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Testes Laboratoriais Aplicados Imunologia Clinica
Testes Laboratoriais Aplicados Imunologia Clinica
Testes Laboratoriais
Aplicados à Imunologia Clínica
Ana Lígia Bender
Carlos Alberto von Mühlen
dois reagentes está em excesso: pró-zona ou zona reatividade). A densidade da linha de precipitação
de excesso de anticorpo e pós-zona ou zona de ex- e a distância em relação ao orifício da amostra
cesso de antígeno. Em virtude da reversibilidade da pode dar alguma indicação da concentração do an-
reação, o excesso de um dos reagentes pode induzir ticorpo. Estas reações continuam sendo utilizadas
à dissociação do precipitado formado, causando por alguns laboratórios devido a sua especificida-
erros de interpretação dos resultados. Esta situação de, principalmente no diagnóstico de infecções
é prevista e minimizada durante os processos de causadas por fungos e para a detecção de alguns
padronização dos ensaios. auto-anticorpos.
Fig. 5.1 – Curva de formação de imunocomplexo em função da quantidade de antígeno adicionada. (Fonte:http://www.uoguelph.ca/mbnet/323IMMUN/C2_AGAB.)
Fig. 5.3 – Reações de imunodifusão radial simples e dupla. (Fonte: http://www.uoguelph.ca/mbnet/ 323IMMUN/C2_AGAB.)
e que garantam leitura na região de excesso de anti- multivalente presente em uma partícula (insolúvel).
corpo. Medidas acuradas só podem ser feitas nesta A partícula insolúvel pode ser um antígeno insolúvel
região porque é onde existe relação linear entre a nativo, antígenos expressos em células (por exem-
concentração da substância e a densidade ótica. plo, antígenos eritrocitários) ou partículas cobertas
Dentre as aplicações mais comuns temos as determi- com antígenos (por exemplo, partículas de látex).
nações de proteínas específicas como alfa-1-antitrip- As reações de aglutinação têm boa sensibilidade e
sina, alfa-1-glicoproteína-ácida, alfa-2-antiplasmina, podem ser analisadas por inspeção visual, no entanto
IgG, IgA, IgM, C3, C4, apolipoproteínas, beta-2- são mais sujeitas a resultados falso-positivos devido
microglobulina, anti-estreptolisina O, proteína C à aglutinação inespecífica.
reativa ultrassensível e fator reumatóide.
Fig. 5.8 - Testes fluorescentes heterogêneos: em (a) imunofluorescência direta (IFD), em (b) imunofluorescência indireta (IFI) com anticorpo antiisotipo e em (c),
IFI com proteína A marcada com substância fluorescente. (Fonte: http://www.uoguelph.ca/mbnet/ 323IMMUN/C2_AGAB)
80 CAPÍTULO 5 TESTES LABORATORIAIS APLICADOS À IMUNOLOGIA CLÍNICA
Fig. 5.11 - Esquema de separação de população de células expressando ou não antígenos A e B marcados, identificados por anticorpo marcado com molécula
fluorescente. Após análise computadorizada as populações celulares são representadas graficamente em função da fluorescência emitida após marcação. (Fonte:
http://www.uoguelph.ca/mbnet/ 323IMMUN/C2_AGAB).
Fig. 5.12 - Representação esquemática dos reagentes utilizados no ensaio de citometria de fluxo baseado em partículas Multiplex. As linhas azuis representam a
luz excitatória incidente, as linhas das demais cores, os padrões de emissão.
Fig. 5.13 - Esquema da reação de eletroquimioluminescência. A micropartícula magnética (fase sólida) suporta a estrutura do imunoensaio, em que o marcador é
a molécula de rutênio. O marcador participa de uma reação de oxidação-redução com a tripropilamina (TPA). (Fonte: Roche do Brasil – Divisão Diagnóstica.)
CAPÍTULO 5 TESTES LABORATORIAIS APLICADOS À IMUNOLOGIA CLÍNICA 83
Fig. 5.14 - Esquemas dos testes enzimáticos heterogêneos do tipo indireto (a), sanduíche (b) e captura (c). (Fonte: http://www.uoguelph.ca/mbnet/ 323IMMUN/
C2_AGAB.)
