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Na verdade, da maneira como entendemos hoje a disciplina, podemos
considerar que as primeiras medidas e observações sistemáticas foram
feitas seja por engenheiros e organizadores do trabalho, seja por
pesquisadores, seja por médicos.
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duram mais que alguns minutos. Estuda os ritmos de trabalho em
inúmeras tarefas e procura determinar uma carga ótima que considere as
diferentes condições de execução do trabalho.
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de monografias que tratam de atividades as mais diversas (problemas
oculares de pessoas que fabricam objetos pequenos, problemas devidos à
má postura e ao carregamento de cargas pesadas, a surdez dos
caldeireiros de Veneza, etc.). Tissot, no século XVIII, interessa-se pelos
problemas de climatização dos locais e também pela organização da
medicina, propondo a criação de serviços particulares nos hospitais para
curar as moléstias dos artesãos. Patissier, no início do século XVIII,
desenvolve os temas de Ramazzini e Tissot, já então preconizando a
reunião de dados estatísticos sobre a mortalidade e a morbidade por
moléstias e acidentes na população operária. Villermé, à mesma época,
realiza estudos estatísticos, efetuando uma importante pesquisa sobre as
condições de trabalho em inúmeras fábricas de todas as regiões da
França, os quais culminam num relatório publicado em 1840 sobre o
estado físico e moral dos operários. Tal relatório é considerado o ponto
de partida para as primeiras medidas legais de limitação da duração do
trabalho e da idade, de engajamento para as crianças.
DESENVOLVIMENTO ATUAL
Na primeira metade do século XX, o progresso dos conhecimentos em
psicologia e fisiologia é considerável, mas as pesquisas sobre os
problemas de trabalho ainda são raras. No início do século, na Alemanha,
nos Estados Unidos e, depois, na Inglaterra, alguns psicólogos criam os
primeiros institutos e centros de pesquisa orientados para o estudo
desses problemas.
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1. Exigências técnicas. A concepção de máquinas complexas e sua
utilização em situações extremas exigem que se considere sempre mais o
modo de atuação do homem. Este problema manifestou-se de forma
brutal durante a última guerra mundial, quando se encontrou dificuldade
na utilização de material bélico complexo. Mas, atualmente, pode-se
encontrar ainda numerosos exemplos:
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esforços exigidos por uma industrialização sempre mais aperfeiçoada e as
raríssimas ações realizadas para mudar as condições de trabalho, salvo
quando se trata de aumentar a produção. A noção de melhoria das
condições de trabalho aparece muito cedo na história do movimento
operário; mas, freqüentemente, ela só se traduz em reivindicações de
medidas de proteção (limitação da jornada de trabalho, proteção contra o
ruído), que são mais fáceis de serem alcançadas e generalizadas.
QUADRO DA ERGONOMIA
Definição
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conhecimentos sobre o homem aplicável aos problemas levantados pelo
conjunto homem-trabalho, ela tem, contudo, métodos específicos de
estudo e pesquisa sobre a realidade do homem no trabalho que definem
um tipo de pensamento que lhe é próprio, colocando questões às diversas
ciências sobre as quais se apóia (principalmente à Fisiologia e à
Psicologia) e suscitando pesquisas no terreno do homem em atividade.
Disciplinas afins
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Clientela
Classificação
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Desse modo, os problemas levantados pelo envelhecimento das aptidões
e capacidades do homem no trabalho podem ser estudados apenas na
perspectiva do homem envelhecendo no trabalho: quais são as condições
nas quais o trabalhador idoso pode continuar a assumir sua tarefa sem
cansaço nem aceleração dos processos de envelhecimento? Elas podem
ainda ser estudadas também a partir de uma perspectiva dinâmica: quais
são as condições nas quais o trabalhador mais velho pode aumentar sua
competência? No primeiro caso, obedece-se a recomendações
ergonômicas que permitem a conservação do posto no curso da vida
profissional (dimensões do posto, limite dos esforços físicos, limites do
ritmo de trabalho, sistema de auxílio aos trabalhadores, etc.). No segundo
caso, tende-se a preconizar uma concepção do conteúdo do trabalho, de
modo a permitir o aumento da capacidade profissional do trabalhador,
com a idade. É claro que esta última perspectiva não pode se realizar
quando as condições de conservação do posto não são respeitadas.
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CAPÍTULO 1
TRABALHO, TECNOLOGIA E ERGONOMIA
Como já deve estar claro, a ergonomia não teria sentido se não existisse o
trabalho humano. Desta forma, antes de partirmos para os problemas
relacionados diretamente à disciplina, é necessário compreender e
estabelecer uma base sólida do que já foi, o que é e o que pode vir a ser o
trabalho humano. Em outras palavras, é prudente conhecer a evolução e
um conceito para esta atividade do homem.
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não só fez com que, para muitos, se tornasse inútil o cérebro como
também fez com que somente algumas partes do corpo fossem utilizadas.
Isto era diferente da sociedade rural na qual o camponês, para usar a
enxada ou a pá, assim como o pescador para pescar, além de utilizar o
corpo inteiro, usava talvez um pouco mais o cérebro. Mesmo no século
XX, em uma fábrica automobilística, a Alfasud (Itália), uma pesquisa
com cerca de dois mil operários mostrou que uma etapa de trabalho
durava setenta e cinco segundos. Calcule-se quantas vezes se repetia esta
tarefa ao longo de uma jornada de oito horas! Era um trabalho para
macacos: basta-se observá-lo por poucos minutos para aprender a
realizá-lo.
Em "O Fim dos empregos", Jeremy Rifkin apresenta uma visão um tanto
preocupante, e, ao mesmo tempo, esperançosa do futuro. O autor
argumenta que o mundo está entrando em uma nova fase na história,
com a sociedade caminhando para um declínio dos empregos. Esta nova
fase, a “terceira revolução industrial”, é o resultado do surgimento de
novas tecnologias, como o processamento de dados, a robótica, as
telecomunicações e as demais tecnologias que aos poucos vão repondo
máquinas nas atividades anteriormente efetuadas por seres humanos. De
fato, o que vemos hoje, como um prenúncio das previsões de Rifkin é a
automatização de escritórios, comércio e indústria a níveis nunca antes
observados. Computadores fazem o trabalho de dezenas de seres
humanos. Robôs, de milhares, e a custos infinitamente inferiores, sem
férias, dores de cabeça, TPM ou benefícios.
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produtividade, por sua vez, gera preços baixos. Preços baixos aumentam
a demanda, aumentando por sua vez a produção, que a seu turno
aumenta o nível dos empregos. Ora, isto é rejeitado por Rifkin, já que a
cadeia é correta a não ser na sua conclusão: a produção hoje não aumenta
o nível dos empregos, mas sim, traz mais automatização reduzindo o
trabalho dos seres humanos.
