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1.

FILTRAÇÃO

A filtração é a operação unitária pela qual se separa um sólido dum líquido ou gás mediante um meio
poroso, que retém o sólido, mas deixa passar o fluido.

O sólido e o fluido constituem um sistema heterogéneo que consiste de duas partes:

A. Fase dispersa – meio pelo qual as partículas da substância estão distribuídas.


B. Fase em dispersão – constituída por partículas distribuídas na fase dispersa.

Os sistemas heterogéneos têm designações específicas consoante a natureza das fases dispersa e em
dispersão intervenientes.

Tabela 1. 1 - Classificação dos Sistemas Heterogéneos


Designação do sistema Fase dispersa Fase em dispersão
Poeira Gás Sólidos: d = 5 - 50 µ
Fumo Gás Sólidos: d = 0.3 - 5 µ
Neblina Gás Gotas de líquido
Suspensão Líquido Sólidos
Suspensão grossa Líquido Sólidos: d >100 µ
Suspensão fina Líquido Sólidos: 0.5 < d < 100µ
Solução coloidal Líquido Sólidos: d < 0.5 µ
Emulsão Líquido Gotas de líquido
Espuma Líquido Gás

Segundo a tabela acima, o fumo e a poeira são de fases dispersas iguais, o que as difere é o diâmetro
das partículas.

A filtração realiza-se por meio de filtros que podem ser desde os mais simples, como os filtros de
laboratório, que consistem de um funil cónico sobre o qual se verte a suspensão, até aos mais
complexos, utilizados para fins industriais.

1- 1
A suspensão (sistema heterogéneo) é introduzida no filtro, obrigada a passar através dos poros de um
meio de filtração (meio mecânico), por um diferencial de pressão P2-P1=  P que constitui a força
motriz do processo de filtração.

Suspensão
Inicial

P2

Suspensão

Bolo de Filtração
Meio Filtrante
Suporte

P1

Filtrado

Fig. 1.1 – Filtração

As condições em que se efectua a filtração variam muito e a escolha do tipo de equipamento mais
apropriado dependerá dum grande número de factores, entre os quais figuram:

A. As propriedades do fluido – em particular a sua viscosidade, massa específica e propriedades


corrosivas.
B. A natureza do sólido – a dimensão e forma das suas partículas, a distribuição granulométrica e as
características de empilhamento.
C. A concentração de sólidos em suspensão.
D. A quantidade de material a movimentar e o seu valor.
E. O facto de o material valioso ser o sólido, o fluido ou ambos.
F. O facto de ser ou não necessário lavar os sólidos filtrados.
G. O facto de ser ou não prejudicial ao produto uma contaminação muito leve causada pelo contacto
da suspensão ou do filtrado com os vários componentes do equipamento.

1- 2
Seja qual for o tipo de equipamento usado, acumula-se gradualmente um bolo de filtração sobre o
meio filtrante e a resistência ao fluxo aumenta progressivamente no decorrer de toda a operação.

Os factores mais importantes de que depende a velocidade de filtração são:


1. A queda de pressão entre a alimentação e o lado de jusante do meio filtrante.
2. A área da superfície de filtração.
3. A viscosidade do filtrado.
4. A resistência do bolo de filtração.
5. A resistência do meio filtrante e das camadas iniciais do bolo.

1.1 Movimento de um fluido através de um leito de partículas

1.1.1 Modelo de Lewis

Hipóteses:
1. O meio real (leito de partículas) pode ser representado por canais cilíndricos verticais.

2. O movimento do fluido através dos canais cilíndricos é laminar e, consequentemente, a queda de


pressão através do canal pode ser descrita pela lei de Darcy:
l u P2
h  f (1.1)
d 2g

Onde:
u P – velocidade do fluido nos poros;
l – espessura do leito
Como pouco interessa  h, mas sim  P, então:
P  h (1.2)

l uP2
P  h  f  ,   g (Equação de Pascal) (1.3)
d 2g

64
Para tubos lisos no regime laminar: f  (1.4)
Re

1- 3
B
E no caso em estudo, f  (1.5)
Re
u P d
B = constante; Re 

(1.6)
B
então: f  (1.7)
u P d

l uP2 Blu P
Da equação (1.3) tem-se: P  f  (1.8)
d eq 2 2d eq2

4A
e: d eq  ;
Pmolhado

(1.9)
Onde:
d eq - diâmetro equivalente

Pmolhado – Perímetro molhado,


A – Área.
A equação (1.9) é usada para corrigir o erro no cálculo de d para canais cilíndricos.

1.2 Velocidade global do processo

Considere-se um leito de partículas esféricas dispostas em empilhamento cúbico. Seja x a aresta do


V
cubo; pela equação de caudal:  ux 2
t
(1.10)

Pelo facto de existirem sólidos no cubo, introduz-se o factor porosidade ().

Vt  Vsólidos
  - Fracção do volume livre do bolo (espaço livre entre as partículas)
Vt
(1.11)

1- 4
Vsólidos
1   - Fracção do volume do cubo ocupado pelos sólidos
Vt
(1.12)
x 3 - Fracção livre do volume do cubo
x 2 - Fracção livre da secção recta do cubo.
ux 2 u
Assim, u P   - Relação entre u P e u (1.13)
x 2 

Blu
Da equação (1.8) tem-se: P  2
2d eq 

(1.14)
4 Ap l 4VP
d eq  4req  
Pl SP

(1.15)
AP
onde req 
P
Para uma unidade de volume do bolo de filtração: V P   (1.16)
S P  nd 2 (SP é Superfície ocupada pelas partículas esféricas) (1.17)

3
4 2 4 d  
VP  r      d 3 (1.18)
3 3 2 6

1   (1   )6
O número de partículas por unidade de volume é: n   (1.19)
VP d 3

SP 
1    6
(1.20)
d
4 d 2 d
e finalmente, d eq   (1.21)
1    6 3 1   
Substituindo o d eq na equação (1.14):

Blu 9(1   ) 2 9 lu 1   


2
P   B 2
2  4d 2 3 8 d 3
(1.22)

1- 5
Na prática, usa-se a diferença de pressão por unidade de espessura do bolo de filtração, donde:
P 9  u  1   
2

 B 2 (1.23)
l 8 d 3

P u  1    2
Ou: K 2 ; - Equação de Kozeny, equação básica de filtração (1.24)
l d 3
9
Onde: K  B
8
Da equação (1.24) pode-se tirar a velocidade de filtração ( u ):
d 2  3 P
u (1.25)
lK 1   
2

O valor de K varia entre 150 a 200, e geralmente usa-se K =180.