84 CAPÍTULO 5 TESTES LABORATORIAIS APLICADOS À IMUNOLOGIA CLÍNICA
dação enzimática dão origem a produtos solúveis separação, transferidas para uma membrana de
coloridos, cuja determinação é feita medindo-se a nitrocelulose onde ficam imobilizadas. Essa mem-
densidade ótica da solução por espectrofotometria. brana é utilizada como suporte sólido para um
Para a peroxidase, o substrato é o peróxido de hidro- ensaio imunoenzimático, semelhante ao método da
gênio e os cromógenos ou doadores de hidrogênio imunoperoxidase.
mais utilizados são a ortofenilenodiamina (OPD),
Essa técnica pode ser empregada para a pesquisa
ácido 5-amino-salicílico, ortotoluidina, 2,2’-diazino
de antígenos ou de anticorpos, sendo um importante
do ácido etilbenzotialino sulfônico (ABTS) e tetra-
metilbenzidina (TMB). auxiliar no diagnóstico de doenças infecciosas e
auto-imunes. Utilizando-se este teste, pode-se deter-
ELISA Direto é uma técnica para a medida de minar se há antígeno ou anticorpo na amostra e qual
antígeno baseada na competição entre o antígeno é a sua especificidade, se o preparado é puro ou não,
da amostra e o antígeno marcado com enzima pelo
quais proteínas estão sendo reconhecidas por um
anticorpo. ELISA Indireto, ou ensaio imunométrico,
anticorpo, distinguir diferentes perfis de anticorpos
mede a concentração de anticorpo usando o antígeno
de acordo com a fase da doença ou infecção ou, de
ligado à fase sólida, onde o anticorpo da amostra se
ligará. O imunocomplexo será evidenciado pelo anti- acordo com a presença ou não de infecção, dife-
anticorpo marcado com enzima (pode ser isótipo- renciar entre cepas patogênicas e não patogênicas.
específico: IgG, IgA, IgM) e a subseqüente adição É também utilizado como teste confirmatório na
do substrato/cromógeno. A especificidade do ensaio investigação de doenças infecciosas e auto-imunes
de ELISA indireto para a detecção de anticorpos (Fig. 5.15).
da classe IgM em doenças infecciosas é limitada,
ocorrendo resultados falso-positivos devido à in-
terferência do fator reumatóide na presença de anti-
corpos IgG específicos. O uso de imunoadsorventes IMUNIDADE CELULAR E
comerciais pode minimizar este problema. FUNÇÕES FAGOCÍTICAS
A presente secção pretende apresentar os ensaios
ELISA com Captura de IgM
disponíveis para avaliar laboratorialmente aspectos
Foi desenvolvido para solucionar o problema importantes da função imunológica, como a resposta
descrito da interferência do fator reumatóide na pre- imune celular e as funções de quimiotaxia e explo-
sença de anticorpos IgG específicos. Neste ensaio,
são oxidativa de células fagocíticas. Estes temas
anticorpos anti-IgM são adsorvidos à fase sólida,
foram assim distribuídos:
capazes de fixar todos os anticorpos de isótipo IgM
da amostra do paciente. Após, o antígeno é adicio- Avaliação da Imunidade Celular
nado, ligando-se ao anticorpo específico da amostra • Avaliação da função das células T:
anteriormente imobilizado. Um segundo anticorpo
– Contagem absoluta de linfócitos.
anti-antígeno marcado com enzima é adicionado e,
subseqüentemente, o substrato/cromógeno, resul- - Contagem das subpopulações de linfócitos.
tando em um produto corado de intensidade propor- - Análise funcional dos linfócitos (a citometria
cional à concentração de IgM específica presente na de fluxo na avaliação da ativação e prolifera-
amostra. Esta técnica é o método de escolha para a ção dos linfócitos).
detecção de anticorpos IgM específicos.
- Teste cutâneo de hipersensibilidade tardia
(delayed-type hypersensitivity-test – DHT).
Enzimaimunoensaio com Micropartículas (MEIA) - Produção de citocinas.
É uma técnica imunoenzimática em que o supor- - Ensaios de citotoxicidade.
te sólido consiste de pequenas micropartículas em
Alguns Exemplos da Aplicação Clínica dos Testes
suspensão líquida.
de Avaliação da Imunidade Celular
• Avaliação das Funções Fagocíticas: Oxidação e
[G]TÉCNICAS DE Quimiotaxia
IMUNOELETROTRANSFERÊNCIA – Indicações clínicas para os ensaios de avalia-
Western Blotting ção da função fagocítica.
