la a
discriminar quais expectativas de reforçamento são razoáveis e quais são pouco prováveis
(ou improváveis):
8. Dar SAs para E emitir outros comportamentos não presentes em seu repertório
comportamental atual, que possam produzir novas conseqüências reforçadoras
(compatíveis com sua realidade).
As Tabelas 7 a 11 trazem ilustrações do desempenho do T e mostram como os
procedimentos terapêuticos foram implementados.
A Tabela 7 traz exemplos de como a maneira de a cliente interpretar os
comportamentos do marido controla seu relacionamento com ele (ela em geral o critica
- uma forma de punição - ou se afasta dele - outra forma de punição). O terapeuta ao
oferecer outra interpretação aos comportamentos dele (nâo necessariamente correta)
Tabela 7
Interpretações inadequadas que E dá aos comportamentos do marido e
alternativas de interpretações propostas pelo terapeuta.
(SDs para aumentar a probabilidade de E categorizar o comportamento de A
como adequado e reforçá-lo)
2. E - Quando A falou que me queria doméstica doeu. Isso que me dá raiva. Ele acha
que ninguém quer cantar uma doméstica. Ele fala que não quer a mulher dele sendo
cantada.
T - Você já leva para o lado ruim. Ele está demonstrando que se preocupa com você,
não quer que as pessoas a cantem. E faz isso porque gosta e se preocupa com você.
Para pensar assim, ele mostra que está inseguro. O que será que você faz que o deixa
assim? Pense nisso?
3. E - Ele é contra eu mudar de emprego. Ele acha que eu não acho outro em que eu
ganhe mais. Ele não queria que eu mudasse. Eu espero várias reações dele (brigas) e
estou disposta a enfrentar.
T - Ele poderia falar para você que não gostaria que você mudasse, ou que você não
poderia mudar. Você percebe a diferença? Uma coisa é o que ele gostaria e outra é o
que ele exige. Como ele esté se colocando?
4. E - Eu já falei para ele que não preciso de tanto (ciúmes). Ele fala que os brutos
também amam.
T - Olha. Ele disse que a ama do jeito dele, mas ama. E você já reclama que o jeito que
ele demonstra não a agrada. Você quer que seja tudo do seu jeito. O importante é que
ele ama e dá “o amor de bruto". Você parou para pensar como é, afinal, esse amor? É
tão horrível assim? E o que ele recebe?
5. E - Ele quer carinho, colo se possível o dia todo. Se depender dele eu não faço mais
nada (de limpeza na casa). Ele é até pegajoso, eu acho.
T - Você o acha pegajoso porque você só quer receber carinho, colo, atenção na hora
Tabela 8
Modelos ou SDs que o terapeuta dá para E analisar as relações com A e/ou
se comportar com ele
1. A tem dois comportamentos diferentes: quando bebe e quando está sóbrio. Precisamos
lidar com isso. Todos os comportamentos dele têm conseqüências para você, por mais
que você diga que nâo liga. E seus comportamentos influenciam as dele. Quando A
bebe e você o ameaça, por exemplo, ele fica mais agressivo e briga mais com você. Se
você tomar a situação menos aversiva para ele, provalvelmente, ele a agredirá menos.
2. Falando que vai deixá-lo, que está com ele forçada, você o está deixando inseguro. Já
observamos que quanto mais inseguro, mais agressivo ele fica. O seu comportamento
traz mais conseqüências aversivas para você, porque funciona como um sinal daquilo
que ele nâo quer (separar-se). Entâo A a agride. Precisamos diminuir o sofrimento agora,
e dos dois, porque a situação está insuportável. O seu comportamento nâo tem a função
que você gostaria (controlá-lo). E para ele funciona como sinal de algo ruim que pode
acontecer: você sair de casa. Você precisa parar de ameaçá-lo.
3. Você fala que iria deixá-lo. Agora você o ameaça dizendo "agora que eu resolvi lhe
dar uma chance, você apronta" (bebe). Dá na mesma. Você o está ameaçando.
4. Em vez de dizer para o A, como se comportou de forma negativa, "pisou na bola",
vamos falar, por exemplo “eu fiquei preocupada, você podia ter me telefonado".
5. Se A fica desconfiado do valor da conta de telefone e quer saber ecom quem você
falou, deixa-o olhar. Nâo discuta nem o provoque. Responda, simplesmente, às perguntas
dele.
6. Pouco do que A faz de bom você reconhece. Assim, ele cansará (extinção) e deixará
de fazer. Você precisa valorizá-lo (reforçá-lo), reconhecendo e mostrando isso para ele.
Tabela 9
Instruções do terapeuta para E lidar com o comportamento de beber do marido
1. Depois que ele bebe não adianta você discutir. Outras situações assim (A beber e E
discutir) já aconteceram antes, ele fica mais bravo, não resolve e piora a situação. Ontem
foi igual, você falou que ele não era gente, ele ficou mais bravo com você, e com D, jogou
o telefone no chão e resolveu. Você discutir só piora.
2. Quando A estiver alcoolizado e com raiva poderá fazer coisas horríveis (bater nela) e
nós não temos controle. Nessa situação acho que você deve ficar o mais quieta possível.
Ele vai ter raiva, quebrar tudo. Deixa. Ele a provocará várias vezes para você reagir,
porque você sempre reagiu. Agora, se você ficar quieta, ele vai parar. Como já fez,
deitou e dormiu. E depois você fez ainda o que queria.
3. Então, a situação de amanhã (E trabalhar no casamento sem uniforme) o deixa inseguro.
Tente não brigar; se ele não beber fique quieta, tente ficar por perto com ele. Vamos
fazer coisas boas acontecerem mais vezes. Ele faz, você reforça.
4. Eu com acordo com o seu irmão. Não adianta fazer nada, nem responder, quando ele
está bêbado.
5. Cada vez que você responde, você dá um sinal de que está ouvindo. Está dando
atenção. Mesmo que sua resposta seja agressiva, xingando, você reforça o
comportamento dele. Cada vez que você responde, reforça o comportamento dele e faz
com que ele comece de novo.
6. E se ele falar 10 vezes e você responde na 11 *, você reforça o comportamento dele,
fazendo com que ele tente várias vezes até conseguir. Porque você estoura (xinga)?
Cada estouro seu, reforça o comportamento dele, e faz que ele reinicie.
7. Ele passou o dia inteiro no bar, voltou bêbado. Nós não podemos fazer nada quando
ele está assim. Mesmo ele bêbado e não querendo que você fosse sozinha (à festa da
amiga da filha) você foi, Quando ele passa o dia no bar, você fica com raiva. Por isso
quis ir à festa para puni-lo. Mas não aproveitou porque sabia que teria briga na volta. Foi
o que aconteceu. Ele brigou. Você acha que agiu corretamente?
Tabela 10
Verbalizações do terapeuta com função de SD para E discriminar seus
comportamentos e os do marido que foram adequados e os inadequados e
como conseqüenciar o repertório do marido
1. Eu não sabia que vocês dançavam juntos. Que gostoso. Você só falava que dançava
sozinha. Eu nem imaginava que vocês sambavam juntos e que você gostava de dançar
com ele. Você já falou para A que gosta?
2. Quando você vai chamá-lo para dançar, está demonstrando que gosta de dançar com
A . E isso deve ser muito bom para A por que ele gosta de você. Às vezes, nós achamos
que as pessoas podem saber. É necessário fazer, demonstrar, falar sempre.
3. Só dançar? Você acha só? Ter um marido que dança tão bem como você é pouco?
Vocês tem um jeito de vocês. Isso é muito jóia e você precisa aproveitar esse momento
gostoso, ficando com A e dançando mais com ele. Você precisa reconhecer quando A
faz coisas adequadas.
4. E você estava a três dias sem falar com A. Ele pediu desculpas. A atitude dele é ótima.
Se não, até quando ficaria essa situação? Você precisa reconhecer quando A faz coisas
adequadas.
5. Amanhã você não dormirá em casa porque trabalhará no casamento. Essa situação o
deixa inseguro. Tente não brigar. Se A beber, fique quieta. Tente ficar bem com ele e
mostrar as coisas boas que A faz.
6. A telefonou várias vezes para M, para saber se ele estava bem. A atitude dele foi boa.
Pelo que você estava me contando antes parecia que o A nem tinha falado com M. Você
se apressa em criticá-lo.
7. Nós precisamos mostrar para A as coisas boas que ele faz. Quando fazemos alguma
coisa e a conseqüencia é boa, tendemos a agir assim mais vezes. Então se você reforça,
elogiando, mostrando para A as pequenas coisas boas que ele faz, a tendência será ele
fazer mais. E daí A também poderá fazer outras coisas boas. Além disso, você pode dar
modelos de como ele pode agir.
8. No exemplo do telefonava de A para saber de M. O que pode ser feito? Você elogia,
reforça o comportamento dele, dizendo que A deu atenção ao M e que é bom A se
9. Você fala que A era um super-pal quando as crianças eram pequenas e isso já faz
algum tempo. Mas vocô pode relembrá-lo disso. Dizer “Lembra quando você acordava
para dar mamadeira para as crianças? Você se preocupava tanto”. Você estará mostrando
que reconhece o valor da atitude dele, dando um sinal de que a atitude dele com os filhos
é importante, e que A poderia agir assim mais vezes.
10. Quando você fala qualquer coisa para o A o jeito de falar é muito importante.
Dependendo de como você fala, pode parecer crítica ou pode parecer que você se
preocupa com ele. Preste atenção no jeito de falar. Por exemplo "Eu fiquei preocupada
com você porque, normalmente, você chega às 12h, e você atrasou bastante. Quando
for possível, me telefone.
11. É importante você responder para A o que lhe pergunta de maneira tranqüila. Se
responder torto, A não perguntará mais ou perguntara com medo, ou a agredirá.
12. A não quis dar bombom para D. Você não precisa fazer nada agora. Da próxima vez
que A trouxer alguma coisa para vocês, você reforça. Diga o quanto vocês gostam daquilo
que ele trouxe; “que bom que você se lembrou da gente".
13. Observe as pequenas coisas e reforce. Em relação às ruins, não faça nada para elas
irem desaparecendo ou diminuindo. Vocês precisam viver melhor em casa. Seja
observadora e fique atenta para pequenos detalhes que merecem ser valorizados nas
atitudes dele.
14. Se A era o queridão das suas sobrinhas de alguma coisa dele elas gostavam. Então,
quando você estiver conversando com elas, chame-o para conversar também. Tente
reaproximá*los.
15. O serviço de casa a sobrecarrega muito. Você precisa pedir ajuda. Você dá um sinal
pedindo para eles a ajudarem, e os reforça quando eles colaboram com você.
16. Quando você pedir para M limpar o vídeo, por exempplo, pode explicar como fazer
a reforçá-lo. Não vá limpar depois ou reclamar da limpeza, porque agindo assim, ele não
ajudará mais.
17. A ia se vestir bem para quê? Vocês só brigavam. Vocês sempre brigaram. Pode
comprar a roupa que for, ele só vai se vestir bem quando se sentir bem em casa e for
reconhecido. Você precisa reforçá-lo pelo que ele faz e dar modelos. Quando A estiver
bem vestido fale “Nossa, como você está bonito" e não “Nossa como você está bonito
com a roupa que lhe dei".
18. Se A não fala do trabalho com você não pergunte. Espere ele falar e reforce: “Gosto
quando você faia do trabalho comigo". “É bom eu saber o que acontece na sua vida".
Você reforça sem falar o que acha de errado. Depois vocês podem falar sobre os pontos
19.0 que você falou para A, quando ele passou o final de semana em casa? Nada. Você
precisa mostrar que gosta dele em casa, com carinho, atenção, falando. A precisa saber
que ele ficar em casa é bom, não beber é bom. “Olha como o final de semana foi bom ou
gostoso”.
20. Quando A fala que você sumiu está mostrando que notou sua falta e gosta de você,
Se não ele nem ligaria. A demonstra que se sentiu sozinha, sentiu ciúmes, mas porque
ele gosta de você e você fala que não sumiu e que voltou porque estava lavando roupa.
O coitado lá de braços abertos, você passa por baixo pra desligar a máquina. Imagine
essa cena, é a mesma coisa. Você precisa perceber mais quando A demonstra que
sentiu a sua falta.
21. A fala para você não passar as roupas de ficar em casa. Ele está dando um exemplo
de como você pode se poupar.
22. Quando A está em casa, vocês podem jantar juntos. Já será mais um momento
juntos.
23. A reclama de você limpar a casa, porque você só se preocupa com isso. A tem toda
a razão de reclamar que você não fica com ele, dizendo: "Ah, se não fosse você para me
ajudar o que eu faria?".
24. Está explicando porque A só anda sujo. Você dá atenção mais para ele sujo do que
limpo. Se eu fosse A, andaria mais sujo, porque só assim você dá atenção a ele pedindo-
lhe que tome banho.
25. Quando A cortou a carne para você e você agradeceu foi ótima. Poderia ajudá-lo
brincando com ele, dizendo: “Ah, se não fosse você para me ajudar o que faria?".
26. Você pode falar para A tomar banho sem que seja uma ordem. Fale “Toma um
banho e vem aqui para eu abraçá-lo". A vai adorar. Ele não quer a sua atenção? Assim
ele a terá.
27. Você precisa conversar com A para ele ajudar a controlar as crianças e a organização
da casa. Mostre que você precisa da ajuda dele, como no exemplo da carne, lembra?
28. Você não deve dar ordens, ou falar parecendo ordens para A . Você precisa falar
com jeito sem criticar, sem provocar, pedindo a ajuda dele, sugestões.
