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"Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez.
Thomas Edison
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Capítulo VI
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"I
'1
1 INTRODUÇÃO
Fatores de Trabalho
PRODUÇÃO Produto
Produção Capital
^ Capacidade Empresarial
Neste c a p í t u l o vamos estudar a Teona da P r o d u ç ã o . Os p r i n c í p i o s de p r o d u ç ã o Exemplificando: u m agricultor que produza mjJho p o d e r á obter u m a mesma quan-
estudados neste segmento s ã o fundamentais para o entendmiento da Teoria dos Custos, tidade de p r o d u t o a t r a v é s de u m processo de p r o d u ç ã o que utilize maior quantidade de
a ser exposta no p r ó x i m o c a p í t u l o . trabalhadores e menor quanhdade de m á q u i n a s e equipamentos, tais c o m o tratores e
colhedeiras, o u , altemahvamente, p o d e r á utilizar-se de u m processo de p r o d u ç ã o que u t i -
lize menor quantidade de trabalhadores e maior quantidade de tratores e colhedeiras.
2 ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS Se p e r g u n t á s s e m o s ao agricultor q u a l processo seria escolhido, certamente ele
escolheria o processo de p r o d u ç ã o que fosse mais eficiente. Para que essa resposta tenha
Apresentaremos a seguir alguns conceitos b á s i c o s , f u n d a m e n t a i s para o adequado en-
tendimento deste c a p í t u l o . sentido, é preciso d e f i n i r adequadamente o termo eficiência, fazendo a d i s t i n ç ã o entre
São eles: "eficiência t é c n i c a " e "eficiência e c o n ô m i c a " .
a) Firma (ou empresa) - É u m a unidade técnica que p r o d u z bens e s e r v i ç o s . • Eficiência Técnica: diz-se que u m m é t o d o de p r o d u ç ã o é tecnologicamente o "mais
eficiente" entre os m é t o d o s alternativos conhecidos se p e r m i t i r a o b t e n ç ã o d a
b ) Empresário - É q u e m decide quanto e a maneira pela q u a l u m a o u mais merca-
mesma quantidade de p r o d u t o que os outros processos c o m a utilização de menor
dorias s e r ã o produzidas Ele está sujeito a receber lucros o u incorrer e m p r e j u í z o s , con-
q u a n t i d a d e de todos os fatores de p r o d u ç ã o , o u menor q u a n t i d a d e de pelo m e -
f o r m e o resultado de sua d e c i s ã o .
nos u m f a t o r de p r o d u ç ã o , c o m a q u a n t i d a d e dos demais fatores d e p r o d u ç ã o
c) Fatores de Produção - S ã o os bens e s e r v i ç o s t r a n s f o r m á v e i s e m p r o d u ç ã o . A permanecendo inalterada.
t í t u l o de exemplo, alguns fatores de p r o d u ç ã o na i n d ú s t r i a d e c o n s t r u ç ã o c i v i l s ã o o • Eficiência Econômica: u m m é t o d o de p r o d u ç ã o s e r á considerado "economi-
cimento, a madeira, os tijolos, a á g u a , a m ã o de obra, os s e r v i ç o s de a d m i n i s t r a ç ã o da
camente ehciente" se p e r m i t i r a o b t e n ç ã o da mesma quantidade de p r o d u t o que
empresa construtora etc. Para dar u m exemplo mais simples, os fatores de p r o d u ç ã o u t i -
os m é t o d o s alternativos, ao m e n o r custo p o s s í v e l .
lizados na p r e p a r a ç ã o e venda de cachorro-quente p o r u m vendedor de rua s ã o os p ã e s ,
as salsichas, o f o g ã o , o carrinho e os s e r v i ç o s d o vendedor. Para exemplificar a d i f e r e n ç a entre esses conceitos, suponhamos que o agricultor
d) Produção - Pode ser d e f i n i d a como a t r a n s f o r m a ç ã o dos fatores de . p r o d u ç ã o mencionado anteriormente conseguisse obter, e m sua propriedade, u m a p r o d u ç ã o d e
adquiridos pela f i r m a e m bens Q U serviços para a venda n o mercado. Se a p r o d u ç ã o d á o r i - 10 toneladas de m i l h o p o r m ê s . Para tanto, p o d e r i a ter-se u t i l i z a d o dos fatores de p r o -
gem a u m ú n i c o p r o d u t o , é chamada simples; s e r á m ú l t i p l a caso d ê o r i g e m a mais de d u ç ã o terra, tiabalho e capital da seguinte f o r m a :
u m p r o d u t o . Devemos amda estar atentos para o f a t o de que o conceito de p r o d u ç ã o é
bastante amplo, n ã o se restrmgindo somente à t r a n s f o r m a ç ã o física o u q u í m i c a de fato-
res de p r o d u ç ã o e m bens materiais. Ele abrange t a m b é m a oferta de s e r v i ç o s tais como QUADRO 1
transporte, serviços b a n c á r i o s , c o m é r c i o etc. f/léiodos de produção
e) Produto - Qualquer b e m o u s e r v i ç o resultante de u m processo de p r o d u ç ã o .
Capital Trabalho Produção
f ) Tecnologia - É o conjunto de processos de p r o d u ç ã o conhecidos. Geralmente, exis- Terra (n<i de (no de (em
te mais de uma maneira de se p r o d u z i r uma detemunada mercadoria, abrangendo desde Métoda (ha/mês) tratores/mês) trabalhadores/mês) toneladas/mês)
uma grande quantidade de m ã o de obra e relativamente poucos equipamentos e m á q u i -
A 5 6 17 10
nas a t é pouca m ã o de obra e uma c o n s i d e r á v e l quantidade de m á q u i n a s e equipamentos.
A tecnologia, portanto, especifica todas as possibilidades técnicas pelas quais os fatores de B 5 8 12 10
p r o d u ç ã o p o d e m ser transformados e m produto. De todas as possibilidades d i s p o n í v e i s a
u m a firma, o e m p r e s á r i o selecionará aquela que ele julgar ser a mais eficiente economica- C 5 10 20 10
mente. A técmca economicamente mais eficiente será aquela que p e r m i t i r á a o b t e n ç ã o d o
mesmo n í v e l de p r o d u ç ã o que as técnicas alternativas, ao menor custo possível.
A cada m é t o d o corresponde u m a determinada c o m b m a ç ã o de fatores de p r o d u ç ã o .
Exemplificando: pelo m é t o d o A, 10 toneladas de m i l h o / m ê s s ã o obtidas c o m b i -
3 EFICIÊNCIA TÉCNICA E EFICIÊNCIA ECONÔMICA T j nando-se 5 hectares, 6 tratores e 17 trabalhadores. Pelo m é t o d o B a mesma p r o d u ç ã o é
obtida combinando-se 5 hectares, 8 tratores e 12 trabalhadores. D e acordo c o m o m é t o -
A tecnologia existente à d i s p o s i ç ã o d a empresa p e r m i t e a o b t e n ç ã o de u m d e t e r m i n a d o d o C, as 10 toneladas de m i l h o s ã o obtidas combinando-se 5 hectares, 10 tratores e 20
v o l u m e de p r o d u ç ã o a t r a v é s da u t i l i z a ç ã o de diferentes quantidades d e fatores de p r o - trabalhadores.
d u ç ã o . Assim, u m mesmo v o l u m e de p r o d u t o ' p o d e ser o b t i d o utilizando-se mais m ã o De acordo c o m o exemplo, o m é t o d o C é o menos eficiente tecnologicamente, u m a
de obra e menos capital ( m á q u i n a s , equipamentos e t c ) , o u , alternativamente, menos vez que se u t i l i z a de m a i o r quantidade de fatores de p r o d u ç ã o para obter o mesmo
m ã o de obra e mais capital. v o l u m e de p r o d u t o a l c a n ç a d o a t r a v é s dos m é t o d o s AeB.
222 B Princípios de Economia Capitulo VI Teoria da P r o d u ç ã o ES 223
Para exemplificar, imaginemos u m a f i r m a que fabrique sapatos e m u m tiimo de 8 • Longo Prazo: é d e f i m d o como o p e r í o d o de tempo e m que todos os fatores de pro-
horas. Sua f u n ç ã o de p r o d u ç ã o consistirá n o n ú m e r o máximo de sapatos que p o d e r ã o ser dução são variáveis. E m longo prazo o tamanho da empresa pode mudar. A s s i m ,
produzidos a partir de determinadas quantidades de couro, pregos, fios, energia elétri- ela p o d e aumentar sua capacidade instalada p o r m e i o da a q u i s i ç ã o de novas ins-
ca, tempo de m ã o de obra, m á q u i n a s e equipamentos e á r e a utilizada da oficina, naque- talações e equipamentos. D a mesma f o r m a , e m longo prazo, a empresa p o d e se
le p e r í o d o de 8 horas.
retrair, vendendo seus equipamentos e i n s t a l a ç õ e s , o u simplesmente n ã o os re-
p o n d o à m e d i d a que se depreciam.
5 OS FATORES DE PRODUÇÃO FIXOS E VARIÁVEIS Devemos observar ainda que as d e f i n i ç õ e s apresentadas para curto e longo prazos
são gerais, v a r i a n d o conforme o tipo de empresa. Exemplificando- o curto prazo para
N a a n á h s e d o processo de p r o d u ç ã o , costuma-se classificar os fatores de p r o d u ç ã o u t i - uma empresa de c o n f e c ç ã o s e r á menor que o curto prazo para u m a companhia de nave-
hzados em fixos e variáveis. Vamos, portanto, c o n c e i h i á - l o s : g a ç ã o , operando c o m petroleiros, já que os navios l e v a m m u i t o t e m p o para serem cons-
t r u í d o s . Nesse caso, o curto p r a z o pode d u r a r a t é mesmo v á r i o s anos.
