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CAMILLE MISSICK GUIMARÃES
TATIANA FERNANDES DIAS DA SILVA
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
cdd 346
Prefácio 5
1. Petição Inicial 7
1.1 Considerações Prévias 8
1.2 Procedimento 10
1.3 Competência (Endereçamento) 13
1.4 Capacidade de ser parte e Capacidade Postulatória
(Qualificação das partes) 17
1.5 Gratuidade de justiça 19
1.6 Audiência de Conciliação ou Mediação 24
1.7 Fatos e Fundamentos Jurídicos 25
1.8 Pedidos 25
1.9 Provas 27
1.10 Valor da causa 28
1.11 Considerações finais (fecho) 29
1.12 Peça prático-profissional 30
2. Resposta do Réu 37
2.1 Contestação 43
2.2 Preliminares: 47
2.2.1 Rol das preliminares previstas no artigo 337 do CPC 47
2.2.1.1 Inexistência ou nulidade da citação 48
2.2.1.2 Incompetência absoluta e relativa 49
2.2.1.3 Incorreção do valor da causa 52
2.2.1.4 Inépcia da Petição Inicial 53
2.2.1.5 Perempção 54
2.2.1.6 Litispendência 55
2.2.1.7 Coisa Julgada 56
2.2.1.8 Conexão 57
2.2.1.9 Incapacidade da parte, defeito de representação ou
falta de autorização 59
2.2.1.10 Convenção de arbitragem 62
2.2.1.11 Ausência de legitimidade ou de interesse processual 64
2.2.1.12 Falta de caução ou de outra prestação que a
lei exige como preliminar 69
2.2.1.13 Indevida concessão do benefício da gratuidade de justiça 69
2.3 Prejudiciais de mérito 71
2.4 Mérito 71
2.5 Pedido 73
2.6 Provas 75
2.7 Peça prático-profissional 76
3. Reconvenção 83
Referências Bibliográficas 89
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
Bons estudos!
5
1
Petição Inicial
1.1 Considerações Prévias
A petição inicial, instrumento de demanda, é a peça escrita na qual o autor for-
mula o pedido de tutela jurisdicional ao Estado-juiz, para que diga o direito no
caso concreto.
Além de instaurar o processo, a petição inicial identifica a demanda por tra-
zer os elementos identificadores da ação (partes, causa de pedir e pedido, art.
337, §§ 1º e 2º do CPC). Tais elementos são relevantes para identificar quando
uma ação é igual à outra e caracterizar situações de indevida repetição de de-
mandas (por litispendência, coisa julgada e perempção).
8• capítulo 1
ATENÇÃO
Concisão e clareza não significam que a petição não deva trazer a exposição dos fatos de
forma adequada nem que a linguagem técnica e a utilização da norma culta da língua por-
tuguesa devam ser abandonadas. Essa orientação é para descomplicar o texto. Deve ser
utilizado um bom vocabulário, mas sem exageros a ponto de tornar o texto impenetrável.
CURIOSIDADE
Paul Valery, poeta francês (1971-1945), revelou um dos segredos da boa redação: “Entre
duas palavras, escolha sempre a mais simples; entre duas palavras simples, escolha a mais
curta”.
ATENÇÃO
A inépcia da petição inicial não está restrita, apenas, ao não cumprimento dos requisitos do
art. 319. Em conformidade com os incisos do art. 330, § único, além da obrigatoriedade do
cumprimento dos requisitos mencionados, a petição deve ser escrita de forma clara e técnica.
Se a peça estiver confusa na exposição dos fatos ou dos institutos jurídicos discutidos e o juiz
tiver dificuldades para compreender o que se pleiteia, poderá ocorrer a extinção do processo.
capítulo 1 •9
CURIOSIDADE
No novo Código de Processo Civil, o pedido juridicamente impossível foi retirado dos inci-
sos referentes à inépcia da petição e de qualquer outro dispositivo em razão das diversas
divergências doutrinárias e jurisprudenciais. Como exemplo, segue o entendimento do ilustre
professor Alexandre Freitas Câmara: “Como já afirmado, não parece ser esta uma ‘condição
da ação’ autônoma, uma vez que aquele que vai a juízo em busca de algo juridicamente im-
possível não pode esperar nenhuma utilidade do provimento pleiteado, razão pela qual faltaria
interesse de agir. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. v. I. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 133)”.
1.2 Procedimento
Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposi-
ção em contrário deste Código ou de lei.
Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos de-
mais procedimentos especiais e ao processo de execução.
10 • capítulo 1
Nos casos de litígio, ou seja, nos casos de jurisdição contenciosa, a tutela ju-
risdicional pode ser prestada na forma do procedimento comum (art. 318) ou por
procedimentos diferenciados distintos, quais sejam: Ações de Consignação em
Pagamento (art. 539), Ação de Exigir Contas (arts. 550 e ss.), Ações Possessórias
(art. 554), Ação de Divisão e Demarcação de Terras Particulares (art. 569), Ação
de Dissolução Parcial de Sociedade (arts. 599 e ss.), Ação de Inventário e Partilha
(art. 610), Ação de Embargos de Terceiro (art. 674), Ação de Oposição (arts. 682 e
ss.), Ação de Habilitação (arts. 687 e ss.), Ações de Família (arts. 693 e ss.), Ação
Monitória (art. 700), Ação de Homologação de Penhor Legal (art. 703), Ação de
Regulação de Avaria Grossa (arts. 707 e ss.) e Ação de Restauração de Autos (art.
712).
Já nos casos de jurisdição voluntária, ou seja, aqueles em que não existe li-
tígio, a tutela jurisdicional também poderá ser prestada na forma do procedi-
mento comum (art. 318) ou por procedimentos diferenciados distintos, quais
sejam: Notificação e Interpelação (arts. 726 e ss.), Alienação Judicial (art. 730),
Divórcio e Separação Consensuais, Extinção Consensual de União Estável e
Alteração do Regime de Bens do Matrimônio (arts. 731 e ss.), Testamentos e
Codicilos (arts. 735), Herança Jacente (arts. 738 e ss.), Bens dos Ausentes (arts.
744 e ss.), Coisas Vagas (art. 746), Interdição (art. 747 e ss.), Organização e
Fiscalização das Fundações (arts. 764 e ss.), Ratificação dos Protestos Marítimos
e dos Processos Testemunháveis Formados a Bordo (arts. 766 e ss.).
CURIOSIDADE
O procedimento comum no antigo CPC era bipartido em ordinário e sumário. Atualmente o
procedimento comum é um só.
capítulo 1 • 11
Fluxograma do procedimento comum
Petição
Inicial Petição
319 CPC Inicial sem os
Requisitos
do Artigo
319 e 320
Improcedência CPC
Indefere Petição
Liminar do
330 CPC, Pedido Inicial
II, III e IV Apta
332 CPC
O autor
Emenda
Não Cumpre
321 CPC
a Diligência
Aud. de
Conciliação Sentença
ou Mediação Páragrafo
334 CPC Único 321 CPC
c/c 485 CPC
Não
Partes Manifestam Não é Admitida a
Acordo Houve
Desinteresse Autocomposição
Acordo
na Composição
Consensual 334, §4o II CPC
334, §4o I CPC
Homologação
Contestar no
Prazo de 15 Dias
335, I, II e III CPC
12 • capítulo 1
1.3 Competência (Endereçamento)
Toda petição começa com o endereçamento, ou seja, a indicação do juízo que
deverá analisar a peça.
Art. 284. Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuí-
dos onde houver mais de um juiz.
capítulo 1 • 13
Família, as ações criminais, por Varas Criminais, e assim sucessivamente.
ATENÇÃO
A Justiça estadual é dividida em Comarcas e Varas: Comarca – divisão territorial – pode re-
presentar a área de um Município ou de vários Municípios; Varas – Divisão especializada das
Comarcas. Além disso, uma Comarca pode ter uma Vara Única ou ser dividida em: criminais,
fazenda pública, cíveis etc.
14 • capítulo 1
Critério Territorial
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens
móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
§ 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será pro-
posta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a
ação será proposta em qualquer foro.
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente
o foro de situação da coisa.
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição
se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divi-
são e demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
capítulo 1 • 15
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é compe-
tente: I – o foro de situação dos bens imóveis;
II – havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III – não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do
espólio.
Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último
domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o
cumprimento de disposições testamentárias.
Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de
seu representante ou assistente.
Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja
autora a União.
Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja
autor Estado ou o Distrito Federal.
16 • capítulo 1
II – de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pe-
dem alimentos; III – do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa
jurídica contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou
associação sem personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o
cumprimento;
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no
respectivo estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de
dano por ato praticado em razão do ofício;
IV – do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;
V – de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de
dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.
Parte na relação processual é quem propõe a ação e sobre quem recai a tutela
jurisdicional.
capítulo 1 • 17
Legitimado ativo e passivo
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capa-
cidade para estar em juízo.
Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou
por curador, na forma da lei.
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação
que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de
separação absoluta de bens.
Como requisito do artigo 319 do CPC, inciso II, temos a qualificação das par-
tes. Neste caso, necessária se faz a identificação precisa das partes da demanda,
fazendo menção a nome, sobrenome, estado civil ou existência de união está-
vel, profissão, domicílio e residência do autor e do réu (este último, sempre que
se tiver conhecimento dos dados a serem informados), endereço eletrônico.
CURIOSIDADE
Embora não constasse como requisito do artigo 282 do CPC/1973, há muito já se exigia a
indicação, no mínimo, do número do CPF, para se distribuir uma petição inicial.
Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente ins-
crito na Ordem dos Advogados do Brasil.
Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver ha-
bilitação legal.
18 • capítulo 1
Dessa forma, acrescente-se aos requisitos da petição inicial o artigo 106 do
CPC, ou seja, a indicação do endereço do advogado, sendo esta uma formalida-
de exigida, sob pena de indeferimento da petição inicial na forma do artigo 330,
IV, do CPC/2015.
Exemplos de qualificação:
ATENÇÃO
No caso em que não se sabe a identificação ou qualificação do réu, no todo ou em parte,
usualmente se é feito da seguinte forma:
a) quando se desconhece a qualificação: CAIO DA SILVA, qualificação desconhecida,
com endereço na rua...
b) quando se desconhece o nome, endereço e qualificação: FULANO DE TAL, quali-
ficação desconhecida, com endereço em local incerto e não sabido, ...
capítulo 1 • 19
Art. 2º, lei nº 1.060/1950. Gozarão dos benefícios desta Lei os nacionais ou
estrangeiros residentes no país, que necessitarem recorrer à Justiça penal,
civil, militar ou do trabalho.
Parágrafo único. – Considera-se necessitado, para os fins legais, todo
aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo
e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.
Continua a lei, em seu artigo 3º, especificando o que é abrangido pela as-
sistência judiciária gratuita: as taxas judiciárias e dos selos; os emolumentos
e custas devidos aos Juízes, órgãos do Ministério Público e serventuários da
justiça; as despesas com as publicações indispensáveis no jornal encarregado
da divulgação dos atos oficiais; as indenizações devidas às testemunhas, que,
quando empregadas, receberão do empregador salário integral, como se em
serviço estivessem, ressalvado o direito regressivo contra o poder público fe-
deral, no Distrito Federal e nos Territórios; ou contra o poder público estadual,
nos Estados; os honorários de advogado e peritos; as despesas com a realização
do exame de código genético – DNA que for requisitado pela autoridade judici-
ária nas ações de investigação de paternidade ou maternidade (Incluído pela lei
nº 10.317, de 2001) e os depósitos previstos em lei para interposição de recurso,
ajuizamento de ação e demais atos processuais inerentes ao exercício da ampla
defesa e do contraditório (Incluído pela lei complementar nº 132, de 2009).
20 • capítulo 1
VII – dos depósitos previstos em lei para interposição de recurso, ajuizamento
de ação e demais atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e
do contraditório.
O Novo CPC, em seu artigo 98, dispõe sobre a gratuidade de justiça desta-
cando que têm direito ao benefício da gratuidade de Justiça a pessoa natural ou
jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as
custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios.
Neves destaca que houve “uma ampliação no rol dos sujeitos que podem
ser beneficiados pela concessão da assistência judiciária pelo caput do art. 98
do Novo CPC, quando comparado com o art. 3° caput da lei nº 1.060/1950”.
Continua o doutrinador explicando que “continuam a ser potenciais beneficiá-
rios as pessoas físicas e jurídicas, estrangeiras ou nacionais, mas não há mais a
necessidade de que tenham residência no país”.
Pelo Novo CPC, entende-se por gratuidade de justiça as taxas ou custas ju-
diciais; os selos postais; as despesas com publicação na imprensa oficial, dis-
pensando-se a publicação em outros meios; a indenização devida à testemu-
nha, que, quando empregada, receberá do empregador salário integral, como
se em serviço estivesse; as despesas com a realização de exame de código ge-
nético (DNA e de outros exames considerados essenciais); os honorários do
advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado
para apresentação de versão em português de documento redigido em língua
estrangeira; o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida
para instauração da execução; os depósitos previstos em lei para interposição
de recurso, para propositura de ação e para a prática de outros atos processu-
ais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório; os emolumentos
devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, aver-
bação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial
ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedi-
do, conforme determinado no parágrafo § 1o., do artigo 98.
capítulo 1 • 21
II – os selos postais;
III – as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publi-
cação em outros meios;
IV – a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do
empregador salário integral, como se em serviço estivesse;
V – as despesas com a realização de exame de código genético – DNA e de
outros exames considerados essenciais;
VI – os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou
do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de docu-
mento redigido em língua estrangeira;
VII – o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para
instauração da execução;
VIII – os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para pro-
positura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes ao
exercício da ampla defesa e do contraditório;
IX – os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência
da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à
efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual
o benefício tenha sido concedido.
22 • capítulo 1
§ 5o A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os
atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processu-
ais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.
capítulo 1 • 23
§ 7o Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente
estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao
relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para
realização do recolhimento.
A gratuidade deve ser alegada logo após o preâmbulo da inicial, ou seja, an-
tes de qualquer outra alegação, pois o deferimento da gratuidade faz a máquina
do judiciário “funcionar” sem o pagamento das custas processuais.
24 • capítulo 1
§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocom-
posição, e o réu deverá fazêlo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de
antecedência, contados da data da audiência.
1.8 Pedidos
De acordo com o artigo 141 do CPC, o juiz deverá julgar o mérito nos limites em
que foi proposto, não sendo válida a decisão que tenha sido extra petita, citra
petita ou ultra petita, considerando o Princípio da Congruência.
O pedido é requisito da petição inicial, ou seja, é o motivo da busca do ju-
risdicionado pela proteção do Estado na prestação da jurisdição; assim, o
capítulo 1 • 25
pedido sinaliza “para que” se busca o judiciário, o que a parte deseja com aque-
la demanda.
O pedido deve ser determinado, podendo, em alguns casos previstos em lei,
haver pedido genérico, na forma do artigo 324, caput, e § 1º do CPC. O pedido
deve ser formulado de forma adequada, com uma técnica mais precisa, indi-
cando, sempre que possível, qual o tipo de decisão e o bem da vida pretendido.
Cabe salientar que o requisito do inciso VII, do artigo 282, do CPC/1973,
não possui correspondente no novo Código de Processo Civil, tratando-se do
requerimento de citação do réu, o qual, em regra, deve ser o primeiro a constar
na lista dos pedidos, salvo quando da existência de pedido de concessão de gra-
tuidade de justiça ou de antecipação dos efeitos da tutela, que, por uma ordem
cronológica, devem ser os primeiros a serem requeridos, assim como o pedido
de prioridade na tramitação do feito no caso de idoso e doente (artigo 1.048, I,
da lei nº 13.105/2015). No entanto, nem por isso o pedido de citação do réu dei-
xa de existir, devendo ser feito pelo autor como consectário lógico dos pedidos
que envolvem a demanda.
A forma de apresentação do pedido, no entanto, pode variar de acordo com
o estilo do advogado peticionante.
26 • capítulo 1
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.
Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o
devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao deve-
dor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro
modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.
Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de
que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior.
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para
que o juiz acolha um deles.
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de
vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I – os pedidos sejam compatíveis entre si;
II – seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III – seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2oo Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento,
será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem
prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos
procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados,
que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento co-
mum.
§ 3o O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de pedidos de que trata
o art. 326.
1.9 Provas
A produção de provas traz elementos para que o juiz forme seu convencimento
sobre os fatos alegados pelas partes. Diante disso, o legislador incluiu, como
requisito da petição inicial, a indicação de quais provas pretende o autor produ-
zir, tornando-o requisito essencial da petição inicial.
capítulo 1 • 27
(...)
Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem
como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código,
para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir
eficazmente na convicção do juiz.
28 • capítulo 1
A forma de fixação do valor da causa pode ser encontrada no artigo 292, in-
cisos e §§ 1º e 2º do CPC/2015, bem como em outras hipóteses previstas em
leis extravagantes, sendo a matéria de ordem pública, o que pode levar, em caso
de esquecimento ou apresentação de valor incorreto, à correção de ofício pelo
juiz (artigo 292, § 3º, do CPC/2015), podendo, ainda, ser objeto de impugnação
ao valor da causa pela parte contrária. Chama-se também a atenção para o fato
de que o valor da causa é base para o recolhimento das custas processuais, do
ponto de vista fiscal.
Usualmente, o valor da causa é apresentado ao final da petição, antes
do fechamento, em um tópico próprio, sendo a redação no estilo de cada
peticionante.
Exemplo:
DO VALOR DA CAUSA:
“Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais)”\
capítulo 1 • 29
1.12 Peça prático-profissional
Dos Aspectos Formais da Petição Inicial:
a. margem direita de 3cm;
b. margem esquerda de 3cm;
c. fonte, no mínimo, 12;
d. espaço de entrelinha 1,5;
e. recuo nas primeiras linhas dos parágrafos;
f. alinhamento justificado;
g. órgão jurisdicional a que é dirigida em caixa alta;
h. 10 cm de espaço entre o endereçamento e o preâmbulo;
i. nomes das partes em caixa alta;
j. nomes dos representantes legais em caixa baixa;
k. nome da ação em caixa alta;
l. discurso indireto (narrativa com os verbos na terceira pessoa);
m. fatos narrados em ordem cronológica;
n. parágrafos curtos com coesão e coerência no discurso;
o. nas citações, deverá ser esclarecida a fonte do texto, sendo em citação doutri-
nária (nome do autor, obra citada, editora, ano e página) e em citação jurispru-
dencial (tribunal, câmara ou turma, espécie de recurso, número do processo,
data da publicação do acórdão);
p. quanto à forma, o texto de citação deve vir entre aspas, devendo haver um re-
cuo da margem esquerda de 4cm; o tamanho da letra deve diminuir um ponto
e o espaço de entrelinha deve ser reduzido a simples;
q. a conclusão da causa de pedir é muito importante, devendo ser um fecho
adequado para a pretensão do Autor;
r. não se termina a causa de pedir com citação de texto alheio;
s. o pedido segue a ordem dos atos processuais que serão realizados, devendo
ser claro, conciso e, de preferência, dividido em itens;
t. prova não é item do pedido;
u. o valor da causa deve ser expresso em reais (R$ ...).
30 • capítulo 1
MODELO: PEÇA PROCESSUAL – CONTESTAÇÃO
(espaço de 10 linhas)
(NOME DA AÇÃO),
(espaço de 1 linha)
DOS FATOS
(espaço de 1 linha)
DOS FUNDAMENTOS
(espaço de 1 linha)
DO PEDIDO
(espaço de 1 linha)
capítulo 1 • 31
Diante do exposto, requer:
1. a citação do Réu;
2. que seja julgado procedente o pedido para (pedido imediato), em
(pedido mediato);
3. que seja julgado procedente o pedido para condenar o réu nas custas
processuais e nos honorários advocatícios.
(espaço de 1 linha)
DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369
e seguintes do CPC, em especial (a prova documental, a prova pericial, a testemunhal e o
depoimento pessoal do Réu).
(espaço de 1 linha)
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$... (valor expresso em reais).
(espaço de 1 linha)
Pede deferimento.
Local, (Dia), (Mês) de (Ano).
32 • capítulo 1
dentes, e causando aos mesmos efetivo prejuízo, conforme demostrado. O imó-
vel alienado situa-se em Vitória, Espírito Santo, onde Joaquim passou a resi-
dir. O valor ajustado para a celebração do negócio jurídico foi de R$200.000,00
(duzentos mil reais), através de Escritura de Compra e Venda lavrada no dia 20
de dezembro de 2013, no Cartório de Ofício de Notas da Comarca de Vitória e
devidamente transcrita no respectivo Registro Geral de Imóveis.
Antônio e Maria esclarecem ainda que não concordam com o mencionada
venda, uma vez que o valor de mercado do imóvel, na época da realização do
negócio jurídico, era de R$450.000,00 (quatrocentos e cinquenta mil reais).
Elabore a peça processual cabível para resguardo dos direitos de seus
clientes.
capítulo 1 • 33
DOS FATOS
No dia 20 de dezembro de 2013, no Cartório de Ofício de Notas da Comarca de
Vitória, os réus, sem o consentimento dos autores, venderam um imóvel situado em Vitória,
Espírito Santo, ao seu filho mais novo, Réu Joaquim, onde passou a residir, no escopo de
ajudá-lo, já que este não possuía casa própria.
No entanto, tal venda causou efetivo prejuízo aos autores, uma vez que o valor
ajustado para a celebração do negócio jurídico foi de R$200.000,00 (duzentos mil re-
ais), e o valor de mercado do imóvel, na época da realização do negócio jurídico, era de
R$450.000,00 (quatrocentos e cinquenta mil reais).
DOS FUNDAMENTOS
O direito dos autores encontra amparo inicialmente no artigo 104, III do Código
Civil, uma vez que para ser válido, o negócio jurídico precisa ter forma escrita ou não defesa
em lei.
Ademais, o art. 496 do mesmo diploma legal, ensina que é anulável a venda de
ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido.
O ilustre professor Carlos Roberto Gonçalves assevera sobre o assunto: “A ven-
da realizada sem o referido consentimento é anulável, estando legitimados para a ação
anulatória os descendentes preteridos.” (Principais inovações no Código Civil de 2002.
São Paulo: Saraiva).
Diferente não é a jurisprudência do STJ:
Processo EREsp 661858/PR
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL
2006/0091674-1 Relator(a) Ministro FERNANDO GONÇALVES (1107)
Órgão Julgador S2 – SEGUNDA SEÇÃO Data do Julgamento 26/11/2008
Data da Publicação/Fonte DJe 19/12/2008
Ementa
CIVIL. VENDA. ASCENDENTE A DESCENDENTE. ATO ANULÁVEL.
1 - A venda de ascendente a descendente, sem a anuência dos demais, se-
gundo melhor doutrina, é anulável e depende da demonstração de prejuízo
pela parte interessada. Precedentes.
Ementa
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. VENDA DE ASCENDENTE A DES-
CENDENTE, SEM O CONSENTIMENTO DOS DEMAIS DESCENDENTES.
34 • capítulo 1
AÇÃO DE NULIDADE/ANULAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE COTAS DE
SOCIEDADE EMPRESARIAL. ART. 1.132 DO CÓDIGO CIVIL/1916. NU-
LIDADE RELATIVA.
PRECEDENTE DA EG. SEGUNDA SEÇÃO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO
capítulo 1 • 35
4. Não se constata, portanto, qualquer ofensa aos dispositivos invocados
(CPC, arts. 249, § 1º, 330, I, e 334, II; CC/1916, arts. 145, IV e V, e 1.132)
no apelo nobre (CF, art. 105, III, "a").
5. Ademais, em face do julgamento, pela Eg. Segunda Seção, do mencio-
nado EREsp 668.858/PR, de relatoria do eminente Ministro FERNANDO
GONÇALVES resta superado o dissídio pretoriano aventado
(CF, art. 105, III, "c").
6. Recurso especial conhecido e desprovido.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
1. a citação dos réus.
2. que seja julgado procedente o pedido para anular o negócio jurídico
celebrado entre os réus.
3. a condenação dos réus aos ônus da sucumbência.
DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos
369 e seguintes do CPC, em especial documental e depoimento pessoal dos réus.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ 200.000,00.
Pede deferimento.
36 • capítulo 1
2
Resposta do Réu
Quanto à resposta do réu, pelo Novo Código de Processo Civil (lei nº
13.105/2015), prevista na Parte Especial, Livro I, Título I (Do Procedimento Co-
mum), deve-se ater neste estudo, em um primeiro momento, à regra procedi-
mental. O pretérito Código de Processo Civil de 1973 fazia previsão específi-
ca no Livro I, Processo de Conhecimento, sobre a existência do procedimento
comum ordinário e o sumário, agora a regra contida na lei processual, Parte
Geral, Livro I, Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento de Sentença,
Título I, é o procedimento comum (art. 318, caput do CPC), inexistindo a divi-
são entre sumário e ordinário.
Seguindo o estudo dos procedimentos, a lei nº 13.105/2015, além de prever
o rito comum, artigo 318, também aduz a cerca os Procedimentos Especiais de
Jurisdição Contenciosa e Voluntária e ao Processo de Execução.
CURIOSIDADE
Antes de o Novo CPC aduzir sobre o rito comum, o pretérito CPC, Lei 5.869, de 11 de janeiro
de 1973, fazia a alusão a dois procedimentos comuns, artigo 272 do CPC/73, quais sejam:
ordinário e sumário. Artigo 272, caput. “O procedimento comum é ordinário ou sumário”.
ATENÇÃO
O antigo rito sumário estabelecido no artigo 275, incisos I e II do Código de Processo Civil de
1973, não está mais presente neste novo código, porém, no que tange ao seu inciso II, este
agora está enquadrado dentro dos Juizados Especiais Cíveis, lei nº 9.099/1995, artigo 3°,
inciso II, conforme determina o artigo 1.063 do Novo CPC.
Esta regra será aplicada até que sobrevenha uma lei especial que discipline especifica-
mente este assunto, in verbis:
Art. 1.063. “Até a edição de lei específica, os juizados especiais cíveis pre-
vistos na lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, continuam competentes
38 • capítulo 2
para o processamento e julgamento das causas previstas no art. 275, inciso
II, da lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973”.
capítulo 2 • 39
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes.
ATENÇÃO
O Novo Código de Processo Civil, lei nº 13.105/2015, apresenta apenas a contestação e a
reconvenção como modalidades de resposta do réu. Não há mais a peça de resposta deno-
minada exceção, que existia no Código de Processo Civil de 1973, em que esta poderia ser
apresentada pelo réu para alegar incompetência relativa, impedimento ou suspeição do juiz.
Agora, o impedimento (artigo 144 Novo CPC) ou a suspeição do juiz (artigo 145) devem
ser apresentados em petições autônomas (artigo 146), e, conforme se verá a seguir, a in-
competência relativa deverá ser alegada em preliminar de contestação.
O réu será citado, por meio de mandado dúplice, para contestar a demanda
e comparecer à audiência de conciliação ou mediação.
O que é a citação? O antigo CPC determinava que “citação é o ato pelo qual
se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender”. A nova lei de
ritos, no artigo 238, foi mais adequada e técnica ao determinar que “citação é
o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para inte-
grar a relação processual”.
40 • capítulo 2
CURIOSIDADE
O que vem a ser um Mandado Dúplice? É o mandado em que o réu é citado para contestar
e intimado a comparecer a uma audiência antes da contestação. Será uma audiência de
conciliação ou mediação, artigo 334 do CPC.
Dispõe o caput da norma: “Art. 334 do CPC. Se a petição inicial preencher os requisitos
essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de
conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado
o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.”
ATENÇÃO
É importante frisar que o autor poderá abrir mão da audiência de conciliação ou mediação,
prevista na redação do artigo 334 do CPC, conforme dispõe o artigo 319, inciso VII da lei:
“Art. 319. A petição inicial indicará: VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência
de conciliação ou de mediação.” Assim, o autor ao elaborar a petição inicial deve demonstrar
e pleitear ao juiz que não tem interesse em realizar a audiência de conciliação ou mediação,
contudo esse requerimento será analisado pelo magistrado que poderá deferir ou indeferir.
Artigo 334, § 4° do CPC, permite que a audiência de conciliação ou mediação não seja
realizada: “se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição
consensual ou quando não se admitir a autocomposição.”
capítulo 2 • 41
Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15
(quinze) dias, cujo termo inicial será a data:
I – da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conci-
liação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver
autocomposição.
CURIOSIDADE
Causas de impedimento do juiz no processo: ações em que interveio como mandatário da
parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou de-
poimento como testemunha; demandas de que conheceu em outro grau de jurisdição, ten-
do proferido decisão; quando nela estiver postulando, como defensor público, advogado ou
membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consan-
guíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; quando for parte no
processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; quando for sócio ou membro de direção
ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; quando for herdeiro presuntivo,
donatário ou empregador de qualquer das partes; em que figure como parte instituição de
ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de
serviços; em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, com-
panheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; quando promover ação
contra a parte ou seu advogado.
CURIOSIDADE
Causas de suspeição do juiz no processo: quando for amigo íntimo ou inimigo de qualquer
das partes ou de seus advogados; quando receber presentes de pessoas que tiverem inte-
resse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes
acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;
quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro
ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; quando for interessado no
julgamento do processo em favor de qualquer das partes.
42 • capítulo 2
2.1 Contestação
A lei processual civil permite ao réu, na sua fase de resposta, manifestar-se ou
quedar-se inerte. Uma das formas de resposta do réu é a contestação, que desta-
ca Neves ser a resposta defensiva deste, representando a forma processual pela
qual se insurge contra a pretensão do autor.
Continua o autor afirmando que a inércia do réu gerará em regra a sua re-
velia, que esclarece ser o “fenômeno ligado à inexistência jurídica de contesta-
ção”. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e assim presumir-se-
-ão como verdadeiras as alegações de fato do autor, conforme dispõe o capítulo
VIII, do Título I, Livro I, Parte Especial, artigo 344 do CPC, in verbis:
“Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-
se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.”
Diante do tema Revelia, é bom destacar que não será produzido o efeito
mencionado na redação do artigo 344 se, havendo pluralidade de réus, algum
deles contestar a ação; o litígio versar sobre direitos indisponíveis; a petição ini-
cial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável
à prova do ato; as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis
ou estiverem em contradição com prova constante dos autos, artigo 345 e seus
incisos do CPC.
De toda sorte, após todo o narrado no capítulo da resposta do réu, o arti-
go 335 do CPC concede ao réu, no procedimento comum (artigo 318 do CPC),
Livro I, Título I, prazo de 15 dias para que este venha a contestar a demanda
proposta pelo autor. Artigo 335, caput. “O réu poderá oferecer contestação, por
petição, no prazo de 15 (quinze) dias [...].”
capítulo 2 • 43
III – prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos
demais casos.
44 • capítulo 2
A contestação possui prazo preclusivo para a sua apresentação, 15 dias, con-
tados, conforme determina o artigo 335 do CPC, como termo inicial, a data da
audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação,
quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver auto-
composição; do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conci-
liação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art.
334, § 4o, inciso I ou ainda nos moldes do art. 231, de acordo com o modo como
foi feita a citação.
capítulo 2 • 45
e a ordenação dos fatos a serem investigados. É o princípio em que caberá ao
réu, em sua peça de resposta, alegar todas as defesas que tiver contra o pedido
do autor, ainda que sejam incompatíveis entre si, pois, na eventualidade de o
juiz não acolher uma delas, passa a examinar a outra. Caso o réu não alegue, na
contestação, tudo o que poderia, terá havido preclusão consumativa, estando
impedido de alegar qualquer outra matéria de defesa depois da contestação,
salvo o disposto no artigo 342 do Código de Processo Civil.
Fernanda Tartuce et al., em sua obra Manual de Prática Civil (2012), destaca
que:
É importante consignar que, na contestação, o advogado deve atentar a as-
pectos de extrema relevância: toda matéria de defesa deverá ser apresenta-
da em um único momento (princípio da eventualidade), pois caso não haja
impugnação de ponto específico da inicial (ônus da impugnação específica),
presumi-se-á que tal fato é verdadeiro.
CURIOSIDADE
O que vem a ser preclusão consumativa? A “Preclusão consumativa ocorre ‘quando a fa-
culdade processual já foi exercida validamente’. Funda-se ela, segundo FREDERICO MAR-
QUES, na regra do non bis in idem.” (Humberto Theodoro Júnior. Revista Jurídica, n. 273)
46 • capítulo 2
III – por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer
tempo e grau de jurisdição.
2.2 Preliminares
Como dito acima, as preliminares são defesas processuais em que o reú arguiu
na contestação algum defeito processual apresentado pelo autor. O objetivo do
réu quando alega a existência de preliminares não é discutir o mérito da cau-
sa, mas, como afirma Marinoni, é “impedir ou dificultar o exame da relação
substancial, apontando algum defeito que impedirá ou retardará a análise da
questão de fundo”.
O artigo 337 do CPC impõe que antes, de discutir o mérito, deverá o réu, em sua
contestação, alegar: inexistência ou nulidade da citação; incompetência abso-
luta e relativa; incorreção do valor da causa; inépcia da petição inicial; peremp-
ção; litispendência; coisa julgada; conexão; incapacidade da parte, defeito de
representação ou falta de autorização; convenção de arbitragem; ausência de
legitimidade ou de interesse processual; falta de caução ou de outra prestação
que a lei exige como preliminar; indevida concessão do benefício de gratuidade
de justiça.
capítulo 2 • 47
de outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII – indevida concessão
do benefício de gratuidade de justiça.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, ga-
rantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabili-
dade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido pro-
cesso legal;
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes;
Citação inexistente é a que não foi feita por nenhuma das formas previstas
na lei processual. Citação nula é aquela que não observa as regras determina-
das nos artigos da pátria lei de ritos. Assim, as citações que forem feitas sem
observar as regras jurídicas a ela referentes são consideradas nulas.
A nulidade não permite atingir a finalidade do ato citatório. É bom lembrar
a regra estabelecida no art. 239, § 1° do CPC, que dispõe que o comparecimento
espontâneo do réu supre a falta de citação.
48 • capítulo 2
a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação
de contestação ou de embargos à execução.
capítulo 2 • 49
Impõe ainda a norma que, acolhida a preliminar de incompetência absolu-
ta ou relativa, os autos devem ser remetidos ao juízo competente, § 3°do citado
artigo.
Quanto à incompetência absoluta, esta pode ser declarada a qualquer tem-
po e grau de jurisdição (art. 64, § 1°, do CPC). Não pode ser modificada, caben-
do ao réu, uma vez verificada, argui-la na primeira oportunidade que tiver.
Dispõe o artigo 64:
Quanto à incompetência relativa, que caberá ser narrada pelo réu em preli-
minar de contestação, verificar-se-á quando a demanda não observou o critério
de competência quanto à territorialidade e valor da causa. Caso o legitimado
passivo não alegue a incompetência relativa em preliminar de contestação, esta
se prorrogará, conforme determina a regra do artigo 65 do CPC.
Outro ponto importante é que esta incompetência relativa também pode
ser suscitada pelo Ministério Público nas causas em que caberá a este atuar,
parágrafo único, artigo 65 do CPC.
Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a
incompetência em preliminar de contestação.
Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério
Público nas causas em que atuar.
Poderá ainda ser modificada pela conexão e continência. “Artigo 54. A com-
petência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, obser-
vado o disposto nesta Seção.”
Existindo a alegação de incompetência relativa ou absoluta pelo réu, a
contestação poderá ser protocolada no foro do domicílio deste, devendo este
50 • capítulo 2
fato ser comunicado imediatamente ao juiz da causa, artigo 340 do CPC.
Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo ao qual foi apre-
sentada a contestação será considerado prevento.
CURIOSIDADE
O que é prevenção? Prevenção é um critério de confirmação e manutenção da competência
do juiz que conheceu a causa em primeiro lugar, perpetuando a sua jurisdição e excluindo
possíveis competências concorrentes de outros juízos. Por se tratar de matéria de ordem
pública, não se sujeita à preclusão, podendo ser alegada a qualquer tempo. 1
CURIOSIDADE
O antigo CPC de 1973 fazia menção apenas à preliminar de incompetência absoluta (pre-
térito artigo 301, inciso II do CPC/1973), devendo, pela pretérita norma, a incompetência
relativa ser alegada em outra peça de resposta que tinha o nome de Exceção (artigo 304
CPC/1973).
Redação do artigo 304 CPC/1973: “É lícito a qualquer das partes arguir, por meio de
exceção, a incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135).”
capítulo 2 • 51
2.2.1.3 Incorreção do valor da causa
Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conte-
údo econômico imediatamente aferível.
Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atri-
buído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito,
impondo, se for o caso, a complementação das custas.
Pelo antigo CPC de 1973, a incorreção do valor da causa, que hoje é alega-
da em preliminar de contestação, era suscitada pelo réu por meio de um in-
cidente processual denominado Impugnação ao valor da causa (artigo 261 do
CPC/1973), que tinha o seu processamento fora da causa principal, em autos
apensados.
Nesta peça processual, o impugnante (réu) se insurgia contra o valor dado à
causa pelo impugnado (autor).
CURIOSIDADE
Redação do artigo 261 do antigo CPC/1973. “O réu poderá impugnar, no prazo da contesta-
ção, o valor atribuído à causa pelo autor. A impugnação será autuada em apenso, ouvindo-se
o autor no prazo de 5 (cinco) dias. Em seguida o juiz, sem suspender o processo, servindo-
se, quando necessário, do auxílio de perito, determinará, no prazo de 10 (dez) dias, o valor
da causa. Parágrafo único. Não havendo impugnação, presume-se aceito o valor atribuído à
causa na petição inicial”.
52 • capítulo 2
2.2.1.4 Inépcia da Petição Inicial
CURIOSIDADE
A redação do artigo 330 do CPC apresenta outras causas de indeferimento da petição ini-
cial; são elas: “Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I – for inepta; II – a parte for
manifestamente ilegítima; III – o autor carecer de interesse processual; IV – não atendidas as
prescrições dos arts. 106 e 321.”
A lei de ritos traz um benefício ao autor (artigo 321 do CPC), que, ao elaborar
a sua petição inicial, deixa de apreciar as formalidades contidas nos artigos 319
e 320 do CPC ou que, ainda, apresenta defeito e alguma irregularidade capaz de
dificultar o julgamento de mérito. Nesse caso, poderá o juiz determinar ao au-
tor para, dentro do prazo de 15 dias, emendar ou completar a inicial, sob pena
de indeferimento da petição inicial.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos
dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
capítulo 2 • 53
dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15
(quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve
ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição
inicial.
2.2.1.5 Perempção
Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a
que a parte proponha de novo a ação., § 3o Se o autor der causa, por 3 (três)
vezes, a sentença fundada em abandono da causa, não poderá propor nova
ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a
possibilidade de alegar em defesa o seu direito.
54 • capítulo 2
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e
IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito
em julgado.
2.2.1.6 Litispendência
Essa preliminar, prevista no artigo 337, inciso VI do CPC, uma vez narrada
pelo réu e verificada pelo juiz, por se tratar de vício processual peremptório, não
provoca a reunião de processos, mas pura e simplesmente haverá a extinção do
processo sem resolução do mérito, conforme artigo 485, inciso V do CPC. Neste
caso, a segunda ação, na qual a litispendência será arguida como preliminar de
contestação, não poderá prosseguir, devendo o processo ser extinto sem reso-
lução do mérito.
capítulo 2 • 55
Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que
a parte proponha de novo a ação.
§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos
I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do
vício que levou à sentença sem resolução do mérito.
De acordo com o artigo 485, § 3º, é bom lembrar que poderá o juiz de ofício
reconhecer a litispendência.
56 • capítulo 2
Uma vez verificado o fenômeno da coisa julgada, conforme dispõe o artigo
485, inciso V do CPC, não haverá resolução do mérito, in verbis:
Como escreve Santos, a coisa julgada existe para “impedir que se reproduza
a mesma lide em novo processo, com a violação do princípio da unicidade da
relação processual, tem o réu a exceção da coisa julgada”.
Para ser alegada, a coisa julgada deve preencher dois requisitos: 1º) a ação
em que se alega a coisa julgada e a anteriormente proposta devem ser idênticas;
2º) a necessidade de existir um processo findo, com sentença transitada em
julgado.
Daniel A. Assumpção Neves esclarece que:
Ainda de acordo com o artigo 485, § 3°, poderá o juiz de ofício reconhecer a
coisa julgada.
2.2.1.8 Conexão
capítulo 2 • 57
Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela
continência, observado o disposto nesta Seção.
É uma defesa processual de natureza dilatória, uma vez que não extingue
o processo sem resolução do mérito, apenas ocasiona a reunião dos processos
para o julgamento conjunto.
A fixação da competência dá-se por prevenção. A regra contida no artigo 58
deixa cristalino que “a reunião das ações propostas em separado far-se-á no juí-
zo prevento, onde serão decididas simultaneamente”. O registro ou a distribui-
ção da petição inicial torna prevento o juízo, artigo 59 do CPC.
58 • capítulo 2
CURIOSIDADE
Continência e o Novo CPC. O artigo 56 da lei de ritos deixa claro que “dá-se a continência
entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pe-
dir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais”. Assim como escreve
Gustavo Garcia:
Quando houver continência e a ação continente (de objeto mais amplo) tiver
sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida (de pedido
menos amplo) deverá ser extinto sem resolução de mérito. Caso contrário, as
ações serão necessariamente reunidas (art. 57 do CPC).
E continua o autor: “portanto, apenas se a ação continente tiver sido ajuizada depois da
ação contida é que deverão ser reunidas para julgamento conjunto”. Na hipótese contrária,
não haverá a reunião das ações, “pois o processo originário da ação de menor alcance deve
ser extinto sem resolução do mérito”.
Da mesma forma que na conexão, a reunião das ações se faz na forma do artigo 58 do
CPC, ou seja, no juízo prevento, devendo ser decididas simultaneamente.
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser
mais amplo, abrange o das demais.
Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta
anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença
sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente
reunidas.
capítulo 2 • 59
parte e demanda regular. O que nos interessa neste estudo é a capacidade de
ser parte. A capacidade de ser parte é diferente da capacidade processual e da
capacidade postulatória.
A capacidade de ser parte é a capacidade de direito e obrigações de or-
dem civil, que toda pessoa natural ou jurídica possui, art. 1º e 2º, do Código
Civil/2002.
A capacidade de direito não pode ser recusada ao indivíduo, mas pode so-
frer restrições legais quanto ao seu exercício. A capacidade processual é a ca-
pacidade de estar em juízo, consagrada no artigo 70 do CPC, in verbis: “Toda
pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar
em juízo.”
A capacidade processual pode ser plena, que é quando o seu titular exercer
livremente os seus direitos, ou restrita, quando o titular deverá ser representa-
do ou assistido.
Os incapazes, seja relativamente ou absolutamente (artigo 3 e 4 do CC/2002),
serão, na forma do artigo 71, representados ou assistidos por seus pais, tutor ou
curador.
Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou
por curador, na forma da lei.
60 • capítulo 2
a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem perso-
nalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens; a
pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de
sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil; o condomínio, pelo
administrador ou síndico.
capítulo 2 • 61
Não se pode deixar de lembrar que não é admitido ao advogado postular em
juízo sem procuração, a não ser que seja para evitar preclusão, decadência ou
prescrição, ou para praticar ato considerado urgente, 104 do CPC.
Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente ins-
crito na Ordem dos Advogados do Brasil.
Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver ha-
bilitação legal.
Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração,
salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato
considerado urgente.
62 • capítulo 2
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
VII – acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quan-
do o juízo arbitral reconhecer sua competência;
A lei de Arbitragem, lei nº 9.307/1996, logo em seu artigo 1º, dispõe que “as
pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir lití-
gios relativos a direitos patrimoniais disponíveis”.
A norma arbitral elucida sobre a possibilidade de as partes submeterem
ao juízo arbitral para a solução de seus conflitos, mediante convenção de ar-
bitragem, assim compreendida a cláusula compromissória e o compromisso
arbitral, artigo 3º.
capítulo 2 • 63
Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes sub-
metem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial
ou extrajudicial.
§ 1º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos autos, peran-
te o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda.
§ 2º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito particular,
assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público.
Art. 10. Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral:
I – o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes;
II – o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o caso, a
identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros;
III – a matéria que será objeto da arbitragem; e
IV – o lugar em que será proferida a sentença arbitral.
De acordo com o Novo CPC, para propor uma demanda é necessário interesse
e legitimidade, artigo 17.
A legitimidade pode ser tanto do polo ativo (autor) quanto do polo passivo
(réu). A doutrina pátria classifica a legitimidade em ordinária e extraordinária –
esta última é a figura do substituto processual.
A legitimidade ordinária está ligada ao titular ou sujeito da relação jurídica
objeto do processo que sofreu a ameaça ou a lesão ao direito, é a regra contida
no caput do artigo 18 do CPC, que determina que ninguém poderá pleitear di-
reito alheio em nome próprio.
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando
autorizado pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá inter-
vir como assistente litisconsorcial.
64 • capítulo 2
A legitimidade extraordinária ou substituto processual é quando o autor da
demanda propõe ação em nome próprio na defesa de interesse alheio, que so-
mente é cabível quando autorizado pelo ordenamento jurídico, conforme ar-
tigo 18 do CPC. Havendo substituição processual, o substituto poderá intervir
no processo como assistente litisconsorcial, artigo 18, parágrafo único do CPC.
Essa preliminar de contestação prevista no artigo 337, inciso XI, admite ao
réu, antes de discutir o mérito, alegar ausência de legitimidade ou de interesse
processual. Quando não houver interesse ou legitimidade, haverá a extinção do
processo sem resolução do mérito, aos moldes do artigo 485, inciso VI do CPC.
Ainda de acordo com o artigo 485, agora com base em seu § 3°, é bom lem-
brar que poderá o juiz de ofício reconhecer a ausência de legitimidade ou de
interesse processual.
Quando o réu, na contestação, art. 338 do CPC, alegar ser parte ilegítima ou
não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, no prazo
de 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Caso
ocorra a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários
ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do
valor da causa, ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º, conforme
disciplina a redação do parágrafo único do artigo 338 do CPC.
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o
responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze)
dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e
pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre
três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos
do art. 85, § 8º.
capítulo 2 • 65
O artigo 339 do CPC determina que, quando o réu alegar sua ilegitimida-
de, incumbe a ele indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre
que tiver conhecimento, sob pena de ter de arcar com as despesas processuais e
ainda indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujei-
to passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob
pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos
prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias,
à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda,
o parágrafo único do art. 338.
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição
inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
ATENÇÃO
Ausência de litisconsórcio passivo necessário. Pela regra do artigo 114 do CPC, haverá litis-
consórcio necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica con-
trovertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.
Assim, artigo 115, parágrafo único, nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz
determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do
prazo que assinar, sob pena de extinção do processo.
66 • capítulo 2
Vale, ao final desta reflexão, trazer o texto do prof. Afrânio Silva Jardim sobre o novo CPC
e as condições da ação.
capítulo 2 • 67
o processo deva ser extinto porque um ato, praticado lá no final, seja nulo ou
anulável. Temos de fazer a distinção pela natureza dos "institutos" e por suas
consequências.
Irrelevante o fato de o novo código de processo civil não ter se referido ao
pedido juridicamente impossível, com hipótese de extinção do processo sem
enfrentamento do mérito. Na última edição de seu Manual de Direito Proces-
sual Civil (existe excelente tradução de Cândido Dinamarco) também Enrico
Liebman omitiu tal condição da ação, por entendê-la questão de mérito. Tema
também controvertido. O pedido de prisão de algum devedor por ato ilícito,
formulado em uma ação de indenização ou cobrança, seria apreciado pelo
juiz ao final do processo? Haveria uma resolução do mérito do processo? No
processo penal, o pedido de pena de morte ou açoite, pela prática de um la-
trocínio, suscitaria uma decisão de mérito? Note-se que também no processo
civil temos ou podemos ter condições específicas para determinadas ações,
como a prova pré-constituída no mandado de segurança, segundo entendem
alguns autores.
Em trabalho recente, ainda não publicado, mas divulgado pela internet, reite-
rei o que de há muito venho sustentando em palestras e nas minhas obras: a
originalidade é também uma condição para o regular exercício do direito de
ação. Para se admitir a ação, é necessário que não existam a litispendência
ou a violação à coisa julgada. Nestas hipóteses, o segundo processo não deve
ser anulado, mas extinto sem resolução do mérito. O que se proíbe é a dupli-
cidade da ação e isso nada tem a ver com a validade dos atos processuais.
Em suma, o novo Cod. Proc. Civil vai nos levar a crer que ação e processo são
categorias idênticas? Se são distintas, não podem deixar de ter pressupos-
tos, condições, requisitos (ou outro nome qualquer) diferentes. É até mesmo
intuitivo.
Assim, a existência de uma categoria jurídica não depende de sua previsão
expressa na lei, mas pode depender do próprio sistema. Por exemplo, a exi-
gência de prova mínima para a admissibilidade da ação penal condenatória
não está expressa no Cod. Proc. Penal e todos são unânimes em não aceitar
ação penal condenatória sem que a denúncia ou queixa tenham algum lastro
em prova no inquérito ou nas peças de informação. Entendemos que não bas-
tam alguma prova da autoria e alguma prova da existência material, mas se
fazem necessárias também prova mínima da culpabilidade e da ilicititude da
conduta penalmente relevante, (hoje, abandono a polêmica expressão “justa
68 • capítulo 2
causa” e a substituo por “por suporte probatório mínimo”, como quarta condi-
ção para o regular exercício da ação penal condenatória.
(SILVA JARDIM, 2015)
2.2.1.12 Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar
Quando a caução for legalmente exigida, o autor deverá prestar a caução. A falta
de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar está enunciada
no artigo 337, inciso XII do CPC.
capítulo 2 • 69
Parágrafo único. Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas pro-
cessuais que tiver deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o
décuplo de seu valor a título de multa, que será revertida em benefício da
Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita em dívida ativa.
70 • capítulo 2
CURIOSIDADE
Justiça gratuita para pessoa jurídica, Súmula 481 do STJ: “Faz jus ao benefício da justiça
gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de
arcar com os encargos processuais”.
2.4 Mérito
Utilizado na contestação, o Mérito é a defesa que impugna o direito do autor. É
denominada de defesa material e considerada a defesa por excelência do réu,
em que, segundo Marinoni, “procura ele impugnar diretamente as questões
de fundo (do mérito) da causa”. E continua o autor esclarecendo que “as de-
fesas de mérito, apresentadas pelo réu, podem tanto dizer respeito ao próprio
pedido formulado pelo autor como aos fundamentos, e então a defesa tentará
desacreditá-los como elementos válidos para o acolhimento da pretensão do
demandante”.
capítulo 2 • 71
O mérito pode ser dividido em: defesas materiais diretas e defesas materiais
indiretas. A defesa material direta se caracteriza por negar os fatos constitu-
tivos do autor, atacando a sua própria pretensão ou negando que esses fatos
produzam as consequências jurídicas que o autor aduziu. Na defesa material
indireta, o réu alega fato novo que consiste em opor fato modificativo, impedi-
tivo ou extintivo do direito do autor.
É aqui, no Mérito, que o réu deverá, na sua peça prático-profissional, contes-
tar, impugnar a narrativa de fatos do autor, apresentando a sua versão dos fa-
tos, que deverão ser narrados, em ordem cronológica, do ponto de vista do réu,
com especial atenção ao ônus da impugnação especificada dos fatos alegados
pelo Autor, sob pena de confissão ficta.
CURIOSIDADE
O que é ônus da impugnação especificada dos fatos alegados pelo Autor? É a regra contida
no artigo 341 do CPC, em que o réu deve impugnar todos os fatos narrados pelo autor em
sua petição inicial, pois o que não for combatido por aquele será, para o juiz, considerado
verdadeiro (prevenção de veracidade). Dessa forma, se o autor, na sua petição inicial, alegar,
por exemplo, 7 fatos, deve o réu necessariamente impugnar de forma específica cada um
dos 7 fatos alegados pelo autor. Essa obrigatoriedade vem do Princípio do Ônus da Defesa
Especificada. O fato não contestado torna-se incontroverso, ou seja, ele não sofreu contes-
tação (controvérsia).
72 • capítulo 2
A mesma regra legal trazida na redação do caput do artigo 341 do CPC apre-
senta exceção ao Princípio do Ônus da Defesa Especificada, quando destaca:
“salvo se: I – não for admissível, a seu respeito, a confissão; II – a petição ini-
cial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substân-
cia do ato; III – estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu
conjunto”.
Quanto ao inciso I, “não for admissível, a seu respeito, a confissão”, trata-se
de casos de Direitos Indisponíveis, pois não admitem confissão já que não há
como confessar uma coisa da qual não se dispõe, como os Direitos Difusos.
O Inciso II, “a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que
a lei considerar da substância do ato”, aqui, ainda que o réu não ofereça a con-
testação, o autor terá de provar determinado fato alegado através do instrumen-
to que a lei considerar indispensável.
Inciso III, “estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu
conjunto”, o Princípio do Ônus da Defesa Especificada também não poderá ser
aplicado quando houver uma incompatibilidade entre os fatos alegados pelo
autor e a defesa proposta pelo réu.
Também é importante esclarecer que, nas hipóteses de o réu ser defendido
por defensor público, advogado dativo ou curador especial, como esses fazem
uma defesa com base na negativa geral dos fatos, não há que se falar em serem
considerados verdadeiros os demais fatos não impugnados diretamente pelo
réu, conforme previsto no art. 341, parágrafo único, do CPC.
2.5 Pedido
O pedido deve ser elaborado na ordem da narrativa de defesa do réu. Pela reda-
ção do artigo 351 do CPC, quando o réu, em sua peça de resposta, contestação,
alegar qualquer uma das hipóteses do artigo 337, isto é, preliminares, o autor
deverá ser ouvido, no prazo de 15 (quinze) dias, in verbis:
“Art. 351. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no art. 337, o
juiz determinará a oitiva do autor no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe
a produção de prova.”
capítulo 2 • 73
Existindo na narrativa da resposta do réu preliminares dilatórias e prelimi-
nares peremptórias, deve-se primeiro elaborar os pedidos das preliminares di-
latórias, uma vez que estas são vícios sanáveis. Neste caso, feito o pedido pelo
legitimado passivo, caberá ao juízo determinar providências ao autor para que
este cumpra a determinação judicial. Após o(s) pedido(s) pertinente(s) acerca
das preliminares dilatórias, caberá ao réu continuar a elaboração deles com as
preliminares peremptórias, caso existentes.
A redação do artigo 485 do CPC nos dá o rol das hipóteses em que o processo
será extinto sem resolução do mérito, verificando-se aqui algumas das prelimi-
nares narradas no artigo 337 do CPC, como indeferimento da petição inicial
(inépcia da petição inicial), perempção, litispendência, coisa julgada, ausência
de legitimidade ou de interesse processual, de convenção de arbitragem.
74 • capítulo 2
2.6 Provas
Prova é o elemento processual que influenciará na decisão do magistrado, seja
esta decisão no curso ou no final do processo. Neste sentido, Scarpinella Bueno
afirma que “prova é a palavra que deve ser compreendida para os fins que aqui
interessam como tudo que puder influenciar, de alguma forma, na formação
da convicção do magistrado.”
Como escreve Daniel Amorim Assumpção Neves:
capítulo 2 • 75
2.7 Peça prático-profissional
A peça prático-profissional deve ser elaborada com espaçamento 1,5 entre li-
nhas, em Fontes do Tema Times New Romam, tamanho 12.
Deve-se destacar, isto é, colocar em caixa alta, os seguintes títulos: compe-
tência (o juiz ou tribunal a que é dirigida); legitimado passivo (nome completo),
ação, legitimado ativo (nome completo), o nome da peça prático-profissional
(contestação); preliminares (se houver); prejudiciais de mérito (se houver); mé-
rito; pedidos e provas.
(espaço de 5 linhas)
(NOME COMPLETO DA PARTE RÉ), já qualificada, por seu advogado, com ende-
reço profissional na (endereço completo), onde deverá ser intimado para dar andamen-
to aos atos processuais, nos autos da AÇÃO _________, pelo rito _______, movida por
(NOME COMPLETO DA PARTE AUTORA), vem a este juízo, oferecer/ou apresentar:
CONTESTAÇÃO,
76 • capítulo 2
PRELIMINARES (defesas processuais, artigo 337 do CPC)
Dilatórias (narrar primeiro as preliminares dilatórias para somente depois narrar as pe-
remptórias)
Peremptórias
PREJUDICIAL DE MÉRITO
(caso exista no caso concreto)
MÉRITO
(espaço de uma linha)
PEDIDO
(espaço de uma linha)
capítulo 2 • 77
Diante do exposto, requer a V. Exa.:
1 – o acolhimento da preliminar (dilatória) com a consequente ....
2 – o acolhimento da preliminar (peremptória) com a extinção do processo sem julgamen-
to do mérito (preliminares peremptórias do art. 485 do CPC).
3 – o reconhecimento da (prejudicial de mérito) e a extinção do processo com julgamento
do mérito.
4 – no mérito, a improcedência do pedido autoral.
5 – a condenação do Autor aos ônus da sucumbência (custas judiciais e honorários de
advogado).
PROVAS
Hospital Cuidamos de Você Ltda., com sede na cidade do Rio de Janeiro, pro-
pôs em face de Cláudia, brasileira, casada, residente no município do Rio de
Janeiro, Ação de Cobrança, pelo rito ordinário, por ser credor da quantia de R$
60.000 (sessenta mil reais) através de cheque emitido pela mesma no dia 28 de
abril de 2015.
Cláudia procura você, advogado(a), munida de mandado de citação expe-
dido pela 6ª Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital do Estado do Rio
78 • capítulo 2
de Janeiro, afirmando que, no dia 17 de abril de 2015, acompanhou o seu ma-
rido, Diego, ao hospital, pois o mesmo havia sofrido fratura exposta na perna
direita, conforme diagnóstico médico, o que determinou a realização de uma
cirurgia de emergência. Afirma ainda que todo o procedimento médico a que
Diego se submeteu foi custeado pelo Plano de Saúde Minha Vida, conveniado
ao hospital.
Ocorre que, mesmo após a autorização do plano de saúde para a realização
do procedimento cirúrgico, a direção do hospital exigiu que Cláudia emitisse
um cheque no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), como garantia de paga-
mento dos serviços médicos que seriam prestados a Diego.
Diante do ocorrido, elabore a peça judicial cabível para a defesa dos interes-
ses de Cláudia.
Processo n° ...
CONTESTAÇÃO,
PRELIMINAR
Incompetência Absoluta
Cabe esclarecer que no caso concreto há a incompetência absoluta, conforme art.
337, II, do CPC, uma vez que a matéria objeto da lide não e de interesse nem do estado
nem do município quando caberia ser aplicada a regra de competência especializada da
Vara de Fazenda Pública. Neste caso, o correto seria distribuir a demanda para uma das
Varas Cíveis deste juízo.
capítulo 2 • 79
Sobre a incompetência absoluta destaca Arruda Alvim, Manual de Direito Processual
Civil – primeira parte, 13 edição:
“Art. 1º Fica vedada, em qualquer situação, a exigência, por parte dos pres-
tadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referen-
ciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras
Especializadas em Saúde, de caução, depósito de qualquer natureza, nota
promissória ou quaisquer outros títulos de crédito, no ato ou anteriormente
à prestação do serviço”.
E ainda, caberia na presente hipótese afirmar que o autor agiu com vício do negócio
jurídico, estado de perigo, uma vez que se valeu do desespero da ré um salvar seu marido
cobrando desta, portanto obrigação excessivamente onerosa, conforme disposto no artigo
156 do CC/2002.
80 • capítulo 2
Nesse sentido é a jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro, no recurso de Apelação, n. 0007363-45.2010.8.19.0208:
PEDIDO
Diante do exposto, requer a V.Exa.:
1) O acolhimento da preliminar de incompetência absoluta, remetendo-se os autos para
uma das Varas Cíveis da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro.
2) Julgar improcedente o pedido autoral.
3) A condenação da autora ao pagamento dos ônus da sucumbência.
PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369
e seguintes do CPC, em especial documental e depoimento pessoal do autor.
Espera deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB/UF nº...
capítulo 2 • 81
82 • capítulo 2
3
Reconvenção
Pela regra contida na redação do artigo 343 do Novo CPC, a reconvenção será
apresentada na contestação. Conforme dispõe o artigo, na própria contestação,
é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa
com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
Sendo esta oferecida pelo réu, o autor será intimado, na pessoa de seu ad-
vogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias, artigo 343, § 1º
do CPC.
Deve-se observar a regra do § 6º do citado artigo, que afirma que o réu pode
propor reconvenção independentemente de oferecer contestação.
O artigo 343, § 2º do CPC, ainda elucida que a desistência da ação ou a ocor-
rência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao pros-
seguimento do processo quanto à reconvenção.
A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro, e,
quando cabível, poderá ser proposta contra o autor e terceiro, artigo 343, § 4º §
3º, respectivamente.
84 • capítulo 3
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I – acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção.
III – homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na
reconvenção.
ATENÇÃO
O Enunciado nº 45 do IV Encontro do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC),
que ocorreu em dezembro de 2014, com o objetivo de discutir o Novo CPC, aduz que, “para
que se considere proposta a reconvenção, não há necessidade de uso desse nomen iuris, ou
dedução de um capítulo próprio”. Como o objetivo deste livro é um material didático de apoio
ao estudante de Direito, no esqueleto desta peça prático-profissional, a seguir será criado o
tópico da Reconvenção.
Continua o enunciado nº 45 esclarecendo, “contudo, o réu deve manifestar inequivoca-
mente o pedido de tutela jurisdicional qualitativa ou quantitativamente maior que a simples
improcedência da demanda inicial”.
CURIOSIDADE
Pelo antigo CPC/1973, a reconvenção era oferecida pelo réu no mesmo processo, porém
em peça autônoma, e não dentro da contestação, como determina o texto do artigo 343,
caput do CPC.
capítulo 3 • 85
MODELO: PEÇA PROCESSUAL – CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO
(fonte 12, Times New Roman, espaçamento 1,5)
(espaço de 5 linhas)
(espaço de 5 linhas)
(NOME COMPLETO DA PARTE RÉ), já qualificada, por seu advogado, com endereço
profissional na (endereço completo), onde deverá ser intimado para dar andamento aos
atos processuais, nos autos da AÇÃO _________, pelo rito _______, movida por (NOME
COMPLETO DA PARTE AUTORA), vem a este juízo, oferecer/ou apresentar:
CONTESTAÇÃO,
Dilatórias (narrar primeiro as preliminares dilatórias para somente depois narrar as pe-
remptórias)
86 • capítulo 3
Peremptórias
MÉRITO
DA RECONVENÇÃO
capítulo 3 • 87
1 – o acolhimento da preliminar (dilatória) com a consequente ....
2 – o acolhimento da preliminar (peremptória) com a extinção do processo sem julgamen-
to do mérito (preliminares peremptórias do art. 485 do CPC).
3 – Intimação do autor para oferecer resposta a reconvenção.
4 – no mérito, a improcedência do pedido autoral.
5- Julgar procedente a reconvenção para ...
5 – a condenação do autor aos ônus da sucumbência (custas judiciais e honorários de
advogado).
PROVAS
88 • capítulo 3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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capítulo 3 • 89
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