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Rogério Gozzi

Articulação do Joelho
O joelho é o maior complexo articular do corpo, formado por 4 ossos e 3 articulações e quase todas as
pessoas terão algum problema em alguma destas articulações, seja por desgaste ou por lesão traumática. O
joelho é a segunda articulação do corpo que mais sofre com lesões, perdendo apenas para a articulação do
ombro. Nesta aula abordaremos a anatomia do joelho, as classificações e os movimentos permitidos de suas
articulações e as lesões mais frequentes do joelho, que são a condromalácia patelar, a ruptura do ligamento
cruzado anterior e as lesões nos meniscos.

Anatomia do Joelho: O joelho é a articulação intermediária dos membros inferiores (MMII), pois
encontra-se entre a articulação do quadril e a articulação do tornozelo, e é responsável por absorver parte dos
impactos dos MMII e fornecer estabilidade durante a macha. As articulações do joelho são formadas por quatro
ossos: o fêmur, a tíbia, a patela e a fíbula. Estes ossos se articulam formando 3 articulações:

1. Fêmoro-Tibial: Entre o fêmur e a tíbia;


2. Fêmoro-Patelar ou Patelo-Femoral: Entre o fêmur e a patela;
3. Tíbio-Fibular Proximal: Entre a tíbia e a fíbula.
Cada uma destas articulações é importante para manter a estabilidade dos membros inferiores durante a
marcha, e a articulação fêmoro-tibial é responsável pela absorção de impactos e dissipação de energias sobre o
joelho, pelo fato de ter uma grande área de superfície e possuir os meniscos, responsáveis pela absorção de boa
parte das cargas axiais impostas ao joelho.

Na articulação fêmoro-tibial temos estruturas anatômicas importantíssimas para a manutenção de sua


estabilidade. Estas estruturas são os ligamentos cruzados (anterior e posterior), os ligamentos colaterais (lateral
e medial) e os meniscos (lateral e medial).

Os ligamentos cruzados serão o principal elemento de estabilização da articulação do joelho. O


ligamento cruzado anterior (LCA) é responsável por limitar a anteriorização da tíbia em relação ao fêmur, a
hiperextensão do joelho e a rotação interna. O ligamento cruzado posterior (LCP) limita a posteriorização da
tíbia em relação ao fêmur, a hiperflexão do joelho e a rotação externa. Mesmo o LCA sendo mais forte e
fibroso ele sofre lesões com maior frequência, principalmente em esportes onde haja excessos de movimentos e
mudanças de direção. Para auxiliar na estabilidade do joelho temos também os ligamentos colaterais que
impedem excessivos movimentos em valgo (colateral medial) e varo (colateral lateral). Os meniscos são
estruturas em forma de meia lua e ficam aderidas sobre o “platô tibial”. O menisco medial fica apoiado sobre o
côndilo tibial medial e o menisco lateral fica apoiado sobre o côndilo tibial lateral. Anatomicamente eles são
diferentes, pois o menisco lateral tem o formato de um O e o menisco medial tem o formato de um C. A função
primária dos meniscos é conferir estabilidade para a articulação fêmoro-tibial, adaptando o formato reto do
“platô tibial” ao formato convexo do fêmur. Além disso, pelo fato de os meniscos serem compostos por
fibrocartilagem (mesmo tecido que compõe os discos intervertebrais), eles apresentam alta resistência para
absorver cargas axiais, sendo um importante elemento de amortecimentos de impactos sobre o joelho. Os
meniscos são discos articulares fibrocartilaginosos no interior de articulações sinoviais. Outras articulações
também apresentam discos articulares, são elas: a articulação têmporo-mandibular (ATM) no crânio, a esterno-
clavicular no ombro e a fibrocartilagem triangular no punho.
A estabilidade dinâmica do joelho é feita pelos grupos musculares que o atravessam. Na parte anterior
do joelho temos a ação do músculo quadríceps femoral e na parte posterior do joelho temos a ação dos
músculos isquiotibiais, gastrocnêmio e poplíteo. Estes músculos em conjunto, além de movimentarem a
articulação do joelho auxiliam na estabilidade desta articulação juntamente com os ligamentos cruzados,
colaterais e com os meniscos.