• Fator de Produção Fixo: u m fator de p r o d u ç ã o é d e f i n i d o como f i x o quando a
quantidade desse fator n ã o pode ser m u d a d a de imediato, q u a n d o se deseja u m a
r á p i d a v a r i a ç ã o na p r o d u ç ã o de u m a f i r m a . A a d m i r u s t r a ç ã o , o p r é d i o no q u a l
está instalada uma fábrica, certos tipos de m á q u i n a s e a p r ó p r i a terra (no caso da
7 PRODUÇÃO EM CURTO PRAZO
agricultura) s ã o exemplos de fatores de p r o d u ç ã o que n ã o p o d e m ser aumenta-
dos o u d i m i n u í d o s t ã o rapidamente quanto se queira, u m a vez que a c o n s t r u ç ã o U m a vez conceituados os p e r í o d o s de tempo relevantes para a firma, empreenderemos
de u m n o v o p r é d i o , a compra e i n s t a l a ç ã o de grandes m á q m n a s e equipamentos agora u m a análise da p r o d u ç ã o e m curto prazo. Nosso estudo se c o n c e n t r a r á especifica-
o u a a q m s i ç ã o de novas terras geralmente d e m a n d a m u m c o n s i d e r á v e l p e r í o d o mente nesse p e r í o d o de tempo, porque toda a ç ã o e c o n ô m i c a tem lugar e m curto prazo.
de tempo. Imciaremos c o m o exemplo de u m a fazenda que p r o d u z a trigo. Suponhamos,
• Fator de Produção Variável: o fator de p r o d u ç ã o v a r i á v e l é aquele cuja quantida- e n t ã o , que essa fazenda possua u m a d e t e m u n a d a á r e a c u l t i v á v e l de, p o r exemplo, 10
de pode vanar f a c ü m e n t e , . q u a n d o se deseja aumento o u d i m i n u i ç ã o na p r o d u ç ã o . hectares Trabalhemos, e n t ã o , c o m a h i p ó t e s e de que esse fator de produção permanecerá
M u i t o s tipos de m ã o de obra enquadram-se nessa categoria, u m a vez que, para a fixo e que a mão de obra será o único fator de produção variável, de tal f o r m a que essa fazen-
maioria das circunstâncias, uma f i r m a tem c o n d i ç õ e s de empregar e despedir seus da possa p r o d u z i r volumes maiores de p r o d u ç ã o (trigo) por m e i o d o aumento de seu
trabalhadores sem nenhuma demora c o n s i d e r á v e l . T a m b é m as m a t é r i a s - p r i m a s , a fator de p r o d u ç ã o m ã o de obra. N a verdade, o que desejamos saber é como a p r o d u ç ã o
energia eléfaica e os combustiVeis s ã o , enb^ outros, exemplos de fatores de p r o - de t r i g o se m o d i f i c a à m e d i d a q u e o n ú m e r o de trabalhadores varia.
d u ç ã o que se incluem nessa categoria.
E m termos de f u n ç ã o de p r o d u ç ã o t e r í a m o s :
Q = f(T,L)
6 PERÍODOS DE TEMPO RELEVANTES PARA A FIRMA
onde:
A partir da classificação dos fatores de p r o d u ç ã o e m f i x o s e v a r i á v e i s , estabelece-se a
n o ç ã o , d o s p e r í o d o s de tempo relevantes para a firma, o curto e o longo prazos: T = Terra e L = Trabalho
• Curto Prazo: diz respeito ao p e r í o d o de tempo em que pelo menos um dos fatores de
p r o d u ç ã o empregados na p r o d u ç ã o é fixo. Assim, se o e m p r e s á r i o quiser aumentar Logo,
o v o l u m e físico de p r o d u ç ã o , em curto prazo, só poderá fazê-lo mediante a utilização
mais intensa dos fatores de produção variáveis. Ele pode, p o r exemplo, usar mais horas Q = f(L)
de trabalho com o mesmo c o n j u n t o de m á q u i n a s e equipamentos existentes.
O u seja, o n í v e l de p r o d u t o varia apenas e m fimção (ou depende) de a l t e r a ç õ e s na
E m contrapartida, ele pode, t a m b é m , e m curto prazo, querer r e d u z i r seu v o l u m e
m ã o de obra, e m curto prazo, coeteris paribus.
de p r o d u ç ã o . Nesse caso ele tem possibilidades de se desfazer rapidamente de certos
tipos de m ã o de obra. Entretanto, n ã o t e m c o n d i ç õ e s de se desfazer rapidamente de u m Consideremos iniciahnente o Q u a d r o 6, que c o n t é m dados h i p o t é t i c o s sobre a p r o -
p r é d i o , de u m alto f o r n o (no caso de u m a usina s i d e r ú r g i c a ) o u de u m a grande m á q u i - d u ç ã o de trigo e m curto prazo:
na qualquer, que s ã o , conforme conceituamos, fatores de p r o d u ç ã o fixos.
226 Princípios de Economia Capitulo VI Teoria da P r o d u ç ã o B 227
QUADRO 6 Proauto
Produção de trigo com fator de produção variável (mão de obra)
10 0 0 - - Produto Total
10 1 10 10 10
10 2 22 11 12
10 3 39 13 17
10 4 52 13 13
10 5 60 12 8^
10 6 60 10 0
10 7 56 8 -4
10 8 48 6 -8"-
onde-
7.2 Produto Marginal do Fator de Produção Variável (Pmg)
Pme = Produto m é d i o d o f a t o r v a r i á v e l o produto marginal (ou produtividade marginal) do fator de produção variável é defi-
sendo: nido como a variação na produção total decorrente da variação de u m a unidade no
fator de produção variável. E m nosso exemplo, a m ã o de obra é o ú n i c o fator de p r o -
Q = P r o d u ç ã o Total d u ç ã o v a r i á v e l . Nesse caso, o p r o d u t o m a r g i n a l p o r trabalhador é dado por:
Pmg = -
AL
L = N ú m e r o de tiabalhadores
onde:
A s s i m , de acordo c o m o Q u a d r o 6, se quisermos obter o p r o d u t o m é d i o de dois Pmg = Produto m a r g i n a l p o r trabalhador
tiabalhadores, pegaremos o p r o d u t o total obtido por eles (22 sacas) e dividiremos esse
valor por dois: sendo
AQ = Variação na p r o d u ç ã o total
Q
Pme =
Pmg = .
Pme = 11 AL
O restante da coluna 5 é calculado de f o r m a semelhante. Verificamos e n t ã o que o mar que o Pmg é a p r ó p r i a m c l m a ç ã o da curva de P r o d u ç ã o Total. A s s i m , se a q u a n t i -
p r o d u t o marginal por ta-abalhador micialmente cresce, atinge u m m á x i m o de 17 sacas dade de trabalhadores aumentar de 4 para 5, o Pmg s e r á i g u a l a 8; s e n ã o , vejamos:
(com emprego de 3 umdades de m ã o de obra), decresce, chega a ser zero (com empre-
! I go de 6 unidades de m ã o de obra) p o d e n d o a t é mesmo atingir valores negativos. AQ 60-52
Pmg =
AL 5-4
7.3 As Curvas de Produto Médio e Marginal que é a i n c l m a ç ã o da curva de P r o d u t o Total entre esses dois pontos. É interessante ve-
rificar que entre 5 e 6 trabalhadores o Pmg é zero, i n d i c a n d o que a m c l m a ç ã o da f u n ç ã o
N a Figura 2 representamos os produtos m é d i o s e m a r g i n a l associados à s v á r i a s quanti- t a m b é m é zero. De fato, ao observarmos a c u r v a de P r o d u t o Total, verificaremos que
dades de b-abalho utihzadas. Os dados s ã o os constantes d o Q u a d r o 6. nesse trecho a curva é paralela ao eixo horizontal (que mede o n ú m e r o de trabalhadores)
Se aumentarmos o n ú m e r o de trabalhadores de 6 para 7 o Pmg s e r á negativo ( - 4), e a
inclinação da curva de Produto Total t a m b é m s e r á negativa
As f o r m a s das curvas de Pme e Pmg d e r i v a m , portanto, d o f o r m a t o da curva de
Produto Total.
Verificamos e n t ã o que tanto o Pme quanto o Pmg m i a a h n e n t e crescem, a t m g e m u m
m á x i m o e posteriormente decrescem.
Verificamos t a m b é m que o Pmg está acima d o Pme enquanto o Pme aumenta; igua-
la-se ao Pme quando este atinge seu p o n t o de m á x i m o e fica abaixo d o Pme à m e d i d a
que este d i m i n u i .
A e x p l i c a ç ã o p a r a esse fato é simples: suponhamos, e n t ã o , que e m u m a sala e n t r e m
4 pessoas, u m a depois da outra, e que elas tenham as seguintes alturas:
QUADRO 7
Alturas médias
1 1,68 1,68
TOTAL 6,84
C o m o o p r o d u t o m a r g i n a l f o i d e f i n i d o como a v a r i a ç ã o na p r o d u ç ã o total decor- Devemos observar que a altura de cada pessoa que entra é a altura m a r g i n a l .
rente da v a r i a ç ã o de u m a unidade d o fator de p r o d u ç ã o v a r i á v e l , cada valor de Pmg Vamos, e n t ã o , calcular a m é d i a de altura das pessoas nessa sala:
deve ser representado n o p o n t o m é d i o d o intervalo entre duas imidades.
Devemos observar que, n o caso, o Pmg é d a d o pela i n c l i n a ç ã o da curva de P r o d u t o 6,84
Média = = 1,71 m
Total entre as unidades de fator v a r i á v e l . E x e m p l i f i c a n d o : q u a n d o aumentamos a quan-
tidade de fator trabalho de 3 para 4 trabalhadores ^àL = 1), a p r o d u ç ã o total aumenta d e
39 para 52 (AQ = 13). Observando a Figura 3, p o d e m o s verificar que A Q / A L nos f o r n e - E m outras palavras, a m é d i a é de 1,71 m .
ce a inclinação da f u n ç ã o entre 3 e 4 trabalhadores cujo valor é 13. Podemos, então," afir- Essa é a m é d i a m á x i m a obtida.
232 Princípios de Economia
Capítulo VI Teoria da P r o d u ç ã o B 233
QUADRO 8
Notas médias e marginais
6 7 a 9 10
Número de Trsbaíhailares IL)
o p r o d u t o m a r g i n a l d o tiabalho está aumentando (ou que os rendimentos marginais do u m p o n t o e m que, embora a p r o d u ç ã o aumente, ela o f a r á a u m a taxa decrescente. A
fator trabalho estão crescendo). C o m o emprego de três unidades de m ã o de obra, o pro- partir d a í passa a v i g o r a r a l e i dos r e n d i m e n t o s decrescentes (o p r o d u t o m a r g m a l
d u t o m a r g m a l atmge seu m á x i m o (Pmg = 17 sacas), A partir desse p o n t o , a lei dos ren- c o m e ç a a decrescer). A r a z ã o b á s i c a da sua o c o r r ê n c i a é que cada u n i d a d e a d i c i o n a l
dimentos decrescentes micia sua o p e r a ç ã o e o p r o d u t o m a r g i n a l c o m e ç a a declinar. de m ã o de obra d i s p o r á cada vez mais de menos fatores de p r o d u ç ã o fixos para traba-
Voltando à curva de p r o d u ç ã o total, verificamos que a p a r t i r da u t i l i z a ç ã o da ter- lhar. C o n t i a t a n d o ainda mais trabalhadores, chegaremos a u m p o n t o e m que a p r o d u -
ceira unidade de m ã o de obra, quantidades adicionais do fator trabalho f a r ã o a p r o d u - ção v a i cair. Os trabalhadores e s t a r ã o todos t ã o p r ó x i m o s que u m p a s s a r á a atrapalhar
ção total se expandir, s ó que de maneira mais lenta. Isso indica que o p r o d u t o total con- o tiabalho do o u t i o . P o d e r í a m o s a t é i m a g m a r u m a s i t u a ç ã o e m que haveria tantos tra-
tinua a crescer, s ó que com taxas decrescentes, significando, como j á dissemos, que o balhadores que n ã o sobraria e s p a ç o sequer para o cultivo d o trigo, de t a l sorte que a
p r o d u t o m a r g i n a l d o fator trabalho c o m e ç a a d i m i n u i r (ou que os rendimentos margi- p r o d u ç ã o seria nula. A p r o v a de que os rendimentos decrescentes existem é que, se eles
nais d o fator tiabalho c o m e ç a m a decrescer). n ã o ocorressem, p o d e r í a m o s , somente c o m a u t i l i z a ç ã o de mais trabalhadores, semen-
Consideremos agora a p r o d u ç ã o obtida c o m o emprego de 5 unidades d o fator de tes e fertilizantes, p r o d u z i r , apenas nesses 2 hectares, trigo suficiente para alimentar a
p r o d u ç ã o trabalho- ela é de 60 sacas de t n g o . Se adicionarmos mais u m a u n i d a d e de tra- p o p u l a ç ã o d o m u n d o inteiro, o que, naturalmente, carece de sentido.