Uma realidade, no entanto, está prevista por Rifkin: por mais que o nível
de empregos decline, nem todos estarão desempregados na nova
sociedade baseada na informação. Para ele, um pequeno número de
trabalhadores no setor da informação e do conhecimento irá prosperar, já
que o seu "know-how" será cada vez mais necessário na criação,
desenvolvimento e manutenção dos equipamentos necessários à
automação. Os profissionais da tecnologia se constituirão em uma nova
elite da sociedade. Outro segmento que irá sobreviver na nova economia
global será o da alta administração. Dados afirmam que os altos
executivos atuais são o segmento que mais tiveram os seus rendimentos
aumentados nos últimos 50 anos. O mais preocupante é que o salário de
um Chief Executive Officer, nos Estados Unidos pulou de 29 vezes o
salário de um operário em 1979 para 93 vezes em 1988...
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trabalhar cada vez mais, por salários cada vez menores. As empresas que
se auto denominam "competitivas" tem optado por trabalhar com uma
folha de pagamento cada vez menor, obrigando os trabalhadores a
produzir mais. A Segunda solução proposta por Rifkin para contra atacar
os impactos criados pela tecnologia cabe aos governos. Consiste em que
eles criem um maior apoio para o Setor Social, onde diferentemente dos
setores comerciais, as mudanças de ganhos e perdas são menos
importantes, e o que importa, no fim, é o aspecto social. Um exemplo são
as 1 milhão e quatrocentas mil organizações sem fins lucrativos
americanas, que contribuem com aproximadamente 6% da economia e é
responsável por 9% do nível de emprego total.
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utilitarista no sentido econômico do termo, é inexpugnável do conceito de
trabalho.
Devemos agora abordar de maneira mais precisa que o temos feito até
agora o conceito de “real”, na teoria da técnica e no trabalho. Estivemos
considerando equivalentes três termos: o ambiente físico, a realidade e o
real. Mas não podemos progredir na crítica dos pressupostos teóricos
próprios a cada uma das abordagens do fator humano, se não
esclarecemos o conceito de real, que apresenta não somente um conteúdo
teórico e enigmático, mas que tem também implicações epistemológicas
essenciais à nossa discussão.
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que se opõe à simbolização, ou à prescrição do ergonomista.
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nos termos seguintes: “O trabalho é a atividade coordenada realizada
pelos homens e as mulheres para fazer face ao que, numa tarefa utilitária,
não pode ser obtido estritamente pela execução da organização
prescrita.” Esta definição contem as noções inicialmente retidas para
caracterizar o trabalho. Mas leva em conta de maneira mais precisa o
real: aquilo que na tarefa não pode ser obtido pela execução prescrita de
maneira rigorosa. E insiste na dimensão humana do trabalho: é o que
deve ser ajustado, renovado, imaginado, inventado, acrescentado pelos
homens e as mulheres para ter em conta o real do trabalho.
A ERGONOMIA E O TRABALHO*
*Tradução e Adaptação de Françoise Darses e Maurice de Montmollin, 2006
A análise do trabalho
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O trabalho prescrito e o trabalho real
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computador está avariado e o pessoal de manutenção está de férias, a
válvula é inacessível, o material entregue não está nos conformes, o
circuito foi alterado, as instruções estão imcompletas, os preços
aumentaram, a alternativa não estava prevista, o caso nunca produziu-se
e a exceção é a regra. E, entretanto, tudo acabe se arranjando, porque
adapta-se e os trabalhadores se adaptam ativamente, sem se incomodar
demasiadamente com as prescrições oficiais. Mas, às vezes, também, não
sem esforços dispendiosos, tanto em termos de cansaço como de
dinheiro. E no entanto, impávidos, os “prescritores” do trabalho
continuam a preferir a idéia imaginária que fazem do trabalho e da
atividade dos trabalhadores, concebendo e organizando postos de
trabalho que supõem um universo totalmente transparente, estável e
previsível. Postos de trabalho que se revelam, com efeito, insuportáveis
sem incessantes adaptações locais por parte dos seus ocupantes.
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um caso de informação e/ou de formação insuficiente que pode ser
assinalada;
A tarefa
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A Atividade
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das competências dos operadores, que compreendem os conhecimentos,
"knowhow", metaconhecimentos, etc., mobilizados em relação a uma
tarefa dada. Seria inútil procurar apreender estas competências antes de
análise, por interrogação dos operadores, fora da atividade, e ainda mais
por interrogação da hierarquia (seria então um caso de análise “das
exigências da tarefa”). As competências favorecem a adaptação - ou
provocam a inadaptação - às situações novas. Para designar estas
competências, o termo “habilidade” apenas é utilizado na ergonomia de
língua francesa (ao contrário do seu equivalente inglês skill) devido à sua
imprecisão e o perigo de confusão com os termos “capacidades” ou - pior
ainda “aptidões”.
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restrições impostas pela situação técnica, econômica e social na qual
deverão funcionar as máquinas ou os procedimentos. As informações
necessárias para a concepção de um produto “grand-public” apresentam,
contudo, freqüentemente um caráter de generalidade superior àquele
requerido para um trabalho mais “profissional”, devido à diversidade das
utilizações potenciais dos dispositivos concebidos (RABARDEL, 1995).
Assim, se as fronteiras da tarefa de um piloto de avião de linha são
identificáveis com muita precisão, o mesmo não acontece para a
condução de um automóvel de turismo.
A coleta de dados
• análise documental
• coleta de dados comportamentais por observação
• produção de dados por verbalização
• simulações
• experimentação
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A intervenção ergonômica
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CAPÍTULO 2
AS ESCOLAS DA ERGONOMIA*
*Tradução de texto de Françoise Darses e Maurice de Montmollin, 2006
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Estas duas ergonomias não são contraditórias, mas complementares. Em
princípio, o mesmo ergonomista pode ser chamado, em função das
circunstâncias (ou seja, em função das restrições da situação, dos
interlocutores e dos financiamentos), a analisar a atividade de operadores
reais e, concomitantemente, a utilizar os seus conhecimentos sobre o ser
humano a fim de alterar a organização do trabalho, de ajudar a conceber
um dispositivo de auxílio (instrumento informatizado, máquina ou
método) e a desenvolver competências.
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vibrações e, mais recentemente, as acelerações bruscas. É o domínio onde
a ergonomia associa-se à medicina do trabalho.
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Para atingir este objetivo, o ergonomista pode participar ele mesmo da
concepção. Algumas firmas conhecidas de aviação, automobilísticas e de
novas tecnologias (por exemplo, na França, Airbus, PSA, Renault,
Michelin, SNCF, France Telecom, etc.), dispõem de um serviço de
ergonomia que opera ao seio mesmo da empresa. Para convencer os
projetistas que levem em conta “os fatores humanos”, os ergonomistas
utilizam-se de vias diretas (sob a forma de métodos ergonômicos, grelhas
de análise e cotação dos postos de trabalho, instrumentos de avaliação ou
de testes de utilizadores) ou vias indiretas: publicações e normas. As
publicações são constituídas, essencialmente, por manuais que
recapitulam as diversas características “da máquina humana” e que
mostram com exemplos significativos, o que pode ser feito para adaptar o
melhor possível os dispositivos técnicos.