É um procedimento em que as proteínas são – Procedimentos laboratoriais:
separadas pelo tamanho por eletroforese e, após Isolamento de neutrófilos e monócitos.
CAPÍTULO 5 TESTES LABORATORIAIS APLICADOS À IMUNOLOGIA CLÍNICA 85
Fig. 5.15 - Western Blot de soros de crianças com diagnóstico de lupus eritematoso sistêmico juvenil. Em 1, soro controle negativo, em 2 e 3, soros controle positivos,
conforme indicado. Entre 4 e 17, fitas com reações individuais de auto-anticorpos. Perceber a presença de auto-anticorpos contra proteina P ribossomal (rRNP) em
4 a 7, bem como a grande variedade de bandas representativas da presença de mais de um auto-anticorpo nos casos juvenis de lupus. Em 18, soro reagindo com o
antígeno NOR-90 (human upstream binding factor), proveniente de criança com fenômeno de Raynaud.
trombocitopenia auto-imune, doenças linfoprolifera- ser detectada por citometria de fluxo utilizando-se
tivas, hemoglobinopatias e anormalidades cromossô- anticorpos anti-HLA-DR ou anti-HLA-DQ. É uma
micas, como por exemplo a síndrome de DiGeorge marca característica da deficiência de moléculas de
e a síndrome de Down. Doenças auto-imunes como MHC classe II1 (Tabelas 5.1 e 5.2).
a doença mista do tecido conjuntivo, o lúpus eri- A citometria de fluxo é muito utilizada para
tematoso sistêmico, o diabetes tipo 1, a esclerose avaliar o estado funcional dos leucócitos, e pratica-
amiotrófica lateral, a esclerose múltipla e a miastenia mente todos os aspectos de sua vida (e morte) são
gravis podem estar associadas a alterações imunes acessíveis através da técnica. A citometria de fluxo
celulares. disponibiliza a imunofenotipagem multiparamétrica,
ensaios funcionais celulares, achados moleculares da
Avaliação da Função das Células T superfície celular, além de processos intracelulares
como a produção de citocinas e a fosforilação de
Os testes de triagem para a avaliação da função
proteínas. A visualização e quantificação direta de
das células T são freqüentemente seguidos por testes
adicionais para completar a avaliação da imunidade células T antígeno-específicas utilizando a tecno-
celular. Dada a complexidade destes testes comple-
mentares, eles normalmente só são disponíveis em
grandes centros com laboratórios especializados de Tabela 5.1. Imunofenotipagem: Subpopulações de
imunologia. Linfócitos
Os testes disponíveis para a avaliação das células Painel básico em sangue periférico (sangue total, lisado de
T incluem: células vermelhas)
Contagem absoluta de linfócitos. CD45/CD14
Contagem das subpopulações de células T.
Controles isotipo imunoglobulinas de rato
Análise funcional das células T.
CD3/CD19
Teste cutâneo de hipersensibilidade tardia (de-
CD3/CD4
layed-type hypersensitivity – DHT).
Produção de citocinas. CD3/CD8
logia do tetrâmero peptídeo-MHC, em combinação dará não pela anergia da célula T, e sim pelo fato da
com os ensaios funcionais, proporciona o estudo de falta de exposição anterior. Normalmente é indicada
subpopulações de células T específicas que sejam a aplicação de mais de um tipo de antígeno no DHT
de interesse. para superar este tipo de problema.
O DHT depende da preparação do antígeno
Análise Funcional dos Linfócitos (a Citometria (qualidade), aplicação e interpretação da resposta
(avaliação), o que requer treinamento cuidadoso dos
de Fluxo na Avaliação da Ativação e Proliferação
profissionais envolvidos na sua realização.
dos Linfócitos )
A resposta cutânea ao veneno de hera e outras
Uma metodologia baseada na citometria de fluxo
reações de hipersensibilidade de contato são equi-
pode ser utilizada para avaliação dos linfócitos nas
valentes ao teste cutâneo DHT.