balho (a sexta unidade), a p r o d u ç ã o total n ã o a u m e n t a r á . Nesse caso, o p r o d u t o margi- Para melhor entendermos a " L e i dos Rendimentos Decrescentes", daremos, e n t ã o ,
nal da sexta unidade de trabalho s e r á zero, o u seja, a p r o d u ç ã o total chegou ao seu ponto outio exemplo: "Suponhamos que temos u m a dada p o r ç ã o de terra e desejamos abrir u m a
m á x i m o (60 sacas). Se continuarmos a empregar quantidades adicionais de trabalho, o vala. Trazemos u m o p e r á r i o , e ele c o m e ç a a escavar. Se acrescentarmos u m segundo, tal-
p r o d u t o total decrescerá e o p r o d u t o m a r g i n a l s e r á necessariamente negativo. Exem- vez os dois possam cavar a vala mais eficientemente, porque p o d e r ã o se especializar. U m
plificando a a d i ç ã o da s é t i m a unidade de m ã o de obra p r o v o c a r á u m a d i m i n u i ç ã o na usaria a picareta, e o outro, a p á . A p r o d u ç ã o a u m e n t a r á a u m a taxa crescente O c o r r e r á
p r o d u ç ã o total de 60 para 56 sacas, e o p r o d u t o m a r g m a l da s é t i m a unidade de m ã o de u m maior grau de especialização se acrescentarmos u m terceiro o p e r á r i o , e a p r o d u ç ã o
obra será negativo ( - 4 ) c o n t i n u a r á a aumentar a uma taxa crescente. Entietanto, se acrescentarmos alguns o p e r á -
nos a mais, embora a p r o d u ç ã o possa aumentar, o f a r á a u m a taxa decrescente, pois os
o p e r á r i o s se a t r a p a l h a r ã o uns aos outios. Contiatando ainda mais tiabalhadores, chega-
remos a u m ponto e m que a p r o d u ç ã o v a i cair, e s t a r ã o t ã o p r ó x i m o s que n ã o s e r ã o capa-
7.5 A Lei dos Rendimentos Decrescentes
zes de cavar ao mesmo tempo. P o d e r í a m o s , enfim, colocar tantos trabalhadores e m nosso
terreno, que eles n ã o teriam e s p a ç o para cavar, e a p r o d u ç ã o seria nula".l
As formas das curvas de p r o d u t o total e m a r g m a l servem para ilustrar a Lei dos Ren-
dimentos Decrescentes ( t a m b é m conhecida como " L e i das P r o p o r ç õ e s V a r i á v e i s " o u
"Lei da P r o d u t i v i d a d e Marginal Decrescente"), que descreve a taxa de m u d a n ç a na pro-
d u ç ã o de u m a f i r m a quando se v a r i a a quantidade de apenas u m f a t o r de p r o d u ç ã o . Ela
é assim enunciada:
0 0
236 O
238 ü Princípios de Economia
1 INTRODUÇÃO
/ ' g u a n d o falamos c o m e m p r e s á r i o s a respeito de gerenciamento de n e g ó c i o s , sabemos
V j j ^ q u e a m o t i v a ç ã o d é suas ações está centiada na m a x i m i z a ç ã o dos lucros Para m a x i -
mizar o lucro de u m a firma, deve-se procurar maximizar a diferença entre a receita total e
os custos totais de p r o d u ç ã o . Por essa r a z ã o , u m a das principais p r e o c u p a ç õ e s dos homens
de n e g ó c i o s diz respeito aos. custos de p r o d u ç ã o : como medir, como contiolar e como
redtozir tais custos. E m face d o exposto, a proposta deste c a p í t u l o é a de entender os cus-
tos de p r o d u ç ã o o que os economistas entendem p o r custos, como eles s ã o medidos e
como se comportam c o m as m u d a n ç a s nos níveis de p r o d u ç ã o da empresa.
• 239
r
240 Princípios de Economia
Cap.lu!o VII Teona dos Custos C 241
os custos explícitos e implícitos, obteremos o p r e j u í z o e c o n ô m i c o da loja de $ 50.000 Juros pagos 10000,00 10000,00
Outros pagamentos 10000,00 10 000,00
Isso significa que a firma n ã o está conseguindo cobrir os custos de o p o r t u n i d a d e de u t i -
lização dos recursos no setor de lojas de roupas. Conclui-se, portanto, que os recursos IVIenos Custos Implícitos 70.000,00
da firma p o d e r i a m ter u m r e t o m o mais alto se usados e m outras alternativas, tais como Salário (renda da qual abriu mão) 0 45 000,00
alugar o i m ó v e l , aphcar na p o u p a n ç a etc. Aluguel (renda da qual abriu mão) 0 15 000,00
Juros (renda da qual abriu mão) 0 10 000,00
O lucro e c o n ô m i c o é geralmente mais baixo (nunca meds elevado) d o que os lucros
Lucro 70.000,00 0
c o n t á b e i s , porque o lucro e c o n ô m i c o resulta, como já dissemos, da d i f e r e n ç a entre a
receita total e os custos de oportunidade totais, que m c l u e m os custos explícitos e i m p l í -
citos, ao passo que o lucro c o n t á b i l resulta da d i f e r e n ç a entie a receita total e os custos
A s s i m , temos:
explícitos, somente. Logo, é p o s s í v e l para a firma ter lucro c o n t á b i l p o s i t i v o e l u c r o eco-
n ô m i c o zero. N ó s dizemos, e m economia, que se u m a firma reahza lucro e c o n ô m i c o
zero, ela e n t ã o está tendo u m Lucro Normal.
Lucro E c o n ô m i c o = Receita Total - Custo d e O p o r t u n i d a d e Total
Para deixar essa q u e s t ã o b e m esclarecida, v a m o s apresentar u m exemplo e m que a Lucro E c o n ô m i c o = O (ou Lucro Normal)
empresa o b t é m u m lucro e c o n ô m i c o i g u a l a zero. Para tanto, v a m o s manter os mesmos O u ainda:
valores de receita e de custos explícitos, alterando somente os custos implícitos. O salário, L u c r o C o n t á b i l = Receita Total - Custos Explícitos Totais
o aluguel e os juros n ã o ganhos passam a ser de $ 45 000,00, $ 15.000,00 e $ 10.000,00,
L u c r o C o n t á b ü = $ 900.000,00 - $ 830.000,00
respectivamente. O nosso quadro de custos ficana assim (Quadro 2)-
L u c r o C o n t á b i l = $ 70.000,00
4 EIVI CURTO E LONGO PRAZOS ; c) C M S Í O Total (CT): é o custo de p r o d u ç ã o total associado a cada p o s s í v e l n í v e l de
p r o d u t o . Ele é dado pela soma dos custos fixos mais os custos v a r i á v e i s . É claro que, se
U m a vez entendido o significado d o custo, estamos agora e m c o n d i ç õ e s de fazer u m a a p r o d u ç ã o f o r zero, o Custo Total s e r á igual ao Custo Fixo.
a v a h a ç ã o mais cuidadosa dos custos e c o n ô m i c o s e m que u m a firma incorre. Algebricamente:
N o c a p í t u l o anterior fizemos u m a d i s t i n ç ã o entie fatores de p r o d u ç ã o fixos e va-
riáveis e entre curto e longo prazos. CT = CF + C V
Dissemos, na ocasião, que os fatores fixos s ã o aqueles cuja quantidade n ã o pode ser O Q u a d r o 3 nos mostra valores h i p o t é t i c o s de custo para u m a empresa.
alterada rapidamente, enquanto os fatores v a r i á v e i s s ã o aqueles cuja quantidade pode A coluna (1) nos fornece as p o s s í v e i s taxas de p r o d u ç ã o da empresa.
variar facilmente. Naquela oportunidade associamos as d e f i n i ç õ e s de curto e longo pra- A coluna (2) nos fomece os custos fixos. Eles atingem a d f r a de $ 180, qualquer que seja
zos à s d e f i m ç õ e s de fatores fixos e v a r i á v e i s . O curto prazo f o i e n t ã o conceituado como o volume de p r o d u ç ã o considerado (ou seja, eles n ã o m u d a m com m u d a n ç a s de p r o d u ç ã o ) .
u m p e r í o d o de tempo em que determinados tipos de fatores n ã o p o d e m ser aumentados A coluna (3) nos mostra supostos valores para os custos v a r i á v e i s . Q u a n d o a p r o -
o u reduzidos, qualquer que seja o n í v e l de p r o d u ç ã o . Assim, a p r o d u ç ã o s ó p o d e r á ser d u ç ã o é zero, o Custo Variável t a m b é m é zero. Devemos observar que, à m e d i d a que a
aumentada o u d i m i n u í d a se aumentarmos o u d i m m u i r m o s a quantidade utilizada de p r o d u ç ã o cresce, o Custo Variável t a m b é m cresce.
fatores v a r i á v e i s . E m rigor, a existência de pelo menos um fator f i x o já configura u m a situ- A coluna (4), finalmente, nos m o s t i a o Custo Total. Ele é o b t i d o a p a r t i r da soma
a ç ã o de curto prazo das colunas (2) e (3) - a soma dos custos fixos e v a r i á v e i s . A r e p r e s e n t a ç ã o g r á f i c a
O longo prazo, por sua vez, f o i d e f i n i d o como o p e r í o d o de tempo e m que todos os desses custos é dada a segviir.
fatores s ã o v a r i á v e i s .