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forneceram uma abundante literatura sobre a concepção dos
instrumentos de medida (os mostradores, os registradores, os alarmes
visuais ou sonoros, em especial na aviação, seguidos pelos das salas de
controle), a legibilidade das interfaces informatizadas, a discriminação
dos símbolos pictográficos, etc. ;
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informática exigem cada vez mais dos operadores conhecimentos e
"knowhow" que lhes permitam adaptar-se à situações novas. Os casos
dos operadores de salas de comando centralizadas das indústrias de
processo contínuo (refinarias, usinas nucleares, por exemplo) são
conhecidos hoje. Mas é necessário também citar os estudos que se
referem ao universo da concepção de produtos manufaturados
(automóveis e aeronaves) e, naturalmente, todo o domínio das atividades
de serviço (da ergonomia hospitalar à ergonomia dos sites Web).
Compreende-se, por conseguinte, que não se pode elaborar uma lista das
“características gerais” das atividades dos operadores humanos. O olho é
sempre o mesmo, mas não o olhar. O centro de gravidade das
investigações em ergonomia desloca-se: não é mais a coleta em
laboratório de dados confiáveis sobre “os fatores humanos”, mas é a
análise sobre o terreno das modalidades específicas da atividade do
operador em ação. Estudam-se as interações entre o humano e os seus
dispositivos de trabalho (fala-se de um “sistema homem-máquina”). As
publicações e os manuais não tratam mais da natureza humana, mas dos
métodos de análise do trabalho, bem como sobre os modelos e as teorias
que justificam-no. O contraste é sensível: enquanto que a literatura em
língua francesa trata essencialmente da análise do trabalho, os manuais
de inspiração “fatores humanos” (em sua maior parte, anglo-saxões)
consagram-lhe não mais que uma ou duas páginas sobre o tema.
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permite estabelecer facilmente catálogos de dados gerais utilizáveis
diretamente para a concepção de dispositivos técnicos. Ela é mais
freqüêntemente centrada na singularidade dos episódios de trabalho que
sobre a construção de conhecimentos transferíveis a outras situações
similares. Em contrapartida, ela pode responder à “ergonomia dos
fatores humanos” que esta última cessa de ser útil onde precisamente os
responsáveis pela produção têm hoje a maior necessidade de conselhos:
as situações críticas, em que são as competências dos operadores (e não
somente o seu conforto postural ou visual) que permitem evitar as
catástrofes. A ergonomia contemporânea não pode mais satisfazer-se em
propor mostradores mais legíveis. Deve também forjar instrumentos que
permitam - mais localmente, mais individualmente e, por conseguinte,
mais lentamente e mais dispendiosamente - analisar os processos de
interação entre os operadores e o seu ambiente, a fim de alterar os
próprios processos, agindo igualmente tanto sobre as competências dos
operadores quanto sobre a organização do trabalho ou ainda sobre as
características dos sistemas técnicos. É a este preço que a informação
legível torna-se significativa para o operador.
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contraditório conceber para o operador sentado frente ao seu terminal de
computador um assento confortável e uma tela com bom contraste, e
então procurar saber como este operador compreende as mensagens que
aparecem sobre esta tela e quais tratamentos ele lhes aplica. Também não
é contraditório propor um desenho de mostrador que permita a
percepção exata de uma medida, e depois tentar apreender porque, num
tal momento no desenrolar das operações em curso, é este mostrador que
é olhado e como suas informações são tratadas. E se é exigido do
operador de computador que saiba desenvolver estratégias de
programação de "software", deve-se simultaneamente preocupar-se em
saber se as características de ruído, iluminação e postura do seu posto de
trabalho autorizam uma atividade mental continuada. Não é necessário
estabelecer hierarquias entre estas duas abordagens ergonômicas. É
verdade que as 2500 vítimas Bhopal resultaram de uma cascata de ações
inadaptadas devido a uma organização falha, dos dispositivos de controle
mal concebidos e dos operadores incompetentes, mas isso não é uma
razão para se negligenciar os sofrimentos dorsais de dezenas de milhares
de caixas de supermercado cujos postos de trabalho foram mal
concebidos.
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CAPÍTULO 3
SISTEMAS EM ERGONOMIA*
*Adaptado de Itiro Iida, 2005
COMPONENTES DE UM SISTEMA
Um sistema pode ser tão amplo quanto um país, região ou uma grande
empresa, ou ser focalizado em algum detalhe como uma célula (biologia)
ou posto de trabalho. Em qualquer um desses casos, é composto pelos
seguintes elementos:
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Um exemplo de sistema poderia ser uma fábrica onde entra matéria-
prima (entrada) que, após uma série de transformações (processamento),
em diversas operações (subsistemas), resulta no produto final (saída). O
ambiente interno é representado por variáveis como a iluminação,
temperatura e ruídos dentro da fábrica. O ambiente externo é o ruído da
rua, o clima seco ou chuvoso, a luz solar e assim por diante. As fronteiras
desse sistema coincidem com as paredes da própria fábrica.
O SISTEMA HOMEM-MÁQUINA-AMBIENTE
O sistema homem-máquina-ambiente é a unidade básica de estudo da
ergonomia. Em comparação com a biologia, seria a célula, que compõe os
órgãos. No nosso caso, órgãos seriam os departamentos, empresas ou
organizações produtivas.
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Algumas máquinas simplesmente servem para amplificar ou aperfeiçoar
as capacidades humanas, sem alterar a natureza da tarefa. Um alto
falante amplifica a voz, mas não modifica o conteúdo da fala. Um alicate
ou uma pinça servem para prender melhor um objeto, mas isso poderia
ser realizado com os dedos. Outra classe de máquinas é aquela que
modifica a natureza da tarefa. Por exemplo, dirigir um automóvel é
diferente de andar a pé, embora ambos tenham a mesma função de
deslocamento. Passar uma mensagem por Internet é diferente de
conversar.
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OTIMIZAÇÃO E SUB-OTIMIZAÇÃO
Em linguagem matemática, a solução ótima de um problema é aquela que
maximiza ou minimiza a função objetivo, dentro das restrições impostas
a esse problema. Isso significa que a solução ótima não existe de forma
absoluta, mas para certos critérios (função objetivo) definidos, como
produção, lucros, custos, acidentes, erros, índices de refugos e outros.
Portanto, para cada critério aplicado, existe uma solução ótima diferente.
As soluções que se afastam do ponto ótimo, tanto para cima como para
baixo, são chamadas de sub-ótimas. Em um sistema, nem sempre o
conjunto das soluções sub-ótimas dos subsistemas leva à solução ótima
do sistema.
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sistema global, não significa necessariamente que a solução resultante
seja ótima.
Por exemplo, vamos supor que um carro seja projetado por duas equipes,
uma fazendo o motor e a outra a carroçeria. A primeira pode ter
desenvolvido um motor excepcional, com 200 HP de potência.
Entretanto, a segunda equipe desenvolveu uma carroçaria compacta que
suporta somente 80 HP de potência. Se o motor de 200 HP for instalado
nessa carroçaria, além de não haver um aproveitamento integral de sua
potência, provavelmente criará diversos problemas na transmissão,
suspensão e outras partes da carroçaria, porque ela é uma solução sub-
ótima. No caso, seria melhor um motor mais modesto de 80 HP, mas cuja
potência fosse integralmente aproveitada, sem provocar danos à
carroçeria.