várias fases do seu ciclo celular. Em geral, a análise
do ciclo celular é realizada pela medida do nível de
intensidade de fluorescência emitida após a mar-
cação do DNA. A marcação mais utilizada é com Tabela 5.3. Causas de Anergia no Teste Cutâneo
iodeto de propídio (a intensidade de fluorescência é
• Falta da história antigênica adequada, quando o painel
proporcional à quantidade de DNA na célula). Utili-
aplicado não inclui ativadores de amplo espectro
zando um complexo modelo matemático, é possível
medir o percentual de células contendo DNA entre • Imunodeficiência primária
2n e 4n , o que se correlaciona com o percentual de • Infecções virais
células na fase “S” do ciclo celular. Os linfócitos
• Má nutrição
do sangue periférico geralmente estão na fase de
repouso do ciclo celular, com menos de 5% das • Doença granulomatosa crônica
células na fase “S”. • Neoplasias
Alguns laboratórios têm substituído o ensaio com
a incorporação da timidina triciada por uma combi-
nação de ensaios de indução de marcadores de su-
perfície celular e a medida do percentual de células Produção de Citocinas
nas várias fases do ciclo celular após ativação. O estudo dos mecanismos imunológicos de de-
senvolvimento de auto-imunidade, alergias, doenças
hematológicas e imunodeficiências é impossível
Teste Cutâneo de Hipersensibilidade Tardia
sem uma avaliação quali-quantitativa da produção
(Delayed-type Hypersensitivity Test – DHT)
de citocinas. Em um número de doenças do sistema
O procedimento in vivo mais utilizado para ava- imune, a quantificação de citocinas no soro e no
liar a imunidade celular é o teste cutâneo simples. meio de células sangüíneas estimuladas é essencial
Um teste cutâneo positivo a uma resposta tipo hi- para determinar o estágio imunopatogenético do
persensibilidade tardia implica numa resposta imune desenvolvimento de uma doença, para escolher a
celular intacta, bem como uma intacta quimiotaxia imunoterapia adequada e estimar a eficácia da imu-
monocítica. Embora os testes cutâneos sejam facil- nocorreção específica.
mente realizáveis, os resultados negativos são de
difícil interpretação, especialmente em crianças pe- Conseqüentemente, o desenvolvimento de novos
quenas. Um teste cutâneo não é tão sensível quanto métodos para estimar o nível de citocinas em meio
um ensaio de estimulação linfocitária in vitro. fisiológico ou meio de cultura de células é importan-
te não somente na pesquisa, mas também na prática
O DHT utiliza antígenos aos quais o indivíduo
médica.
tenha sido previamente exposto, como por exemplo
o toxóide tetânico, os antígenos da Candida albi- Existem kits comerciais disponíveis para a
cans e da caxumba etc. A falha na resposta pode dosagem de citocinas através de metodologia imu-
refletir disfunção nas células T (anergia das células noenzimática (ELISA), radioimunoensaio (RIA),
T, Tabela 5.3). Quando o teste cutâneo for utilizado quimioluminescência (CLIA) ou eletroquimiolu-
para avaliar a imunidade celular, deve-se atentar minescência (ECLIA). Atualmente, estão disponí-
para o fato de que o paciente seja inoculado com veis em laboratórios de referência a dosagem das
um antígeno ao qual certamente tenha sido exposto seguintes citocinas: IL-1, receptor antagonista de
anteriormente, caso contrário, um teste negativo se IL-1, IL-2, receptor solúvel de IL-2, IL-3, IL-4, IL-
88 CAPÍTULO 5 TESTES LABORATORIAIS APLICADOS À IMUNOLOGIA CLÍNICA
5,IL-6, IL-7,IL-8, IL-9, IL-10,IL-11, IL-12, TNF-α com Cr51, sem a necessidade de pré-coloração ou
e IFN-γ. Também estão disponíveis as dosagens de pré-marcação das células-alvo.
α e β-quimiocinas (moléculas com função de recru-
tamento e ativação de leucócitos), prostaglandinas
e leucotrienos. ALGUNS EXEMPLOS DA APLICAÇÃO
CLÍNICA DESTES TESTES
Alterações nas cadeias protéicas dos receptores
específicos das citocinas podem estar associadas a
SOFISTICADOS DE AVALIAÇÃO DA
infecções recorrentes por microrganismos oportu- IMUNIDADE CELULAR
nistas, como o Mycobacterium avium. O monitoramento da resposta celular à imuno-
terapia do câncer pode ser avaliado. Muitos ensaios
Ensaios de Citotoxicidade clínicos estão testando a viabilidade de estimular o
sistema imune para tratar o câncer. A eficácia desta
A atividade citotóxica de linfócitos T, células
matadoras naturais (NK) e células matadoras ati- abordagem será determinada pelo desfecho, no qual
vadas por citocinas é usualmente testada através a avaliação da magnitude e atividade da resposta
de ensaios radioativos, que detectam a liberação de imune é um importante ponto intermediário no de-
conteúdos citoplasmáticos após a desintegração da senvolvimento destas estratégias imunoterápicas.