Os p e r í o d o s para a classificação dos custos de p r o d u ç ã o e s t ã o associados ao empre- QUADRO 3
go dos fatores produtivos. Se existir pelo menos u m fator de p r o d u ç ã o fixo, e n t ã o estare- Custo fino, VZTIÍ-J:I e tolzl
mos fazendo r e f e r ê n a a aos custos e m curto prazo. Se todos os fatores de p r o d u ç ã o forem
variáveis, e n t ã o estaremos nos referindo aos custos de p r o d u ç ã o e m longo prazo. (1) (2) (3) (4) = (2) + (3)
Quantidade Produzida Custo Fixo Custo Variável Custo Total
5.1 Custos Fixos, Custos Variáveis e Custo Total 1 180,00 90,00 270,00
a) Custos Fixos (CF): estão associados ao emprego dos fatores de p r o d u ç ã o fixos. 5 180,00 225,00 405,00
Incluem certos tipos de impostos, aluguel de p r é d i o s , pagamentos de juros, seguros, cus-
tos de conservação, d e p r e d a ç ã o , certos tipos de ordenados etc. Incluem t a m b é m os custos 6 180,00 360,00 540,00
300 • C V = 225
I '1
C V = 120
200
ieo
Quantidade Produzida
FIGURA 3
CV = 225
CV=135 O custo total
CV = 90
Quantidade Produzida
Desta f o r m a , o Custo Total da p r i m e i r a u n i d a d e p r o d u z i d a é de $ 270 ($ 180 + $ 90),
FIGURA 2 da segunda unidade p r o d u z i d a é de $ 300 ($ 180 -i- $ 120) e assim p o r diante. O Custo
O custo variável Total da qvunta unidade p r o d u z i d a é, p o r exemplo, de $ 405 ($ 180 + $ 225).
504 O Princípios de Economia
2) A teoria quantitativa da moeda dos economistas clássicos diz que uma mudança na
oferta de moeda vai ocasionar
a) uma mudança mais que proporcional no nível de preços,
b) uma mudança proporcional no nível de preços;
c) um aumento na veloadade-renda da moeda;
d) uma mudança menos que proporcional no nível de preços;
e) nenhuma das altemabvas anteriores
3) Suponha que AR (o primeiro depósito à vista) seja de $ 2 000 e que AM seja igual a
$ 20 000 Nesse caso, Z (fração dos depósitos à vista destinada aos depósitos compul-
sórios e aos encaixes bancários) sena de
a) 0,50,
b) 0,10;
c) 0,20;
d) 1,00,
e) nenhuma das alternativas anteriores
1 INTRODUÇÃO
4) A demanda especulativa da 'moeda
a) não depende da taxa de juros,
b) está relacionada com a renda;
c) relaciona-se diretamente com a taxa de juros,
N "este capítulo, apresentaremos ò conceito de inflação, seus efeitos sobre a economia e
os tipos de inflação existentes. Apresentaremos, também, o conceito de desemprego
e as relações existentes entre os f e n ô m e n o s da inflação e do desemprego
d) relaciona-se mversamente com a taxa de juros,
e) nenhuma das alternativas anteriores
2 CONCEITO
5) Suponha que o Banco Central dunmua a oferta de moeda e que a curva de demanda
de moeda permaneça fixa Nesse caso, pode-se dizer que o f e n ô m e n o m a c r o e c o n ô m i c o inflação pode ser definido como o processo persistente de
a) haverá aumento na taxa de juros e nos inveshmentos, aumento do nível geral de preços, o que resulta em perda do poder aquisitivo da moeda.
b) haverá dimmuição na taxa de juros e nos mvestimentos, A inflação é considerada u m f e n ô m e n o generalizado, pois os aumentos dos preços n ã o
c) haverá durunuição na taxa de juros e aumento nos investimentos, ocorrem apenas sobre u m pequeno conjunto de preços ou sobre u m setor específico dà
d) haverá aumento na taxa de juros e dmunujção nos mvestimcntos; econoinia. Por essa razão, altas esporádicas de preço devido, por exemplo, a flutuações
e) nenhuma das alternativas antenores sazonais n ã o podem ser confundidas com inflação. A inflação significa aumento simul-
tâneo de u m grande n ú m e r o de preços
6) Suponha que um mdivíduo tenha feito uma aplicação de $ 200 000 por um ano a uma O problerna inflácionário n ã o ocorre apenas em economias em desenvolvimento,
taxa de juros nommal de 30% a a Suponha também que nesse período a inflação foi como à brasileira. Atualmente, a inflação é u m f e n ô m e n o universal, que traz grandes
de 10% Qual terá sido a taxa de juros real que esse mdivíduo recebeu pela aplicação' c o n s e q ü ê n c i a s políticas, e c o n ô m i c a s e sociais.
a) 27%a.a.,
b) 14,5%aa,
c) 19,5% a a , 3 EFEITOS DA INFLAÇÃO
d) 18,18% a a ,
e) nenhuma das alternativas anteriores
3.1 Efeito sobre a Distribuição de Renda
A inflação provoca redução do poder aquisitivo dos segmentos da p o p u l a ç ã o que
dependem de rendimentos fixos, com prazo legal de reajuste. Como exemplo podemos
• 505
506 ^ „ Princípios de Economia Capitulo XIII Inllaçao e Desemprego • 507
Citar o dos assalariados que, até a chegada de u m novo reajuste, ficam com seu poder Suponhamos, então, que a economia esteja operando em equilíbrio com desem-
de compra cada vez mais reduzido prego. N a Parte 1 da Figura 1, esse equilíbrio é dado pela mtersecção da curva de demanda
Os proprietários de i m ó v e i s alugados t a m b é m s ã o prejudicados, apesar de em pro- agregada DAQ com a reta referencial (ponto A), com u m nível de renda e de produto Yg,
cessos mflacionários os i m ó v e i s tenderem a se valorizar, normalmente mais que a infla-
abaixo do pleno emprego, dado por Ype Nessa fase n ã o h á inflação. Isso pode ser obser-
ção. Por outro lado, aqueles que t ê m renda livre, como as firmas e os especuladores, são
favorecidos pelo processo mflacionário. vado na Parte 2 da Figura 1, que relaciona o N í v e l Geral de Preços (eixo verücal) com o
Todos esses fatos contribuem para tomar mjusta a repartição de renda na economia luvel de produto e emprego (eixo horizontal).
Parte 2
4 TIPOS DE INFLAÇÃO
Nesse modelo, a oferta agregada (0^4) é dada por Y, que mede o nível de renda ou
de produto da economia. Logo, para que a economia esteja em equilíbrio, é preciso que
a oferta agregada seja igual à demanda agregada ou:
Y» Y| YPE Produto
OA = DA,
logo, FIGURA 1
inflação de demanda
y=C+í+G
508 , j Princípios de Economia
A l é m disso, o Banco Central do Brasil deve, até o ú l t i m o dia de cada trimestre civil,
6 A VISÃO MONETARISTA ^ ] enviar Relatório de Inflação abordando o desempenho do regime de "metas para a
inflação", os resultados das d e d s õ e s passadas de p o l í h c a monetária e a a v a h a ç ã o pros-
Os monetaristas explicam a causa da inflação no desequilíbrio da política do governo pectiva da inflação.
de fmanciar seus déhcits no orçamento pela e m i s s ã o de papel-moeda. Para 2005, o Conselho Monetário N a d o n a l estabeleceu uma meta de 4,5%, com
Para eles, o aumento na oferta de moeda p o d e r á provocar excesso de demanda por tolerância de 2,5 pontos porcentuais E m 2010 o C M N manteve a meta i n f l a c i o n á n a de
parte dos consumidores e empresários que se defrontarão com u m a oferta de bens e ser- 4,5%, rnas abaixou o nível de tolerância para 2,0 pontos porcentuais para cima ou peua
viços relativamente fixa em curto prazo. Haverá, então, p r e s s ã o da demanda sobre a baixo E esta meta da inflação foi manttda para até 2012.
oferta, desencadeando u m processo de aumento de preços.
O Sistema de Metas Inflacionárias é seguido por vários países, como, por exemplo,
Á f n c a do Sul, Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Coréia do Sul, Finlândia, Israel, Ingla-
terra, México, Nova Zelândia, Pem, Polônia, República Tcheca, S u é d a , Suíça e Tailândia.
7 FORMAS DE COMBATE À INFLAÇÃO Z
Como a inflação é u m problema m a c r o e c o n ô m i c o e que afeta o bem-estar da socie-
dade como u m todo, o seu controle toma-se p r e o c u p a ç ã o primordial do próprio go- 8.3 Principais índices de Preços
vemo. Teoricamente, duas s ã o as s o l u ç õ e s para o problema: contração da demanda e
controle de preços e salários. a) I P C - F i p e : í n d i c e de Preços ao Consumidor da Fipe
A contração da demanda pode ser obtida por meio de políticas monetária e hscal O í n d i c e de preços ao consumidor é medido na cidade de S ã o Paulo com o universo de
contraciomsta, reduzindo assim o nível de p r o d u ç ã o e de emprego na economia pessoas que ganham de 1 a 20 salários m í n i m o s . A c o m p o s i ç ã o dos gmpos de despesa
O controle de preços e salários pode trazer resultados f a v o r á v e i s em curto prazo, para o cálculo do índice é a seguinte: Habitação (32,7925), A l i m e n t a ç ã o (22,7305), Trans-
mas em longo prazo a tendência é que se crie u m a inflação reprimida. portes (16,0309), Despesas Pessoais (12,2985), S a ú d e (7,0756), Vestuário (5,2893), Educa-
512 n Princípios de Economia
Capitulo XIII Inllaçâo e Desemprego E 513
ção (3,7827) O índice é calculado pela Fipe - insbtuição de pesquisa hgada à Faculdade e 40 salários mírumos, nas regiões metiopobtanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo
de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP). Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além do Distrito Fe-
O p e r í o d o de coleta vai do primeiro ao último dia de cada m ê s Semanalmente deral e do m u n i c í p i o de Goiânia. O p e r í o d o de coleta vai do primeiro ao ú l t i m o dia do
ocorrem d i v u l g a ç õ e s prévias, chamadas quadnssemanais O I P C mensal corresponde m ê s de referênaa e a d i v u l g a ç ã o ocorre por volta do quinto dia útil do m ê s posterior
ao resultado apurado para a 4^ quadrissemana do mês-calendário de referência. A sua O I P C A foi, em 11 de junho de 1999, selecionado para ser o índice oficial de acompa-
d i v u l g a ç ã o se dá até o dia 6 do m ê s posterior ao de referência. nhamento da inflação do País, dentio do sistema de Metas de Inflação.
b) I G P - D I ( í n d i c e Geral de Preços - Disponibilidade Interna) - F G V
f) ICV-Dieese ( í n d i c e de Custo de Vida)
Este índice foi insütuído em 1944 com a finalidade de medir o comportamento geral dos Esse índice, calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Soao-
preços da economia brasileira. Medido pela Fundação Getúlio Vargas, esse índice se refe- econômicos (Dieese), tem por objetivo atender às necessidades de vários sindicatos de
re ao m ê s "cheio", ou seja, o período de coleta vai do primeiro ao último dia do m ê s de auferir o custo de vida no Município de São Paulo. O universo de pesquisa é de pessoas
referência e a divulgação ocorre próxima ao dia 10 do m ê s posterior O índice Geral de que ganham de 1 a 30 salários m í n i m o s . O período de coleta vai do primeiro ao último dia
Preços (IGP) é calculado em dois conceitos- oferta global e disponibilidade interna. No do m ê s civü, e a divulgação ocorre próximo ao dia 10 do m ê s posterior ao de referência.
conceito oferta global, consideram-se a p r o d u ç ã o interna e as importações; já no concei-
to disponibilidade interna, excluem-se as exportações da oferta global. O I G P - D I foi cria-
do com o objetivo de balizar o comportamento de preços em geral na econoinia. É com-
posto por. 9 A QUESTÃO DO DESEMPREGO |
• índice de Preços por Atacado (IPA) - no qual entram preços praticados do mer- 9.1 Introdução
cado atacadista Representa 60% do I G P - D I .
