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Prevenção de lesão de LCA em jogadores de futebol.

Acadêmico: Caique Bruno do Nascimento Pereira


Orientador: Mauro Fernando de Lima

Referencial Teórico
1 - Futebol

Os historiadores encontraram marcas de jogos que lembram o futebol em diversas


culturas primitivas. Essas brincadeiras não possuíam regras ou definição de equipes como é
organizado atualmente. Há relatos de um jogo chama-do ‘’Gioco Del Calcio’’ que surgiu na
Itália Medieval, sendo praticado por 27 jogadores de cada time, de acordo com Máximo (2011).
Charles Miller é conhecido como o “pai do futebol no Brasil”. Após estudar na
Inglaterra, ele retornou ao Brasil no ano de 1984, trazendo a primeira bola de futebol. Conforme
Saldanha (1971), Charles Miller era um jogador ainda mais habilidoso que o Edson Arantes do
Nascimento, o popular ‘rei’ Pelé. Miller não se limitava em ser um atleta habilidoso, ele sabia
tudo sobre as regras do esporte e ainda se dedicava a apitar os jogos.
O Sport Club Rio Grande foi o primeiro time fundado no Brasil, no dia 19 de julho de
1900, dia que posteriormente seria homologado pela então Confederação Brasileira de
Desportos (CBD), como Dia Nacional do Futebol. O primeiro campeonato organizado em solo
brasileiro ocorreu dois anos depois, em 1902, sendo o Campeonato Paulista. Já a Seleção
Brasileira entrou em campo oficialmente pela primeira vez em 20 de setembro de 1914 em uma
partida contra a Argentina, de acordo com Máximo (2011).
A popularidade do futebol tem apresentado um imenso aumento nas últimas décadas,
estando o esporte em constante avanço e ampliação, principalmente no que diz respeito à
intensidade do jogo e nível de exigência imposto aos atletas (Brito, Soares & Rebelo, 2009).
O risco de lesão no futebol é alto, pelo que os organismos são impostos e a modalidade
têm demonstrado, cada vez mais, preocupações para com a regularidade que vem ocorrendo,
causas e o grau de seriedade das lesões no futebol moderno (Brito, Soares, & Rebelo, 2009). O
futebol está agregado a um índice elevado de lesões, motivadas pelos padrões de movimentos
demandados no esporte tais como saltos, mudanças rápidas de direção, contato físico entre os
jogadores, chutes, dentre outros (Cohen et al., 1997; Santana & Reis, 2003; Stewien &
Camargo, 2005).