célula-alvo agonizante. Em contraste a esta avalia- Outra aplicação clínica são os ensaios com célu-
ção indireta da citotoxicidade, foi descrito um ensaio las NK no prognóstico do diabetes tipo I. O diabetes
de fluorescência baseado na análise direta quali- tipo 1 é uma doença caracterizada pelo distúrbio na
quantitativa por citometria de fluxo de dano celular homeostasia da glicose, que resulta da destruição
a um único nível celular. Nesta técnica, células-alvo auto-imune de células β produtoras de insulina no
são coradas com PKH-26, corante lipofílico que se pâncreas. O ataque auto-imune ainda não está total-
integra à membrana celular e permite a distinção mente caracterizado, mas exibe componentes tanto
entre célula-alvo e célula efetora. Após 3 horas da alteração dos auto-antíngenos quanto da falha nos
de incubação in vitro, uma outra coloração com mecanismos de autotolerância.
anexina V-FITC (ann-FITC) e iodeto de propídio
Deficiências nas células NK têm sido identifi-
(PI) permite a discriminação entre células vivas,
cadas em modelos animais de diabetes tipo 1. O
em apoptose ou necróticas. A análise de dados é
trabalho de Poulton e Baxter, citado abaixo, sugere
realizada primeiramente nas células-alvo PKH-26
um relacionamento similar em humanos, podendo
positivas, seguida da análise das subpopulações ann-
existir associação entre deficiências em células NK
FITC e PI positivas. O percentual de citotoxicidade
e diabetes tipo 1. Os autores descrevem métodos
na população de células PKH-26 é calculado pela
subtração de células-alvo ann-FITC ou PI positivas apropriados para a avaliação clínica das células NK
não-específicas, medida em controles apropriados e discutem os passos necessários na testagem e va-
sem a célula efetora. lidação de ensaios com células NK como um fator
prognóstico no diabetes tipo 1.
A coloração da membrana da célula-alvo como
células de melanoma primário ou blastos leucêmicos Estudos de laboratório são essenciais para a ava-
revelou impregnação alta e estável do PKH-26, sem liação do estado funcional imune. O uso prudente
alterar a viabilidade ou imunogenicidade das células. destes testes requer, contudo, que não somente
Usando linfócitos T citotóxicos antígeno-específicos, sejam usados de maneira organizada, começando
foi demonstrado que a técnica com citometria de flu- com os testes simples de triagem, mas que também
xo é sensível e se correlaciona com o ensaio padrão sejam selecionados de acordo com os indícios clíni-
de liberação do cromo 51, sendo o novo ensaio mais cos obtidos no histórico e exame físico do paciente.
simples e altamente reprodutível. Além disso, os resultados são relativamente fáceis
Similarmente, a proteína fluorescente verde de interpretar quando estão claramente normais
enriquecida (enhanced green fluorescent protein ou totalmente anormais. A dificuldade reside em
– EGFP) foi utilizada para avaliar a citotoxicidade determinar o atual grau de disfunção imune quando
de células matadoras naturais (NK) sobre células de os resultados estão na zona indeterminada. Nestas
eritroleucemia humana (linhagem K562) por cito- situações, uma combinação de testes laboratoriais
metria de fluxo. Esta nova técnica para avaliação de freqüentemente ajuda a esclarecer o status imune
citotoxicidade de células NK mostrou forte associa- funcional, e a interpretação deve ser feita por um
ção à técnica padrão que utiliza marcação radioativa especialista em desordens imunes.
CAPÍTULO 5 TESTES LABORATORIAIS APLICADOS À IMUNOLOGIA CLÍNICA 89
da membrana citoplasmática dos fagócitos e é retido tos a infecções. As terapias com citocinas podem ser
dentro da célula por clivagem do grupamento acetila utilizadas na indução de uma regulação positiva na
por enzimas citoplasmáticas ao não-fluorescente, expressão de receptores de superfície. Um exemplo
ionicamente carregado, DCFH. A estimulação da é a terapia com interferon-γ, que leva a um aumento
explosão oxidativa do DCFH ligado aos fagócitos na expressão de CD64 (FcRI) em monócitos, o que
leva à produção de peróxido de hidrogênio que oxida é refletido como um aumento na atividade microbi-
o DCFH a uma forma fluorescente, a molécula de cida, bem como nas respostas linfoproliferativas ao
DCF. A quantidade de DCF presente no citoplasma antígenos.