• í n d i c e de Preços ao Consumidor (IPC) - a coleta de dados ocorre nas cidades de Imagine que, a p ó s longos anos de estudos árduos, v o c ê finalmente consiga se formar na
S ã o Paulo e Rio de Janeiro entre as famílias que t ê m u m a renda de 1 a 33 salários faculdade. Agora, sim, v o c ê está pronto para dar início a uma brilhante carreira Mas,
m í n i m o s Representa 30% do IGP-DI. será que existirão vagas na área em que v o c ê deseja tiabalhar? Será que p a g a r ã o bem
pelos serviços de u m jovem r e c é m - f o r m a d o ' O u será que a economia passa por uma
• índice Nacional de Custo de Construção ( I N C C ) - no qual s ã o avahados os preços
fase recessiva, com desemprego acentuado, e v o c ê será obrigado a aceitar um tiabalho
no setor de c o n s t m ç ã o civil, n ã o s ó de materiais, como t a m b é m de m ã o de obra.
que, além de n ã o lhe pagar a remuneração dos seus "sonhos", t a m b é m n ã o vai apro-
Representa 10% do IGP-DI.
veitar seu preparo, adquirido em incontáveis horas de aula e de estudo ao longo de
c) I G P - M ( í n d i c e Geral de Preços do Mercado) - F G V anos? A s respostas a essas q u e s t õ e s n ã o s ã o simples e d e p e n d e r ã o , em grande parte,
do n ú m e r o de vagas d i s p o n í v e i s e da taxa de desemprego da economia.
Calculada pela Fundação Getúlio Vargas, a coleta do I G P - M é efetuada entre os dias 21 do
m ê s anterior e 20 do m ê s de referência. A cada d e c ê n d i o do p e r í o d o de coleta ocorrem
d i v u l g a ç õ e s de prévias O I G P - M foi criado com o objetivo de se possuir u m mdicador
c o n f i á v e l para balizar as correções de alguns títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e 9.2 O Conceito de Desemprego
D e p ó s i t o s Bancários, bem como para outras operações financeiras, especialmente as de
Para se entender a q u e s t ã o do desemprego, é preciso, antes de mais nada, conceituar o
longo prazo. D a mesma forma que o I G P - D I , é composto pelo I P A - M , I P C - M , I N C C - M ,
que se entende por Mercado de Trabalho e por Força de Trabalho.
tendo esses índices os mesmos pesos tanto para o I G P - M quanto para o I G P - D I , e é
O Mercado de Trabalho, de maneira geral, pode ser entendido como o mercado no qual
divulgado no final de cada m ê s de referência
se processa a compra e venda de serviços de m ã o de obra Nesse mercado, os trabalhado-
d) I N P C ( í n d i c e Nacional de Preços ao Consumidor Restrito) - I B G E res (o lado da oferta de m ã o de obra) se defrontam com as empresas (o lado da demanda
por m ã o de obra) para, em processos de negociação, determinar os n í v e i s salariais, as
í n d i c e calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem por fina-
c o n d i ç õ e s de trabalho e outias q u e s t õ e s pertmentes à relação capital-tiabalho.
lidade constituir-se no indexador oficial de salários. O universo de pesquisa é compos-
Já a Força de Trabalho, denommada t a m b é m População Economicamente Ativa
to por pessoas que ganham de 1 a 8 salários m í n i m o s nas regiões metropobtanas do Rio
(PEA), diz respeito aos m d i v í d u o s que v ã o constituir o mercado de tiabalho, mercado
de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, S ã o Paulo, B e l é m , Fortaleza, Salvador
este que abastece as firmas em termos de necessidade de m ã o de obra.
e Curitiba, a l é m do Distiito Federal ç do M u m c í p i o de Goiânia. O p e r í o d o de coleta vai
Assim, se da População Total de um p a í s subtrairmos a População em Idade Não
do primeiro ao último dia do m ê s de referência, e a d i v u l g a ç ã o ocorre por volta do quin-
Ativa, ou seja, aqueles que s ã o muito jovens ou muito idosos, chegaremos ao conceito
to dia útil do m ê s posterior
de População em Idade Ativa (PIA). No Brasd, adota-se o critério de dez anos como li-
e) I P C A ( í n d i c e de Preços ao Consumidor Ampliado) - I B G E mite m í n i m o para a idade ativa.
Se da População em Idade Ativa excluirmos estudantes, inválidos, m d i v í d u o s em
Esse índice é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com
tarefas d o m é s t i c a s n ã o remuneradas (donas de casa, por exemplo), chegaremos ao
base em uma cesta de itens representativos do consumo de famílias, com renda entre 1
514 E Princípios de Economia Capitulo XIII IntlacSo e Desemprego E3 515
conceito de População Economicamente Ativa (PEA), que é constituída por ocupados Essa taxa indica a porcentagem de i n d i v í d u o s que estão buscando trabalho, mas que
e desocupados De acordo com o I B G E , em sua Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e não encontram o c u p a ç ã o aos salários vigentes na econorma. Essa taxa i n d u i o "desem-
que abrange atualmente seis regiões metropolitanas, a P E A na semana de referência^ é
prego aberto", que envolve as pessoas que procuraram trabalho de maneira efetiva nos
constituída pelas populações ocupada e desocupada nesse p e r í o d o .
últimos 30 dias que antecederam a entrevista e n ã o exerceram nenhum trabalho nos últi-
Por desempregado, entende-se, fundamentalmente, as pessoas que procuram por
mos sete dias.
um emprego Segundo o IBGE, isso corresponde à população desocupada por u m deter-
mmado p e r í o d o de referência Apresentamos no Quadro 1, a seguir, as estatísticas sobre a e v o l u ç ã o do desem-
Assim, prego no BrasU de 2009 a 2010.
p o p u l a ç ã o ocupada na semana de referência compreende as pessoas que exerceram Fev 85 91 110 68 64 100 60
trabalho, remunerado ou sem remuneração, durante pelo menos uma hora completa na Mar 90 104 119 66 69 105 64
semana de referência, ou que tinham trabalho remunerado do qual estavam temporaria- 68 102 62
Abr 89 106 124 68
mente afastadas nessa semana ^
Maio 88 105 121 67 66 102 61
80 10 2 11 4 61 63 89 58
9.3 Taxa de Desemprego . Jul
Ago 81 109 114 75 56 91 54
77 10 5 109 64 55 87 54
É o porcentual de pessoas desocupadas (desempregadas) na semana de referência da Set
pesqmsa com procura de trabalho no período de referência de 30 dias em relação à popu- Out 75 95 104 61 56 86 51
lação economicamente ativa ( P E A ) na semana de referência. A taxa de desemprego mos- Nov 74 95 11 1 59 55 81 53
tra a falta de capacidade da economia em fornecer emprego para todas as pessoas que 51 54 75 43
Dez 68 84 107
desejam trabalhar. Ela é a relação entre o n ú m e r o de desocupados e o total da força de
2010 Jan 72 86 119 61 54 80 43
trabalho (PEA), ou seja;
Fev 74 88 110 65 56 81 51
Mar 76 81 113 63 64 82 59
População Desocupada
Td = — í- X 100 Abr 73 91 112 58 59 77 54
PEA (Força de Trabalho)
Maio 75 97 120 58 63 78 50
ou Jun 70 86 120 51 58 74 47
69 100 123 51 54 72 48
População Desocupada Jul
X 100 67 90 117 52 57 68 46
Ago
População Ocupada + P o p u l a ç ã o Desocupada
62 88 103 49 53 63 41
Set
80 99 53 57 59 37
Out 61
84 94 53 49 55 37
Nov 57
69 84 43 49 53 30
Dez 53
A semana de referênaa, de domingo a sábado, é aquela que precede a semana defmida como de entre- Fonte: Banco Central do Brasil, Indicadores Econômicos Consolidados
vista para a uiudade domiciliar
^ Fonte: IBGE '
' Ibid
516 • Princípios de Economia Capitulo XIII Inllaçao e Desemprego 0 517
Esses dados referem-se a pesquisas de desemprego divulgadas pelo Instituto Brasileiro Assim, a m ã o de obra é classihcada como estruturalmente desempregada quando
de Geograha e Estatíshca (IBGE) A s estatísticas do I B G E e da F u n d a ç ã o Seade/Dieese n ã o possui q u a l i f i c a ç õ e s n e c e s s á r i a s para se candidatar às oportimidades de em-
costumam apresentar divergências em razão de diferentes metodologias de cálculo.* prego que surgem.
o desemprego estrutural geralmente é u m problema mais duradouro, e pode
permanecer mclusive por vários anos. Isso porque leva tempo para que os desem-
9.4 Tipos de Desemprego pregados se capacitem, adquiram novas habilidades e encontrem trabalho. Por ser con-
siderado mais duradouro, o desemprego estrutural é tido como mais sério que o desem-
9.4.1 Desemprego Friccional (ou Desemprego Natural) prego friccional.
9.6 Os Custos do Desemprego: Uma Nota Triste inversa n ã o hnear entie os níveis de emprego e as taxas de inflação. Essa relação passou
a ser descrita pelas chamadas Curvas de Phillips
o desemprego é u m problema extiemamente grave, n ã o s ó do ponto de vista e c o n ô - A Figura 2 reproduz uma dessas curvas. Nela, podemos verificar que o eixo hori-
mico, mas t a m b é m do ponto de vista soaal e pessoal. zontal representa o n í v e l de desemprego, enquanto o eixo vertical representa a taxa
O prmapal custo econômico do desemprego é a perda de produção e da renda, ou seja, de inflação
os beris e serviços que os desempregados poderiam produzir (e a renda que poderiam A Curva de Phillips cruza com o eixo horizontal em u m determinado ponto (hg) que
ganhar) se estivessem tiabalhando, mas que n ã o produzem porque n ã o conseguem representa o nível de desemprego natural da economia, t a m b é m conhecido como
encontiar emprego. Essa perda de produto e de renda n ã o poderá jamais ser recuperada desemprego friccional, que ocorre por desajuste ou falta de mobilidade entre a oferta e
em períodos futuros Outio custo e c o n ô m i c o relevante diz respeito à d i m i n u i ç ã o da capa- a demanda de m ã o de obra.
cidade produtiva da economia em razão da perda de capital humano. Isso ocorre porque N a parte superior da curva, acima de hg, temos que as tentativas de reduzir o nível
as habilidades da m ã o de obra se deterioram quando ela se encontra desempregada. de desemprego provocam elevações cada vez mais acentuadas nos níveis de inflação,
Outra característica do desemprego é que ele se distribui de forma desigual por visto que as empresas cada vez mais se encontiam próximas ao limite de sua capaadade
toda a sociedade Os maiores ô n u s recaem sobre as minorias, as mulheres e os jovens, de produção
e tendem a se concentiar nos setores mais pobres d a p o p u l a ç ã o .