2 – Ligamento Cruzado Anterior

Rolf (1986) afirma que uma lesão comum no futebol é o rompimento do ligamento
cruzado anterior, quando o jogador é atingido por um chute forte, por trás, na perna. O
ligamento cruzado posterior é lesado, quando a perna é pressionada para trás, ou o joelho é
estendido em excesso. Normalmente, não podemos rodar a perna medialmente tanto quanto
lateralmente, uma vez que neste movimento os ligamentos colaterais se entrelaçam no interior
do joelho, opondo resistência ao mesmo. Como o menisco medial se funde com o ligamento
colateral tibial, ele é facilmente lesado quando submetido a forte stress.
O LCA e um dos ligamentos do joelho mais frequentemente lesados. Lesão do LCA e
um acontecimento grave que requer tratamento cirúrgico, mantendo muitos atletas afastados
das competições durante, pelo menos, quatro meses da época competitiva. Na maioria dos casos
(70%), se a reconstrução ligamentar for bem efetuada (e o processo de reabilitação bem
conduzido), e possível que o atleta regresse a pratica desportiva num nível de performance
idêntico, evitando-se também o aparecimento de lesões meniscais e cartilagíneas (23). Ainda
assim, pela sua gravidade e longo período de interrupção, a lesão do LCA e, por diversas vezes,
responsável pelo abandono precoce da pratica desportiva e pelo surgimento de possíveis
complicações na integridade e funcionalidade da articulação do joelho.
Segundo Malone et al (2000), os ligamentos cruzados anterior e posterior são formados
por cordões resistentes de tecido conjuntivo, redondos ao corte e localizam-se no interior da
cápsula articular do joelho, entre os côndilos do fêmur, porém fora da cavidade sinovial da
articulação. Dois feixes importantes, os feixes ântero-medial e póstero-lateral combinam-se a
formar o LCA. O feixe póstero-lateral origina-se da face posterior da origem femoral e se insere
na face lateral da área de inserção tibial. Este feixe é maior e significativamente mais forte que
o ântero-medial. O feixe ântero-medial origina-se a partir da origem femoral anterior e se insere
no lado medial da inserção tibial. Os dois feixes formam uma espiral entre si e possibilitam a
rotação tíbio-femoral por toda amplitude de movimentos do joelho.
Arnoczky (1985), diz que os ligamentos cruzados estão em contato entre si através da
sua borda axial com o LCA, passando por fora do ligamento cruzado posterior (LCP). Eles
estão livres no interior da cavidade articular, mas recobertos pela sinovial, estabelecem com a
cápsula importantes relações. O suprimento sanguíneo predominante dos ligamentos cruzados
é feito pela artéria geniculada e o suprimento nervoso provém de um ramo do nervo tibial.
Conforme Renstrom e Peterson (2001), lesões no ligamento cruzado anterior (LCA) são
as mais comuns para o joelho, a perda de um ligamento cruzamento anterior não produz
somente cinética anormal, mas, também frequentemente resulta em grandes mudanças
degenerativas no joelho. Esse tipo de lesão pode acontecer com um impacto de torção, assim
como em rotação interna e hiperextensão ou em rotação externa e valgo. O ligamento colate-
ral medial é o ligamento mais comumente lesado do joelho.
A incidência de lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) tem aumento nos úl-timos
anos. A lesão do LCA pode ser total ou parcial. Em algumas situações, o coto do LCA fica
aderido a sinovial do ligamento cruzado posterior (LCP), dando a falsa ideia de um joelho
normal, explica Cohen e Abdalla (2003). São mais comuns na segunda e terceira décadas de
vida e predominam no sexo masculino. O paciente se refere em geral, com clareza, ao
movimento do trauma, a sensação de impossibilidade de continuar jogado. O aumento de
volume do joelho pode ocorrer logo nas primeiras horas. Já as rupturas no ligamento cruzado
posterior (LCP) do joelho não são muito comuns, consistem apenas 5% a 10% das rupturas
ligamentares de todos os maiores ligamentos do joelho, afirmam Renstrom e Peterson (2001).
lesões no ligamento cruzado anterior e ângulo póstero-lateral são provavelmente as mais
debilitantes das três lesões ligamentares do joelho, isso é ainda mais verdadeiro no caso de
lesões combinadas. Segundo Cohen e Abdalla (2003), lesões do LCP evoluem com frouxidão
progressiva dos restritores secundários, resultando em dor, derrame articular e instabilidade, in-
duzindo a artrite degenerativa que acomete a articulação Femoropatelar e o compartimento
medial. Em relação ao mecanismo do trauma, são descritos três mais comuns: hiperflexão com
ou sem força anterior aplicada na tíbia, hiperflexão com força de posteriorização aplicada à
coxa e hiperflexão associada a força de varo ou valgo.
Ainda conforme Cohen e Abdalla (2003), o compartimento medial possui restrito-res
estáticos e dinâmicos. O vasto medial obliquo (VMO) está intimamente associado à ori-gem do
ligamento colateral tibial e é um estabilizador do terço anterior da cápsula medial. As estruturas
estáticas são compostas pelo ligamento colateral tibial (LCT), com as suas porções superficial
e profunda, que é o principal restritor estático primário medial contra o estresse em valgo do
joelho. O mecanismo de lesão pode ser provocado por trauma direto, indireto ou combinado. O
trauma de lesão mais frequente é o de um estresse em valgo com simultânea rotação interna do
fêmur e da tíbia fixada ao solo, em torno de 30º de flexão ou mais.
Merck (2010) cita que o joelho é uma articulação frequentemente lesionada em
jogadores de futebol. Impactos diretos (quando o atleta é derrubado ou leva uma pancada) ou
indiretos (girando ou torcendo) podem afetar ligamentos (principalmente, o ligamento cruza-
do anterior), tendões ou cartilagens. Segundo Santos (2007), a recuperação do atleta pode variar
em função do tratamento escolhido, levando de seis a nove meses para retornar a prática da
modalidade.
Conforme Fatarelli (2003), o ligamento cruzado anterior é um ligamento resistente
podendo ocorrer lesões por vários fatores. A ruptura deste ligamento ocasiona respostas
neuromusculares e biomecânicos complexas. A variabilidade dos indivíduos não é apenas
anotomo-fisiológica, mas também pode ser causada por agentes da própria lesão e pela sua
extensão.
Segundo Rockwood et al. (1994), as lesões do LCA ocorrem geralmente por
mecanismos onde o estresse no ligamento é grande o suficiente para causar uma ruptura. As
lesões podem ser parciais ou totais dependendo do movimento, força e alongamento, seu trauma
pode ser direto ou indireto. Quase sempre a lesão é dada por uma manobra de torção, e
desacelação súbita geralmente seguida de estalos e hematroses presente dentro de poucas horas,
ou ainda abdução com rotação externa e hiperextensão.
Dentre as lesões dos quais os atletas de futebol estão sujeitados podem ser mencionadas,
principalmente, lesões musculares, lesões tendíneas e entorse (Ribeiro et al., 2003; Simões,
2005).
3 – Prevenção

O treinamento proprioceptivo é capaz de melhorar o equilíbrio, auxiliando na


estabilidade corporal por meio de mínimos deslocamentos do centro de pressão, obtendo assim
uma recuperação mais rápida (Bonfim & Barela, 2007; Lemos, 1992; Silvestre & Lima, 2003).
Lemos (1992) afirma ainda que, com o treinamento proprioceptivo se obtém uma reeducação
postural de proteção, onde o atleta alcançará uma evolução no restabelecimento do equilíbrio,
em um período curto de tempo.
O futebol é um esporte de velocidade, com isso torna-se imprescindível que os
receptores proprioceptivos sejam capazes de corresponder de forma objetiva e breve aos
estímulos derivados da postura ou do movimento realizado no esporte (Baldaço et al. 2010). Os
métodos de treinamento proprioceptivo minimizam o tempo de resposta muscular dos
futebolistas tornando-os além disso aptos para um desempenho inesperado e rápido dos
movimentos realizados no esporte (Araújo et al., 2003). Portanto, os proprioceptores estarão
habilitados para identificar e responder ligeiramente os estados de estresse (Baldaço et al.
2010).
O treinamento de força é fundamental em todo programa de prevenção e reabilitação de
lesões, por ser componente base para potência, velocidade, dentre outros (Pfeiffer et al., 2006;
Schiff & Smith, 2004). Caso seja encontrado desequilíbrios musculares nos extensores e
flexores do joelho, recomenda-se a inclusão de treinamento de força, introduzindo exercícios
característicos da reabilitação (Christos et al., 2005). O fortalecimento de músculos como glúteo
médio, isquiotibiais e abdutores de coxa, apresentando métodos apropriados de desaceleração,
aparentam ser eficazes como maneiras de prevenção e reabilitação da lesão de LCA (Silvers &
Mandelbaum, 2007).
Desta forma, de uma maneira geral, deve ser incluído no treinamento como forma de
prevenção e reabilitação da lesão de LCA, exercícios como de equilíbrio, flexibilidade,
exercícios pliométricos, de fortalecimento muscular, dentre outros, seguidos de uma adequação
postural e acréscimo da propriocepção, bem como um programa de aprimoramento do
desempenho do atleta.
Brunoro (1997), afirma que para ter bons campeonatos, não podemos ignorar a
necessidade de planejamento em médio prazo, de toda a estrutura do futebol. Precisamos
montar um calendário com datas organizadas e rígidas para os campeonatos, a seleção, as férias
e pré-temporadas. Dessa forma, os jogadores estariam mais bem preparados física e
mentalmente e as lesões se tornariam menos prováveis, além disso, a qualidade técnica das
partidas de futebol também seria superior.
Diante disso, com um programa de treinamento adequado, ocorrerá um controle
corporal maior durante o esporte, prevenindo e reabilitando dessa forma a lesão de LCA.
Portanto, para Mendes (2012), o treinamento neuromuscular e proprioceptivo apresenta como
objetivo o desenvolvimento da resposta reflexa da articulação, onde a resposta muscular natural
não se torna suficiente para uma ligeira e eficiente equivalência das forças a nível de joelho. O
mesmo autor afirma ainda que, ainda que existam diversos programas de treinamento como
forma de reabilitação e prevenção onde foram testados, cada um deles baseado em diferentes
conceitos e componentes do exercício preventivo, ainda não se sabe ou foi confirmado qual o
melhor programa, e nem qual exerce o papel mais determinante.
Desta forma, de uma maneira geral, deve ser incluído no treinamento como forma de
prevenção e reabilitação da lesão de LCA, exercícios como de equilíbrio, flexibilidade,
exercícios pliométricos, de fortalecimento muscular, dentre outros, seguidos de uma adequação
postural e acréscimo da propriocepção, bem como um programa de aprimoramento do
desempenho do atleta.

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