29. Se você conviver melhor com A em casa, as brigas diminuirão. A fala que qeur amor
e carinho. Ele é apaixonado por você, sente a sua falta, quer colo, quer que você largue
a limpeza para ficar com ele. Se você der mais atenção ao A, ele irá querer ficar mais em
casa e ir menos no bar. Quando ele ficar em casa, sente-se abandonado porque você
nem liga para ele, e então vai para o bar. A volta do bar e vocês sempre discutem, ele vai
querer ficar ainda mais fora porque em casa é só problema. Você precisa ser mais
30. A é carinhoso com você escrevendo seu nome (na máquina de escrever) tudo no
diminutivo. Você nem consegue perceber isso. Por que A precisa responder exatamente
como você queria?
31. Você poderia beijá-lo, abraçá-lo mais. A é carinhoso. Pense se agindo assim, vocô
estaria se sentindo melhor? Você está fazendo isso por você ou por ele?
32. Olha, A telefonou querendo fazer uma surpresa. Está mostrando que gosta e lembra
de você. Você já fala que nâo quer esperá-lo com a surpresa. A vai desanimar. Você
precisa percebê-lo melhor, notar as atitudes dele, e reforçá-lo, sair com ele, elogiá-lo,
esperá-lo.
33. A é contra você mudar de emprego, porém não a está impedindo. Outras vezes ele
era contra e a impedia, brigando com você. Dessa vez ele soube ouvir, falou o que
pensava, mas deixou. Ele está melhor com você, mais tranqüilo.
34. Olha que exemplo! A fala que os "brutos também amam". A fala que a ama, que
demonstra da maneira dele. E o que ele recebe? Você precisa dar afeto, carinho. Como
eu saberia o que os outros sentem se eles não demonstrassem? Como A iria saber se
você não demonstrar?
35. Existem várias formas de demonstrar amor. Imagine que ruim, A fica em casa o dia
inteiro para você só lhe dar atenção à noite. Quando estiver fazendo alguma coisa,
chame-o, passe por ele e dê-lhe um beijo.
36. E, nem que ele realmente seja da idade da pedra. Se ele for amado, ele será um
homem de a pedra mais sossegado, tranqüilo e feliz.
37. Você precisa mostrar para o A que ele faz coisas boas. Você pode, e deve, usar uma
virtude muito comum nas mulheres, a doçura. Que é uma força em estado de paz, tranqüila
e doce, paciente e mansa. De certa forma submissa, mas não é submissão para fazer o
que o outro quer. É submissão com amor, com carinho, para dar ao outro aquilo que
precisa. Colocar em cada ação um pouco de doçura.
38. A não brigou com você (por pedir a demissão) e isso a deixou tranqüila. Você poderia
se sentir grata a ele por essa tranqüilidade. Afinal, ele a compreendeu. Você tomou as
decisões e A não brigou, por isso você pode estar assim agora. No mundo nós não
vivemos sozinhos. O que nós sentimos não devemos guardar só para nós mesmos,
devemos distribuir. Isso não é uma obrigação ou troca. É uma divisão. Você se sente
tranqüila e, esse bem estar, você divide com as pessoas a sua volta. Elas sentirão a sua
tranqüilidade, poderão se sentir tranqüilas e também dividirão. Sem obrigação. Então
"Olha A, você não brigou comigo e essa tranqüilidade reflete nas minhas ações com
você e com o mundo".
39. A doçura não deixa de lutar por um objetivo, mas sempre com doçura, sabendo
40. Para viverem juntos, você e A precisam estabelecer objetivos em comum. Quando
vocês têm um objetivo em comum ficam bem, mas nas situações em que vocês pensam
diferente surgem problemas. Você se recusa a escutá-lo e ceder um pouco, porque
acha que está sendo submissa. Isso tem trazido problemas para a relação. Para viver
juntos é preciso ceder em alguns momentos, ser mais flexível.
41. A partir dessa frase, poderemos pensar um pouco sobre amor: "Você será amado
no dia em que puder mostrar sua fraqueza, sem que o outro se sirva dela para afirmar
sua força” (Comte-Sponville, 1995). A frase mostra como eu me comportarei quando for
amado. Poderei expor para você todas as minhas fraquezas sem que você as use para
me controlar, ou mandar. Isso é necessário para viver com o outro. Você percebe o
outro, o que eíe precisa e cede. Por exemplo, quando o A pede coío, ele está mostrando
uma necessidade dele. Você pode percebê-la e ceder. Não estará sendo capaz de
perceber os seus sentimentos, perceber os sentimentos do outro, e cedendo um pouco
pelo outro. É uma dedicação, uma generosidade. E generosidade é você querer bem o
outro.
42. A partir dessa frase (Comte-Sponville, 1995) podemos pensar também que A se
sentirá melhor em casa, amado e querido, quando for compreendido, aceito, elogiado. A
precisa poder dizer o que pensa, quer e sente, sem que você o critique, provoque ou use
isso contra ele. Quando você aceitá-lo, A se sentirá amado e se relacionará melhor com
você, terá mais prazer em ficar em casa.
A Tabela 11 fornece exemplos de outro recurso que o T usou para lidar com E:
consequenciar diretamente o comportamento dela a partir da função que seu
comportamento tinha para ele na sessão. Essa forma de lidar com E era extremamente
aversiva para ela. E demonstra isso punindo o T: “fechando” a cara, deixando de falar
durante parte da sessão. Ou, então, fugindo da observação do T: negando o que este
lhe dizia ("não é nada disso. Eu ô que estou agitada agora por causa de... "dava uma razão
espúria qualquer) ou se desculpando (“aqui falo assim porque estou à vontade, mas com
A eu me controlo...). O T, nestas ocasiões, não discutia as argumentações de E, apenas
repetia o que o comportamento dela causava nele, naquele momento, naquela situação.
Acabava por sugerir que, independente da “interação" dela ao agir, seus comportamentos
tinham uma função para o outro e era necessário ela prestar atenção nisso. Por outro
lado, para que esta estratégia não ficasse associada, exclusivamente, com os
comportamentos inadequados (ou aversivos para T) de E, o terapeuta também usou o
mesmo procedimento com relação aos comportamentos adequados dela ("você está mais
"solta"hoje consigo: está gostoso falar com você sobre isto..."; “você me surpreende:
achei que iria ser difícil você aceitar meus argumentos e você, pelo contrário, até antecipou
o que eu ia concluir", etc.). Este procedimento se mostrou de grande valia - diretamente
observado pelo T- pois, a cliente mudava drasticamente seu comportamento na sessão
quando o terapeuta consequenciava seus comportamentos - mesmo quando punida -
após a reação de frustração ou de contra-controle - a cliente procurava se comportar na
Tabela 11
Verbalizações do T que explicitam a função que comportamentos de E na
sessão têm sobre ele
1. Você parece prestar atenção ás análises e propostas que eu faço, mas não pára para
pensar e já responde rápido, irritada e culpando A por tudo. A sessão fica parecendo
uma batalha e que não existe alternativa. Não concordo que não haja. E isso, também
deve ocorrer nas suas outras relações: trabalho, filhos, marido, etc.
2. Você está super tranqüila aqui na sessão hoje. Assim podemos dialogar. Veja, vocô
não está concordando com algumas coisas que lhe digo, mas tem procurado argumentar.
Noto também que você tem explicado que aceita algumas coisas que lhe digo. Nossa
relação tem sido menos tensa, menos competitiva. Você nota isso?
3. Quando discordei de algumas atitudes suas, você me olhou do jeito que olhava
anteriormente (de maneira agressiva ) e conversou naturalmente comigo. Você está
aceitando melhor críticas ou está apenas se controlando mais? Seria importante você
discriminar uma coisa da outra.
4. Imagino, pela maneira como você reage ao que lhe digo quando discordo de você,
como A deve se sentir. Se ele não estiver seguro do que fez ou disse deve ser muito
difícil para ele. Você argumenta pouco e reage emocionalmente. Passa a impressão que
está completamente convencida de que está certa. As vezes, tenho a impressão de que
nada que lhe digo lhe interessa.
5. Você sempre tem resposta para tudo que eu digo. Acontece que às vezes você está
certa. Às vezes está errada. Será que você sabe ouvir o outro? Não me refiro a ser
educada e deixar o outro falar, mas entender as razões do outro.
6. Observe como você está descrevendo essa situação com A: Você gesticula como se
estivesse brava (com quem você está brava aqui na sessão?). Você fala energicamente,
se mexe na cadeira de forma agitada. É assim que você “dialoga" com A? Como será
que A se sente ao vê-la assim?
Resultados
Tabela 12 mostra algumas verbalizações de E que ilustram que ela discriminou
aquilo que o T lhe ensinou. Pelo menos no nível verbal seu repertório está adequado. O
teste empírico das análises das contingências feitas pelo T seria concretizado se a cliente,
de fato, lidasse com o marido da maneira como diz que vem lidando (o que não é
possível verificar diretamente) e, então, o comportamento de A se modificasse na direção
das previsões feitas pelo 7. As novas contingências (novos padrões de comportamento
da E - com funções de estímulos antecedentes e de estímulos conseqüentes, aos
comportamentos do marido-instalados pelos procedimentos do T) precisariam ficar em
operação de forma sistemática por um período, a fim de as contingências poderem
Tabela 12
Verbalizações da E que ilustram mudanças na sua relação como marido
1. Ontem A cortou a carne para mim, eu agradeci e pedi para ele tomar banho. Quando
A voltou, a carne já estava no fogo, e ele disse que a comida estava cheirosa. Eu falei
que ele também estava. A ficou satisfeito quando eu o elogiei.
4. A bebeu e foi aquela confusão de sempre. Ele começou a falar mal de mim. Não foi
fácil, mas eu fiquei quieta e fui dormir. A continuou enchendo, indo do quarto para a sala.
Enquanto A não dormiu, foi duro, mas me controlei.
6. Esse final de semana eu não fiz nada, (de serviço de casa) só fiquei com A. Nós
saímos bastante e assistimos à televisão. Ele ficou no meu colo.
A não foi para o bar esse final de semana e foi gostoso. No domingo, eu falei
isso para ele.
Há, porém, um aspecto extremamente importante ainda a ser analisado: a
motivação da E. O que controla (ou controlaria) os comportamentos de E de seguir as
instruções e modelos do T? Suas verbalizações (que vão de encontro às expectativas
do T) podem estar sob controle do T (o que é desejável), mas não podem estar
exclusivamente sob controle dele ( pois, isso seria indesejável). Os comportamentos da
E, adquiridos sob controle do T, na situação restrita da sessão terapêutica, precisariam
se generalizar para a situação natural: ficar sob o controle do marido, no seu contexto do
dia a dia. Essa generalização ainda não foi sistematicamente trabalhada na terapia.
Quem garante que E deseja melhorar sua relação com o marido? Uma relação melhor
entre E e A é uma das possibilidades que E tem para reduzir a aversividade da relação
marido-mulher, não a única. Nada garante que ela deseja essa alternativa. Também
nada garante que E deixará de ter expectativas de conseguir um status sócio-econômico
melhor que o atual. Embora, o T não exclua a possibilidade de E conseguir alguns
"progressos" no seu estilo de vida sócio-econômico, ele tem procurado estabelecer com
E metas realistas. Esta análise por parte do T é aversiva para E. Isso pode ser verificado
Conclusões
O presente estudo mostrou que a descrição espontânea que a cliente fez de sua
interação com o marido, embora muito coerente à primeira vista, não descreveu as reais
contingências em operação. O terapeuta sob controle do seu referencial conceituaMeórico
colocou em questão os dados da cliente e sistematizou a coleta de dados que lhe permitiu
a descoberta de uma regularidade nos comportamentos da cliente e do marido. Os dados
obtidos lhe permitiram propor a possível interação de algumas contingências que melhor
explicariam os dados observados. A identificação e descrição das contingências em
operação tornaram o T consciente do que estava controlando os comportamentos da
cliente. Estava, então, em condições de criar condições para que ela própria se tornasse
consciente dessas contingências. Os procedimentos propostos e implementados pelo 7
tiveram a função de levar a cliente a identificar as contingências em operação e a testá-
las, a fim de verificar a adequacidade da análise. Os resultados do teste empírico das
contingências possivelmente em operação mostraram que a análise do T foi adequada.
Até este ponto do estudo os comportamentos do T ficaram sob controle do seu referencial
conceitual-teóríco, dos padrões de prática científica, dos procedimentos de manejo de
comportamento e dos comportamentos da cliente. O T não ficou sob controle - na sua
relação com a cliente- dos seus valores pessoais, e como tal não criou contingências
que permitissem á cliente discriminar essa classe de contingências às quais responde.
Ficaram sem respostas questões como: Vale a pena viver num casamento sem amor?
Por que viver por tanto tempo numa relação com vínculos interpessoais tão aversivos?
etc. Sem a identificação das contingências envolvidas nessas questões, a cliente não
está plenamente consciente das contingências às quais responde em sua vida conjugal
e, como tal, não está em condições de atingir o auto-conhecimento necessário para
'A s s e s s õ e s foram g rav ad a s e tran scritas literalm ente, ap e n a s co m co rreç õ e s no po rtug u ês. A s in terven çõ es
d o tera p eu ta d ev em se r co n s id era d as no contexto do caso e nâo co m o m o delo p ara In terven çõ es co m outros
clie n te s ou o u tros co n texto s.
T: Você fala que dá amor a ele, você pode até tentar, mas ele percebe. A percebe que
não ó espontâneo, feito de coração. E isso faz com que ele se sinta inseguro, com medo.
Ele percebe o que você sente. E por gostar de você sente ciúmes, tenta controlar para
não perder.
E: Quanto mais ele apronta, menos eu quero ficar com ele.
T: E, você fica com raiva, não tem paciência porque não o ama; daí briga ou se irrita com
A. Ele sai, bebe e volta. Você está mais irritada. Vocês acabam brigando, A a agride.
E: Ultim am ente, eu quero ir menos para minha casa. Mas, eu não falo, nem comento
nada.
T: Não, E, você pode não falar, m as demonstra pelas suas atitudes. Você chega em
casa desanim ada, irritada e isso todos percebem .
E: M as, não tem jeito. A não m elhora. Ele vai para aquele bar e briga comigo. O M fica
super nervoso e preocupado.
Fo llow - up
O processo terapêutico de E continua, passados 10 meses desde a finalização
do relato do presente estudo.
O T continua trabalhando no processo de levá-la a discriminar a que contingências
Apêndice I
A Estrela
Bibliografia
BAER, D. M., Wolf, M. M ., & Risley, T. R. Some current dimensions of applied behavior
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SKINNER, B. F. (1991). Questões Recentes na Análise Comportamental. Campinas:
Papírus
SKINNER, B. F. (1993). Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Cultrix.
98 P e n ls e loró s
considerado, já que um dos objetivos primordiais da avaliação diagnóstica em psicoterapia
comportamental é exatamente a compreensão funcional do caso que se apresenta à
clínica a fim de se prescrever sua melhor forma de terapia.
Entretanto, segundo Silvares (1991), encontra-se, cada vez mais, terapeutas
comportamentais defendendo o uso da classificação nosológica na avaliação ou
diagnóstico comportamental, nâo em função do auxílio que esta classificação possa
trazer ao processo avaliativo em si mesmo, mas devido a uma necessidade de
comunicação multidisciplinar que, muitas vezes, exige algum tipo de classificação do
comportamento, para fins de entendimento entre profissionais de diferentes abordagens.
Mas, notam-se divergências quanto à opinião, entre os terapeutas comportamentais, de
se utilizar algum manual classificatórío. Assim, os procedimentos podem variar desde a
utilização de manuais classificatórios como o DSM III - R, até aqueles que dão preferência
a uma explicação descritiva sumária do comportamento apresentado como queixa.
Desenvolverei agora algumas considerações sobre a Avaliação Diagnóstica
Comportamental, as quais serão restritas ao uso desse instrumento em clínica de
consultório.
A abordagem comportamental para o fenômeno clínico representa uma tentativa
de entender "porque aquele indivíduo, dentro de determinadas circunstâncias, comporta-
se daquela maneira e porque este comportamento se mantém (buscando as causas de
origem e causas de manutenção). Para cada caso, deverá ser feita uma investigação
minuciosa de todas as variáveis envolvidas no problema, inclusive variáveis sociais,
culturais, religiosas, e outras. Portanto, o tratamento dos comportamentos considerados
neuróticos nâo deve ser generalizado como receita de bolo.
Esta investigação, é feita dentro de uma estrutura do Método Experimental. Na
coleta desses dados, deve-se formular hipóteses, controlar mudanças nas variáveis
dependentes e independentes, reformular hipóteses e relacionar todas essas variáveis
às queixas do indivíduo e, finalmente, a partir dessas hipóteses, deverá ser criada uma
metodologia de mudança. A esse processo nós chamamos de Análise Comportamental.
De acordo com essa premissa, o terapeuta comportamental precisa contar, não
somente, com os princípios de aprendizagem (operante, respondente e aprendizagem
social) mas deverá ter uma certa base em conhecimentos mais gerais, tais como:
medicina, neurofisiologia, sociologia, ciência política, etc, pois devemos considerar a
enorme complexidade do ser humano e a limitação inerente da aproximação psicológica.
O procedimento terapêutico comportamental deve ser coerente com as teorias
do comportamento no sentido de serem objetivos, isto é, os comportamentos do cliente
devem ser descritos de maneira precisa e operacional, se opondo à orientação
psicodinâmica, que procura saber o que o indivíduo TEM e não o que ele FAZ. O terapeuta
comportamental não vê o comportamento problemático do cliente como sintoma de um
distúrbio subjacente, mas sim como sendo o próprio problema.
Como ilustração, podemos citar um relato do seguinte modo: "O paciente tem
como hábito, lavar as mãos três vezes antes e depois de cada refeição, após pegar em
dinheiro, maçanetas de portas e qualquer objeto que não tenha sido previamente
e s te riliz a d o E s te tipo de descrição é clara e precisa. Descrevemos o comportamento
do cliente sem nos preocuparmos em rotular o cliente como “Depressivo" ou "Obsessivo
1 0 0 P c n lt f íoró*
Intervalo, Fixo ou Variável. Aqui, é importante conhecermos os valores daquele que age.
Não ó menos necessário conhecermos onde e como foram adquiridos tais valores; através
de que modelos, cultura, que história de condicionamentos ocorreu.
C - Todas as conseqüências da ação do sujeito, conseqüências essas que
incluem punição, reforçamento ou até mesmo extinção da resposta pelo meio. Podem
ser fatos fisicos, sociais ou autoproduzidos, tais como reforçar-se a si mesmo após ser
bem sucedido em uma tarefa. Nós mesmos podemos ser (e somos muitas vezes) as
fontes punitivas ou/e reforçadoras, e, uma resposta, só se mantém se for reforçada,
quer positiva, quer negativamente. Ela pode, também, receber punição como
conseqüência, e isso terá efeitos colaterais, emocionais - graves ou não - como também,
pode ocorrer extinção de tal resposta (ou não reforçamento). Se soubermos exatamente
quais são os estímulos conseqüentes à resposta, ficará tranqüilo determinarmos
perspectivas terapêuticas.
Já a Análise das Mútuas Interdependências Comportamentais, compreende uma
investigação sobre as possíveis relações entre os múltiplos comportamentos do cliente
- problemáticos ou não.
Meyer e Daniel (1983), propõem que a lista dos problemas e informações, seja
registrada num quadro-negro ou algum outro instrumento ao qual o cliente e o terapeuta
possam, visualmente, recorrer (já que a riqueza de informações extraídas está,
geralmente, além da capacidade de memória). O exame visual da lista de problemas
comportamentais, frequentemente, fornece “chaves", de modo que a queixa apresentada
possa ser relacionada e respondida por uma outra. Se certas ligações são descobertas,
então a eficiência do terapeuta é facilitada. Um exemplo disto, são os comportamentos
que aparecem como cadeias causais e nas quais se espera que a mudança de um
comportamento-chave modifique toda a cadeia. Por exemplo, podemos aumentar as
habilidades de comunicação para facilitar as relações sexuais, o que, ao mesmo tempo,
diminuirá a depressão, consequentemente reduzir a ingestão de álcool e assim por
diante. Esta estratégia, parte da hipótese, de que os transtornos comportamentais estão
constituídos por classes de comportamentos que se inter-relacionam nos três sistemas
de resposta (motora, cognitiva e fisiológica).
Se o terapeuta está apto para compreender o motivo de todas as queixas,
identificando a relação entre elas, então, somente então, pode estar preparado para
prognosticar como o cliente reagirá a várias situações. Segundo Meyer e Daniel (1983),
“é aqui que o potencial do terapeuta comportamental é revelado, se ele pode
desenvolver um modelo correto de prognóstico do comportamento do cliente,
então ele está mais preparado para inovar uma metodologia de mudança
apropriada".
O foco dessa análise é, portanto, mais abrangente, e sua compreensão, mais
dinâmica. Embora os referentes para essa dinâmica continuem, como os dos outros
componentes, sendo comportamentais, são, por natureza, mais complexos, visto que se
baseia, na concepção do cliente como um sistema vivente constituído de múltiplos
componentes. Esses componentes - cognitivos, afetivos, comportamentais e biológicos
- , ainda dentro da mesma concepção, encontram-se interligados, de modo que, se houver
mudança num deles, outras alterações se darão em todos os demais. É a partir dessa
concepção que decorre a necessidade do diagnóstico ser um processo auto-renovador,
Sobre co m p o rí.m ip n lo t r o g n íç J o 1 0 1
que se refaz várias vezes a partir da integração de novos dados que são apresentados
pelas próprias alterações que se processam no cliente e em seu meio.
Tal investigação, em nosso entender, será mais efetiva, se assentar-se no
conhecimento da história do cliente e do seu estilo comportamental (Ross, 1979),
desenvolvido junto a seu grupo social. Tal estilo é sobremaneira influente nas várias
interdependências comportamentais presentes, que esta análise investiga.
Uma vez analisados cada um dos componentes desse paradigma e sua inter-
relação funcional é que se procederia a uma proposta terapêutica propriamente dita,
guiando e promovendo os procedimentos de intervenção.
Como ilustração, suponhamos que um determinado indivíduo queixa-se de
“timidez". Não consegue conversar com qualquer pessoa estranha sem sentir medo,
ficando ruborizado, gaguejando ao falar e evitando ao máximo o contato com pessoas
estranhas.
Após estudara história deste indivíduo, descobre-se que o seu pai era um homem
excessivamente critico. Tudo o que este indiv/duo fazia era criticado severamente pelo
pai, como sendo inútil, errado, etc. Na escola sua professora era extremamente rígida e
punitiva. Sempre que ela lhe fazia uma pergunta, em aula, ele ficava ansioso e nâo
conseguia falar. Por este motivo, ficava sempre além da hora da saída, fazendo exercícios.
Se considerarmos, que este índívíduo aprendeu a não ter confiança em seu
desempenho porque quase nunca foi reforçado em suas atitudes e na maioria das vezes
era punido com críticas ou castigos e, que suas reações de medo foram condicionadas
a estas variáveis, podemos pressupor que, se ele aprender que é tão capaz quanto
qualquer outra pessoa, através de um tratamento encorajador em vez de punitivo, sua
auto-confiança irá aumentar e sua ansiedade se extinguirá.
Neste caso, as variáveis independentes seriam: punição através de críticas e
castigos a cada desempenho. As variáveis dependentes seriam: reações de medo no
contato com pessoas, enrubescimento, fuga ou evitação de atividades sociais.
Manipulando a variável independente, através de encorajamento, técnicas de
dessensibilizaçâo, assertividade, etc..., poderíamos controlar e prever a variável
dependente.
É importante salientar, que este exemplo é útil apenas para identificarmos as
variáveis independentes e dependentes, nâo podendo em absoluto, ser suficiente para
explicar os casos em que se apresentam reações de medo ás questões sociais.
Caberia colocar, que este último enfoque pretende construir positivamente (em
contraposição à eliminação de um comportamento problema) uma nova forma de ser e
de se comportar do cliente, de relacionar-se com seu meio e, inclusive, de modificar o
meio, bem como, de mudar de meio.
Ou seja, não se trata de eliminar algo de imediato, e sim, de dotar o cliente de
uma série de ferramentas comportamentais, com as quais ele poderá valer-se na sua
vida diária. O objetivo consiste, principalmente, em modificar muitas classes de
comportamentos em muitas situações, de forma que se auto-mantenham e, que
desencadeiem uma nova forma de se relacionar com o mundo. Trata-se, em suma, de
mudar o curso da vida do sujeito.
1 0 2 P e n lt e loró*
Com isto, passou-se, atualmente, a se buscar novos procedimentos de avaliação
diagnóstica e terapêutica mais condizentes com as necessidades globais dos clientes,
podendo realizar, assim, integralmente, o potencial da abordagem comportamental.
Bibliografia
Dilemas:
1. Se o lápis deixar de escrever, para que serviria o lápis?
2. Se o lápis deixar de escrever errado para que serviria a borracha?
3. O lápis erra para a borracha existir... (ou poder se aproximar dele...).
4. O lápis erra para a borracha nâo existir (acabar)...
Bibliografia
1. O comportamento de fantasiar
“Se podemos contar a outros uma estória, então podemos contá-la a nós mesmos.
E, se as estórias dos outros podem fazer-nos ver, ouvir, sentir aquilo que descrevem,
então nossa descrição pode fazer o mesmo conosco." Essas deduções são tiradas de
Mallot e Whaley (1976) e apontam explicações para as fantasias auto induzidas.
Estas seriam aquelas fantasias nas quais ninguém me conta estória nenhuma,
mas que eu de alguma forma “vejo" acontecendo, sinto determinadas coisas, ouço certas
palavras que, da mesma forma que acontece com o comportamento de ver na ausência
da coisa a ser vista, eu percebo sem que o estímulo esteja presente. O que controlaria
esse comportamento?
Algumas queixas recebidas no consultório são de natureza "fantástica”. Pessoas
que imaginam que o mundo seja do jeito que ele não é, e se comportam como se ele
fosse do jeito que imaginam, acabam sendo mal-sucedidas. Pessoas que imaginam
que as outras pessoas sejam do jeito que não são, quando se deparam com a realidade,
não conseguem entende-la. Pessoas que fantasiam serem capazes de tudo, e não têm
habilidades, colocam toda e qualquer frustração que a vida lhes oferece como uma
perseguição dos outros em relação a si próprias (comportamento paranóide). Fantasiar
e imaginar estão sendo considerados aqui como o mesmo comportamento.
Algumas pessoas “fantasiam" uma relação, interpretando distorcidamente os
fatos que a história da relação traz. Interpretar distorcidamente é sinônimo de selecionar
certos aspectos positivos da relação para fazer análise e negar aspectos negativos (no
sentido de não olhar para eles - comportamento de esquiva). Pode-se fantasiar a solução
de algum problema, evitando certos aspectos desse problema - em geral parece ser
mais fácil resolver problemas naquele estado entre o sono e a vigilia porque nesse estado
o controle de estímulos da realidade do problema é mais fraco. Pode-se assumir
“personalidades" que não se tem (se eu fosse mais corajoso, eu enfrentaria essa parada;
se eu começar a ser agressivo, perderei o controle e aí não sei o que poderá acontecer).
Pode-se transportar no tempo (Preciso ter calma, porque daqui cinco anos eu me aposento
e aí a vida vai melhorar; quando eu for chefe, esse fulano vai se ver comigo). Da forma
pela qual descrevi a fantasia, ela parece ter a função na vida das pessoas de esquivar de
estímulos aversivos.
Bibliografia
MALLOT, RichardW. e Whaley, Donald L. (1976) Psychology. Harper and Row, New
York.
SKINNER, BurrusF. (1982) Sobre O Behaviorismo. Cuítrix e Editora da Universidade
de São Paulo, São Paulo.
SKINNER, BurrusF. (1991) Questões Recentes Na Análise Comportamental. Papirus,
Campinas-SP.
Bibliografia
MASTERS, J. C ., BURISH, T. G., HOLLON, S.D.& RIMM, D.C. (1987) Behavior Therapy:
techniques and empirical fmdings. New York: Harcourt Brace Jovanovich. (Third
Edition).
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comentary. Journal of Applied Behavior Analysis, 12 (4), 491-500.
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assessment. Behavioral Assessment, 1, 1-16.
SANDERS, M. R. & DADDS, M. R. (1993) Behavioral Family Intervention. Sydney: Allyn
and Bacon.
TOURINHO, E. Z. (1996) Eventos Privados em uma Ciência do Comportamento,
Manuscrito não publicado de circulação restrita, versão provisória.
Sobre comporhtmcnlo e m
—e doloroso, talvez até trágico, para o paciente.
Bibliografia
C ija n d o recebi o convite para produzir este texto, imediatamente pensei que
seria muito fácil escrever a respeito já que trabalho com muitos psiquiatras, tanto na
minha clínica particular quanto no Hospital das Clinicas, no GRUDA, que ó um grupo que
trabalha e estuda com as doenças afetivas (depressão). No entanto, percebi ao longo do
tempo em que consultei alguma bibliografia ou que tentei escrever algo, que as coisas
nâo eram assim tâo fáceis. E porque não eram tâo fáceis? Em primeiro lugar porque ao
me perguntar quando eu encaminhava um cliente para um psiquiatra, ou qual eram
meus critérios, percebi que estes nâo estavam operacionalizados. Os meus
encaminhamentos eram feitos baseados em minha experiência clínica. Nâo havia algo
bem descrito, claramente estabelecido no qual eu me baseasse. Resolvi então, fazer
uma pequena pesquisa com colegas psicólogos, e psiquiatras para investigar os critérios
que estes colegas utilizam.
4. Você tem algum outro tipo de critério para decidir fazer um encaminhamento?
5. Qual é a forma que você faz o encaminhamento?
6. Como fica o relacionamento e a troca terapêutica na tríade psiquiatra / psicólogo /
paciente?
7. Se o paciente “sara" com a medicação para que serve o tratamento terapêutico?
Bibliografia
BAER, L. Behavior Therapy for Obsessive Compulsive Disorderin the Office - based
practice. The Journal of Clinicai Psychiatry 1993, 54:10-14.
SKINNER, B. F. (1967) “Ciência e Comportamento Humano". Editora Universidade de
Brasília.
O processo da terapia
comportamental
Capítulo 15
1. Compreendendo autoconhecimento
O grupo foi composto de nove participantes, sendo três homens e seis mulheres,
com idade variando entre 27 e 45 anos, nível sócio-econõmico médio e grau de
escolaridade variado. Foram realizados atendimentos semanais, totalizando quinze
sessões.
O processo terapêutico foi dividido em quatro etapas. O quadro abaixo apresenta
o objetivo geral de cada etapa e as estratégias correspondentes:
Procedimentos evocadores de
Etapas Objetivos: Levar os país à... comportamentos clinicamente
relevantes
...fa lare m dos fatores que • Perguntas sobre a queixa, o mo
contribuem para a manutenção tivo de procurar terapia;
dos comportamento dos filhos • Afirmações que incentivam ou
1* Pais falam considerados inadequados, proporcionam a fala sobre um
sobre os filhos visando apreender a concepção assunto específico considerado
dos pais à respeito dos deter importante pelo terapeuta naquele
minantes do comportamento momento do processo.
infantil.
...re c o n h e c e re m a in flu ê n c ia d e s e u s
c o m p o rta m e n to s s o b re o c o m p o r
• Metáforas para discussão sobre fator
t a m e n to d o s f ilh o s , o b s e r v a r e m - s e
hereditário versus fator ambiental (com
2* Pais falam ênfase no aspecto ambiental);
c o m o a g e n te s d e m u d a n ç a n o p ro
das interações c e s s o d e in te ra ç ã o . C o n s id e ra re m a • Proposições acerca da influência
a v aliarem re la ç õ e s v iv e n cia d as co m
• Situações trazidas pelos clientes,
a c r ia n ç a . P ro c e d e re m a n á lis e
sendo solicitado o relato dos eventos
funcional do co m p o rtam en to en q u anto
4* Pais antecedentes, conseqüentes e as
p ais e do co m p o rta m e n to d a c ria n ç a
estabelecem e n q u a n to filh o s. D ife re n c ia re m q u a is atribuições tanto ao comportamento
novas contin d o s s e u s c o m p o rta m e n to s p ro p iciam dos pais quanto ao comportamento
gências c o m p o rta m e n to s adequados na dos filhos. E stratég ia s verb ais:
c r ia n ç a e a q u e le s que p r o p ic ia m perguntas e técnicas de confrontação
c o m p o rta m e n to s In a d e q u a d o s . verbal.
5. Discussão e conclusão
Bibliografia
1. A avaliação
3. A prosposta de terapia
Bibliografia
Por outro lado, podemos observar que algumas teorias sobre adolescência
incorporaram alguns dos sintomas de depressão, como parte do período da adolescência
normal.
Quadro I
Crianças Idades Padrões de comportamento e situações vivenciadas
Perda (separa- Grande difuc. Choro (angús
Nâo ri,
çâo-pai), fracas relac. soc., tia), fantasias
dificuldades em
C1 9 anos so escoíar, auto fantasia de com conteúdo
expressar
imagem negati rejeição, regra exces. de mor
sentimentos
va. familiar te; dispers.
Perda (separa- choro (angústia),
ção-pai) (ameaça Fantasia de rejei verbalização fantasias com
de separação ção, hiperativi- intensa e expres conteúdo exces
C2 7 anos mãe), fracasso dade, regra são de sentimen
escolar auto sivo de morte,
familiar inflexível tos dispersão
imagem negativa
difucul express.
auto imagem
fantasia de comportamento
11 anos sentim.,
C4 rejeição, grande
negativa agressividade provocativo
dific. rei social
intensa
di/ículd. de relac.
fracasso escolar social, fantasia comportamento choro (angústia),
parcial, auto de rejeição, provocativo, idéias de suicídio
C6 7 anos imagem negativa hiperatividade, comportamentos (verbalizações),
regra familiar agressivos I dispersão
inflexível
162 Jafdc A. Q. Rí Rm
(A2) - Curtir a vida com Rider.
(T) - Quem daria o Rider pra ele?
(A 2 )-O dinheiro.
(T) - E onde ele obtinha dinheiro?
(A2) - Do banco.
(T) - Como ele pegava?
(A2)-Roubava.
(T) - Vamos descobrir um jeito dele se tornar importante e as pessoas se
preocuparem com a vida dele?
(A2) - Como?
(T) - Vamos pensar. A gente vai descobrir junto.
(A2)-Orfanato.
(TO - Como seria? De que modo isso iria torná-lo mais importante?
(A2) - Ia ter alguém lá pra conversar com ele.
(T) - Por que só no orfanato teria alguém pra conversar com ele?
(A2) - Porque ele não tem amigo.
(T) - E se a gente ensiná-lo a ter amigo fora do orfanato?
(A2) - Mas como vai fazer amigo se ele já morreu?
(T) - E como vai pro orfanato se ele já morreu?
(T) - Como isso aqui é uma fantasia, nós podemos voltar o filme até o momento
em que ele não tinha morrido e vamos reconstruir o filme.
Reconstrução da fantasia - mudou o nome da fantasia anterior para: A fuga
imortal.
(A2) - O barquinho veio rápido, ai quando viu a rampa o motorista tentou parar.
Viu que não ia conseguir parar e pulou do barco. O barco foi de encontro direto
ao muro de frente da rampa e pegou fogo. Logo o barco do corpo de bombeiro
foi ao lugar onde o motorista estava na água e o resgatou levando para o hospital
mais perto.
(T) - Quem se tornou importante?
(A2) - O motorista do barco.
(T) - O que vocé fez para ensiná-lo a se tornar importante?
(A2) - As pessoas do médico resgatar ele.
(T) - E agora ele se sente com amigos?
(A 2)-S im .
O tipo de relação que os pais estabelecem com seus filhos, desde os primeiros
momentos de suas vidas, tem sido apontado como um dos principais responsáveis pelo
processo de desenvolvimento global de suas crianças.2
Um dos padrões comportamentais que as crianças e adolescentes podem
desenvolver e que trazem conseqüências importantes e negativas, tanto para eles
mesmos, como para aqueles que os rodeiam, é o comportamento delinqüente ou anti
social.
Qual é o tipo de relação que pais e filhos desenvolvem e que favorecem a
ocorrência deste padrão comportamental? Qual é o processo que o terapeuta
comportamental pode realizar para quebrar tal relação e promover uma outra mais sa
1. Considerações teóricas
Quadro 1 - Ações dos pais, frene aos filhos e à seus comportamentos, que
favorecem o desenvolvimento do comportamento delinqüente
A ç õ e s q u e o s P a is T e m F r e n t e á S u a C r ia n ç a A ç õ e s q u e o s P a is T e m F re n te à A ç õ e s d e S u a s
C r ia n ç a s
• M a u s tratos, abuso e neg lig ên cia nos cu idad o s • U so de p unição in ten sa, fiis lca e freq ü en te.
• Po u c o envo lvim en to d e fo rm a geral (in clu sive com •P o u c o reforçamento para comportamento
p o u ca In teração verb al e fisica ) aDroDriados.
• Id e m ao anterior e m ais c a ra cteristica m e n te , de
• U so d e refo rç am e n to d e fo rm a inc on s is te n te .
fo rm a av ersiv a
1 A s r e la ç õ e s p a is e filh o s s l o im p o rta n te s , m a s n i o s â o e x c lu s iv a s n a d e t e r m in a ç ã o d e s ta q u e ix a
(c o m p o rta m e n to d e lin q ü e n te ). O s d e m a is fa to re s fo ra m e x c lu íd o s p ro p o s ita im e n te , d e v id o a o s o b jetiv o s
d e s te es tud o
Enquanto muitos pais conseguem caminhar nesta direção, outros nâo tem a
mesma evolução. Isso decorre, em primeira instância, como já dito, de fatores que nâo
estão relacionados à criança, como é o caso da experiência anterior do pai em sua
família de origem e ao padrão de interação ocorrido entre ele e os seus próprios pais.
Tais experiências são importantes no desenvolvimento de seu repertório de “ser pai"
(seu estilo parental), em conseqüência dos processos de modelagem e de modelaçâo
que se sucederam. Um outro fator influente, na relação pais-filhos relaciona-se à
irritabilidade pessoal, decorrente de estresse atual ou de vida crônica estressante. Tal
estresse, por sua vez pode decorrer de problemas conjugais, econômicos ou profissionais;
da falta de apoio e do companheiro à mãe e de companheirismo entre os pais, entre
outros. As características peculiares da criança ao nascer, como por exemplo a facilidade
diferenciada que cada uma pode apresentar para reagir chorando ou para adormecer,
de fato podem contribuir para que ocorram interações prejudiciais entre pais e filhos,
logo no início da convivência. Contudo, o que se sabe é que tais características dos
bebês, passam a ter um papel importante quando os pais estão estressados e sem rede
de apoio (familiares, amigos e serviços comunitários que os ajudem) ou devido aos per
4. Considerações finais
ANDERSON, A . R.; HENRY, C.S. (1994) Family System Characteristics and Parental
Behaviors as Predictor of Adolescent Substance Use - Adolescence - Vol.29,
N* 1114.
CONTE, F.C.S. - Pesquisa e intervenção Clinica em Comportamento Delinqüente numa
Comunidade Pobre USP, 1996. Tese de Doutorado.
KÕHLENBERG, R.J e TSAI, M (1991) Functional Analytic Pshychotherapy: Creating
Intenses and Curative Therapeutic Relationship - Plenun Press, N/Y.
KÕHLENBERG, R.J; TSAI, M.; DOUGHER, M.J. - The Dimensions of Clinicai Behavior
Analysis. The Behavior Analyst - Vol. 16, N° 2, 271-281,1993.
SIMONS, R.L.; ROBERTSON, J.F.; DOWNS, W.R. (1989)-T h e nature of the Association
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Perspective on Antisocial Behavior - American Pshychologist, Vol. 44., N^ 2,
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TOLAN, P.H. (1988) - Delinquent Behaviors and Male Adolescent Development: A
Preliminary Study. Journal of Youth and Adolescence, Vol. 17, N2 5.
I lá
algum tempo venho me preocupando com a formação de terapeutas
comportamentais, e especialmente com a formação de terapeutas dentro da graduação
em Psicologia. Tenho presenciado por parte dos alunos vários comportamentos de esquiva
desde das \arefas mais simples como a entrevista Inicial até dos casos de queixas
psiquiátricas. Em geral o aluno que chega para o atendimento tem muito medo de errar,
achando que nada sabe e nada aprendeu para executar sua tarefa.
Em 1993, durante a Reunião Anual de Psicologia de Ribeirão Preto fui convidado
a falar numa mesa redonda intitulada “Bases teóricas aplicadas à prática clinica: as
contingências na sessão terapêutica", na qual apresentei o trabalho “O impacto do
atendimento sobre a pessoa do terapeuta". Nesse texto, eu analisava teoricamente
alguns comportamentos apresentados por terapeutas iniciantes e não iniciantes, e, a
partir de sentimentos possivelmente expressos por eles, buscava encontrar as
contingências que estariam em operação controlando seus comportamentos. Mais à
frente eu analisei a importância das emoções e comportamentos encobertos numa análise
funcional, especialmente na análise feita dentro de uma sessão terapeutica. Finalmente
discuti o papel das emoções do terapeuta.
1. Ansiedade
Nâo fui diferente de ninguém. O primeiro caso que atendi, na Clínica Psicológica
da PUC-SP causou-me uma enorme ansiedade, semelhante a que vejo hoje meus alunos
de 4o ano apresentarem quando estâo se preparando para seu primeiro atendimento. E
a situação de atendimento em clínicas escola ó relativamente protegida. Mas, ainda que
existisse nessa época a vantagem de podermos escolher o caso que atenderíamos,
ainda que o atendimento estivesse planejado para ser em dupla de terapeutas, ainda eu
que soubesse que minha dupla seria o professor (que por um acaso era o Hélio Guilhardi)
e ainda que eu soubesse que ficaria no atendimento por poucas sessões porque haveria
rodízio de alunos terapeutas para atender o caso, eu me sentia ansioso.
Posso descrever várias contingências presentes que causavam a ansiedade.
Uma delas era a própria queixa “escolhida" para o atendimento: um rapaz de 21 anos
que tinha ejaculação precocel Não tínhamos a menor idéia do que fazer frente a isto.
Outra, era o fato de estar na presença do professor que, embora desse alguma segurança
de que “seguraria a barra" se alguma besteira fosse feita, era alguém que eu admirava e
queria a admiração recíproca. Se ele fizesse qualquer interferência que fosse em sentido
diverso da minha seria fatall Uma terceira era o fato de que atrás do espelho estariam
outros doze colegas observando o atendimento e avaliando meu desempenho. Para
completar, numa aula teórico-prática que havíamos tido para fundamentar o futuro
atendimento, eu havia sido terapeuta num role-playing no qual, por duas vezes, havia
expressado meu juízo de valor para a cliente fictícia, o que era inadmissível.
Frente a este quadro, eu só poderia ter ficado inseguro e ansioso, como todos
nós já ficamos nessa situação. Mas, aprendi a enfrentar os problemas. O professor
indicou-nos literatura específica para o atendimento do problema trazido pelo cliente;
antes do atendimento combinou comigo uma série de intervenções que eu poderia fazer
independentemente do que o cliente trouxesse como conteúdo, e que eu deixasse para
ele aquilo que eu julgasse náo dar conta; durante o atendimento foi extremamente gentil,
incentivando-me a participar da entrevista; e o espelho? Ah, o espelho sumiu, quando
sentei na frente do cliente e a fascinação e a curiosidade sobre um problema "real"
tomaram conta de mim. A vontade também de aprender como atender também contribuiu
para que o espelho fosse esquecido.
Nos atendimentos subsequentes, que saudades dessa situação protegida!
2. Medo
3. Raiva
meus e a expressei durante a sessão terapêutica. Em nenhuma das três, por sorte, nâo
perdi os clientes. No entanto não os aconselho a imitarem meu comportamento, pois
julgo-o completamente inadequado em pelo menos dois dos casos. O terceiro, vim a
saber que era adequado a posteriorí. Acho que não vale a pena arriscar. Meus alunos
presentes me perdoem, pois já devem ter-me ouvido contá-los.
Bem , o primeiro caso, é o de um garoto de 12 anos que veio à terapia “forçado"
por seus pais. O motivo era mau rendimento escolar que ele apresentava, segundo
interpretação de sua mãe porque soubera que era adotado.
Q uando alguém procura por terapia o faz porque está sob controle de
contingências aversivas e/ou não tem repertório para modificá-las. Ou então está sob
controle de regras falsas que freqüentemente sinalizam comportamentos de esquiva e
impedem que a pessoa entre em contato com as contingências.
No primeiro caso, o trabalho do terapeuta comportamental constará basicamente
de instalar ou aperfeiçoar repertórios de comportamentos que habilitem o indivíduo a
alterar as contingências aversivas ou sair do seu controle. No segundo caso, o terapeuta
deverá atuar no sentido de levar o cliente a discriminar as regras falsas e sair do controle
das mesmas para que fique sob controle das contingências mais adequadas à sua vida.
Quem define a meta è o cliente mas, quem o orienta no processo de atingl-la é o terapeuta.
Neste trabalho apresentarei um caso clínico em que meu papel como terapeuta foi o de
indagar sistematicamente junto á cliente o por que e/ou a validade das regras, que
controlavam todo um repertório de esquiva e a impediam de entrar em contato com as
contingências. Na realidade, parece que o que fiz foi, através do meu questionamento,
dar uma instrução ou regra que poderia ser assim resumida: dê uma chance para as
contingências.
182 M d ly P c llttl
Cliente - a quem chamarei de X, é uma mulher de 30 anos, casada há 3 anos,
com uma filha de 2 anos, estudante universitária. É o segundo casamento de seu marido
que tem 42 anos e três filhos do primeiro casamento; um menino de 11 anos, um de 9
anos e uma menina de 14 anos.
Queixas:
1. Dificuldade muito grande no âmbito do desejo sexual: pouco desejo,
comparando-se ao desejo do marido, demora para se envolver sexualmente. Quando
conseguia se envolver, o relacionamento era bom, com orgasmos satisfatórios.
Quando é fim-de-semana das crianças, (isto ó, dos filhos dele) fica ansiosa,
insegura e assexuada. “Não consigo sentir tesâo pelo pai daquelas crianças."
2. Dificuldade de relacionamento com os filhos do primeiro casamento do marido,
e principalmente com a menina.
Sente-se incomodada com a presença dos filhos dele. “Viro uma empregada"
(ela tem cozinheira, babá, arrumadeira). Diz que os filhos são bobos, nâo comem nada,
não sabem brincar.
O marido fica “meio bobo", atendendo aos três filhos. A menina compete comigo
e ele, Y, fica dividido, sem me dar atenção."
História de Vida (resumo)
Filha de mãe solteira, não conheceu seu pai. Embora soubesse seu nome, não
quis procurá-lo.
X teve um padrasto que lhe deu um sobrenome e uma irmã, com 14 anos no
início da terapia de X. A mâe de X era hippye. X viveu em comunidades durante a
infância e dizia que sua mãe tinha uma vida promíscua.
Sua avó materna, com a qual viveu durante toda a infância era católica, tradicional
e “cheia de frases feitas como: moça de família não faz isto, moça de bem não faz
aquilo” etc, etc. A própria mãe de X lhe dizia para “fazer o que digo e não fazer o que
faço", passando-lhe mensagens incongruentes em relação ao seu comportamento verbal
e o resto de seus comportamentos - promiscuidade, liberalidade, etc.
Dos 14 aos 17 anos X se envolveu com drogas e com "o pior rapaz da cidade" -
filhinho de papai, desocupado, drogado. Passa a namorá-lo, vai viver com ele e junto
com ele se muda para São Paulo. Trabalha em uma loja por um dia e depois vive nas"
baladas de drogas, sexo e rock and roll". Vive com ele e outras pessoas, em uma casa
"sempre cheia de gente, bebida e droga."
Quando tem 18 anos ele volta para o interior. X deixa as drogas e fica em São
Paulo passando a trabalhar como "Garota de Programa". Como" garota de programa" X
sai muito, viaja bastante, até para o exterior, faz algumas ‘pontas’ na TV e acaba
conhecendo (como profissional) o futuro marido. Após mais ou menos oito meses saindo
com ele como profissional, começam a namorar, deixa de se prostituir e vai viver com
ele que efetua sua separação da esposa para ficar com ela.
Quando vem procurar a terapia (após já ter feito em outra abordagem) está
vivendo com o marido há três anos e já tem o filho de 2 anos.
12 “Fragmento de sessões”
(11 * Sessão)
CL - Eu não te contei ainda mas... quero dizer que quando vou transar acontece
uma coisa. Penso que se eu pensar em mulheres eu ficaria com tesão. Mas aí penso
que é errado e fico ansiosa, não me envolvo.
TP - Por que você não pode pensar em mulher?
CL - Porque pode significar alguma tendência homossexual e eu não sou lésbica
- já estive em uma cama com outra mulher-quando fazia programa - e não aconteceu
nada - eu não quis.
TP - Então porque você não pode se permitir pensar? Não seria uma fantasia
como qualquer outra?
CL - É, talvez...
(12« SESSÃO)
CL - Sabe, na hora de transar eu pensei que talvez pudesse pensar em mulher,
afinal você disse que seria só uma fantasia e, sabe o que aconteceu? Não precisei
pensar nada - me excitei olhando meu marido - me envolvi e foi muito bom. E em outra
ocasião me permiti pensar em mulher, contei para o meu marido e ele também curtiu a
fantasia.
Desta sessão em diante a cliente não “precisou mais pensar em mulher" ou, se
pensava, envolvia o marido na fantasia pois sabia que não era proibido e aproveitava a
relação sexual.
Nesta situação podemos levantar uma série de hipóteses quanto ao controle de
seu comportamento por regras.
Começamos a discutir na terapia a idéia de que ela precisava transgredir regras
-co m o primeiro namorado, na situação atual com o marido, etc. Ela acabava incorporando
como suas, as regras da avó, da mãe, da sociedade - isto é, extraídas de contingências,
mas, que eram agora, regras falsas e tentava transgredir estas regras mesmo quando
haviam conseqüências aversivas.
Exemplo: usar drogas - era SR e era aversivo e ainda havia a regra de que "não
era moça de bem, de família". Pensar em mulheres era um comportamento encoberto
186 M a ly P c lU tl
família tradicional e muito bem sucedida profissionalmente. Também aqui a regra foi
questionada pelo terapeuta e foi sugerido que X tentasse ver os filhos dele, principalmente
a menina, como crianças e nâo como competidores. A medida em que X vai modelando
uma nova relação com as crianças, o marido se sente menos ansioso. Relatou para ela
que se sentia dividido demais e passou a dar mais atenção a X mesmo com os filhos
juntos. Ex: fim de semana dos filhos ele vai jantar fora com ela e a leva ao motel -
(reforço com sexo sofisticado).
Em entrevista de follow-up a cliente informou que uma determinada sessfio eu
lhe pedi que observasse comportamentos agradáveis e/ou qualidades dos filhos do
marido. Segundo ela, esta instrução foi muito importante, pois além de ter conseguido
discriminar comportamentos das crianças, que eram reforçadores, ela também generalizou
este comportamento, isto é, em cada situação que se percebia com idéias pré-concebidas,
parava e tentava discriminar mais objetivamente os fatos. Parece claro que mesmo diante
de uma regra já estabelecida, esta cliente passou a dar uma chance às contingências,
ou seja, conseguiu enfrentar as regras falsas expondo-se às contingências do momento.
Esta cliente interrompeu as sessões temporariamente como um outro corte nas
despesas - o marido também interrompeu sua terapia, ginástica, etc. No contato para
follow-up, ela relatou que continua bem, “curtindo a bijuteria embora também gostasse
de pérolas” e disse que pretende retomar para o atendimento quando for possível, pois
está dando umas aulas particulares e entâo conseguirá pagar a terapia.
Em resumo, penso que meu papel neste processo foi o de analisar regras que
nâo especificavam contingências e o de criar condições para a remoção destas regras,
através do questionamento e da instrução “dê uma chance às contingências", que embora
nunca tenha sido explicitada, esteve subjacente a quase todas minhas intervenções.
Bibliografia
Bibliografia
A) Auto-imagem
* egoísta: queria tudo para si e nâo gostava de dar ou fazer nada para ninguém, sob a
alegação de que nâo tinha obrigação;
■ agressiva: sempre apontava a pior característica da pessoa de modo a ofendê-la;
* caipira: achava que sempre estava mal arrumada, com roupa que não estava mais na
moda; quando tinha roupas que achava bonitas nâo conseguia usá-las por achar que
ficavam postiças nela;
• preguiçosa: sempre queria postergar o que precisasse ser feito. Muitas vezes tinha
dúvida se a preguiça era uma manifestação da depressão ou uma característica dela;
• nâo sentia prazerem nada: nâo era bom trabalhar, mas, também nâo era bom nâo
trabalhar fora de casa; sair de casa não era bom, mas ficar em casa também não era.
Parecia estar sempre triste, sem ânimo para nada;
• autoritária: tudo tinha que ser feito do seu próprio jeito e na hora em que ela achasse
que deveria ser feito;
* invejosa: detestava a maioria de suas características pessoais e de suas atividades e
descrevia como ótimas as características ou atividades dos outros;
* “contabilizava” tudo: - quantidade de atenção atribuída a ela ou ao filho pelo marido
ou por qualquer outro membro da família em comparação à quantidade atribuída a
qualquer outra pessoa da família;
• raivosa: as situações acima geravam-lhe muita raiva, que aparecia na maioria das
vezes, de forma incontrolável e em quantidade desproporcional ao fato ou situação de-
B) Medos
O medo era a característica de fundo presente em quase todas as situações e
comportamentos. Dentre os principais apresentados por Gilda, selecionei os mais
freqüentes e que apareciam especialmente nas fases de depressão mais acentuadas;
• de enfrentar pessoas ou situações desconhecidas;
• de sentir-se incapaz;
• de ser julgada incapaz pelas pessoas;
• de não ter forças para enfrentar a vida;
■de não ser capaz de exercer nenhuma profissão;
• de ficar dependente de remédios para dormir, dos anti-depressivos ou ansiolíticos;
• de preparar e/ou comer o que tivesse em casa, com medo de que acabasse e ela
tivesse que providenciar novamente;
• de que alguém fosse a sua casa e ela tivesse que providenciar algo;
•de entrarem lojas mais diferenciadas.
Intervenções
• Gilda foi encaminhada a um psiquiatra para avaliação e possível prescrição. Foi
medicada com antidepressivo. Ela tinha muita resistência a qualquer medicação alopata.
Dado seu estado, ela aceitou tomá-la. Recebeu instruções e informações claras sobre
como se daria o efeito da droga e sobre a importância de tomá-la corretamente. Ela
diminuiu a dosagem e interrompeu a medicação por conta própria. Só depois de um mês
e meio é que passou a tomar corretamente, mas não durante o tempo necessário.
• Foi feita uma entrevista com o marido para levantamento de dados, para expor-lhe a
proposta de intervenção e enfatizar a necessidade da medicação.
• Foi ajudada a identificaros modelos aprendidos, já internalizados, que eía empregava
na própria vida, detectando suas funções. Exemplos de situações trabalhadas: não
conversar a não ser o necessário, viver “pelos" deveres e não pelos prazeres, como
sempre sua mãe havia feito.
• Foi ajudada a programar pequenas atividades e/ou situações que permitissem que ela
explorasse as sensações através dos órgãos dos sentidos, com o objetivo de que fosse
gradativamente identificando sensações de prazer e construindo a sua própria opinião
sobre as experiências vividas.
• Foi ajudada a identificar dentro de sua história de vida, quais regras controlavam seus
comportamentos e que foram gradativamente comprometendo seu estado emocional,
com a deterioração evidente de sua qualidade de vida, juntamente com a de sua família.
Aqui temos alguns exemplos:
a) a vida é uma sucessão de perdas e frustrações;
b) viver é cumprir deveres;
c) prazeres são para outras pessoas e não para mim;
d) trabalho significa correria, frustração, submissão;
e) cuidar da casa é obrigação da empregada, eu só tenho que dar as ordens sem me
envolver;
f) eu tenho muito mais do que eu acho que eu mereço;
g) pensar diferentemente de mim é pensar errado;
h)neu tenho que" ligado às mais diferentes situações: fazer comida especial se convidar
alguém para vir a minha casa; se eu entrar numa loja devo comprar alguma coisa, etc;
• Foi ajudada a encontrar alternativas para as regras aprendidas.
Evolução do caso
Na medida em que Gilda foi identificando o que desencadeava suas crises
depressivas (estímulos internos e externos) e quais funções elas exerciam (fuga e esquiva
de situações boas ou ruins), ela foi aprendendo a observar-se e a observar o outro e
foram ocorrendo algumas mudanças graduais em sua qualidade de vida.
No primeiro ano de atendimento, ocorreram muitos altos e baixos em suas
depressões, e percebia-se claramente que Gilda não aderia totalmente à psicoterapia e
nem aos medicamentos alopatas. No final deste periodo ela decidiu procurar um médico
homeopata de sua confiança que passou a tratá-la com florais, mas também prescreveu-
lhe um ansiolítico alopático para as situações mais criticas, nas quais não dormia.
Até esta época ela já havia desenvolvido uma boa habilidade de auto observação
e apresentava alguns progressos em seu repertório de enfrentamento de situações
dificeis; já havia aprendido fazer relaxamento e também fazer análises funcionais; já
conseguia ter períodos com uma qualidade de vida razoável. À despeito disso ela
mostrava-se, muitas vezes, incrédula com o caminho que estávamos trilhando.
Quando ela começou a tomar os medicamentos homeopatas parece que criou
alma nova e gradativamente foi aumentando seu empenho em conseguir mudanças o
que permitiu que seguisse mais fielmente o que combinávamos, e, o mais importante,
durante todo o tempo.
Bibliografia
BRANCH, M. (1987) Behavior analysis: a conceptual and empirícal base for behavior
therapy. The avior Therapist, 4 ,79-84.
1. Histórico
Queixa Inicial
Relatou estar enfrentando problemas no relacionamento familiar e profissional,
devido a dificuldade de estabelecer alguns limites, dar opiniões, ser firme nas decisões,
falar “nâo" e principalmente por considerar-se incapaz de reverter este quadro. Tais
Procedimentos:
Diante do quadro observado, o primeiro procedimento utilizado foi transmitir-lhe
informações sobre seus comportamentos encobertos. A explicação utilizada foi baseada
na teoria de desamparo aprendido.
O principal objetivo desta explicação era fazer com que o cliente entendesse
que seu estado emocional tinha relação direta com suas experiências de vida.
A partir destas informações,foi organizado um quadro de tarefas onde o cliente.no
início, obrigou-se a fazer, e com o decorrer do tempo tais tarefas tornaram-se, segundo
sua própria verbalização, atividades reforçadoras em sua vida.
É importante saber como o cliente está funcionando, para desta maneira poder
atuar com maior eficácia na modificação do comportamento, proporcionando um
tratamento adequado a partir dos dados da avaliação. Para tanto, se faz necessário
especificar alguns elementos como: os pensamentos, os sentimentos, os estímulos, as
respostas e suas conseqüências; e de que maneira estes se refacionam (análise
funcional).
Através da análise funcional pode-se saber como os homens se comportam.
Assim conhecidas as causas do comportamento humano pode-se prever e controlar o
comportamento, identificando as variáveis das quais é função (Skinner, 1967).
Com a possibilidade de previsão e controle do comportamento, objetivos estes
da Ciência do Comportamento, pode-se questionar como o cliente se comporta
funcionalmente, identificando quais estímulos provocam e mantém seu comportamento
no meio natural em que vive, o que consequentemente, o leva a ter as seguintes queixas:
1. Problemas no relacionamento familiar e profissional;
Bibliografia
1. Introdução
a) Enfoque Funcional-Analitico
Na psicoterapia de grupo, as relações interpessoais que constituem o “setting"
terapêutico são a principal fonte evocadora dos CRBs. Neste sentido, o papel do terapeuta
é analisar as relações individuais estabelecidas no grupo (que, na verdade, constituem
CRBs de seus elementos) e, ao mesmo tempo, enxergar como estes comportamentos
se constituem dentro do processo grupai (ou seja, CRB do grupo).
Por exemplo: Uma cliente carente de aprovação social cria no grupo um
movimento para produzir a evocação de feedback.
b) Enfoque Contextual:
A abordagem contextual foi introduzida no nosso trabalho com grupos quando
começamos a identificar nas relações entre as pessoas, e no nosso próprio
comportamento, o controle exercido pelas contingências sócío-verbais (contextos).
Vejamos na prática clínica, como lidamos com estes contextos - identificados
por Hayes (1987) e já definidos anteriormente.
Contexto de literalidade:
As regras e as palavras que a compõem podem, em algum casos, passar a ter
Contexto do Controle:
- O contexto do controle aparece muito freqüentemente no grupo. O grupo tem
a idéia de que falar sobre o que sente pelo outro ou pelo grupo pode produzir problemas
e assim evita o confronto de opiniões e sentimentos. Na verdade, não querem vivenciar
as emoções produzidas por estas situações, é muito comum o terapeuta favorecer sem
perceber, por motivos pessoais, a fuga do grupo da situação de confronto.
Vejamos o exemplo:
Num grupo de terapia, as saídas e os relatos surpreendentes dos clientes ocorriam
sempre que um mal-estar tomavam conta do grupo, em decorrência das verbalizações
de uma cliente altamente monopolizadora. Ninguém falava nada claramente com medo
da explosão de raiva dos companheiros. Quando a terapeuta sinalizou isto para o grupo,
um dos elementos verbalizou que expressar sua chateação perante as falas da colega
seria um desrespeito e além disso ela poderia não gostar e ficar brava. Alguém falou
ainda que tinha medo de interromper. O grupo começou a entrar num estado de ter me
6. Considerações Finais
Bibliografia
HAYES, S.C. Um Enfoque Contextual para Mudança Terapêutica In: JACOBSON, N.S.
Bibliografia
EMERY, R.E., Flncham, F.D., Cummings, E.M. (1992). Parentingin context: sistemic
thinking about parental conflict and its influence on children. In Journal of Consulting
and Clinicai Psychlogy. vol. 60, n° 6, p. 909-912.
FALLOON, I.R. & Lillie, F.J. (1988) Behavioral family therapy: an overwiew. Handbookof
Behavioral Family Therapy. Guilford Press, New Vork-London.
FAUBER, R.L., Long, N. Children in context: the role of the famyli in child psychoterapy.
Journal of Consulting and Clinicai Psychology. 1991, vol. 59, n° 6, 813-820.
JACOBSON, N.S. (1985) Towand a nonsectarian blueprint for the empirical study of family
therapy. Journal of Family and Marital Therapy, vol 11.
LIBERMAN, R.P. (1972) Behavioral approaches to family and couple therapy. Progress
in group and family therapy. Sager, C.J. & Kaplan H.S. Brunner/Mazer, New
York.
1.1. Comunicação
Entendida como qualquer comportamento verbal ou não-verbal manifestado por
duas pessoas, o emissor e o receptor.
É importante que seja clara, congruente, com direcionalidade e carga emocional
adequadas.
1.4. Liderança
O líder deve influenciar o comportamento dos outros membros e ser influenciado
por eles com funções de organizador e orientador da atividade grupai.
Para que o crescimento emocional dos membros da família possa ser promovido,
é necessário que a liderança dos pais surja no grupo familiar e seja compartilhada com
os filhos, de forma diferenciada e democrática.
1.5. Conflitos
Podem ser benéficos ou maléficos, na medida em que estimulem o crescimento
ou predisponham ao desequilíbrio emocional.
A família deve conter os efeitos destrutivos dos conflitos, ao mesmo tempo em
que está preocupada com as possibilidades de expressão, valorização e a busca de
1.9. Auto-Estima
Está relacionada aos sentimentos de valor que cada um tem em relação a si
mesmo e que são desenvolvidos desde cedo pelos pais quando se interessam pelas
realizações dos filhos.
É importante que o terapeuta familiar tenham em mente cada um desses aspectos
ao entrar em contato com um cliente ou família que vinha até então funcionando
eficazmente e que passa a apresentar dificuldades ao enfrentar um evento estressor,
como é o divórcio ou a separação, que costuma acarretar uma disruptura no processo
de desenvolvimento humano.
2. Causas da Separação
240 C a im c n C /arda de A lm e id a M o ra e s
Finalmente, após um trabalho dela junto aos filhos para aceitação, a mesma
decidiu separar-se e passou a tomar as respectivas providências para a mesma.
Relatou ter conseguido reduzir sensivelmente (com acompanhamento médico),
a medicação que utilizava, entendeu que as queixas físicas inicialmente apresentadas
eram decorrentes de seus problemas emocionais, ou seja, da insatisfação que
caracterizava o seu relacionamento conjugal e de sua dificuldade em tomar decisões.
Avaliando o relacionamento, diz ter chegado à conclusão de que a ausência de
um diálogo verdadeiro e da cumplicidade, no sentido de partilhar as coisas como gostaria
é que foram responsáveis pelo fim do casamento.
No que se relaciona à comunicação existe muitas vezes por parte de um ou
ambos os membros do casal, dificuldades de expressar sentimentos e emoções um ao
outro.
Embora o caso clínico relatado tenha nos mostrado facilidades por parte da
terapeuta em ajudar a cliente a atingir seus objetivos no processo terapêutico, é importante
salientarmos neste momento, que há casos em que podemos nos defrontar com limitações
que impedem a implementação de procedimentos para tal fim.
Lembramos aqui de um casal que atendemos algum tempo atrás, cuja ajuda foi
inicialmente solicitada pelo marido, o qual tentava resgatar a afetividade da esposa.
Ao contrário do outro, este era um casal mais jovem que permaneceu casado
por apenas dois anos e estava separado há aproximadamente dois anos.
A análise da interação deles revelou-nos falhas profundas de comunicação que
só foram identificadas após a ocorrência de um desgaste muito grande no relacionamento.
Ele se lamentava de não ter conseguido corresponder às expectativas de carinho,
afetividade e expressividade emocional por parte da esposa, enquanto ela se queixava
de constantemente ter-lhe sinalizado isso em vão.
Paralelamente este casal vinha apresentando muitas dificuldades em relação
ao filho, uma criança de 03 anos de idade, o qual começava a apresentar problemas de
agressividade, sono e alimentação, decorrentes das freqüentes disputas dos pais em
relação à guarda do mesmo.
Embora o prognóstico para esse caso parecesse bom, dado que era um casal
jovem e com pouco tempo de relacionamento, nada pode ser feito no sentido do resgate
da afetividade da esposa, tão almejado pelo marido, uma vez que apesar dele reconhecer
e assumir suas limitações, não havia mais por parte dela, interesse e disposição em
investir em esforços que pudessem levar à reconstrução do relacionamento.
Neste caso, como ela já havia conhecido outra pessoa e estava iniciando um
novo relacionamento, foi proposto a ele que desse continuidade ao processo terapêutico
para trabalharmos, por um lado a sua aceitação quanto à separação, a qual estava
sendo muito difícil, e por outro, os seus déficits comportamentais, no sentido de prepará-
lo para novas relações, evitando assim o insucesso da primeira.
Infelizmente, este atendimento não pode ter continuidade, uma vez que o cliente
desistiu, explicitando que o seu objetivo em terapia era o de conseguir a esposa de volta,
3. Conseqüências da Separação
Bibliografia
rios estudos tem nos mostrado que a família é uma instituição em transformação,
a qual vem reformulando concertos, valores, princípios e reafirmando o seu papel na formação
e salvaguarda da pessoa, comunidade e sociedade. (Camargo, 1995).
As pesquisas realizadas nos levaram a constatação da ocorrência de um aumento
no número de separações conjugais e suas conseqüências de natureza biopsicossocial.
Estas constatações nos despertaram o interesse pela formação de grupos de apoio para
podermos intervir a nível preventivo.
I. Objetivos do Trabalho
1. Favorecer a adaptação a novas situações.
2. Oportunizar a auto-aceitação e o crescimento psicológico individual.
3. Favorecer o desenvolvimento de um repertório comportamental que possibilite um
melhor relacionamento interpessoal.
4. Verificar a eficácia de estratégias grupais de intervenção.
III. Resultados
As avaliações e feedbacks tem nos mostrado que os encontros propiciam:
melhores condições para resolver dificuldades, elevação da auto-estima e
desenvolvimento de laços de solidariedade e companheirismo.
4. Grupos de Filhos
(. Objetivos do Trabatho
1. Detectar a existência de comportamentos-problema.
2. Identificar mudanças comportamentais ocorridas após a participação em um grupo de
apoio.
3. Verificar a eficácia de estratégias grupais de intervenção.
II. Caracterização
Bibliografia
Relato 1
R, o marido e um grupo de amigos estavam em uma cidade diferente da que
Relato 2
“Sabe, era muito duro viver com meu pai. Ele não respeitava ninguém, não
deixava você ter vontade. Uma vez eu era pequena, lembro-me que pedi um disco de
presente de aniversário e ele fícou feliz da vida pela minha escolha. Acho que era
porque não era brinquedo, era mais intelectualizado. Salmos e fomos até à loja. Eu
nunca tinha me sentido tão feliz. Era a primeira vez que meu pai ia me dar um presente.
Sempre era a minha mãe quem dava. Eu ia orgulhosa e feliz pela rua com meu pai. Na
loja eu disse ao vendedor que queria o disco da novela tal, meu pai enfureceu-se, começou
a gritar comigo, dizendo-me que aquele disco ele não compraria, que eu escolhesse
outro. Ao dizer-lhe que não queria outro, ele saiu da loja berrando que aquele disco era
coisa de imbecil e cafona. Eu senti muito medo dele e de me perder dele também,
porque ele quase corria pela rua. Eu era pequena e não conseguia acompanhá-lo”.
Durante o atendimento fomos identificando as características e as decorrentes
dificuldades pessoais de R. Por exemplo, ela fazia discriminações e generalizações
incorretas e consequentemente tirava conclusões sobre si e os outros, também incorretas.
Ela tinha um discurso extremamente elaborado sobre si e as outras pessoas e também
sobre os relacionamentos, mas absolutamente desvinculado do que de fato ocorria. As
regras internalizadas, aprendidas durante toda sua vida, e, que controlavam seus
comportamentos, contribuíram para que ela se tornasse uma pessoa marcadamente
autoritária, preconceituosa e egocêntrica. Só que ela não conseguia perceber-se desta
maneira. Ela sempre acreditava que era o outro quem apresentava tais características.
Está distorção de percepção acarretava-lhe sérias alterações de ordem emocional
reveladas através de seqüências intermináveis de comportamentos marcadamente
inadequados, que causavam transtornos a ela e às pessoas envolvidas nas diferentes
situações de sua vida.
Nos 14 meses iniciais a psicoterapia de R foi se desenvolvendo com 2 sessões
1. Caso clínico
Bibliografia
1.1. Excitação
A excitação é caracterizada pelo ímpeto de sensações eróticas e pela obtenção
da ereção no homem e da lubrificação vaginal na mulher. As manifestações de tensão
sexual incluem também uma reação corporal generalizada de congestão dos vasos e
miotonia. Além disto, enquanto o corpo se prepara para a tensão do coito, a respiração
torna-se mais ofegante e aumentam as pulsações e a pressão arterial.
No homem, além da ereção do pênis, o escroto se dilata e a bolsa escrotal
torna-se mais lisa e maior, enquanto os testículos começam a se elevar porque os cordões
espermáticos ficam mais curtos.
Como acontece no homem, a fase de excitação na resposta sexual feminina é
também caracterizada pela congestão dos vasos. Além disto, durante a excitação, os
seios começam a se intumescer, tornando os mamilos eretos.
Com referência específica às respostas genitais locais, o traço característico da
resposta sexual feminina durante a fase da excitação é a lubrificação vaginal. À medida
que a mulher vai se sentindo excitada, o ingurgitamento vascular dos tecidos internos da
vagina dá origem a uma exsudação, que vai formar a lubrificação das paredes vaginais,
em 10 a 30 segundos após o início do estímulo sexual. Há também, em intensidade
menor, congestão dos vasos do clitóris, que se torna ereto em algumas mulheres, mas
não em outras. Também durante a excitação, o útero aumenta de volume em virtude do
ingurgitamento vascular, e começa a elevar-se da sua posição de repouso no soalho
pélvico. Simultaneamente, a vagina principia a dilatar-se e a distender-se para acomodar
o pênis.
1.2. Platô
A fase do platô é essencialmente um estado mais avançado de excitação, que
ocorre logo antes do orgasmo. Durante o platô, a resposta vasocongestiva local do órgão
sexual primário se encontra no auge, em ambos os sexos. No homem, o pênis está
distendido e cheio de sangue até o limite da sua capacidade. A ereção é firme e o falo
está retesado até o máximo do seu tamanho. Os testículos tornam-se ingurgitados com
o sangue e encontram-se 50% maior que o seu tamanho normal. Além disso, a contração
reflexa dos músculos cremastéricos e dos cordões espermáticos levanta os testículos,
suspendendo-os a uma posição bem rente ao períneo. Então aparecem duas ou três
gotas do fluido claro mucóide da glândula de Cowper.
As transformações fisiológicas que ocorrem na mulher também podem
ser atribuídas à vasocongestão. Uma reação extra-genital observada na mulher é o
1.3. Orgasmo
Durante o orgasmo, considerado o prazer mais intenso, no homem, o sêmen
jorra do pênis ereto, em três a sete ejaculações, a intervalos de 0,8 de segundos.
Descrevem-se dois componentes do orgasmo masculino: o primeiro consiste nas
contrações dos órgãos internos e assinala uma sensação de inevitabilidade ejaculatória.
As contrações rítmicas da uretra peniana, dos músculos da raiz do falo e dos músculos
perineais constituem o segundo componente e são experimentados como o próprio
orgasmo.
Depois do orgasmo, o homem é refratário ao sexo durante um certo intervalo de
tempo. O período refratário deve ocorrer antes da próxima ejaculação. À medida que o
homem se torna mais velho, aumenta o tempo de duração deste período, podendo, em
alguns casos, durar até sete dias entre uma relação e outra.
Independente da forma da excitação, o orgasmo feminino também consiste de
0,8 de segundo de contrações rítmicas reflexas dos músculos circunvaginais e do períneo,
assim como da plataforma orgâsmica. As características do orgasmo sào idênticas em
todas as mulheres. O mesmo pode ser acionado pelas diversas formas de excitação do
clitóris.
A mulher, ao contrário do homem, não apresenta período refratário, podendo
ser estimulada a ter vários orgasmos sucessivos.
1.4. Resolução
A resolução é a fase final do ciclo da resposta sexual; as respostas fisiológicas
locais especificamente cessam e todo o corpo volta ao estado normal.
No homem, os testículos se desentumescem e descem imediatamente à posição
habituai, enquanto o pênis voíta vagarosamente ao estado de flacidez. Logo após o
orgasmo, o pênis é reduzido à, aproximadamente, metade do seu tamanho quando no
auge da ereção. Isso ocorre devido ao esvaziamento dos corpos cavernosos, e após
meia hora do corpo esponjoso e da glande, aí então o pênis diminui por completo. Nos
homens de mais idade, esse processo de invocação pode durar apenas poucos minutos.
Na mulher, o clitóris leva de 5 a 10 segundos após o orgasmo para voltar à
posição inicial. A plataforma orgâsmica se desentumesce rapidamente, porém a vagina
demora de 10 a 15 minutos para voltar ao seu estado normal de relaxamento. O osso
cervical continua dilatando-se e retraindo-se de 20 a 30 minutos após o orgasmo, quando
3. Sobre os tratamentos
4.2. Anorgasmia -
a) orgasmo sozinha digital ou vibrador.
• Manobra da ponte: esta técnica é indicada para a mulher cujo clitóris é reativo e nâo
consegue orgasmo durante o coito, mas deseja obtê-lo.
• Coito: o paciente é orientado a praticar o jogo anterior com a diferença que pode
ejacular intravaginalmente.
• Stop-start (pare -reinicie): é o mesmo método anterior com a diferença que o homem
quando avisara mulher, ela para de fazer os movimentos pélvicos. Em poucos segundos
a pressão ejaculatória cessa, e o homem pede para a parceira recomeçar a estimulação.
Isto se repete por 4 vezes. Na 4a tentativa ele ejacula.
Depois de estarem seguros na masturbação o mesmo exercício é feito com penetração
na vagina na posição da mulher por cima, e o homem controla os movimentos segurando
no quadril da mulher.
ARATANGY, L. R. (1994) O amor tem mil caras. SSo Paulo : Editora Olho D’Água.
BAPTISTA, S. M. S. (1996) Afinal, o que é ser mulher?. Viver Psicologia, 4(41 ):12-5,1
COSTA, M.; Monesi, A . A .; Rodrigues Jr.t O . M . (1993) Cem dúvidas sobre sexo. SSo
Paulo: Editora Gente.
FRIDAY, N. (1994) Mulheres por cima - as fantasias sexuais das mulheres no pós-femi-
nino. Rio de Janeiro : Editora Record.
HEIMAN, J. R.; LoPicollo, J. (1981) Descobrindo o prazer. SSo Paulo : Summus Editorial.
KAPLAN, H. S. (1977) A nova terapia sexual Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira.
KAPLAN, H. S. (1978) Manual Ilustrado de terapia sexual. São Paulo : Editora Manole.
KUSNETZOFF, J. C. (1990) A mulher Sexualmente feliz. Sâo Paulo: Editora Nova Fron
teira.
LOUDEN, J. (1994) O pequeno livro do prazer sexual. Sào Paulo : Editora Best Seller.
OYDEN, G. (1996) Mulheres que gostam de sexo - aumente seu prazer sexual e enrique
ça sua vida. Rio de Janeiro / Sâo Paulo: Editora Record.
Outras aplicações da
análise comportamental
Capítulo 33
1. Introdução
1 A trad u çã o , p ara o p o rtug u ês, da sigla O B M e s tá se n d o pro p o sta, pela p rim eira ve z, no p res en te
trab a lh o .
2. Unidades de Análise
De acordo com alguns estudiosos da área (Geller, 1992; Redmon & Agnew, 1991;
Redmon & Wilk, 1991) a maioria das aplicações da Análise do Comportamento no mundo
dos negócios têm considerado o comportamento individual como seu principal objeto de
estudo. Têm se preocupado, quase que exclusivamente, com as performances diárias
que são controladas por eventos ambientais imediatos e seus impactos apenas no
funcionamento de determinada unidade ou departamento, perdendo-se de vista padrões
de performance e suas contribuições aos objetivos da organização. Uma análise
organizacional deve assumir a complexidade do sistema de variáveis com que se está
lidando e assim, as questões relativas ao gerenciamento organizacional devem ser
respondidas através de métodos de análise que vão além do comportamento individual,
utilizando-se uma unidade de análise a nível cultural: a metacontingôncia. Para Redmon
& Wilk (1991), uma metacontingôncia existiria quando a performance de mais de um
indivíduo é objeto de estudo (grupo) e, quando são identificadas: (1) as conseqüências
da performance coletiva (eventos que afetam a sobrevivência [da prática] do grupo como
um todo); (2) a relação funcional entre a performance do grupo e suas conseqüências e;
1 Horcon*» (1987)
5. Conclusão
Bibliografia
AGNEW, J.L. & REDMON, W.R. (1992) Contingency Specifying Stlmuli: The Role Of
"Rules" in Organizational Behavior Management. Journal of Organizational
Behavior Management. 12 (2), 67-76.
DANIELS, A.C. (1992) Performance Management. Impoving Quality Productivity
through Positive Reinforcement. Third Edition. Geórgia: Performance Mamagement
Publications.
DANIELS, A.C. (1994) Bringing Out The Best In People. New York: McGraw-Hill.
DEMING, E.D. (1990) Qualidade: A revoluçôo da Administração. Rio de Janeiro:
Ed.Marques-Saraiva. Publicação original de 1982.
DICKINSON, A.M. (1989) The Detrimental Effects of Extrinsic Reinforcement on
"Intrinsic Motivation". The Behavior Analyst, 12,1-15.
GELLER, E.S. (1992) Where’s the Performance in Organizational Behavior Management.
"1
) ogar fora todos os livros sobre liderança escritos na década passada." Este
foi o conselho que recebi de um consultor europeu, com trabalhos em várias organizações.
Constatei que este não é um conselho tâo radical ao participar de treinamentos
em empresas com programas de melhorias da Qualidade. O tempo agora ó de grupos
semi-autônomos de trabalho (que quase prescindem de gerenciamento), avaliação de
desempenho feita pelos clientes, treinamentos “on the job", funcionários que se auto-
controlam em termos de horários, oficinas tão limpas quanto hospitais, gestão a vista,
participação nos lucros e preocupação com a qualidade de vida dos trabalhadoresí
O que está acontecendo? Será que George Orwell deveria ter escrito 1996 ao
invés de 1984?
O fato é que as organizações estão passando por importantes e interessantes
processos de mudanças nem sempre iniciados dentro da própria estrutura, mas forçado
pela necessidade de competir e sobreviver num mercado dinâmico, globalizado e
1. Em nome da qualidade
Ontem Hoje
• Mercado local Mercado global
• Custo + Lucro = Preço Preço - Custo = Lucro
• Enfoque no produto e na tecnologia Enfoque no cliente e no mercado
• Longos ciclos de vida dos produtos Ciclos de vida curtos
• Produção em massa / economia de escala Manufatura flexível/pequenos lotes
• "Mâo-de-obra" Pessoas
• Consumidor vem depois dos lucros Lucros vêm da satisfação dos clientes
• Foco na organização / burocracia Foco no negócio/'empreendedorismo'
• Enfoque no chefe Enfoque no grupo
4. Da pirâmide ao circulo
Bibliografia
Bibliografia
1 N âo posso deixar d e salien tar q u e es ta ten d ên c ia d e os pro fess o res e n s in arem aquilo d e q u e g o stam e o
q u e p re fe re m , foi ta m b é m ap o n tad a por S k in n er (1 9 6 8 )
Bibliografia
Psicopedagogía comportamental
M iria n M ürínotti
1. Atendimento psicopedagógico
árvore lápis
moto agasalho
geladeira relógio
flor vidro
tesoura jogo
cama cachorro
caneta colar
bola estojos
sapato brinquedos
televisão meias
sorvete crianças
tartaruga carros
professor teíefones
criança João
escola São Paulo
vestido Marcelo
menino Terezinha
caderno Estados Unidos
mochila Claúdia
Era solicitado às crianças que identificassem o que havia de comum entre as
palavras de uma das colunas e que diferia da outra coluna.
As crianças apresentaram mais dificuldade em resolver o primeiro item deste
problema, onde a diferença entre os grupos era o gênero dos substantivos. Nos dois
últimos itens apresentaram menos dificuldade.
Provavelmente, isto deveu-se à presença de características ortográficas claras
nos dois últimos itens: "s" para plural e letra maiúscula para os nomes próprios.
r
I i
T____ i
Neste problema, obviamente, a maioria das crianças optou por estratégias gráficas
de resolução.
Entretanto, algumas crianças que apresentavam repertório verbal mais sofisticado
mesclaram à atividade gráfica comentários que, aparentemente, serviram como elos na
solução do problema. Por exemplo: “tem que ter ponta; tem que encaixar um no outro"
ou “melhor começar separando as árvores".
Em AEC, a busca da “aprendizagem sem erros" nâo é nova. Entretanto, ainda nâo
chegamos a um consenso sobre se ela é possível ou desejáveí.
Então, por enquanto, temos que lidar com situações em que as crianças erram.
Não obstante as desvantagens conhecidas destas situações, o erro da criança
tende a nos informar mais acerca de como ela pensa do que seus acertos. Até porque,
quando a criança exibe a resposta final desejada, raramente nos detemos a analisar o
motivo deste acerto.
No caso do erro, a própria resposta final pode fornecer pistas sobre o processo
envolvido na tentativa de solução da tarefa.
Por exemplo, uma criança disléxica que atendemos tinha especial dificuldade
com a escrita de números. Cometia erros do tipo:
204 para “vinte e quatro"
201000 para “vinte mil”
3210005 para “trinta e dois mil e cinco", etc
Se nos detivermos na escrita da criança, poderemos observar que ela,
sistematicamente, escreve os números justapondo seus componentes tal como os escuta.
Assim,
204, na realidade é a justaposição de 20 e 4
201000, de 20 e 1000
3210005 de 32, 1000 e 5
Desta constatação, podemos:
a) derivar a hipótese de que a criança está aplicando à escrita de números a regra
utilizada na escrita alfabética que consiste, justamente, na justaposição de letras;
b) planejar estratégias de ensino mais eficientes na correção de seu desempenho do
que se, meramente, constatássemos que a criança “errou".
Situações análogas podem ser observadas na realização de operações
matemáticas.
A criança que realiza as operações:
14 36 92
+ 5 +2 +7
69 58 169
Não está apenas errando, mas está utilizando um procedimento sistemático
5. Conclusão
Bibliografia
Aula teórica
A aula teórica é ministrada em grupo grande, com a participação de todos os
alunos.
Os temas abordados oferecem subsídios teóricos para que o aluno possa
executar a atividade prática.
Supervisão
A supervisão é feita em grupos menores de aproximadamente dez alunos.
Os alunos são divididos segundo três papéis básicos:
- Terapeuta - realiza os atendimentos psicológicos; participa do planejamento
das sessões e faz leituras complementares, relacionadas aos casos em atendimento.
- Observador- observa os atendimentos através do espelho unidirecional, efetua
os registros da sessão, participa do planejamento dos casos e faz leituras complementares
relacionadas.
Atividade Prática
Fase I
A atividade prática é desenvolvida na seguinte seqüência;
Entrevista de Triagem - dos casos inscritos na Clínica Psicológica, já previamente
separados para serem atendidos nesta disciplina, uma vez que no ato de inscrição é
registrada a queixa principal( dificuldades de aprendizagem).
Os alunos se encontram com o supervisor durante quatro horas/aulas: duas
aulas para discutir as fundamentações teóricas e duas destinadas a supervisão das
atividades práticas.
A triagem é então discutida para se ter clareza de que o caso satisfaz os critérios
para ser atendido nesta disciplina, ou seja , que a criança apresente dificuldades de
aprendizagem ,tenha disponibilidade para os horários de atendimento; que tenha idade
mais próxima das crianças do grupo em que vai ser inserida e ou necessite de programas
semelhantes.
Se o caso for indicado para ser atendido em outra disciplina ou em outro local.a
família será convocada para uma Entrevista de encaminhamento.
Uma vez que seja concluído que o caso será atendido nesta disciplina, a família
é convocada para uma Entrevista feita com o grupo familiar ( todos os membros que
moram na mesma residência).
Entrevista Familiar
Quatro estagiários participam da Entrevista familiar - utilizam-se da técnica de
Questionamento Reflexivo ( K arl, 1985).
As questões efetuadas tem como objetivo o levantamento de dados e ao mesmo
tempo provocar mudanças , onde a família deve ser conduzida a concluir sobre a
necessidade de mudanças de comportamento de alguns de seus membros, como também
sobre algumas formas de agir que favoreçam a mudança no outro, sem que esteja
recebendo uma orientação direta. Não recebe as orientações como instruções, pois
conclui junto com o terapeuta sobre alternativas de comportamento mais funcionais do
Fase II
Dá-se início aos atendimentos de grupo:
- Grupo Psicopedagógico
-G rupo Emocional
- Grupo de Pais
As Entrevistas de acompanhamento com o professor da criança, sâo individuais
e a frequência depende da disponibilidade de horário do estagiário,que é do curso noturno
e trabalha durante o dia. Eventualmente utilizam-se de outras alternativas de contato
com a escola da criança, como através relatório escrito.
funil
3 2 8 tolde A. Q. Refira
• na escola, na ausência da mâe, prevemos uma desorganização de comportamentos,
uma vez que foram removidos os estímulos controladores; a professora diz que a criança
é “insegura".
• frente a situação de aprendizagem - a criança “insegura” fica dispersa (a dispersão
neste caso poderia ser analisada como um comportamento de esquiva frente a situação
aversiva) - a dispersão conduz a aumento de erros - a professora chama a atenção da
criança, repreendendo ou riscando com vermelho o seu erro - a criança adquire medo
de errar - frente a nova situação de aprendizagem , aumenta a frequência do
comportamento de esquiva (“ dispersão") levando a um aumento na frequência de erros
- a mâe pressiona em casa chamando a criança de preguiçosa - ocorre uma ampliação
do medo de errar e de se expor - frente a palavra que erra, a criança fica em dúvida e
troca as letras - passa a se achar incapaz - com auto-imagem negativa - frente a situação
de aprendizagem - os erros aumentam - o ciclo se fecha e a criança se encontra numa
situação sem saída -
• pais e professores encontram muita dificuldade em lidar com esta situação e muitas
vezes se acham numa situação sem saída também.
• se partimos do repertório de entrada da criança, iniciando por aquilo que é capaz , ou
elaboramos programas com níveis de ajuda onde se favorecem os acertos, a criança
passa agora a vivenciar uma história de sucesso, reformula sua auto-imagem e passa a
acreditar que é capaz; quebramos o ciclo anterior que se formou e um novo ciclo se
inicia.
Os distúrbios de aprendizagem estão relacionados à suposição de organismo
não íntegro baseado na hipótese de disfunção psiconeurológica com muitos dos fatores
ambientais superpostos.
Para trabalharmos com a hipótese de disfunção, devemos analisar os canais
sensoriais, memória, nível de abstração e outros, para identificar o tipo de distúrbio e
assim poder elaborar programas corretivos mais adequados.
Grupo Emocional
Utiliza-se de situações lúdicas e fantasias como instrumento de avaliação e
intervenção.
Mas por que consideramos importante que a criança com dificuldades de
aprendizagem participe de um grupo emocional?
Por considerarmos que comportamentos encobertos e manifestos, que fazem
parte da categoria de comportamentos emocionais, por englobar as emoções,interferem
na aprendizagem, ou seja, na aquisição de novos comportamentos. Para tornar mais
compreensível esta afirmativa, tomemos como exemplo uma criança com dificuldades
de aprendizagem e a interação mãe/criança:
Mâe não coloca limites - criança atende a um conjunto de regras que resultam
em comportamentos de conseqüências agradáveis e não atende a um outro conjunto de
regras que resultam em comportamentos necessários, mas não prazerosos (obrigações).
Esta criança teria dificuldades em manter uma longa cadeia de respostas para obter um
Grupo de Mães
Primeiramente são levantadas as necessidades do grupo , que colocam as
dificuldades em lidar com a criança em casa .enfocando tanto os comportamentos
acadêmicos, como os demais.
Levanta-se através do relato materno, as regras , crenças e mitos que governam
o comportamento da família, de modo a elaborar intervenções que possam alterá-las.
Utiliza-se o Questionamento Reflexivo(Karl,1985) mencionado acima, como uma
das técnicas utilizadas.
O uso de vivências, onde as mães representam papéis através da dramatização
de uma situação - problema; trocam de papéis, ora sendo a mãe e ora a criança, para
em seguida analisar os comportamentos envolvidos e propor outras alternativas de
comportamento para a mesma situação, que seja funcional para mãe e criança.
Bibliografia
O tem a alfabetização é bastante com plexo e tem sido foco de diversos estudos,
nas m ais diversas disciplinas e abordagens. Em encontros e congressos das mais
diferentes áreas, como psicologia, pedagogia, linguistica, sociolinguistica, psícolingulstica,
vê-se extensas discussões relativas ao processo de aquisição da leitura e da escrita.
Bibliografia
A
principais:
análise comportamental aplicada ao esporte tem, a meu ver, dois objetivos
O primeiro passo para promover saúde é ajudar o atleta a saber porque escolheu
determinado esporte e quais seus objetivos em relação à ele.
Quando o atleta sabe o que o mantém treinando, quais os reforços obtidos ao
realizar aquele esporte, tem mais condições de prever e controlar seu comportamento.
Muitas vezes o que mantém o atleta treinando, são reforços naturais, conseqüência do
desempenho na modalidade esportiva. Mas outros reforços também podem estar em
curso, o que pode fazer com que o treino gere sofrimento, como podemos ver no exemplo
a seguir;
Trabalhei com uma tenista que jogava para obter atenção do pai (e conseguia).
Porém, o tênis em si não era reforçador. Ela sempre vinha para o treino cabisbaixa e
raramente sorria, treinava mal e perdia os jogos, o que a fazia sofrer. Para esta atleta,
não adiantava trabalhar somente com técnicas para a melhora de rendimento, mas sim
mostrar que haviam outras maneiras de obter atenção do pai (reforço social), talvez
através de outro esporte que lhe desse prazer (reforço natural).
É importante que o atleta aprenda quais contingências controlam seu
comportamento. Que ele aprenda identificar e descrever seu comportamento (poderíamos
chamar isto de consciência). Assim ele poderá ter mais convicção e compromisso com o
esporte. É o compromisso que permitirá o trabalho com as técnicas para a melhora de
rendimento.
• Relações interpessoais
Bibliografia
Minha proposta
A partir do exposto, considero pertinente tratar agora, de maneira breve, do tipo
de trabalho que venho desenvolvendo.
Eu venho realizando trabalhos junto à comunidades (de acordo com a "noção"
proposta), desde 1968. Mas foi na década de 70 que entrei, de fato, em contacto com a
literatura especializada e passei a me dedicar ao tema. Esses trabalhos vêm sendo
realizados por mim e meus orientandos em ambientes diversos, como escola, parque
infantil, creche e posto de saúde. Além disso, tive ocasião também de trabalhar junto a
duas favelas, numa delas diretamente e, na outra, orientando uma dissertação de
mestrado realizada por José Luls Crivelatti de Abreu - e é essa dissertação, intitulada “A
Bibliografia
Rachel Rodrigues
RRB/+/
E D I T O R A