Do ponto de vista individual, o desemprego é u m fardo pesado e triste. Ele sigm- FIEU3A2
hca perda de renda e, portanto, deterioração do p a d r ã o de vida, envolvendo t a m b é m CuruatiePhiüips
graves problemas psicológicos e físicos. Taxa de
Inflação
Alguns estudos identificaram que elevações do desemprego causam aumento sensível do
número de mortes provocadas por ataques cardíacos, dos suicídios e do número de interna-
ções em prisões e hospitais psiquiátricos Os desempregados têm mais chances de sofrer de
diversos problemas de saúde como pressão alta, doenças cardíacas, distúrbios do sono e
dores nas costas Pode haver outros problemas - como violência doméstica, depressão e
alcoolismo - que são mais difíceis de documentar.^
10 A CURVA DE PHILLIPS
De todas as questões abordadas até este ponto, a mais relevante se prende à relação entre
inflação e emprego. Esses dois assuntos s ã o de extiema importância para a macroeco-
nomia e os mais preocupantes das sociedades modemas. Taxa de
Desemprego
A teoria macroeconômica preocupa-se sempre com a manutenção do pleno emprego
e a estabilidade dos n í v e i s de preços Por outro lado, a constante busca d a estabilidade
dos preços, em curto prazo, conflita com a m a n u t e n ç ã o das atividades operacionais pró-
ximas ao pleno emprego.
Estudos sobre os f e n ô m e n o s inflaaonários t ê m mostiado que, em p e r í o d o s de pros-
peridade, quando o produto naaonal é elevado, o nível de emprego da economia tende a
aumentar, ao contiário do que se verifica em é p o c a s de baixa atividade e c o n ô m i c a ou
recessiva, quando as empresas, ao constatarem uma redução nas vendas, tendem a redu-
zir o quadro de f u n a o n á n o s , fazendo que o nível de desemprego cresça.
Todas essas relações foram analisadas pelo economista i n g l ê s A. W. H . PhiUips, ao
estudar a economia mglesa entie 1861 e 1957. Ele observou a existência de uma relação Assim, uma redução do desemprego de hg paia hj provoca uma e l e v a ç ã o da taxa
de inflação de O para P,.
De modo inverso, uma r e d u ç ã o na taxa de m f l a ç ã o de O para será obtida ao custo
de uma a m p l i a ç ã o da taxa de desemprego de hg paia
H A L L , Robert E , LIEBERMAN, Marc Macroeconomia pnndpios e aplicações São Paulo Pioneira
Thomson Leaming, 2003 p 131
Capítulo X I V
Questões
A s respostas podem ser encontiadas no fmal do livro
1) Quais políticas podem ser adotadas caso uma economia apresente uma mflação de
demanda?
2) Que efeitos a mflação provoca sobre pessoas que tenham renda fixa?
3) Suponha que uma mercadoria apresente elevação de preço Isso significa dizer que a
taxa de inflação está aumentando'
4) Quando ocorre o desemprego involuntáno?
520 n
E3 521
522 • Princípios de Economia Capitulo XIV Relações Internacionais • 523
d u ç ã o variam de país para país. Algumas mercadorias podem ser obtidas a custos meno- QUADRO 1
res do que se fossem produzidas internamente, por meio do comércio intemaaonal. Países altamente dependentes de exportações
O fato é que a existência do comércio internacional faculta aos países o aproveita-
mento de suas aptidões, empregando seus recursos na p r o d u ç ã o daqueles bens de custos País Produto
relativamente mais baixos e trocando-os por hens de custos relativamente mais altos. Arábia Saudita Petróleo
Assim, os países produzem e trocam entre si maior variedade e quantidade de Burundi Café
bens que seriam menores e teriam custo mais elevado, caso cada p a í s tentasse ser
Sri Lanka Chá
autossuficiente.
Vamos, portanto, neste capítulo, proceder ao estudo n ã o s ó do comércio internacio- México Petróleo
nal, mas das relações econômicas internacionais. Tal estudo justifica-se pelo fato de que Jamaica Alumínio
n ã o s ó as trocas de bens e serviços e de fatores de produção, mas t a m b é m as intermedia- Serra Leoa Diamantes
ções de recursos financeiros, n ã o se processam apenas no interior de um país; essas trocas
Gâmbia , Amendoim
e mtermediações tendem a se processar t a m b é m com outras economias, tendo em vista as
muitas vantagens decorrentes da divisão do trabalho e da especialização. Islândia Pescado
Chile Cobre
Bolívia Estanho
Honduras Banana
2 TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
Por diversas questões que envolvem desde a sobrevivência de uma nação até a satisfação
Forneceremos, a seguir, uma v i s ã o geral a respeito das principais teonas que pro-
de necessidades menos vitais, fortes razões induzem os países ao comércio exterior de
curam explicar a existência do comércio internacional.
bens e serviços.
Entre essas razões podemos citar:
QUADRO 2 QUADRO 4
Exemplo de vantagem absoluta O s Estaáos Unidos produzindo somente milho e o Brasil somente tecido
Produtos
Países Fator de Produção
Milho Tecida
n a . S"'^ ' ' " T ^''^"^ ^ ° ' ^"^^'^^^ Unidos resolvessem produzir ape- 1/lrabaltiador/ano produz 1 200 kg ou 600 m
Estados Unidos
^ í ^ ^ ^ ' ° ^ ° ' ° ^'^'^ ^^''^ ° «^^s^^o relação ao teddo O 1/trabalhador/ano produz 400 kg ou 400 m
Quadro 4 apresenta os resultados que seriam alcânçados. •• . Brasil
526 E Princípios de Economia T CapItuIrfXIV Relaçfles Internacionais • 527
Nos Estados Unidos, para se obter 1 k g de milho t e r í a m o s de deixar de produzir 3.1 Intervenção Governamental no Comércio Internacional
0,5 m de tecido. Já no Brasil, o custo é de 1 para 1, pois para se obter 1 kg de milho
apenas 1 m de tecido deixará de ser produzido.
3.1.1 O Porquê de Medidas Protecionistas
Por outro lado, 1 m de tecido custa 2 kg de milho nos Estados Unidos, ao passo que
no BrasU para se obter 1 m de tecido precisamos abandonar 1 kg de milho. Mesmo com as vantagens existentes advindas do livre comércio, em certos casos se
Para que se estabeleça o comércio entre eles, os Estados Unidos d e v e r ã o se espe- aconselha a intervenção do Estado com a finalidade de restrmgir a entrada de deternrú-
cializar na p r o d u ç ã o de milho, ao passo que o BrasU d e v e r á se especializar na p r o d u ç ã o nados produtos no p a í s - s ã o as chamadas "medidas protecionistas" cujas justificativas
de tecidos. são dadas a seguir.
E qual será a relação de troca entre os dois produtos?
• Argumento da Indiístna Nascente
Para os Estados Unidos, qualquer quantidade de tecido superior a 0,5 m que rece-
bam em troca de 1 kg de mUho será vantajosa. Já para o BrasU, qualquer quantidade de Uma indústria nascente pode n ã o estar em c o n d i ç õ e s de sobreviver à c o m p e t i ç ã o exter-
milho que seja superior a 1 m de tecido t a m b é m será vantajosa. na. O argvimento da indústria nascente sustenta que tais indústrias deveriam ser prote-
Suponhamos, então, que se estabeleça uma relação de troca tal que 1 m de tecido gidas, ao menos temporariamente, por altas tarifas ou cotas até que conseguissem desen-
volver eficiência tecnológica e economias de escala que lhes possibilitassem competir
será trocado por 1,5 kg de irulho. Teríamos a situação a seguir:
com as indústrias estrangeiras.
Na ausência de comércio internacional, nos Estados Unidos, para se obter 1 m de
tecido, 2 kg de milho teriam de deixar de ser produzidos. C o m o c o m é r c i o , o mesmo o Argumento da Segurança Nacional
1 m de tecido será obtido em troca de apenas 1,5 kg de milho.
Deve-se procurar proteger indiístrias consideradas estratégicas do ponto de vista de
Já no BrasU, na ausência de comércio internacional, para se obter 1 kg de milho, 1 m
segurança nacional.
de tecido deixaria de ser produzido. Havendo c o m é r c i o , com o mesmo 1 m de tecido se
o b t é m agora 1,5 kg de milho. • Argumento da Proteção ao Emprego
Concluindo, podemos dizer que a Teoria da Vantagem Absoluta e a Teoria da Van- Deve-se promover a substituição das i m p o r t a ç õ e s por bens fabricados no próprio país.
tagem Comparativa procuram mostrar que a especialização da p r o d u ç ã o estimvUa o co- Dessa forma, estimula-se a criação de novas indústrias e a geração de novos empregos.
mércio internacional e favorece o consumidor.
• Argumento do Combate aos Déficits Comerciais
Nesse caso, deve-se prooirar combater os déficits entre i m p o r t a ç õ e s e exportações.