Aesf
Tomando, a  <1 , valor tabelado
V
Onde:
Aesf
- Área de uma esfera
V - volume de uma partícula real

6d 2 6
Para uma esfera, a   (1.26)
d 3 d
A equação acima permite escrever a equação de Kozeny da seguinte forma:

36 u (1   ) 2 l
P  K
36 d 2 3
(1.27)
K a 2 u (1   ) 2 l
P 
36 3
(1.28)
com K  180 , temos:

a 2 u 1    l
2
P  5 (1.29)
3

1- 6
P 3
Ou: u (1.30)
5 a 2 l  1   
2

P
u  K1 , para bolos incompressíveis (1.31)
l

3
com K1 
5a 2 1   
2

(1.32)
P
ou u
rl

(1.33)
1
com r
K1

(1.34)
Onde r é a resistência específica do bolo.
Assim, a equação fundamental da filtração que relaciona a velocidade do processo com os parâmetros
principais é:

dV P
u 
A dt rl

(1.35)

P
r (1.36)
lu

Esta é a perda de pressão que se obteria num bolo com l  1 m, um fluido com u = 1 m/s de
viscosidade µ = 1 Ns/m2.

A equação fundamental da filtração (1.35) não é directamente integrável porque tanto a velocidade
assim como a espessura dependem do tempo.

1.3 Relação entre espessura do bolo e o caudal do filtrado

1- 7
massa de sólidos
Seja: w
massa total de suspensão

(1.37)
massa de líquido
1 w 
massa total de suspensão

(1.38)
Supõe-se que a concentração inicial da suspensão é conhecida:
w massa de sólidos At l 1     s
 
1  w massa de liquido V  At l
(1.39)
onde V é o caudal do fluido já filtrado

A espessura do bolo de filtração será dada pela equação:


wV
l (1.40)
At  1  w1     S  w 

Se, v – volume do bolo formado pela passagem da unidade do volume de filtrado, e


lAt – Volume do bolo

vV – Volume total do bolo formado,


vV
logo: l
At

(1.41)
w
v pode ser calculado analiticamente pela expressão: v
1   1  w  s  w
(1.42)
dV A2 P
Da equação (1.35), tem-se: u   t (1.43)
dt vrV

1.4 Modos de filtração

A filtração pode ser feita por duas maneiras:

1- 8
- Filtração à velocidade constante, e
- Filtração à pressão constante.

1.4.1 Filtração à Velocidade Constante

dV V
  u  const (1.44)
dt t
dV A2 P
então,  t  u , esta é a forma integral. (1.45)
dt vrV

V At2 P t r v
donde,  ou melhor  2 V (1.45a)
t vrV V At P
Existe uma proporcionalidade directa entre o volume do filtrado e a resistência hidráulica do bolo.
V
  P
t
(1.46)
At2
com K 
vrV

(1.47)

Para que a velocidade do processo seja constante, à medida que o volume aumenta, a diferença de
pressão também aumenta.

te
stan
u = con

Fig. 1.2 - Filtração à velocidade constante

1- 9
1.4.2 Filtração à Pressão Constante

Da eq.(1.43) com P = constante, tem-se:


dV
 cons tan te
dt

dV A 2 P
 t
dt vrV

(1.48)
At2 P
 VdV  dt
vr

(1.49)
At2 P
 VdV  vr 
dt

(1.50)
Os limites de integração são: para V = 0, t = 0; V = V, t = t então:
V2 A2 P
 t t
2 vr

(1.51)

1-10
2
V

stante
P = con

Fig. 1.3 - Filtração à pressão constante

Depois de se formar o bolo de filtração aplica-se uma diferença de pressão constante o que faz com
que os limites de integração sejam outros:

V t
At2 P
 VdV 
V1
vr t1
dt

(1.52)
A2 P

2

1 2

V  V12  t
vr
 t  t1  (1.53)

2 At2 P
Portanto, (V  V1 )V  V1  2V1    t  t1 
r v

(1.54)

t  t1 vr vr
   V  V1   V1
V  V1 2 At2 P At2 P
(1.55)

1-11
t  t1
Portanto, existe uma relação linear entre V2 e t e entre e V-V1 (Fig. 1.4 da pág. 13); onde, t-t1,
V  V1

representa o tempo da filtração à pressão constante e V-V1 o correspondente volume de filtrado obtido.

1.4.2.1 O meio filtrante

O meio filtrante não só actua como suporte para o bolo de filtração, mas também como filtro
propriamente dito para a operação, e é ajudado pelas camadas iniciais de bolo a operar devidamente.

O meio filtrante deve ser mecanicamente forte, resistente à acção corrosiva do fluido, e deve oferecer
uma resistência tão pequena quanto possível ao fluxo do filtrado.

Os meios filtrantes mais importantes são:


1. Materiais tecidos, como: lã, algodão, linho, seda, vidro, plásticos, fibras e metal.
2. Chapas perfuradas de metal.
3. Materiais granulares, como: brita, areia, asbesto, carvão e terra de diatomáceas.
4. Sólidos porosos.
5. Materiais de fibras entrecruzadas, sendo mais largamente usado o papel poroso.

1.5 Fluxo de filtrado através do bolo e meio de filtração

Suponha-se que o pano filtrante e as camadas iniciais de bolo são equivalentes a uma espessura L de
bolo, tal como depositado numa fase posterior do processo.

dV At P
A equação básica de filtração será:  (1.56)
dt r  l  L 
vV
e como l  (1.57)
At

1-12
dV At P At2 P
 
dt  vV   At L  (1.58)
r   L  vr V  
 At   v 

At L
Se C
v
(1.59)
for volume de filtrado necessário para formar uma espessura do bolo L ,
dV At2 P
 (1.60)
dt vr V  C 

Para o período de filtração a velocidade constante:


V1 At2 P

t1  LA 
vr V1  t 
 v 
(1.61)
t1 rv rL
isto é,  2 V1 
V1 At P At P
(1.62)
2 At2 P
ou: V1  CV1  t1
rv
(1.63)

Para uma subsequente filtração a pressão constante:

 V  V1   At P  t  t1 
2
1 2 2 LAt
V  V1 
2 v r v

(1.64)

V  V1   2 At P  t  t1 
2
2 LAt
isto é, V  V1  2V1 V  V1  
v rv

(1.65)
rv
ou:
t  t1
 V  V1   r2vV1  rL
V  V1 2 At P
2
At P At P
(1.66)

1-13
t  t1
Portanto, existe uma relação linear entre e V  V1 (como se indica na Figura 1.4) e o
V  V1

coeficiente angular é proporcional à resistência específica, mas a linha não passa pela origem.

t  t1
A intersecção sobre o eixo de deve permitir calcular L , a espessura equivalente do pano,
V  V1

mas não se obtém resultados reprodutíveis, porque esta resistência depende da maneira crítica e da
maneira exacta como começa a operação. O tempo ao fim do qual se começa a medição de V e t não
afecta o coeficiente angular da curva, mas apenas a coordenada da intersecção. Nota-se que, quando a
resistência do pano é apreciável, já não se obtém uma relação linear entre t e V2.

Fig. 1.4 - Curva Típica de Filtração

1.6 Tipos de bolo de filtração

Diferenciam-se dois tipos de bolos:

1-14
A. Bolos Incompressíveis – cuja estrutura se mantém inalterável durante o processo de filtração.

B. Bolos Compressíveis – cuja porosidade diminui durante o processo.


1.6.1 Bolo de Filtração Incompressível:

A resistência ao fluxo dum dado volume não é afectada (apreciavelmente), quer por diferença de
pressão, quer pela velocidade de deposição do material.

1.6.2 Bolo de Filtração Compressível:

O aumento da diferença de pressão ou do caudal causa formação dum bolo mais denso com maior
resistência.

Com bolos muito compressíveis em certas gamas, o aumento de  P pode diminuir a velocidade de
filtração, dado que nota-se um empilhamento mais compacto das partículas que formam o bolo de
filtração.

A pressão compressiva real dependerá da estrutura do bolo e da natureza dos contactos entre as
partículas, mas pode ser expressa como uma função da diferença entre a pressão na superfície do bolo,
P2 e a que reina a uma profundidade z no bolo, PZ (Fig. 1.5)

1-15
Fig.1.5 - Fluxo Através de um Bolo de Filtração Compressível

Para este tipo de bolos (compressíveis):  z  f  P2  Pz  (1.67)

A resistência específica r muda através do bolo durante o processo de filtração. Na prática admite-se
r =constante, isto é, os cálculos fazem-se a uma resistência média.
rmédio  r0  P 
n
(1.68)
onde:
r0 – é experimental a  P = 1 atm

n – é também um valor experimental

1.7 Lavagem do bolo de filtração

O objectivo desta operação (lavagem) é de retirar a fase dispersa presente no bolo e,


consequentemente, torná-lo mais puro.

- A lavagem é feita na mesma direcção da filtração.


- A velocidade de lavagem é igual à da filtração no último instante.
- A lavagem é feita em duas fases:

1-16
1. O filtrado é deslocado do bolo de filtração pelo líquido de lavagem; neste período pode
remover-se 90 % do filtrado.
2. O solvente difunde para o líquido de lavagem a partir dos vazios menos acessíveis. Este é o
período de lavagem difusional e é válida a relação:

V de liquido de lavagem passado conc. inicial de soluto


 cons tan te  log
espessura do bolo conc. num dado ins tan te

(1.69)

A secagem do bolo de filtração faz-se, muitas vezes, por passagem de ar comprimido. O caudal de ar
determina-se por experiência.

Assim, o processo de filtração é globalmente constituído por 3 etapas:


1. A filtração propriamente dita.
2. A lavagem do bolo de filtração.
3. A limpeza do bolo de filtração (secagem).

1.8 O tempo básico de filtração

t B  t F  t L  t Limpeza (1.70)
Onde:
tB – Tempo básico;
tF – Tempo de filtração;
tL – Tempo de lavagem;
tlimpeza – Tempo de limpeza

Condições óptimas de filtração: ttotal  t B  tauxiliar (1.71)

1-17
Do ponto de vista de velocidade de filtração é preciso aumentar os ciclos de filtração porque não se
deve acumular demasiadamente o bolo de filtração, aumentando a espessura e, consequentemente,
diminuindo a velocidade de filtração pela elevação da carga hidráulica.
dV P
Deste modo: 
2
At dTF rl

(1.72)
Para um processo a  P = constante, tem-se: V 2  2VC  yt F (1.73)
Desprezando a resistência do meio de filtração, tem-se:
V 2  yt F (1.74)
1 2
tF  V  a1V 2 (1.75)
y

Similarmente: t L  a2V 2 (1.76)

e: t Limpeza  a3V 2

(1.77)
Ou seja: t B   a1  a2  a3 V 2 (1.78)

 t B  KV 2 (1.79)

tB
Assim a produtividade do filtro será: V  (1.80)
K

V tB / K
Considerando os tempos auxiliares: Vm   (1.81)
t B  tauxiliar t B  t auxiliar

Diferenciando esta equação em ordem a TB e igualando a zero, pode calcular-se o tempo óptimo:
1
1 1 2 1
t B  t B  tauxiliar   tB
dVm 2 K K (1.82)
 0
dt B  tB  tauxiliar  2

  12 1 2 2
1 1

t  t  t
 B B auxiliar   t B B 2t
 2  (1.83)
 1
0
K  t B  tauxiliar  2t B2
2

1-18
t B  tauxiliar  2t B
 0 (1.84)
2 K t B  t B  tauxiliar 
2

tauxiliar  t B
 0 (1.85)
2 K t B  t B  tauxiliar 
2

 t auxiliar  t B (1.86)

A equação acima corresponde a condição de produtividade máxima.

Na prática tB > tauxiliar , pois não foi considerada a resistência do meio de filtração.

1.9 Projecto de um filtro

1a Etapa: Escolha prévia do tipo de filtro.

2a Etapa: Recomendações – tomar em consideração:


a) Filtração sob vácuo: P = 0.3 – 0.9 atm;
b) Força motriz criada por ar comprimido: P até 3 atm;
c) Se é aplicada a bomba de êmbolo ou centrífuga: P até 5 atm;
d) Filtração sob pressão hidrostática da suspensão: Pexcessiva – 0.5 atm.

3a Etapa: Admissão de uma espessura do bolo.

Recomendações:
a) Filtros de aspiração: l = 103 – 250 mm
b) Filtros de tambor: l = 5 – 7 mm

1-19
Para depósitos porosos ou cristalinos, esta espessura pode variar de 10 a 30 mm.
c) Filtros de prensa: l = 30 – 45 mm

4a Etapa: Dados iniciais

1o) Produtividade do filtro pode ser dada como: quantidade de suspensão, quantidade de filtrado ou
quantidade do bolo.
2o) Concentração da suspensão.
3o) Humidade do bolo.
4o) Tipo de líquido de lavagem.
Durante o projecto deve-se determinar:
a) Parâmetros principais físico-químicos da suspensão e do bolo.
b) Massa do bolo e filtrado.
c) Tempo de filtração.
d) Superfície de filtração.

1.9.1 Marcha do Projecto

A viscosidade (), a densidade do líquido () e a densidade do sólido ( s) tiram-se da tabela de dados
e calcula-se para a suspensão:

Viscosidade:

a) Para suspensões diluídas (w<10 %):


 S   L 1  1.5Z 

(1.87)
onde Z é a fracção volumétrica dos sólidos na suspensão.

b) Para suspensões concentradas:


 S   L 1  4.5Z  (1.88)

1-20
Massa específica:

a) Suspensão:
nS  1
S 
1 n (1.89)
 S
 Solido 
Onde: ρsólido – densidade do sólido
ρ- densidade do líquido
ρS – densidade da suspensão
nS – número de moles da suspensão

Estimando l pode-se obter Vb



Vb  l

(1.90)

Vb
logo: Vf 
v
(1.91)

 V (1.92)
 Vf  b
V

2 
Da equação de filtração temos: V f  2CV f  yt f (1.93)

Onde: t f – tempo de filtração

Desprezando a resistência do meio filtrante, C : C  0 , a equação acima será:


'2
Vf
tf  (1.94)
y'

condição: V f   V f

Se V f   V f , re-estimar até que haja igualdade;

Se V f   V f , prosseguir com os cálculos subsequentes.

1-21
5a Etapa: Escolha do equipamento auxiliar com base nas experiências feitas.

1.10 Equipamentos de filtração

O filtro mais apropriado para qualquer operação é aquele que preencher os requisitos com o mínimo
custo global. Visto que o custo do equipamento estará intimamente relacionado com a área de
filtração, é normalmente desejável obter uma elevada velocidade global de filtração.

Os filtros podem ser classificados de diferentes maneiras: pela força impulsora, pelo mecanismo de
filtração, pela função e pela natureza dos sólidos.

Na selecção dos filtros, é necessário que os factores ligados à finalidade do serviço sejam comparados
aos associados às características do equipamento (inclusive do meio filtrante).
Os filtros, quanto ao seu ciclo, podem ser classificados em contínuos ou descontínuos.

Os filtros contínuos são aqueles em que a alimentação é feita continuamente e, consequentemente, a


produção de bolo é contínua. Entre eles encontra-se o filtro de discos rotativos e o filtro de tambor.

Os filtros descontínuos são os que operam de forma batch, isto é, faz-se a carga, decorre a filtração, e
depois retira-se o filtrado e o respectivo bolo, de modo a se fazer uma outra carga. Neste tipo de filtros,
podem se destacar os filtros de prensa e os de folha.

Existem vários factores ligados à escolha do equipamento de filtração tais como: tipo de suspensão,
volume de produção, quanto valioso é o bolo ou o filtrado, precisão na separação, possibilidade de
lavagem do bolo, confiabilidade, condições do processo, tipo de material usado na construção e os
custos totais.

1.10.1 Filtros de Areia

1-22
Consistem num tanque no qual se coloca uma camada de areia ou brita (Fig. 1.6). O tamanho das
partículas do leito decresce do fundo do leito até ao topo. O leito granular é o meio filtrante que é
alimentado na superfície do topo. O filtrado é removido através de canos de drenagem perfurados e
encaixados no meio filtrante próximos ao fundo.

Fig. 1.6 - Filtro de Areia


Este tipo de filtro é normalmente usado quando se pretende obter água potável. O uso deste tipo de
filtro é vantajoso, pois o meio filtrante é de fácil obtenção, mas tem a desvantagem de requerer
operações auxiliares para o melhoramento do filtrado, como adição de sulfato ferroso ou de Alumínio.

1.10.2 Filtros em Sólidos Porosos

Estes filtros, como se ilustra na Figura 1.7, têm como meio de filtração sólidos porosos, que pode ser
tijolo, areia, alumina ou carbono poroso. Este material poroso antes de ser usado passa pelo forno. A
estrutura porosa pode ser garantida pela adição de uma pequena quantidade de farinha antes de fazê-lo
passar pelo forno.
O funcionamento deste tipo de filtro é idêntico ao do filtro de areia, fazendo-se passar, neste caso, a
suspensão através do sólido poroso que é colocado sobre apropriadas superfícies de apoio.

1-23
A sua grande vantagem é de poder ser usado para filtrar soluções ácidas e corrosivas e a sua
desvantagem é de facilmente se entupir e de ter elevado grau de dificuldades na sua limpeza.

Fig. 1.7 - Filtro de Sólidos Porosos (A-Filtro, B-Funil, C-Placas)


1.10.3 Filtro Prensa

Existem dois modelos básicos deste tipo de filtro: o de placas e caixilhos, e o de placas rebaixadas (ou
de câmaras). As placas de ambos tipos podem ser feitas numa grande variedade de materiais, entre os
quais, o ferro fundido, madeira e borracha. A ilustração das placas e caixilhos, e placas rebaixadas é
feita na Figura 1.8 e 1.9 respectivamente.

1-24
Fig. 1.8 - Placas e Caixilhos

Fig. 1.9 - Placas Rebaixadas

1-25
Uma prensa de placas e caixilhos (Fig. 1.10), é um conjunto de placas maciças colocadas
alternadamente, cujas faces são perfuradas para permitir a passagem do fluido, e de quadros ocos nos
quais o bolo se deposita durante a filtração. Estas placas e caixilhos têm, normalmente, a forma
quadrada e as suas dimensões variam entre 101.6 mm e 1.2 m de comprimento, e entre 12.7 mm e
76.2 mm de espessura. Podem, também ser circulares ou triangulares.

Fig. 1.10 - Prensa de Placas e Caixilhos


Entre o caixilho e a placa, é colocado um pano que serve como meio filtrante. Ao se montar o pano
deve-se ter em conta a pressão de modo a não desgasta - lo quando esta for elevada.

A polpa introduz-se através duma abertura em cada caixilho e o filtrado passa através do pano de cada
um dos lados de maneira que se formam dois bolos simultaneamente em cada câmara, bolos que se
juntam quando a câmara está cheia.

A recolha do filtrado pode ser feita de duas maneiras: num canal aberto, através duma válvula, ou num
canal fechado. A descarga num canal aberto tem a vantagem de o filtrado de cada prato poder ser
inspeccionado e qualquer prato poder ser isolado se não estiver a dar um filtrado límpido.

A lavagem do bolo pode ser feita de duas maneiras: a lavagem simples e a lavagem completa.

1-26
A lavagem simples é desvantajosa, pois, o líquido de lavagem é introduzido através do mesmo canal
em que se introduz a suspensão, o que origina a erosão do bolo devido a altas velocidades do líquido
na zona de entrada, o que leva a uma irregularidade do bolo.

A lavagem completa é a mais adequada, pois, o líquido de lavagem é introduzido do lado de trás do
meio de filtração em placas alternadas, e a lavagem abrange toda a espessura do bolo em ambas
direcções. A Figura 1.11 mostra o esquema de lavagem completa. A lavagem do bolo pode ser
realizada fazendo passar uma corrente de ar comprimido sobre ele. Este processo ajuda na facilidade
do manuseio do próprio bolo.

Normalmente, estes filtros estão preparados para operar com aquecimento de vapor de água, o que
ajuda a diminuir a viscosidade do líquido a filtrar, melhorando assim, a velocidade de filtração. Por
causa deste vapor, este tipo de filtro pode também ser usado para o tipo de material que se solidifica a
temperatura ambiente, além de produzir imediatamente um bolo seco. A outra vantagem é de haver
uma relativa facilidade na substituição dos panos de filtração.

Fig. 1.11 - Lavagem Completa

1-27
A sua desvantagem é de necessitar de revestimentos de protecção devido as fugas, quando se trata de
líquidos quentes, corrosivos ou tóxicos. A outra grande desvantagem é de não proporcionar uma boa
lavagem do bolo devido a variação na densidade do bolo. A mão de obra necessária à operação é
grande uma vez que cada caixilho é manuseado separadamente e cada pano de filtro deve ser
inspeccionado.

1.10.4 Prensa de Câmaras

A estrutura física se assemelha à de prensa de placas e caixilhos sendo este constituído apenas de
placas. Ambas faces de cada placa são rebaixadas de modo que se forme, entre cada duas placas, uma
câmara por onde o bolo se irá acumular. O diagrama da Figura 1.12 dá uma ideia deste tipo de filtro.

O funcionamento deste tipo de filtro é idêntico ao de placas e caixilhos, embora neste, a alimentação
seja feita através de um orifício central e o filtrado é descarregado num dos cantos.

Nas prensas de câmara é possível usar suspensões que contêm partículas relativamente grandes sem
causar entupimento.
Não é ideal usar-se a lavagem completa neste tipo de filtros, pois, os canais apropriados para esta
lavagem não são aqui montados, sendo normal, portanto, usar-se sólidos de menor valor e de
concentrações baixas, o que evita a desmontagem frequente da prensa.

A prensa de câmaras tem a vantagem de proporcionar baixos custos de manutenção e de energia


devido a não existência de partes móveis no aparelho. Outra vantagem é de ter as juntas externas o que
possibilita a fácil detenção de fugas.

A sua desvantagem é de ter elevado índice de desgaste nos panos de filtração devido à distorção
produzida nas placas.

1-28
Fig. 1.12 - Prensa de Câmara
A - placas; B - câmaras; C - rebordos alisados de placas; D - entradas; E - saídas; F - uniões roscadas

1.10.5 Filtros de Folhas

Este tipo de filtro consiste de um conjunto de elementos de filtração planos (folhas) que podem ter a
forma circular, com as bordas em arco, ou rectangulares, e têm superfícies filtrantes em ambos lados.
As folhas de um filtro consistem numa tela prensada ou numa placa com ranhuras, por onde se encaixa
o meio filtrante de pano ou do tecido metálico.

1.10.5.1 Tipos de Filtros de Folhas

A) Filtro Moore

1-29
O meio filtrante é um pano que é encaixado num certo número de folhas que são apoiadas por um
caixilho metálico.

As folhas que contém o pano filtrante são imersas no tanque que contém a substância a filtrar e aplica-
se vácuo na descarga que é constituída por tubos unidos a uma ramificação múltipla comum. A
operação termina quando a espessura do bolo proporciona uma filtração inadequada.

Este filtro tem a desvantagem quanto à limitação nas pressões aplicadas. A outra desvantagem é de não
filtrar líquidos quentes, pois estes tendem a ferver. Estes condicionalismos fazem com que este tipo de
filtro seja raramente usado.

B) Filtro Kelly
É constituído por um invólucro cilíndrico na forma horizontal no qual se encontram folhas colocadas
verticalmente (Fig. 1.13). Através de um par de trilhos, a bateria de folhas pode facilmente ser
movimentada para fora, o que pode facilitar o controlo da filtração em cada folha.

Fig. 1.13 - Filtro Kelly

Introduz-se a solução a filtrar no cilindro que contém as folhas. A filtração vai ocorrendo enquanto a
solução vai passando pelo meio filtrante até que o bolo formado comece a dificultar a passagem do
filtrado. De seguida lava-se o bolo e seca-se com ar comprimido no interior das folhas.

1-30
Economicamente é vantajoso quanto ao investimento no pano filtrante, pois o filtro contém poucas
folhas de forma rectangular. A sua desvantagem é de ter folhas de tamanhos desiguais o que causa a
formação de bolos irregulares. A outra desvantagem, é a fácil corrosão dos trilhos de deslizamento
quando se usam suspensões corrosivas.

C) Filtro Sweetland
Consiste de um invólucro dividido simetricamente, com uma metade na parte superior e a outra na
inferior (Fig. 1.14). A parte inferior contém dobradiças que facilitam a introdução das folhas.

Fig. 1.14 - Filtro Sweetland

O funcionamento deste filtro se assemelha ao de Kelly, diferenciando-se no facto de as folhas deste


não serem controláveis de forma independente. Elas são controladas a partir de um visor por onde
passam seguindo para uma ramificação múltipla comum donde o filtrado é retirado. Na descarga do
bolo não se retiram as folhas.

1-31
A lavagem do bolo é feita pulverizando a água através de tubos previamente furados sobre o filtro.
Este tipo de lavagem ajuda a arrastar os sólidos que se aderem ao pano. A vantagem deste filtro é que
o grau de corrosão não é muito elevado, pois, os sólidos podem ser descarregados sem ser necessário
deslocar as folhas e estas são de fácil acesso. A outra vantagem é de usar bolos de elevada resistência
específica, pois, podem formar bolos de qualquer espessura.

A sua grande desvantagem é de serem muito caros e também o facto de terem folhas em forma circular
o que dificulta o seu revestimento.

D) Filtro Vallez
A constituição deste filtro se assemelha à do filtro Sweetland e a sua configuração é mostrada na
Figura 1.15.

Fig. 1.15 - Filtro Vallez

Assim como o filtro Sweetland, introduz-se a solução no cilindro onde ocorre a filtração até que a
espessura do bolo seja adequada ou correcta. A medição do bolo é feita mediante um dispositivo
mecânico. Depois da lavagem, como em outros casos de filtros em folha, seca-se o bolo com ar
comprimido. O bolo é retirado empregando ar comprimido que o empurra para o fundo do invólucro,
onde será, de seguida, enviado para fora através de dois parafusos transportadores.

1-32
O filtro de Vallez tem a vantagem de ter uma prensa não aberta o que facilita a não sedimentação da
suspensão, produzindo um bolo regular. A sua desvantagem é de ter custos elevados de instalação e
manutenção, pois, as partes móveis são de difícil acesso.

E) Filtro Niagara
O filtro de Niagara tem várias versões de construção. Os mais usuais são o filtro horizontal e o filtro
vertical, Figura 1.16 e 1.17, respectivamente. No filtro horizontal as folhas de filtro são montadas
transversalmente dentro de um tanque disposto horizontalmente. Dentro do tanque, estão montados os
trilhos nos quais se move a estrutura que suporta as folhas. Estes trilhos facilitam o processo de
descarga do bolo. O filtro vertical tem a mesma constituição como o horizontal, diferenciando-se
apenas na disposição do invólucro cilíndrico.

Fig. 1.16 - Filtro Niagara Horizontal

O funcionamento do filtro de pressão Niagara tem o mesmo princípio com os restantes filtros de folha;
sendo o filtro horizontal usado quando se pretende obter grandes quantidades de sólidos relativamente
livres de humidade, e o bolo é formado uniformemente sobre as folhas o que proporciona uma
secagem eficiente; enquanto que o filtro vertical é usado quando se pretende filtrar soluções que

1-33
contém pequenas quantidades de sólido, e neste caso o bolo formado é retirado mediante a lavagem
das folhas.

O filtro horizontal tem vantagem em relação à outros tipos de filtro de folhas devido ao facto de se
poder remover o conteúdo do invólucro abrindo-se o filtro, o que não acontece com outros dispositivos
idênticos. A desvantagem é de ser selectivo, retira pequenas quantidades de sólido em grandes
quantidades de líquido, e opera num processo descontínuo o que acarreta mais custos de operação.

Fig. 1.17 - Filtro Niagara Vertical

1-34
1.10.6 Filtros Rotativos

A) Filtro Rotativo de Tambor


O filtro de tambor é constituído essencialmente de tambores divididos em compartimentos controlados
por uma válvula rotativa (Fig. 1.18). Ele é montado horizontalmente e gira em torno de um eixo. O
pano filtrante é montado na parte exterior do tambor sobre chapas perfuradas. Para maximizar a
filtração, coloca-se por vezes uma rede metálica grossa que separa o pano do tambor.

Fig. 1.18 - Filtro de Tambor Rotativo

Para ocorrer a filtração, introduz-se o tambor dentro da polpa até a um certo nível desejado, sendo
cada compartimento imerso separadamente. O tambor começa a girar, retirando o filtrado através dos
furos previamente feitos sobre a sua superfície, e vai-se retirando o bolo quando este atinge a
espessura desejada.

Como noutros tipos de filtro, a lavagem é feita através da pulverização do líquido de lavagem sobre o
bolo que é aplicado pela parte superior do tambor, e depois descarregado através da válvula rotativa
(Fig. 1.19).

1-35
Se se verificar que o bolo contém ainda líquido por filtrar, então, ele volta a ser misturado com o
líquido de lavagem e introduzido de novo no tambor de filtração. No fim da operação, retira-se o bolo
através de uma faca que vai continuamente raspando a superfície do tambor. O contacto com a lâmina
e a superfície a raspar pode ser facilitado com a aplicação de uma corrente de ar comprimido que é
injectado do lado de baixo do pano.

Fig. 1.19 - Vista do Tambor e da Sede da Válvula

Na descarga, colocam-se dispositivos nos quais os fios vão-se enrolando procedendo-se, assim, a saída
do bolo entre eles. Existe uma versão do filtro de tambor na qual a filtração é realizada na parte interna
do tambor sendo o resto semelhante ao descrito.

A sua grande vantagem está relacionada com o método da sua operação, a contínua, pois economiza o
trabalho e reduz o transporte constante do material. Os limites da espessura do bolo não são
rigorosamente restritos. A outra vantagem é de oferecer maior segurança quando se trabalha com
filtrados tóxicos e explosivos.

A sua desvantagem verifica-se quando se refere aos serviços de manutenção, pois trata-se de máquinas
complexas de difícil lubrificação, devido a existência de lugares de acesso restrito durante a operação.

1-36
É também desvantajoso por oferecer limites na disponibilidade da diferença de pressão a usar, pelo
facto deste filtro funcionar a vácuo.

B) Filtro de Disco Rotativo


O filtro de disco rotativo é constituído por um conjunto de discos colocados num recipiente sobre
pressão, ao longo de um eixo tubular montado horizontalmente (Fig. 1.20). Os discos podem ser pré-
montados formando uma unidade auto suportada ou cada disco pode estar colocado sobre uma placa
individual, ficando selado quando se fecha o filtro.

Fig. 1.20 – Filtro de Disco Rotativo

O método de funcionamento deste tipo de filtro é idêntico ao do tambor rotativo. No filtro de disco
rotativo, o filtrado é recolhido por canais que estão directamente ligados a cada sector do disco, canais
esses que depositam o filtrado numa válvula rotativa igual à descrita no filtro de tambor. O processo de
lavagem neste aparelho é deficiente, sendo também difícil a remoção do bolo.

Este tipo de filtro tem a vantagem de filtrar várias polpas simultaneamente, visto que os discos podem
ser imersos em tanques diferentes, embora não tenha capacidade de separar os filtrados obtidos de

1-37
cada polpa – o que constitui uma desvantagem. A outra grande vantagem, em relação ao filtro de
tambor, é de dar maior área de filtração, considerando o mesmo espaço ocupado pelos dois filtros.

C) Filtro Contínuo Prayon


O filtro Prayon (Fig. 1.21), é constituído por um conjunto de câmaras dispostas horizontalmente sobre
uma estrutura rotativa.

Fig. 1.21 - Filtro Contínuo Prayon

As câmaras, ao girarem, passam sobre um tanque que contém a suspensão, onde são alimentados. A
filtração ocorre dentro das câmaras e o tempo de duração da operação é devidamente regulado. Para
descarregar o bolo, vira-se a câmara automaticamente depois do tempo regulado, e este cai por acção
de gravidade. A lavagem é feita em contra corrente pelo líquido de lavagem que serve também para
limpar o pano de filtração. Feita a limpeza, o processo continua com uma realimentação.

Uma das grandes vantagens deste filtro, é de poder tratar suspensões altamente corrosivas. Tem
também, uma área disponível de filtração muito maior. O método de lavagem (em contra corrente)
possibilita que ela seja ideal. Os custos de funcionamento e manutenção são baixos.

D) O Metafiltro

1-38
O metafiltro é um dispositivo de filtração constituído por anéis que são empilhados sobre uma barra
estriada, todos na mesma posição. Nas extremidades da barra existe de um lado, uma porca e de outro
um cubo (Fig. 1.22). A distância de separação entre os anéis varia entre 0.0254 mm e 0.254 mm.

Fig. 1.22 - Desenho de um Metafiltro

A alimentação, que é comumente uma suspensão com pequenas finas partículas sólidas, é derramada
sobre o conjunto de anéis onde ocorre a filtração, e os sólidos vão-se depositando ao longo da
superfície externa. A operação irá terminar quando a espessura do bolo não permitir uma filtração de
qualidade, e o filtrado que passa entre os discos é drenado através da barra. A lavagem do bolo é feita
em contra corrente; mesmo assim, este processo não garante a limpeza total do filtro, pois, o líquido de
lavagem pode não atingir toda a superfície do filtro. Estes anéis são susceptíveis de entupimentos, mas
quando isto acontece, os anéis entupidos podem ser retirados e lavados rapidamente.
Este filtro é robusto e económico, pois ele não usa o pano filtrante e o leito é de fácil substituição.

1-39
1.11 Exercícios

1. No fim da filtração, um filtro de placas e caixilhos deu um total 8 m 3 durante 1800 s e 11 m3 durante
3600 s. Estime o tempo de lavagem do bolo se forem usados 3 m 3 de água. Considere a resistência do
plano desprezível e a pressão de filtração constante.

Algoritmo de resolução

rv
t V2
2 A   P 
2

rv
3600  1800 
2 A   P 
2
112  82 

rv
 316
2 A   P 
2

dV A2   P 
Como 
dt rvV
dV 1 0.0158
 
dt 2  31.6V V

0.0158
V   1.44  10 3 m 3 / s
11

Para a lavagem subsequente


Velocidade de lavagem 1.44  10 3 / 4  3.6  104 m 3 / s
Tempo de lavagem 3 /  3.6  10 4   8400s 2.3h 

2. Durante a filtração de uma suspensão aquosa de 20% (w/w) foram obtidos 15 m 3 de filtrado,
praticamente água. A humidade do bolo é de 30%. Pretende-se determinar a massa do bolo húmido e
do bolo seco.

1-40
3. Pretende-se o tempo de filtração de 10 litros de uma suspensão através de um filtro. Durante um
ensaio laboratorial, recuperou-se 1 litro de filtrado em 2.25 minutos e 3 litros em 14.5 minutos.

4. Calcular a resistência específica do bolo com base no exercício 1.2, se:


P = 1.35 atm
Humidade do bolo = 37%
sólidos = 1300 kg/m3
wsuspensão = 13.9%
Área = 1m2
 = 1cP

5. Sejam dados os seguintes valores:

V (l) t (s) t (min)


1 30
2 60
3 100
4 129
5 198
6 3.52
7 4.51
8 5.52
9 6.57
10 8.9
11 9.42
12 10.55
13 12.27
14 14.7
15 16.2

Determinar as constantes de filtração e os valores de c, l , L, v.

Outros dados:
Peso do cadinho = 725 g
Peso do copo seco = 39.3634 g
Peso do cadinho + bolo = 4 kg

1- 41
Peso do copo + bolo seco = 65.4535 g
Pressão de serviço = 10 Psi

6. Pretende-se filtrar 1.8 ton de uma suspensão de concentração 0.05 kg de sólidos por kg de
suspensão aplicando um filtro com área total de 0.8 m2 e sob pressão constante até 1.8 atm. O bolo de
filtração tem  = 1100 kg/m3 e uma humidade de 0.6 kg de H2O por kg de bolo. A densidade do
filtrado é  = 1040 kg/m3 e sua viscosidade 1.1 kg/m seg.
As recomendações experimentais indicam que a espessura do bolo não deverá ultrapassar 40 mm e as
experiências feitas com o filtro em condições idênticas forneceram os seguintes resultados:

t (s) 84 270 545 920


Vf (m3) 0,01 0,02 0,03 0,04

Determine:

a) A capacidade do filtro (quantidade de suspensão processada por cada ciclo de filtração).

b) O número de ciclos de filtração para o tratamento de 1.8 ton de suspensão.

c) A quantidade total de filtrado obtido do processamento de toda a suspensão.

d) O tempo necessário para processar as 1.8 ton de suspensão assumindo as condições óptimas de
filtração sendo o tempo de limpeza 50% do de filtração.

7. Envia-se uma polpa, contendo 0.2 lb de sólido (massa específica 3.0) por libra de água, para um
filtro rotativo de tambor com 2 pés de comprimento e 2 pés de diâmetro. O tambor roda a uma volta
em seis minutos e 20 % da superfície filtrante está em contacto com a polpa em qualquer instante. Se
se produzir filtrado ao caudal de 1000 lb/h e se o bolo tiver uma porosidade de 0.5, que espessura de
bolo se forma quando se filtra com um vácuo de 20 poleg. de Hg?
O filtro rotativo avaria e há que efectuar a operação temporariamente num filtro prensa com caixilhos
quadrados de 1 pé. A prensa leva 2 minutos para retirar o bolo de cada caixilho. Se se pretender
realizar a filtração à mesma velocidade global como antes, com uma pressão de funcionamento de 25

1-42
lb/poleg.2 (relativa), qual é o número mínimo de caixilhos que há que usar e qual é a espessura de cada
um deles? Supor os bolos incompressíveis e desprezar a resistência do meio filtrante.

8. Filtra-se uma polpa, que contém 100 kg de cré, de densidade 3.0, por litro de água, num filtro de
prensa de placas e caixilhos, que leva 15 minutos a desmontar, limpar e voltar a montar. Se o bolo de
filtração for incompressível e tiver uma porosidade de 0.4, qual é a espessura óptima de bolo para uma
pressão de filtração de 150 lb/poleg2.?

Algoritmo de resolução
1. a partir da equação básica de filtração calcular a resistência específica, r.
2. calcular o volume do bolo formado pela passagem da unidade de volume de filtrado, v.
3. determinar a espessura do bolo, L.

Equação básica de filtração

1 dV

  P 
A dt rl
r e a resistência especifica do bolo e com base nos dados do problema:
P  165  101.3  63.7  103 N / m 2
A  1cm 2
l  1cm
  1 10 3 N s / m 2
dv
 0.02cm3 / s
dt
Então:
63.7  103  1
r  3185  1010 m 2
1 10 3  1 0.02
A mistura contem 100 kg de cré/m3 de agua
Volume de 100 kg de cré 100 / 300  0.033 m 3
Volume do bolo 0.0333 / 1  0.4   0.0556m 3
Volume do liquido no bolo 0.0333  0.4 / 0.6  0.0222m3
Volume do filtrado 1  0.022  0.978m 3
v = volume do bolo/volume do filtrado = 0.056
Da equação básica de filtração

2 A 2   P  t
V2 
rv

1-43
Vv L2 A2
se a metade da espessura for: L  , então: V  2
2
A v
e
2 A  P  vt
L2 
r
2  1000  101.3  103  0.056t
L2 
3185  1010  1 10 3
L2  3.16  10 6 t

Considerando que a espessura óptima do bolo obtém-se no tempo de descarga,


L2opt  3.16  10 6  900  2.84  10 3
L  0.053m
A espessura do caixilho será 106 mm

9. Filtra-se uma polpa numa prensa de pratos e caixilhos que contém 12 caixilhos, cada um com um pé
quadrado e 1 poleg. de espessura. Durante os primeiros 3 minutos eleva-se lentamente a pressão até ao
valor final de 60 lb/poleg.2 e, durante este período mantém-se constante o caudal de filtração. Após o
período inicial, a filtração efectua-se a pressão constante e os bolos acabam de formar-se nos 15
minutos seguintes. Em seguida lavam-se os bolos a 40 lb/poleg.2 durante 10 minutos, usando “lavagem
completa”. Qual é o volume do filtrado que se recolhe por ciclo e que quantidade de água de lavagem
é que se usa?

1
Tinha se ensaiado previamente uma amostra de polpa, usando um filtro de folha de vácuo com 2 pé2
de superfície filtrante e um vácuo de 20 poleg. Hg. O volume de filtrado recebido nos primeiros 5
minutos foi de 250 cm3 e, após mais 5 minutos receberam-se mais 150 cm3. Supor o bolo
incompressível e que a resistência do pano é a mesma na folha e no filtro prensa.

1-44

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