Articulações do Joelho: O joelho apresenta 3 articulações, sendo duas sinoviais (fêmoro-tibial e


fêmoro-patelar) e uma sinartrose (tíbio-fibular proximal). Abaixo as classificações e os movimentos permitidos
pelas articulações do joelho.

1. Articulação Fêmoro-Tibial
Classificação: Gíglimo (dobradiça) e Trocóide (pivô)
Movimentos permitidos: Flexão, extensão, rotação interna e rotação externa (as rotações só são permitidas
com o joelho flexionado a pelo menos 5°)

2. Articulação Fêmoro-Patelar
Classificação: Plana (artrodial)
Movimentos permitidos: Deslizamento crânio-caudal (pra cima e pra baixo) e látero-lateral (de um lado pro
outro) da face articular da patela sobre a tróclea do fêmur

3. Articulação Tíbio-Fibular Distal


Classificação: Sindesmose
Lesões mais frequentes do Joelho

Condromalácia Patelar: A condromalácia patelar, conhecida também como síndrome patelo-femoral,


é a lesão mais frequente do joelho e pode afetar qualquer pessoa, independente do peso, idade e sexo. O termo
condro significa cartilagem e o termo malácia significa amolecimento, portanto nesta patologia ocorre o
amolecimento da cartilagem patelar deixando-a mais delgada. Normalmente as cartilagens devem ter a
superfície lisa, mas no caso da condromalácia este adelgaçamento da cartilagem aumenta o atrito entre as duas
superfícies levando a um rangido denominado crepitação, e em casos mais avançados estalos que podem ou não
ser acompanhados de dor na face anterior do joelho. Esta dor pode ocorrer durante a marcha mas piora ao subir
e descer escadas.

Lesão do ligamento cruzado anterior (LCA): A lesão do LCA é muito frequente em atletas e pessoas
que praticam atividades físicas em geral. Ao contrário do que se pensa, a lesão do LCA geralmente ocorre sem
contato direto ou trauma com outro atleta. Pode ocorrer até em uma rua quando a pessoa pisa em um buraco e
torce o joelho. Quando a pessoa está com o pé fixo e tenta mudar de direção, esta rotação do joelho pode levar à
ruptura do LCA. Quando isto ocorre a pessoa pode sentir um forte estalo no joelho e rapidamente ocorre edema
e dificuldade em flexionar o joelho, acompanhado de uma dor fortíssima. Atualmente as lesões do LCA são
corrigidas cirurgicamente, onde o ligamento rompido
é substituído por um enxerto do tendão patelar,
grácil / semitendinoso ou do trato ilio-tibial. Se
reabilitada corretamente, esta pessoa pode voltar a
praticar esportes em cerca de 6 meses após a cirurgia.
Lesão dos meniscos: Os meniscos também podem ser lesados na prática esportiva e o menisco medial é
mais frequentemente acometido por este tipo de lesão. Isto ocorre porque o menisco medial tem o formato de C
e tem menor mobilidade durante os movimentos de joelho, se comparado ao menisco lateral, que apresenta
formato de O e possui maior mobilidade. A lesões dos meniscos geralmente são classificadas como lesões em
alça de balde pelo formato da lesão, e são também facilmente corrigidos cirurgicamente por artroscopia. A
recuperação é bem mais rápida que a do LCA, sendo que a pessoa pode voltar às atividades esportivas em cerca
de um mês e meio.

Pode ocorrer também lesão associada de LCA e menisco medial, pois ambos têm a mesma origem no
côndilo medial da tíbia. Quando isso ocorre, na mesma cirurgia é corrigida a lesão do LCA e do menisco
medial.

Bibliografia

• Fox – Fisiologia Humana


• Hoppenfeld - Propedêutica Ortopédica: Coluna e Extremidades
• Kapit - Anatomia: Manual para Colorir
• Netter - Atlas de Anatomia Humana
• Rohen/Yokochi - Anatomia Humana: Atlas Fotográfico
• Sobotta - Atlas de Anatomia Humana
• Spence - Anatomia Humana Básica
• Tixa - Atlas de Anatomia Palpatória do Pescoço e do Tronco Superior
• Tixa - Atlas de Anatomia Palpatória do Membro Inferior
• Wolf-Heideger - Atlas de Anatomia Humana

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