3.1.3 Incentivos • Conta financeira: total da conta financeira, que engloba a receita, a despesa e o
saldo dos investimentos diretos; receita, despesa e saldo de investimentos em car-
o incentivo à ampliação do comércio internacional é a forma adotada pelo governo para teira; total de operações com derivativos, ativos e passivos; e outios investimen-
fazer que, artificialmente, o preço do produto nacional, no exterior, se tome mais barato
tos (que inclui, entie outios, créditos comerciais, empréstimos, moeda e d e p ó s i -
do que o preço do produto equivalente Para tanto ele se utiliza dos incentivos fiscais à s
exportações ou, ainda, de mcentivos creditícios (o produtor nacional consegue financia- tos, outios ativos e passivos e operações de regularização)
mentos a juros subsidiados). Utiliza-se, t a m b é m , de incentivos burocráticos, com a eli-
minação de uma série de passos burocráticos que deveriam ser observados em uma
exportação. 4.1 Plano de Contas
o plano de contas do Balanço de Pagamentos será tão analítico quanto as autoridades
3.1.4 Conclusão monetárias do país desejarem. Mas se o país for membro do Fundo Monetário Inter-
nacional (FMI), deverá incorporar, pelo menos, as contas defimdas por aquele órgão. O
A forma a que nos referimos nos itens antenores, barreiras ou incentivos, é a maneira Quadro 6 nos mostia a estintura geral desse d e m o n s t i a t í v o .
mais usual de o governo mtervir no C o m é r c i o Internacional. N o entanto, em c o n d i ç õ e s
especiais da economia de u m país, a aplicação das políticas adotadas p o d e r á ser exata-
mente inversa, ou seja, incentivar as importações e desestimular as exportações. QUADRO 6
Estrutura geral do balanço de pagamentos
4 BALANÇO DE P A G Ã M É N T Ò S l ^ ^ g
I 1. Balança Comercial (FOB)
o campo das relações e c o n ô m i c a s internacionais n ã o se restringe apenas ao fluxo de Exportações
comércio, serviços e rendas, mas sim a uma série de outias tiansações e c o n ô m i c a s , tais Importações
como e m p r é s t i m o s , financiamentos^ investimentos, donativos etc. E todos estes aspec-
2. Serviços
tos estão retratados no Balanço de Pagamentos de u m p a í s . Transportes
Tradiaonalmente, o Balanço de Pagamentos de u m p a í s é definido como o registio Viagens internacionais
sistemático das tiansações econômicas, ocomdas e m u m certo p e r í o d o de tempo, entre Seguros
residentes e n ã o residentes. Financeiros
Computação e informações
Por registro sistemático entenda-se a escrituração das tiansações e c o n ô m i c a s de u m Royalties i licenças
país com o resto do mundo. Isso é viabilizado por u m sistema contábil, pelo m é t o d o das Aluguel de equipamentos
partidas dobradas (débito e crédito), e obedecendo a u m determinado plano de contas. Serviços governamentais
O s dados do balanço de pagamentos s ã o normalmente divulgados em dólares Outros serviços
norte-americanos, a valores correntes, sem ajustamento sazonal. Compreendem as tran- 3. Rendas
s a ç õ e s realizadas por todo o país com o resto do mundo, e e s t ã o compilados de acordo Remuneração do trabalho assalariado
com os critérios estabelecidos na quinta e d i ç ã o do Manual de Balanço de Pagamentos do Rendas de investimentos
Fundo Monetário Internacional (BPM-5). Rendas de outros investimentos
As transações e c o n ô m i c a s podem ser agrupadas em tiês grandes itens: 4. Transferências correntes
• Transações correntes: exportações, importações e saldo da balança comercial;
5. Saldo em Transações Correntes {\*2*Z*A)
receita, despesa e saldo de serviços e rendas; receita, despesa e saldo de serviços
totais e os relacionados a tiansportes, viagens internacionais, seguros, fínanceu-os, 6. Conta Capital
Transferências de capital relacionadas com patrimônio de migrantes
c o m p u t a ç ã o e informação, royalties e licenças, aluguel de equipamentos governa- Aquisição/alienação de bens não (inanceifos não produtivos
mentais e outros serviços; receita, despesa e saldo de rendas, incluídos salários e
7. Conta Financeira
ordenados, renda de investimento direto (lucros e dividendos e juros de e m p r é s - Investimento direto
timos intercompanhia), renda de investimentos em carteira (lucros e dividendos e Investimentos em carteira
juros de títulos de dívida) e renda de outios investimentos (inclui juros de emprés- Derivativos
timos, financiamentos, depósitos e outios ativos e passivos); salcio de transferên- Outros investimentos
(créditos comerciais, empréstimos, moeda e depósitos)
cias correntes; e saldo de tiansações unilaterais correntes;
• Conta de capital: saldo da conta capital (inclui tiansferências de p a t r i m ô n i o e 8. Erros e omissSes
compra e venda de ativos n ã o p r o d u z i d o s / n ã o financeiros); 9., Resultado do Balanço de Pagamentos (5+6+7-f8)
T
530 E Princípios de Economia
Capitulo XiV Relações Internacionais ta 531
4.2 Detalhamento do Grupo de Contas de compradores e de fornecedores, agências governamentais, organismos mtemadonais e
bancos e, também, os juros de empréstimos diretos, excetuando-se os relativos a e m p r é s -
Detalhando, para efeito de entendimento do grupo de contas, temos- timos intercompanhias, alocados em rendas de investimento direto
• Balança Comercial
• Transferências Correntes
Neste grupo de contas são registiadas as exportações e importações de mercadorias, sendo São registradas nesta rubrica as receitas e despesas de divisas decorrentes de donativos,
as primeiras computadas com um smal positivo (crédito) e as segundas com u m sinal m a n u t e n ç ã o de estudantes no exterior, aposentadorias. Corresponde às transferências
negativo (débito). Elas são computadas pelo valor F O B (free on board)} ou seja, pelo unUaterais, na forma de bens e moeda para consumo Excluem-se as tiansferências rela-
valor de embarque, n ã o mclusos os valores referentes aos seguros e aos fretes.
tivas a p a t r i m ô n i o de migrantes internacionais, alocadas na conta capital.
• Serviços
• Transações Correntes
Neste grupo de contas s ã o registradas as receitas e as despesas de divisas oriundas de É o resultado do somatório dos saldos da Balança Comercial, de Serviços, de Rendas e de
transações de bens intangíveis, tais como recebimentos e pagamentos de viagens de resi-
Transferências Correntes. O Saldo em Transações Correntes indica se houve p o u p a n ç a
dentes ao exterior e de n ã o residentes no país, fretes, seguros etc. Registra t a m b é m os
externa negativa ou positiva.
serviços financeiros que compreendem as intermediações bancárias, tais como correta-
Se o Saldo em Transações Correntes for deficitário, significa que o país comprou
gens, comissões, garantias e fianças, e outros encargos acessórios sobre o endividamento
externo. E m outros s e r v i ç o s e s t ã o consolidadas as i n f o r m a ç õ e s referentes a s e r v i ç o s mais bens e serviços do exterior do que vendeu, indicando-ter havido uma p o u p a n ç a
de corretagens e c o m i s s õ e s mercantis, serviços técnico-profissionais, pessoais, culturais externa positiva E m outras palavras, é u m montante de renda que n ã o foi consumido no
e de recreação. "resto do mundo", isto é, foi poupado, e transferido para o país que apresentou o déficit
em transações correntes. A p o u p a n ç a externa positiva é chamada Passivo Externo
• Rendas Líquido, luna vez que aumenta as obrigações financeiras com o exterior.
Caso o Saldo em Transações Correntes seja superavitário, sigruficará que o p a í s
Aqui estão registradas as remunerações do trabalho assalariado e as rendas de inves- vendeu mais bens e s e r v i ç o s ao exterior do que comprou Nesse caso, haverá u m a
timentos, que correspondem à remuneração das modalidades de aplicação detalhadas na P o u p a n ç a Externa Negativa, t a m b é m denominada Ativo Externo Líquido.
conta financeira Assim, as rendas de investimento direto abrangem lucros e dividendos
relativos a participações no capital de empresa e os juros correspondentes aos emprésti-
• Conta Capital
mos intercompanhias nas modalidades de e m p r é s t i m o s diretos a título de qualquer
prazo, n ã o se incluindo os ganhos de capital, classificados como investimento direto na Esta conta registra as tiansferências de capital relacionadas com o patrimônio dos migran-
conta financeira. tes e a a q u i s i ç ã o / a l i e n a ç ã o de bens n ã o financeiros n ã o produzidos, tais como cessão de
patentes e marcas.
A s rendas de investimento em carteira englobam os lucros, dividendos e bonifica-
ções relativos às aplicações em ações e os juros correspondentes às aplicações e m títulos
da dívida de emissão doméstica (títulos da dívida interna pública, debêntures e outros • Conta Financeira
títulos pnvados) e no exterior (bônus, notes e commercial papers) de qualquer prazo. Os quatio itens desta conta são desdobrados em ativos e passivos, ou seja, h á um item des-
Excluem-se desse cálculo os juros relativos à colocação de p a p é i s entre empresas ligadas, tinado a registrar fluxos envolvendo ativos externos detidos por residentes no BrasU e
alocados em rendas de investimento direto, assim como os ganhos de capital relativos a outro para registrar a e m i s s ã o de passivos por residentes cujo credor é não residente. Essas
investimentos em carteira, contabilizados na conta financeira. contas de ativos e passivos são, em seguida, novamente desdobradas para evidenciar
As rendas de outros investimentos registram os demais juros de e m p r é s t i m o s , finan- detalhes específicos de cada conta.
ciamentos, créditos comerciais, depósitos e outros ativos e passivos. Abrangem, portanto, A conta Investimentos Diretos registra os ativos externos detidos por residentes
os juros relativos aos financiamentos de exportações e importações, tais como os créditos no BrasU sob a forma de investimento direto, bem como representa a conta de passivo
do grupo de investidores direto. Estão divididas em duas modalidades: participação no
capital e e m p r é s t i m o s intercompanhias.