Essa fronteira nem sempre está ligada aos aspectos físicos. Pode-se
referir-se, por exemplo, aos aspectos organizacionais da produção ou ao
relacionamento humano entre os membros de uma equipe. Vamos supor
o caso de um trabalho de escritório em que não havia um fluxo adequado
de informações entre as pessoas. Um analista chegou à conclusão de que
o problema estava no isolamento físico das pessoas, devido ao layout do
escritório, em que cada pessoa ficava "trancada" em pequenas salas.
Resolveu-se, então, eliminar as paredes e implantar um escritório aberto
(landscape).
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apenas o aspecto físico dos locais de trabalho, mas também o tipo de
relacionamento funcional entre a chefia e a equipe.
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CAPÍTULO 4
A IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA
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suas principais defesas tudo conforme exigido para o teste. Seguiu-se um
intervalo de nove horas. O prosseguimento do teste devia aguardar o
próximo turno.
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força da explosão foi tão poderosa que o reator mandou partículas
radioativas a um quilômetro de altura. Uma segunda e furiosa explosão
fez com que a grafite do núcleo do reator se incendiasse. O fogo
continuou a arder durante nove dias, soltando uma corrente constante e
invisível de partículas radioativas para o meio ambiente. O reator ficou
totalmente destruído.
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prejudicado. Esses efeitos danosos para a saúde persistirão por gerações.
Voltemos por um momento ao ano de 1936. Nos últimos dias dos filmes
mudos em preto e branco, Charlie Chaplin criou uma sátira magistral à
industrialização, Tempos Modernos, que atraiu a atenção para os custos
humanos e sociais da tecnologia. Em uma seqüência memorável, Chaplin
aparece trabalhando numa linha de montagem. Sua função é realizar
alguns movimentos repetitivos; ele usa duas chaves inglesas, uma em
cada mão, para apertar dois parafusos em cada um dos componentes que
deslizam por uma esteira. A velocidade da esteira aumenta; Chaplin tenta
desesperadamente acompanhá-la, mas finalmente é levado pela esteira e
cai em uma rampa. Na cena seguinte, vemos várias rodas mecânicas
gigantescas com engrenagens entrelaçadas, que torcem o Pequeno
Vagabundo num trajeto em forma de S, primeiro para frente, depois para
trás, e novamente para frente. Ele foi forçado a se adaptar à tecnologia
literalmente: tornou-se um verdadeiro dente na engrenagem.
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mercado, com recursos mais "avançados" Não importa quantos manuais
consigamos ler, simplesmente não conseguimos dar conta disso.
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Passo número 3: vire a ignição duas vezes para a direita. Hummm. Isso
parece menos óbvio. É fácil de fazer, mas não há uma relação intuitiva
entre a ação e o efeito da ação. Passo número 4: espere cinco segundos. O
quê? Esperar cinco segundos? Você já esperou o óleo se estabilizar. Por
que tem que esperar mais cinco segundos? Mas você ainda não terminou.
Há mais um passo ainda. Passo número 5: em um segundo, pressione o
botão "reset" duas vezes. Esse passo não faz qualquer sentido, parece
totalmente arbitrário. O que o botão “reset” tem a ver com a checagem do
óleo? Pelo que posso dizer, não há uma resposta lógica para essa
pergunta - e eu tenho um doutorado em engenharia mecânica. O
motorista mediano ficará perplexo, ainda que os componentes
eletrônicos tenham sido cuidadosamente planejados, de acordo com a
mais sofisticada compreensão das leis da eletricidade. No final, a maioria
das pessoas vai preferir sair do carro e checar o óleo pelo método antigo,
porque não conseguirá memorizar os passos e não quer se aborrecer mais
repetindo a leitura de instruções tão contra -intuitivas. E ficamos nisso,
com a famosa engenharia alemã.
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problemas - dificuldades psicológicas, perda de produtividade,
inquietações econômicas e mais - que não podemos suportar. O impacto
sobre nossa qualidade de vida é inquietante.
Não importa para onde olhemos, seja para situações rotineiras ou para
sistemas complexos, vemos tecnologias; que ultrapassam a nossa
capacidade de controle. Nos casos mais banais, como o dispositivo para
checagem eletrônica do óleo do carro, os resultados que experimentamos
diariamente são bastante negativos - ineficiência, frustração, alienação e
fracasso em realizar nosso potencial humano e tecnológico. Mas quando
nos voltamos para setores de segurança crítica - energia nuclear, saúde,
aviação, segurança nos aeroportos e meio ambiente -, as conseqüências
da loucura tecnológica são muito mais preocupantes. Falhas nesses
sistemas complexos podem levar a dispendiosos acidentes industriais,
como desastres com aviões, cujo prejuízo chega a milhões ou bilhões de
dólares, sem mencionar o custo inestimável em vidas humanas. Sistemas
tecnológicos complexos fora de controle podem também levar a litígios
dispendiosos, porque indivíduos e organizações freqüentemente são
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processados quando as coisas não dão certo. Em alguns casos, erros
nesses sistemas podem acarretar desastres ecológicos que ameaçam o
meio ambiente, tais como a contaminação causada não só por Chernobyl,
mas também pelo enorme vazamento de óleo do Exxon Valdez na costa
do Alasca. Esses custos são uma carga enorme para a sociedade. E em
nosso mundo conectado, sistemas complexos mal desenhados põem em
risco todas as nações, não apenas os países desenvolvidos. Ainda que
uma grande proporção da população mundial nunca tenha visto um
videocassete ou qualquer outro dispositivo eletrônico semelhante, não
pode escapar aos efeitos da tecnologia, como Chernobyl deixou bem
claro. O mundo industrial está exportando cada vez mais suas tecnologias
para países não-industrializados, às vezes sem pensar muito no impacto
que essas tecnologias terão sobre outras culturas - testemunha disso foi o
desastre na usina química de Bhopal, na Índia. E, por ironia, medidas
para neutralizar o temor crescente do terrorismo global simplesmente
aumentam a confusão. Se mais de 98 mil americanos morrem
anualmente por erro médico evitável quando os Estados Unidos não
estão sendo sitiados por ameaças terroristas, imagine o potencial de
ameaças não previstas à segurança criadas pelo pesadelo logístico de ter
de inocular rapidamente uma nação inteira de 300 milhões de pessoas
contra o sarampo - a mais explosiva arma biológica na face da terra.
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procedimentos realmente difíceis de lembrar. E vamos fazer com que o
último passo seja pressionar o botão “reset” duas vezes em um segundo -
com isso eles vão ficar malucos!"
Não, as coisas não são tão simples. Os verdadeiros motivos para nosso
sofrimento com a tecnologia vêm de muito antes. Na verdade, para
compreender realmente o que está acontecendo, temos que examinar
alguns dos princípios que fundamentam a nossa abordagem do mundo
em que vivemos - a organização do conheci~ mento humano. Ao longo
dos últimos séculos, temos adotado uma abordagem reducionista para a
solução de problemas: dividindo-os em partes menores e então
estudando essas partes relativamente isoladas. No século XVIII, o
matemático francês Simon de Laplace levou essa filosofia até o extremo,
acreditando que, se pudéssemos fracionar o universo inteiro em suas
partículas elementares e explicar o movimento de cada uma dessas
partículas individuais, seríamos capazes de entender, digamos, tudo. Esta
idéia pode parecer um pouco maluca hoje (será que os quarks podem
explicar por que as pessoas se apaixonam?), mas naquela época a
concepção de Laplace era incrivelmente poderosa e acabou tendo um
impacto enorme sobre a história das idéias.
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criativo/humanístico, do outro, já era tão profundo que “os que estão em
uma das culturas não conseguem falar com os que estão na outra”. Snow
não se referia apenas aos silêncios desconfortáveis nos coquetéis. A
divisão que identificou teve sérias conseqüências: “Quando esses dois
sentidos se desenvolvem separadamente, a sociedade não é capaz de
pensar com sabedoria... Essa polarização é uma grave perda para todos
nós. Para nós como pessoas e para as nossas sociedades”.
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Estamos tão habituados a definir as pessoas deste modo que é fácil
esquecer que as tradicionais visões de mundo humanista e mecanicista
são - ambas - abstrações ditadas pela conveniência; não existe tecnologia
sem pessoas, ou pessoas sem tecnologia. No mundo real, pessoas e
tecnologia coexistem. De fato, a capacidade de construir ou de usar
ferramentas é parte do que define um ser humano. Nossas divisões
disciplinares não representam o mundo como ele é concretamente, com
pessoas e tecnologia, lado a lado, interagindo.
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A tecnologia por si mesma: as armadilhas no caminho dos
Magos
Mas não somos todos assim. Não queremos descobrir o que fazem todos
aqueles botões, ou por que eles foram colocados de um certo do modo.
Queremos apenas tocar a nossa vida e o nosso trabalho. Quando fazemos
uso de tecnologia, queremos nos focalizar no nosso objetivo, não na
decifração da tecnologia. 0 design devia estar no segundo plano da nossa
atenção. Quando ligamos um videocassete, simplesmente queremos
gravar um filme. Não queremos nos tornar programadores de
computador para fazer isso. O mesmo acontece com sistemas complexos
e potencialmente mais perigosos, como o sistema de saúde. As
enfermeiras escolhem sua carreira porque gostam de cuidar de pessoas,
não porque gostam de programar complexos dispositivos médicos
computadorizados ou porque têm doutorado em ciência da computação.
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Infelizmente, essa tendência mecanicista ciclópica para a complexidade
perturbadora se intensifica. Tomemos o exemplo lunático da série 7 do
BMW de 2003, cujo sistema de painel eletrônico chamado iDrive oferece
algo em torno de sete ou oito centenas de recursos.
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trabalho de distribuição de ambulâncias de acordo com as chamadas.
Dentro de um curto espaço de tempo, ficou claro que a confusão se
instalara: vários veículos dirigiam-se ao mesmo local, veículos eram
enviados a lugares distantes quando havia outros veículos mais perto, as
demoras tornaram-se longas e as pessoas voltavam a telefonar para as
centrais telefônicas, o que congestionou o número de chamadas que o
computador tinha que atender. Os despachantes entraram em pânico,
mas as telas de seus computadores estavam congestionadas com
mensagens, mostrando quantas chamadas aguardavam para serem
atendidas. Eles ficaram incapazes de responder a cada uma das
mensagens porque eram demasiadas, e logo chegou um fluxo de novas
mensagens dizendo aos despachantes o que eles dolorosamente já sabiam
- que não estavam acompanhando o ritmo dos acontecimentos.
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elétrica. 0 resultado inevitável desse exercício em classe é uma guitarra
inimiga do usuário. Como pouco sabem a respeito do assunto, os alunos
encarregados do design não têm outra escolha senão a de tomar suas
decisões numa base ad-hoc. Certa ocasião, a turma passou longo tempo
discutindo quantos potenciômetros deviam ser colocados numa guitarra
elétrica. "Dois", disse um. "Não, três", foi o palpite de um outro. "De jeito
nenhum. Uma guitarra elétrica deve ter pelo menos quatro
potenciômetros", disse um terceiro. A discussão continuou. Finalmente,
um deles perguntou: "Mas para que servem esses potenciômetros?" Em
classe, sou deliberadamente simplista para tornar clara a questão. Mas a
comparação faz sentido: se a maioria dos alunos de engenharia quebra
tanto a cabeça para prever as necessidades do usuário de um produto
relativamente simples como uma guitarra, imagine a dificuldade do
trabalho dos Magos ao desenhar um sistema complexo de segurança
crítica.
Hard x Soft
55
quando os Magos têm à sua disposição tecnologias; muito mais variadas e
sofisticadas, sua bagagem profissional é muito maior - naturalmente, se
um designer se vê diante de várias opções, e tentado a usar muitas delas,
principalmente quando o departamento de marketing quer lançar mão de
novas características para aumentar as vendas, como em geral acontece.
E o ritmo da mudança tecnológica também tem relação com a viabilidade
da velha abordagem mecanicista. Quando a tecnologia mudava de
maneira relativamente lenta, as pessoas tinham tempo para se adaptar
aos produtos e sistemas que não eram desenhados com os seres humanos
em mente. Por exemplo, a disposição das teclas das máquinas de escrever
mecânicas foi desenhada com a intenção de reduzir a velocidade dos
datilógrafos, porque as letras ficariam embaralhadas se fossem
datilografadas em seqüência muito rápida - o teclado foi um embaraço
proposital para o ajustamento entre as pessoas e a tecnologia. E o fato de
que esse layout foi mantido através dos anos (e ainda não mudou muito),
proporcionou às pessoas tempo para se adaptar ao design e lidar com ele.
Mas agora que estamos cercados pela tecnologia do computador que
muda a cada dois anos, não podemos manter o passo. A maioria de nós
sente que está indo muito devagar. Num certo sentido, estamos
emperrados numa camisa-de-força intelectual imposta por estruturas
sociais antiquadas que um dia foram úteis, mas que agora se tornam
inadequadas diante de sistemas tecnológicos cada vez mais complexos e
dinâmicos que dominam nosso mundo moderno.
56
CAPÍTULO 5
A MEDIDA DO HOMEM - ANTROPOMETRIA
*Adaptado de Itiro Iida, 2005
57
humano é crítico, sendo indispensável tomar todos os cuidados durante o
projeto e dimensionamento desses sistemas.
58
puberdade, quando ultrapassam as meninas. Após essa fase acelerada,
tanto meninas como meninos continuam a crescer lentamente, atingindo
a estatura final em volta dos 20 a 23 anos de idade.
Variações intra-individuais
59
60 anos, todas as dimensões lineares começam a decair. Outras medidas,
como o peso e a circunferência dos ossos podem aumentar.
Variações étnicas
60
mesma comodidade para os latinos e orientais. Ela acomodaria 80% dos
franceses, 65% dos italianos, 45% dos japoneses, 25% dos tailandeses e
apenas 10% dos vietnamitas.
61
moldes para a fabricação de calçados brasileiros são baseados em formas
européias, isso explicaria casos de "aperto" nos pés dos brasileiros.
Os povos que habitam regiões de climas quentes têm o corpo mais fino e
os membros superiores e inferiores relativamente mais longos. Aqueles
de clima frio têm o corpo mais cheio, são mais volumosos e
arredondados. Em outras palavras, no corpo dos povos de clima quente
predomina a dimensão linear, enquanto, no de clima frio, tende para
formas esféricas. Parece que isso é o resultado da adaptação durante
vários séculos, pois os corpos mais magros facilitam a troca de calor com
o ambiente, enquanto aqueles mais cheios têm maior facilidade de
conservar o calor do corpo.
62
indivíduos de frente, perfil e costas. A análise dessas fotografias,
combinada com os estudos antropométricos, levou Sheldon a definir três
tipos físicos básicos, cada um com certas características dorninantes:
ectomorfo, mesomorfo e endomorfo (ver imagens abaixo).
63
Variações temporais ou seculares
64
computadores, aparelhos de videocassete, armamentos, automóveis e
outros, têm, hoje, padrões mundiais. Em segundo, os acordos de
comércio internacional, formando blocos econômicos, com redução das
tarifas alfandegárias entre os países signatários, acelerou esse processo.
Em terceiro, as alianças militares, surgidos após a II Guerra Mundial,
exigiram certa padronização internacional de produtos militares, com
diversos reflexos na indústria em geral. Tudo isso contribuiu para
ampliar os horizontes dos projetistas. Hoje, quando se projeta um
produto, deve-se considerar que os usuários do mesmo podem estar
espalhados em 50 países diferentes, incluindo muitas diversidades
étnicas, culturais e sociais.
MEDIÇÕES ANTROPOMÉTRICAS
Sempre que for possível e economicamente justificável, as medições
antropométricas devem ser realizadas diretamente, tomando-se uma
amostra significativa de sujeitos que serão usuários ou consumidores do
objeto a ser projetado. Por exemplo, para se dimensionar cabinas de
ônibus, deve-se medir os motoristas de ônibus, que serão os seus
usuários.
65
uso dos mesmos. No Brasil, onde ainda existem empregadas domésticas
trabalhando em famílias de classe média, serão elas as usuárias desses
utensílios. Portanto, o correto seria que esses utensílios fossem
projetados para as empregadas e não para as donas-de-casa,
considerando-se que o nível social influi nas dimensões antropométricas.
Definição de objetivos
66
medido a partir de uma outra referência (piso, assento, superfície vertical
ou outro ponto do corpo); a direção indica, por exemplo, se o
comprimento do braço é medido na horizontal, vertical ou outra posição;
e a postura indica a posição do corpo (sentado, em pé ereto, relaxado).
Seleção da amostra
67
escolha, devem ser determinadas as características biológicas, inatas, e
aquelas adquiridas pelo treinamento ou pela experiência no trabalho.
Entre as características biológicas citam-se o sexo, idade, biótipo e
deficiências físicas. As adquiridas são devido à profissão, esportes, nível
de renda e outros.
68
mãos podem exercer 17 funções diferentes, como agarrar, posicionar e
montar).
ANTROPOMETRIA ESTÁTICA
Na antropometria estática, as medidas são realizadas com o corpo parado
ou com poucos movimentos. Essas medidas de antropometria estática da
população já são realizadas há muito tempo, principalmente pelas forças
armadas. Mas, como já vimos, a partir da década de 1950, começaram a
adquirir maior significado econômico. Um produto melhor adaptado à
anatomia do usuário pode significar maior conforto, menores riscos de
acidentes e de doenças ocupacionais. Hoje são disponíveis muitas
medidas antropométricas, realizadas principalmente na Alemanha e nos
EUA, mas também de outros países. Recentemente, a partir da década de
1990, surgiram também medidas de povos asiáticos, em conseqüência da
emergência econômica dessa região.
69
No Brasil, o Instituto Nacional de Tecnologia (1988) realizou um
levantamento antropométrico em 26 empresas industriais do Rio de
Janeiro, abrangendo 3100 trabalhadores (só homens adultos). Foram
medidos 42 variáveis antropométricas e 3 variáveis biomecânicas, cujo
resumo é apresentado na tabela a seguir.
Além disso, existem duas outras fontes de variações que podem ser mais
significativas. Uma delas é o critério de amostragem, que pode ter sido
"Viciada", não representado a população em geral. Em muitos casos,
essas amostras foram baseadas em contingentes militares ou de
trabalhadores industriais. Como já vimos, o próprio critério de seleção
para essas ocupações já causa distorção. Outra fonte de variação possível
pode estar nos critérios de medição. As estaturas podem ser medidas com
o corpo ereto ou relaxado, com calçado ou sem calçado e assim por
diante.
70
Em geral, essas pequenas diferenças não chegam a comprometer a
solução da maioria dos problemas em ergonomia. Contudo, nos casos em
que se exigem maiores precisões, os dados tabelados devem ser usados
apenas como uma primeira aproximação. Para se ter maior
confiabilidade, é aconselhável fazer as medições diretamente, com uma
amostra dos usuários reais de produtos ou serviços. Em outros casos,
pode-se fazer um ante-projeto baseando-se nos dados da tabela e depois,
testá-lo com alguns usuários reais, fazendo-se os ajustes necessários.
Modelos matemáticos
Contudo, não é uma tarefa fácil, pois nem todos os segmentos corporais
são proporcionais entre si. 0 grau dessa proporcionalidade é medido pelo
coeficiente de correlação, que tem o valor máximo de 1,00, quando há
correlação de 100%. Por exemplo, Kroemer (1994) demonstrou que a
estatura tem correlação elevada com algumas medidas lineares como a
altura sentada (correlação de 0,786) e altura poplítea (0,841) Contudo,
essa correlação é menor com o peso (0,495) e praticamente nenhuma
com a circunferência do tórax (0,240) e comprimento da cabeça (0,249).
d = 53,95 + 0,57p
71
S = 0,02350 x h0,42246 x p0,51456
Todas essas fórmulas devem ser usadas com certa restrição, sendo
válidas apenas para uma estimativa inicial ou uma abordagem geral do
sistema.
72
Observa-se, finalmente, que todos esses tipos de modelos (matamáticos e
computacionais) só são utilizados para um projeto preliminar ou no caso
de testes que envolvam riscos de acidentes, como é o caso de alguns
testes destrutivos. 0 teste final deve ser feito, sempre que possível, com
sujeitos humanos. De preferência estes devem representar uma amostra
significativa dos usuários reais do produto. Uma cabina de ônibus deve
ser testado com motoristas de ônibus, uma cabina de aeronave, com
pilotos e uma enfermaria, com enfermeiras. Só assim se consegue
determinar corretamente a dificuldade operacional e o grau de adaptação
ou desconforto experimentado pelos operadores.
Movimentos articulares
73
Estes resultam da conjugação de diversos movimentos articulares. Uma
cadeia de ligações complexas como o movimento dos ombros, braços e
mãos, têm vários graus de liberdade. A transmissão de força nesse
movimento ocorre através dos músculos esqueléticos que se ligam aos
ossos.
74
introduzido pelo método de medida. Devido à projeção da imagem sobre
a escala, esta teria que ser um pouco maior, para registrar a verdadeira
grandeza do objeto. Entretanto, os movimentos podem ser também
registrados de forma mais simples e direta, fixando-se uma folha de papel
sobre um plano e fazendo riscos sobre a mesma com caneta ou giz.
75
Os registros dos movimentos são importantes, porque delimitam o
espaço onde deverão ser colocados os objetos. Os controles das máquinas
ou peças para montagem, que exigem manipulação freqüente, devem ser
colocados na zona preferencial, enquanto aqueles de manipulação
ocasional podem ser colocados na zona de alcance máximo. Isso
acontece, por exemplo na cabina do avião. Os controles de uso freqüente
são colocados na zona preferencial, enquanto aqueles de uso ocasional
são posicionados fora dessa zona, até no teto.
76
CAPÍTULO 6
O ORGANISMO HUMANO
*Adaptado de Itiro Iida, 2005
SISTEMA NERVOSO
0 sistema nervoso é constituído de células nervosas ou neurônios, que
são caracterizadas por irritabilidade (sensibilidade a estímulos) e
condutibilidade (condução de sinais elétricos).
Sinapses
77
Sentido único - Os sinais são sempre conduzidos em um só
sentido, entrando pelas dendrites e saindo pelo axônio. Uma célula
pode receber sinais de várias outras, entrando pelas suas dentrites,
mas só pode transmitir para uma única (só tem um axônio).
MÚSCULOS
Os músculos são responsáveis por todos os movimentos do corpo. São
eles que transformam a energia química armazenada no corpo em
contrações e, portanto, em movimentos. Isso é feito pela oxidação de
gorduras e hidratos de carbono, numa reação química exotérmica,
resultando em trabalho e calor.
78
Os músculos lisos encontram-se nas paredes dos intestinos, nos vasos
sanguíneos, na bexiga, no aparelho respiratório e em outras vísceras. Os
músculos do coração são diferentes de todos os outros. Os músculos lisos
e do coração não podem ser comandados voluntariamente.
Contração muscular
79
apresentam dois estados possíveis: ou estão contraídas ou relaxadas. A
força de um músculo depende da quantidade de fibras contraídas.
Fadiga muscular
80
Quanto mais forte for a contração muscular, maior será o
estrangulamento da circulação sanguínea, reduzindo o tempo em que
poderá ser mantida. A contração máxima pode ser mantida apenas
durante alguns segundos. A metade da contração máxima pode ser
mantida durante 1 minuto. Para longos períodos, a contração não pode
superar a 20% da contração máxima. Se esses tempos forem
ultrapassados, podem surgir dores intensas, exigindo relaxamento para
restabelecer a circulação sanguínea. Deve-se proporcionar um período de
descanso, para que a circulação tenha tempo para remover os produtos
do metabolismo, acumulados no interior dos músculos.
COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral é uma estrutura óssea constituída de 33 vértebras
empilhadas, uma sobre as outras. Classificam-se em cinco grupos. De
cima para baixo: 7 vértebras se localizam no pescoço e se chamam
cervicais; 12 estão na região do tórax e se chamam torácicas ou dorsais; 5
estão na região no abdômen e se chamam lombares; abaixo, 5 estão
fundidas e formam o sacro e as 4 da extremidade inferior são pouco
desenvolvidas e constituem o cóccix. Estas 9 últimas vértebras fixas
situam-se na região da bacia e se chamam também de sacrococcigeanas.
81
retornam, trazendo as ordens para os movimentos motores. A ruptura da
medula interrompe esse fluxo, causando paralisia.
Nutrição da coluna
Deformações da coluna
82
Escoliose - É um desvio lateral da coluna. A pessoa vista de frente
ou de costas, pende para um dos lados, para direita ou para
esquerda.
Lombalgia
83
METABOLISMO
Metabolismo é o estudo dos aspectos energéticos do organismo humano.
A energia do corpo humano é proveniente da alimentação. Os alimentos
sofrem diversas transformações químicas e uma parte é usada para a
construção de tecidos e outra, como combustível. Uma parte desse
combustível destina-se a manter o organismo funcionando, ou seja,
constituem "perdas" internas, e outra parte é usada para o trabalho. 0
excedente é acumulado em forma de gordura.
Capacidade muscular
Metabolismo basal
84
consome uma certa quantidade de energia para o funcionamento de
órgãos como o coração, pulmões e rins, que nunca deixam de funcionar.
85
acordo com o sexo, massa corporal, idade e outros fatores como o nível
das atividades glandulares de cada um.
Subnutrição e rendimento
VISÃO HUMANA
Os órgãos humanos da visão são constituídos de uma série de
componentes orgânicos, cada qual com sua função específica, entre os
quais pode-se citar o olho, a retina, o nervo ótico, o quiasma visual e o
trato ótico.
86
condições de iluminação não muito diferentes umas das outras, de modo
a evitar que os olhos tenham de se adaptar continuamente a estes
diferentes níveis de iluminação. Tomando-se estes cuidados, evita-se que
o usuário sofra de cansaço visual ou até mesmo inabilidade para executar
tarefas visuais durante o período de adaptação.
Percepção de Cores
A luz pode ser definida como uma energia física que se propaga através
de ondas eletromagnéticas. 0 olho humano é sensível a radiações
eletromagnéticas na faixa de 400 a 750 nanometros, ou 0,4 a 0,75
87
mícrons (1 mícron = 10-6 m), mas não tem sensibilidade uniforme para
todos os comprimentos de onda dessa faixa. A sensibilidade máxima
ocorre em torno de 555 nm, o que corresponde à cor verde-amarela, para
o olho adaptado à luz. Para o olho adaptado ao escuro, essa sensibilidade
máxima situa-se em torno de 510 nm, mais próximo da cor azul. (ver
figura anterior).
Quando se diz que uma superfície é vermelha, por exemplo, significa que
ela absorve todos os demais comprimentos de onda e reflete só o
vermelho. Quando um objeto é iluminado por luzes artificiais, a cor pode
mudar porque o espectro é diferente da luz solar. Assim, as cores ditas
"reais" são aquelas que o olho humano percebe normalmente quando os
objetos são iluminados pela luz solar.
88
Hoje já é possível simular os efeitos do daltonismo através de programas
de computador. Veja na figura abaixo a tela de um software deste tipo
(software ViC® , desenvolvido pelo autor).
Acuidade Visual
89
Acomodação
Convergência
90
de 40° os objetos são dificilmente percebidos, a não ser que os olhos se
movimentem. Para manter a nitidez da imagem, olho precisa fazer
muitos movimentos. Cada globo ocular é movido por 3 pares de
músculos, que se ligam externamente e permitem, ao olho, realizar as
convergências e executar vários movimentos rotacionais em torno de
diferentes eixos. As rotações para a esquerda e direita são iguais,
podendo atingir 50° cada. Para cima é de 40° e para baixo, de 60° no
máximo, em relação ao eixo visual, correspondendo à linha normal de
visão para frente. A rotação em torno desse eixo não supera 10°.
91
Movimentos sacádicos
92
velocidade máxima dos movimentos, que os olhos conseguem captar,
varia muito de acordo com o indivíduo e a idade.
Conforto Visual
93
causado pela sua ausência pode ser sentido ao se tentar enxergar um
objeto branco diante de um fundo também branco e brilhante. De uma
maneira geral, contudo, problemas com ausência de contraste não são
comuns ao uso de iluminação natural, devido ao fato do sol estar sempre
se movimentando e proporcionando o aparecimento de sombras no
ambiente. Em alguns casos de iluminação zenital com condições de céu
encoberto, em que as sombras são muito suaves ou praticamente
inexistentes, pode-se perceber o problema, mas são ocorrências muito
raras devido também ao fato de grande parte das superfícies internas dos
cômodos apresentarem sempre uma diferença de tonalidade e de cor que
favorecem a diferenciação das luminâncias.
AUDIÇÃO
A função do ouvido é captar e converter as ondas de pressão do ar em
sinais elétricos, que são transmitidas ao cérebro para produzir as
sensações sonoras. Se os olhos se assemelham a uma câmara fotográfica,
o ouvido assemelha-se a um microfone.
Mascaramento
94
produz ruído de 50 dB, ou seja, a fala deverá estar 20 dB acima do ruído
ambiental, para ser perceptível.
SENSO CINESTÉSICO
O senso cinestésico fornece informações sobre movimentos de partes do
corpo, sem necessidade de acompanhamento visual. Permite também
perceber forças e tensões internas e externas exercidas pelos músculos.
As células receptoras estão situadas nos músculos, tendões e articulações.
Quando há uma contração muscular, essas células transmitem
informações ao sistema nervoso central, sobre os movimentos e as
pressões que estão ocorrendo, permitindo a percepção dos movimentos.
95
O senso cinestésico é importante no trabalho, pois muitos movimentos
dos pés e mãos devem ser feitos sem acompanhamento visual, enquanto
a visão se concentra em outras tarefas realizadas simultaneamente. É o
caso, por exemplo, do motorista de automóvel, que é capaz de acionar
corretamente o volante e os pedais, enquanto a sua visão concentra-se no
tráfego. Da mesma forma, um operário é capaz de avaliar a posição do
seu braço no espaço, integrando as informações cinestésicas dos
músculos bíceps e do tríceps, enquanto sua visão concentra-se sobre uma
operação em execução.
OUTROS SENTIDOS
Além da visão, da audição e do Senso Cinestésico, o organismo humano
possui mais 11 sentidos, como olfato, paladar, tato, dor e outros.
Entretanto, apresentam pouco interesse para a ergonomia.
96
CAPÍTULO 7
OS FATORES HUMANOS*
*Adaptado de Itiro Iida, 2005
O Ritmo circadiano.
97
sabe que o ritmo circadiano, bem como os demais indicadores
fisiológicos, são comandados pela presença da luz solar.
98
Os matutinos são aqueles que acordam de manhã com mais facilidade,
apresentam melhor disposição na parte da manhã e costumam dormir
cedo. A sua temperatura sobe mais rapidamente, a partir das 6 horas e
atinge o máximo por volta das 12 horas. Os vespertinos são mais ativos à
tarde e no início da noite. A temperatura corporal sobe mais lentamente
na parte da manhã e aquela máxima só ocorre por volta das 18 horas.
Demonstram menor disposição na parte da manhã, mas, em
compensação, são mais adaptáveis ao trabalho noturno.
99
60 minutos é suficiente para esse período de digestão (GRANDJEAN,
1998). Se essa pausa não for respeitada, há uma tendência de aumento de
erros e acidentes.
Substâncias Estimulantes.
100
Início da atividade
APRENDIZAGEM E TREINAMENTO
Aprendizagem é o processo de aquisição de novos conhecimentos e sua
armazenagem na memória de longa duração. Treinamento é o
enriquecimento da memória com conhecimento operacional.
101
não têm essa percepção global. Eles tomam conhecimento do sistema
gradativamente. Aos poucos, com a experiência, vão descobrindo relações
e detalhes do sistema. Cabe, portanto ao projetista do sistema, permitir
que o usuário novato construa um modelo mental correto.
FADIGA
Fadiga é o efeito de um trabalho continuado, que provoca uma redução
reversível da capacidade do organismo e uma degradação qualitativa
desse trabalho. A fadiga é causada por um conjunto complexo de fatores,
cujos efeitos são cumulativos. Em primeiro lugar, estão os fatores
fisiológicos, relacionados com a intensidade e duração do trabalho físico e
mental. Depois, há uma série de fatores psicológicos, como a monotonia,
a falta de motivação e, por fim, os fatores ambientais e sociais, como a
iluminação, ruídos, temperaturas e o relacionamento social com a chefia
e os colegas de trabalho.
102
Conseqüências da fadiga
103
tempo, sofrem lapsos ou bloqueios, que vão se tornando mais freqüentes
com o aumento da fadiga, ao mesmo tempo que os erros também
crescem.
104
A conclusão é que as diferenças individuais na questão da fadiga são
significativas. Algumas pessoas se fatigam mais facilmente que outras.
Outras, ainda, apresentam maior resistência em determinados tipos de
trabalho. Existem também pessoas que se tornam mais suscetíveis à
fadiga em certos dias ou em determinadas fases da vida.
Pausas no trabalho
105
Durante essas pausas, se houver oportunidades de contatos sociais
(conversas) com colegas, poderá haver um aumento do moral, retardando
o aparecimento da fadiga.
MONOTONIA
Monotonia é um processo que se sobrepõe à fadiga, podendo agravá-la. É
a reação do organismo a um ambiente uniforme, pobre em estímulos ou
pouco excitante. Os sintomas mais indicativos da monotonia são uma
sensação de fadiga, sonolência, morosidade e uma diminuição da
vigilância. As operações repetitivas na indústria e no tráfego rotineiro são
condições propícias à monotonia. Da mesma forma, um professor que
apresenta a sua aula com tom de voz e intensidade constante, provoca
monotonia.
Conseqüências da monotonia
106
Fatores fisiológicos da monotonia
107
tinha sabor de "novidade" apresentavam menos sintomas de monotonia
que os trabalhadores mais experientes.
Gênero
108
por longos períodos e representam 40,3% da força de trabalho no Brasil.
Quanto à escolaridade, 29,7% da população feminina ocupada tem o
curso médio ou equivalente, enquanto esse percentual é de 20,7%
naquela população masculina (IBGE, 2001). As mulheres não se
distribuem igualmente em todas as funções. Ao contrário, estão bastante
concentradas em atividades de educação, saúde, comércio e trabalhos de
escritório. Em algumas profissões, como no ensino fundamental, a
presença delas é quase absoluta. Na indústria, a presença delas é maior
no setor de alimentos, têxtil e eletrônica.
• Antropometria
• Capacidade fisica
• Menstruação
Idade
109
anos, as mulheres conseguem exercer aproximadamente a metade da
força dos homens de mesma idade. Contudo, esse declínio não ocorre
uniformemente em todas as partes do corpo. Os braços e as mãos são
menos afetados pela idade do que o tronco e as pernas.
Restrições
110
acidentes ou causas congênitas. Cada deficiente apresenta um quadro
próprio de deficiências, que, em geral, podem ser classificadas em:
111