de DCFH ligado, em fagócitos estimulados, pode ser Estas novas terapias com citocinas têm levado
rapidamente detectada por citometria de fluxo. ao desenvolvimento laboratorial de ensaios que são
A vantagem deste ensaio é a sua capacidade utilizados ao monitorá-las.
em avaliar fagócitos em amostras de sangue total, A análise multiparamétrica por citometria de flu-
assim evitando os efeitos estimulatórios encontra- xo de subpopulações de células a partir de amostras
dos nos procedimentos de purificação das células. de sangue total avalia quantitativamente a expressão
Além disso, volumes extremamente pequenos de de receptores de membrana na superfície de monó-
sangue total (0,2 mL) são necessários para a ava- citos e neutrófilos. Esta metodologia não somente
liação, o que faz deste ensaio o ideal para pacientes detecta a presença ou ausência de receptores, mas
pediátricos. também avalia a regulação da expressão destes re-
A amostra consiste de sangue total anticoagulado ceptores em resposta a vários estímulos. A técnica
com EDTA (idealmente 0,5 mL). Deve-se colher utiliza múltiplos anticorpos monoclonais marcados
simultaneamente amostras do paciente e de um com diferentes fluorocromos que identificam a ex-
indivíduo-controle normal. As amostras podem ser pressão do receptor de subpopulações específicas de
mantidas à temperatura ambiente e avaliadas em até fagócitos derivados da amostra de sangue total, não
24 horas após a coleta. Este fato torna o teste exe- sendo necessário o passo demorado de isolamento e
qüível nas situações em que é necessário enviar as purificação das populações celulares.
amostras a laboratórios-referência distantes. Os principais receptores celulares avaliados são
CD14, CD11b, CD18, CD64, CD32 e CD16.
Imunofenotipagem
Monócitos/macrófagos e neutrófi los têm um Passos na Investigação da Função
importante papel nos mecanismos de defesa imune Fagocítica
inata e na regulação da resposta imune adaptativa
1. Contagem diferencial l e morfológica de leucó-
celular e humoral. Estes mecanismos efetores
citos.
são mediados através de importantes moléculas
de adesão e receptores celulares na membrana 2. Se forem observadas neutropenia ou anorma-
citoplasmática dos fagócitos. Os receptores para lidades morfológicas, são indicados os ensaios
a porção Fc da imunoglobulina IgG (CD16, de avaliação fagocítica funcional (imunofeno-
FcRIII; CD32, FcRII; CD64, FcRI), bem como os tipagem: expressão de receptores de membrana
receptores para os componentes do complemento e moléculas de adesão por citometria de fluxo e
(CD11b, receptor C3bi) têm um papel crucial na avaliação da explosão oxidativa através do teste
ligação de antígenos imunocomplexados à super- de NBT ou DCF).
fície das células fagocíticas, assim auxiliando o 3. Avaliação da quimiotaxia.
processo fagocítico e a eliminação dos patógenos. A avaliação funcional dos fagócitos é uma óti-
Além disso, a expressão de moléculas de adesão ma ferramenta na investigação de pacientes com
na superfície das células, tais como o CD18, é es- infecções recorrentes e história de anormalidade
sencial para a migração dos fagócitos aos locais da genética nas funções fagocíticas. Porém, os testes
inflamação. Estes mesmos receptores encontrados disponíveis algumas vezes falham em demonstrar
em monócitos/macrófagos servem para realizar estas anormalidades. Isso de deve à sensibilidade
a internalização dos antígenos, o que contribui de cada teste, à observação das condições de coleta
para o processamento e posterior apresentação às e tempo transcorrido até a realização do ensaio. O
células T imunorregulatórias. diagnóstico será resultado dos achados clínicos,
Pacientes com deficiências nos receptores de avaliação genética e funcional da imunodeficiência
membrana (CD11b, CD16, CD18) estão predispos- envolvendo função fagocítica.
92 CAPÍTULO 5 TESTES LABORATORIAIS APLICADOS À IMUNOLOGIA CLÍNICA
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94 CAPÍTULO 5 TESTES LABORATORIAIS APLICADOS À IMUNOLOGIA CLÍNICA
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