A rubrica Investimentos e m Carteira registia o fluxo de ativos e passivos constituí-
icosSoe^r^ÍTÍ'' ^° '° P ^ ^ ° -«"t-atado, todas as despesas e
TeTJZr •" '"'"^''""^ ^ - transportará ao país dos pela e m i s s ã o de títulos de crédito comumente negociados em mercados s e c u n d á -
rios de p a p é i s . C o m p õ e m esses ativos os títulos de renda variável negociados no p a í s
532 E l Princípios de Economia
Capllulo XIV Relações Internacionais E3 533
A conta Derivativos Fmanceiros registia os fluxos financeiros relativos à h q u i d a ç ã o 2001 2002 2003 2004
Discriminação 2000
de haveres e obrigações decorrentes de operações de swap, o p ç õ e s e futuros e os fluxos 13.121 24.794 33.693
Balança comercial (FOB) -698 2.650
relativos aos prêmios de o p ç õ e s . 73084 96475
Exportações 55086 58223 60362
A conta Outios Investimentos, por sua vez, compreende os e m p r é s t i m o s e finan- importações 55 783 55 572 47240 48290 62 782
ciamentos de curto e longo prazos, a m o v i m e n t a ç ã o de d e p ó s i t o s mantidos no exterior Serviços -7.162 -7.759 -4.957 -4.931 -4.773
na forma de cüsponibilidades, cauções, d e p ó s i t o s judiciais e, amda, as garantias para os Receitas 9498 9322 9 551 10 447 12 442
e m p r é s t i m o s vinculados a exportações, bem como a variação dos d e p ó s i t o s no exterior Despesas 16660 17081 14509 15 378 17 215
dos bancos comerciais Rendas -17.886 -19.743 -18.191 -18.552 -20.520
Receitas 3 621 3 280 3 295 3 339 3199
• Erros e O m i s s õ e s Despesas 21 507 23023 21 486 21891 23 719
Transferências unilaterais correntes 1.521 1.638 2.390 2.867 3.268
Os lançamentos a crédito e a débito efetuados no balanço de pagamentos p r o v ê m de Receitas 1828 1934 2627 3132 3 582
diferentes fontes de informações, gerando, na prática, u m total líquido diferente de zero, Despesas 307 296 237 265 314
apesar de esse fluxo ser contabilizado pelo m é t o d o das partidas dobradas. A principal Transações correntes -24.225 -23.215 -7.637 4.177 11.669
razão está nas discrepâncias temporais das diversas origens dos dados utilizados. C o m Conta capital e financeira 19.326 27.052 8.004 5.111 -7.310
isso, toma-se necessário o lançamento de partida que permita o balanceamento das contas. Conta capital 273 -36 433 498 703
Essa rubrica serve, portanto, para compensar toda s u p e r e s t i m a ç â o ou s u b e s t i m a ç â o dos Conta financeira 19 053 27088 7 571 4 613 -8 013
30498 24 715 14108 9894 8 695
componentes registiados. Investimento direto (liquido)
No exterior -2 282 2 258 -2482 -249 -9471
Participação no capital -1755 1752 -2 402 -62 -6640
• Saldo do Balanço de Pagamentos
Empréstimos intercompanhias -527 505 -81 -187 -2 831
32 779 22 457 16590 10144 18166
Eqüivale à soma algébrica das contas do balanço de pagamentos, conta corrente, conta No Pafs
capital e financeira e erros e o m i s s õ e s . Participação no capital 30016 18 765 17118 9 320 18570
Empréstimos intercompanhias 2 763 3 692 -528 823 -405
O resultado do balanço de pagamentos representa a variação das reservas intema- -4 750
Investimentos em carteira 6955 77 -5119 5308
aonais do país, detidas pelo Banco Cential, no conceito de liquidez internacional, dedu- -755
Ativos -1 696 -795 -321 179
zidos os ajustes relativos a valorizações ou d e s v a l o r i z a ç õ e s das moedas estrangeiras e -121
Ações -1953 -1121 -389 -258
do ouro em relação ao dólar norte-americano e os ganhos ou perdas relativos a flutua- 437 -633
Títulos de renda fixa 258 326 67
ções nos preços dos títulos e da cotação do ouro. 5129 -3 996
Passivos 8 651 872 -4 797
Os Quadros 7-A e 7-B, mostiados a seguir, apresentam os saldos do b a l a n ç o de Ações 3076 2 481 1981 2 973 2 081
pagamentos do Brasil para os anos de 2000 a 2010. Neles se pode observar a m u d a n ç a Títulos de renda fixa 5 575 -1609 -6 778 2156 -6 076
do perfil de comércio m t è m a c i o n a l ao longo da década, bem como a importância da -197 -471 -356 -151 -677
Derivativos
conta capital e financeira para manter o saldo do balanço de pagamentos superavitário. Ativos 386 567 933 683 457
-583 -1038 -1289 -834 -1145
Passivos
Outros Investimentos -18202 2 767 -1062 -10 438 -11 281
-2989 -6 586 -3 211 -9483 -1 462
Ativos
-15213 9 353 2150 -955 -9 818
Passivos
2.637 -531 -66 -793 -2.115
Erros e omissões
-2.262 3.307 302 8.496 2.244
Resultado do balança
Memo
-4.02 -4,55 -1,66 0,82 1,94
Transações correntes/PIB
Amortizações de médio e longo prazos 31 977 35151 31 084 27115 33 129
Fonte Boletim do Banco Central do Brasil, março de 2005
534 El Princípios de Economia
T Capitulo XIV' Relações Internacionais B 535
QUADRO 7 (continuação)
O balanço de pagamentos do Brasil 5 VARIÁVEIS DETERMINANTES DAS IMPORTAÇÕES E DAS
(em US$ milhões) EXPORTAÇÕES '
Discriminação 2005 2006 2007 2008 2009 2010* Os elementos que mais influenciam as i m p o r t a ç õ e s e as exportações são:
Balança comercial (FOB) AR Ã^R
*t*t fuo 4U UíO 24 836 25 290 20221
Exportações 118308 137807 160649 197 942 152 995 201 915
Importações 73606 91 350 120621 173107 127 705 181 694
Serviços -8.309 -9.654 -13.355 -16.690 -19.246 -30.807 5.1 Importações
Receitas 16 047 19462 23 895 30451 27 728 31 821
Despesas 24356 29116 • Renda Nacional
37 250 47140 46 974 62 628
Rendas -25.967 -27.489 -29.242 -40.562 -33.684 -39.567 U m aumento da p r o d u ç ã o e da renda nacional significa que o país está crescendo e que
Receitas 3194 6438 11493 12511 8826 7353
Despesas d e m a n d a r á mais produtos importados, na forma de bens de consumo, de matérias-pri-
29162 33927 40 734 53 073 42510 46 919
Transferências unilaterais correntes 3.558 mas e de bens de capital. Nesse caso, existe uma relação direta entre renda nacional e
4.306 4.029 4.224 3.338 2.788
Receitas 4 051 4 847 4972 5 317
importações.
4 736 4 661
Despesas 493 541 943 1093 1398 1 873
Saldo em Transações Correntes 13.985 13.621 1.461 -28.192
• Taxa de C â m b i o (R$AJS$)
-24.302 -47.365
Conta Capital e Financeira -9.464 15.982 89.155 29.352 70.551 99.662 Uma desvalorização cambial fará que os importadores paguem mais pelos mesmos pro-
Conta Capital 663 869 756 1055 1129 1 119 dutos antes importados, acabando por desestimular as importações que, apesar de
Conta Financeira -10127 15113 88399 28297 69 423 98543 manter seus p r e ç o s em dólares, exigirão mais reais por dólar de produto importado.
Investimento direto (Ifauido) 12550 -9420 27 518 24 601 36033 36919
No exterior Nesse caso, existe uma relação inversa entre desvalorização cambial e i m p o r t a ç õ e s .
-2 517 -28202 -7067 -20457 10 084 -11 519
Participação no capital -2695 -23 413 -10091 -13 859 -4545 -26 782
Empréstimos intercompantiias 178
• Preços Externos (US$)
^789 3025 -6598 14 629 15 263
No País 15066 18 782 34 585 45 058 25 949 48 438 A e l e v a ç ã o dos preços (em dólares) dos produtos importados provavelmente provoca-
Participação no capital 15 045 15 373 26074 30064 19 906 40117 rá uma d i m i n u i ç ã o das importações brasileiras. Nesse caso, existe uma relação inversa
Empréstimos intercomoanfiias i 21 3409 8 510 14 994 6 042 8321 entre o preço (em dólares) dos produtos importados e as importações.
Investimentos em carteira 4 885 9573 48390 1133 49133 63 011
Ativos -1 771 523 286 1900 2975 -4 784 • Preços dos Produtos Produzidos Internamente (R$)
Ações -831 -915 -1413 257 2582 6 211
Títulos de renda fixa -940 1438 1699 1643 393 -10 995
U m a e l e v a ç ã o dos p r e ç o s dos produtos produzidos internamente e s t i m u l a r á a subs-
Passivos 6 655 9 051 48104 tituição desses produtos por produtos similares produzidos externamente, elevando
-767 46159 67 795
Ações 6451 7 716 26217 -7565 37071 37684 as i m p o r t a ç õ e s . Nesse caso, existe uma relação direta entre os p r e ç o s internos e as
Títulos de renda fixa 204 1335 21887 6 798 9 087 30111 importações.
Derivativos -40 383 -710 -312 156 -112
Ativos 508 482 88 298 322 133 • Barreiras Tarifárias e N ã o Tarifárias às I m p o r t a ç õ e s
Passivos -548 -99 -799 -610 -166 -245
Outros investimentos -27521 14 577 A i m p o s i ç ã o de barreiras tarifárias e n ã o tarifárias à s i m p o r t a ç õ e s pode ocasionar uma
13 201 2 875 -15 900 -1 274
Ativos - 5 035 -8914 -18 723 -5 269 -33141
d i m i n u i ç ã o de produtos importados. Nesse caso, existe uma relação inversa entre a
-42 575
Passivos -22486 23491 31923 i m p o s i ç ã o de barreiras tarifárias e n ã o tarifárias e as i m p o r t a ç õ e s .
8143 17241 41 301
Erros e Omissões -201 965 -3.131 1.809 434 -3.197
Resultado do balança 4.319 30.569 87.484 2.969 46.651 49.101
Memo
5.2 Exportações
Transações correntes/PIB 1,58 1,28 0,11 -1,79 -1,55 -2,27 • Renda M u n d i a l
Amortizações de médio e longo prazos 32 694 42 024 36 687 22 065 29639 32864
U m aumento na renda mundial d e v e r á estimular o comércio mtemacional. E m conse-
Fonte Banco Central do Biasil. outubro de 2010. Indicadores Econômicos Consolidados qüência, as exportações nacionais t a m b é m d e v e r ã o aumentar. Nesse caso, existe uma
relação direta entre a renda mundial e as e x p o r t a ç õ e s
T
536 D Princípios de Economia Capítulo XIV RelaçSes Internacionais G! 537
• Preços Externos (US$) Assim, quando u m exportador vende sua mercadoria no mercado internacional, o
importador estrangeiro dessa mercadoria remete divisas - dólares, por exemplo - ao
Uma elevação nos preços externos dos produtos por nós exportados deverá elevar as Banco Central, que fica com os dólares, pagando ao exportador nacional a quantia equi-
exportações. Nesse caso, existe uma relação direta entre os preços externos dos pro-
valente em reais.
dutos produzidos nacionalmente e as exportações.
A demanda de divisas, por sua vez, depende:
• Preços Internos (R$) • do volume de importações, uma vez que os importadores nacionais necessitam
Um aumento nos preços internos dos produtos exportáveis poderá estimular o aumento de moeda estrangeira para pagar suas compras realizadas em outros países, já
das vendas no mercado interno, diminuindo as importações. Nesse caso, existe uma que a moeda nacional não é aceita; e
relação inversa entre preços internos e exportações. • da saída de capitais externos, sob a forma de amortizações de empréstimos,
pagamentos de juros etc.
« Incentivos às Exportações
Incentivos às exportações, sejam de ordem fiscal (isenções de impostos), creditícios (o
produtor nacional consegue financiamento a juros subsidiados), ou de natureza buro- 6.2 Regimes Cambiais
crática, podem estimular as exportações. Existe, então, uma relação direta entre aumento
de incentivos e exportações
6.2.1 Regime de Câmbio FIXO
No regime de câmbio fixo, a taxa de câmbio é fixa, sendo determinada pelo Banco Central,
ou seja, o Banco Central se compromete a comprar e a vender divisas a u m preço fixado
6 TAXAS DE CÂMBIO
por ele. