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J. I. Wedgewood
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
PREFÁCIO
SIGNIFICADO DA MEDITAÇÃO
O QUE É MEDITAÇÃO
PRIMEIROS PASSOS
CONCENTRAÇÃO
MEDITAÇÃO
CONTEMPLAÇÃO
A CONSTRUÇÃO DO CARÁTER
HORÁRIOS
RELAXAMENTO
A SENDA DO SERVIÇO
INTRODUÇÃO
PREFÁCIO
*****
SIGNIFICADO DA MEDITAÇÃO
O QUE É MEDITAÇÃO
A meditação consiste na tentativa de trazer à mente consciente, isto é, à
mente em seu estado normal de atividade, alguma percepção da
superconsciência, de criar pelo poder da aspiração um canal através do
qual a influência do princípio espiritual ou divino, o homem real, possa
irradiar-se à personalidade inferior. É uma projeção do pensamento e
sentimento em direção a um ideal, e uma abertura das portas da
aprisionada consciência inferior à influência daquela idéia. 'Meditação', diz H.
P.Blavatsky, 'é o inexprimível anelo do homem interior pelo Infinito'. O ideal
escolhido deve ser abstrato, pode ser uma virtude, tal como simpatia ou
justiça; pode ser o pensamento sobre a Luz Interna, aquela Divina Essência
que é a realidade mais íntima da natureza humana: ela pode mesmo ser
reconhecida apenas como uma vaga e pálida sensação do que há de mais
alto em nós. Ou o ideal pode ser personificado num Mestre, um Instrutor
Divino, na verdade ele pode ser visto encarnado em qualquer um que
sentimos de algum modo dignos de nosso respeito e admiração.
Conseqüentemente o assunto e o tipo de meditação variarão largamente de
acordo com o temperamento e raio do indivíduo. Mas em todos os casos é
essencialmente a elevação da alma à sua divina fonte, o desejo do eu
particular de tornar-se uno com o Eu Universal.
PRIMEIROS PASSOS
A prática a seguir é uma que o presente autor utilizou com bons resultados,
até que não houve mais necessidade de continuá-la.
Ele pode então considerar como é possível controlá-lo e dirigi-lo, como ele
responde aos ditames da inteligência diretriz, o Eu. Pois separando-se dele
em pensamento, deveria a seguir imaginar-se vivendo por alguns momentos
no corpo astral.
Que reflita, então, que o corpo astral não é seu Eu real. Ele pode controlar
suas emoções e desejos, ele pode regular o jogo dos sentimentos. Suas
emoções são apenas um aspecto de sua consciência trabalhando no e
limitada pelo corpo astral, o qual, por sua vez, é uma habitação construída a
partir da matéria do plano astral, para que a consciência interna possa
entrar em relações com ele. Ele próprio não é este corpo de paixões,
desejos e emoções irrompendo em luta. Em seus momentos mais tranqüilos
ele sabe que ele está acima da erupção das emoções. Seus arroubos de
paixão, de inveja, de medo, ou egoísmo e ódio, nada disso é ele mesmo, é
apenas o jogo das emoções que fugiram ao controle, como um cachorro
pode fugir da coleira. No coração de seu coração ele sabe que muito disso
já está sob seu controle, então pela força de paciência perseverante e
dedicado esforço tudo pode ser trazido no devido tempo para dentro dos
devidos limites, e a maestria sobre as emoções terá sido atingida.
Assim ficando como se de fora de suas emoções, olhando para baixo para a
inteira esfera de suas atividades, que imagine-se a seguir como vivendo no
corpo mental.
Assim ele possui o poder de direcionar sua mente para qualquer objeto de
seu agrado, e por força da perseverança pode aprender a mantê-lo fixo lá. E
eventualmente pode ganhar tal controle sobre a mente que será capaz de
eliminar dela à vontade qualquer pensamento inoportuno.
CONCENTRAÇÃO
Como auxílio à concentração, é bom repetir em voz alta as idéias que lhe
passam pela mente. Assim; este porta-canetas é preto; ele reflete a luz da
janela em algumas partes de sua superfície; tem cerca de dezessete
centímetros de comprimento, cilíndrico; sua superfície é gravada com um
desenho; o desenho tem forma de galhos e é formado por séries de linhas
gravadas muito juntas; e assim por diante à vontade.
MEDITAÇÃO
CONTEMPLAÇÃO
Ao iniciante que tenta as meditações citadas previamente, elas no começo
parecerão provavelmente pouco mais que exercícios intelectuais, mais ou
menos interessantes de acordo com a feição de seu temperamento e
capazes de suscitar um pouco de emoção. Mas perseverando em seus
esforços e penetrando mais na maravilha e beleza dos grandes conceitos
que ele está considerando, gradualmente ganhará algo daquela experiência
espiritual pessoal que transpõe o hiato entre o homem de conhecimento e o
homem de sabedoria, e atingirá alguma percepção daquela paz interna e
exaltação de alma, da qual Santo Alfonso de Ligório fala quando descreve a
meditação como 'a bendita fornalha em que as almas são inflamadas de
Amor Divino'. Pois a meditação harmoniza os corpos em que trabalhamos,
possibilitando à luz do espírito brilhar e iluminar os escuros recessos de
nossa consciência desperta. Ela sossega o turbilhão de nossas
personalidades, a mente, as emoções, a incansável atividade de nosso
cérebro, e por causa das vibrações sincrônicas dos corpos inferiores
possibilita ao Ego que influencie a personalidade. E assim o estudante se
enriquecendo de experiência espiritual, encontrará novos níveis de
consciência gradualmente se abrindo em si. Fixado em aspiração sobre seu
ideal, ele logo se tornará consciente da influência daquele ideal descendo
sobre ele, e fazendo um esforço supremo para atingir o objeto de sua
devoção, por um breve momento as próprias comportas do céu se abrirão e
ele se encontrará unificado com sua idéia e inundado pela glória de sua
realização. Estes são os estágios de contemplação e união. Os primeiros
são a subida, quando as figuras mentais mais comuns forem transcendidas,
estes últimos são o alcance daquele estado de êxtase do espírito, quando
os membros da personalidade se desprenderam e toda a sombra de
separatividade foi dissipada na perfeita união entre objeto e buscador. Seria
fútil tentar maiores descrições destas experiências, pois não estão além da
possibilidade de expressão formal? As palavras podem servir apenas como
sinais apontando o caminho para aquilo que é inefavelmente glorioso, para
que o peregrino possa saber para onde direcionar seus passos.
Foi dito uma vez pela Sra. Besant que um Mestre declarou que quando uma
pessoa se une à Sociedade Teosófica ela se conecta aos Irmãos Mais
Velhos que dirigem seu trabalho através de um tênue fio de vida. Este fio é
o canal de sintonia magnética com o Mestre, e o estudante pode, com árduo
esforço, pela devoção e pelo serviço altruísta, reforçar e alargar o fio até
que se torne uma linha de luz viva. Os Mestres tomam como discípulos
aqueles que oferecem as qualificações especiais necessárias. O fato de que
haja poucos que obtêm este privilégio excepcional não precisa deter de
modo algum o estudante dedicado, pois há muitos abaixo do grau de
discípulo nos quais o Mestre têm um interesse e a quem auxiliam de tempos
em tempos seja de um modo genérico ou com atenção especial. Na
verdade, pode ser dito que há uma constante pressão da força do Mestre
por trás da Sociedade, assim aqueles membros que hão de se abrir a ela
podem se tornar canais pelos quais ela flua, capacitando-os a fazer em
nome do Mestre trabalhos maiores que os seus próprios.
Pois 'não sabeis que vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que está em
vós, e o recebestes de Deus?' (I Coríntios VI, 19). As características que
admiramos em um homem são manifestações da Luz Divina brilhando
através dele, e aquele sentimento de admiração é a resposta dentro de nós
ao ideal que vemos expresso no outro. Conseqüentemente, podemos bem
nos permitir ignorar as faltas nos outros, e, mesmo evitando o tolo exagero
de colocá-lo em um pedestal, sermos gratos pelos vislumbres da luz divina
que eles nos revelam. A vantagem deste método de chegar ao Mestre é de
que ele dá ao estudante um ideal constantemente dentro do alcance,
definido e tangível a ele. Há muitos que fazem eco ao lamento de
Lamartine, de que ele tinha necessidade de um Deus próximo e pessoal
para ele, um Deus Cujos braços pudessem abraçar a humanidade sofredora
e Cujos pés pudessem ser beijados pelos pecadores arrependidos. O
mesmo pensamento, ainda que com diferente aplicação, é expresso no bem
conhecido texto 'pois se ele não tiver amado o seu irmão que ele pode ver,
como amará a Deus que ele não vê?' (I João, IV, 20)
Muito êxito pode resultar ao longo de tais linhas de esforço; pois a lei é
certa, e uma vez que a proximidade do resultado infundir mais intensidade
de entusiasmo, maior proporcionalmente será o resultado. Se o motivo for
mantido completamente puro, e o pensamento do Mestre constantemente
em mente, o estudante pode um dia perceber que a influência que ele
contata provém através, antes do que da própria pessoa que personifica o
ideal, e assim ele gradualmente se alçará à direta consciência da presença
do Mestre. Pode ser que em alguma palestra ou cerimônia ou reunião
devocional, ele se torne consciente de um Presença maior do que o
instrumento físico, pois os Mestres freqüentemente se comprazem em
conceder em pessoa suas bênçãos sobre tais encontros de membros
dedicados.
De tais modos o estudante verá que mesmo que de início os Mestres sejam
para ele apenas uma concepção intelectual, uma necessidade lógica no seu
esquema de filosofia, gradualmente, à medida em que seus corpos se
tornam mais responsivos a influências superiores, Eles se tornarão uma
realidade viva em sua vida, reconhecida e percebida tanto pelo coração
como pela cabeça.
A CONSTRUÇÃO DO CARÁTER
Poucas palavras precisam ser ditas sobre este aspecto da meditação, pois
está subentendido no que já foi discutido. Meditação sobre uma virtude faz
um homem crescer gradualmente na aquisição daquela virtude; é colocar
deliberadamente os corpos a vibrar em resposta ao pensamento naquela
virtude, e o estabelecimento de um hábito de resposta conseqüente, pois
com cada repetição do pensamento sua recorrência se torna mais fácil.
Finalmente, é dito numa escritura hindu 'Naquilo em que um homem pensa
ele se torna; portanto pense no Eterno'.
POSTURA
A posição deve ser cômoda e relaxada, a cabeça não deve cair sobre o
peito mas inclinar-se levemente, os olhos e boca fechados, e, como foi
sugerido por um afamado escritor indiano sobre o Yoga: a coluna vertebral,
ao longo da qual há muito fluxo magnético, ereta. Ou ainda ele pode sentar
em uma posição similar em uma poltrona, num banquinho junto ao solo, de
pernas cruzadas, à moda oriental. O fechamento das extremidades do corpo
também é recomendada para evitar o extravasamento de magnetismo, que
é um fenômeno natural, pelas pontas dos dedos, pés, etc. A posição de
pernas cruzadas é levemente mais eficaz de certos modos, uma vez que o
magnetismo então liberado diz-se que se ergue em torno do corpo em um
escudo protetor. Mas esta é uma postura excessivamente inconveniente
para a maior parte das pessoas ocidentais, ao contrário do que no Leste, de
onde a maioria de nossos modernos preceitos de yoga são originários; é a
maneira natural de sentarem, e já foi assinalado com vivacidade por um
autor que 'as dificuldades iniciais são muitas, mas são consideravelmente
aumentadas por aqueles que pensam que é necessário assumir fantásticas
posturas orientais para aborrecer o corpo, que deveria estar tranqüilo, se for
para ser ignorado com sucesso'. (Meditações, de Alice C. Arnes)
Uma posição que não deveria ser adotada, salvo em casos muito raros, é a
deitada, pois sua tendência natural é induzir ao sono. Mais ainda, o cérebro
não pode responder sincronicamente às vibrações mais elevadas dos
corpos supra-físicos se a circulação do sangue for lenta, daí o valor de uma
ducha fria ou uma caminhada ativa antes da prática matutina.
O estudante pode achar útil queimar um pouco de bom incenso, pois isso
purifica a atmosfera de um ponto de vista oculto: ele pode mesmo ser
auxiliado por belas cores e imagens em torno, flores e outros meios de
elevar a mente e os sentidos.
HORÁRIO
Agora, é óbvio que esta intensa quietude assinala um estágio separado por
anos de esforços persistentes da atitude de pessoas que alegam poder
atingir grandes alturas espirituais enquanto atiradas de costas em uma
cama quente e confortável ou mesmo em um quente banho de banheira!
Tais pessoas tomam por meditação o que é meramente um langor corporal
e um preguiçoso arremesso de pensamento sobre algum tópico calmante e
agradável. Não é assim que o reino dos céus é conquistado pela força!
RELAXAMENTO
Uma vez que meditação envolve esforço, o estudante faria bem em lembrar
que o efeito natural de concentrar a mente é produzir tensão nos músculos
do corpo. O hábito comum de franzir as sobrancelhas é evidência desse
automatismo corporal. Esta tensão dos músculos não só induz grande
fadiga corporal, mas age como um obstáculo ao influxo de forças espirituais.
Desse modo o estudante deveria periodicamente em sua meditação, e
repetidamente ao longo da vida diária, voltar sua atenção para o corpo e
deliberadamente soltar-se em relaxamento. Pessoas de natureza intensa e
forte freqüentemente acham dificuldade em se expressar seja pela fala ou
por escrito devido ao hábito de impor excessiva e súbita pressão no
cérebro. Eles deveriam aprender a deixar o cérebro carregar-se
gradualmente, como diria um eletricista. Um momento de completo
relaxamento os livraria da dificuldade. De modo muito semelhante se um
conferencista sofrer de fadiga cerebral e súbito esquecimento de sua
seqüência de idéias ou incapacidade de escolher uma palavra, de longe a
providência mais sábia é ter a coragem de entrar momentaneamente em
completo relaxamento, antes que esforçar-se por lembrar, pois esse esforço
adicional só aumentaria a tensão em torno do cérebro.
A SENDA DO SERVIÇO
Mas que não pense que a relação entre o Mestre o discípulo seja de alguma
forma coercitiva ou uma em que a individualidade do discípulo é submersa
na torrente de poder do Mestre. Ao contrário, a influência do Mestre não é
uma força hipnótica de fora mas uma inexprimivelmente maravilhosa
iluminação a partir de dentro, irresistível porque tão profundamente sentida
como estando em perfeito acordo com as mais altas aspirações do discípulo
e como a auto-revelação de sua própria natureza espiritual. O próprio
Mestre é em plena extensão um canal da Vida Divina e aquilo que emana
dele desperta à atividade a semente de divindade dentro do discípulo. Na
verdade o estudante que acha inspiração no estudo científico pode
descobrir uma analogia sugestiva no fenômeno elétrico da indução. É por
causa da identidade de natureza nos dois que a influência do Mestre
estimula ao mais alto grau todas as mais nobres e refinadas qualidades no
discípulo. O amor do Mestre por um discípulo pode ser comparado à luz do
sol que desabrocha o botão do lótus ao fresco ar matinal, e mui
verdadeiramente pode ser dito que um sorriso do Mestre evoca uma
erupção tal de afeto no pupilo que só seria obtida por meses de meditação
escolástica sobre a virtude do amor.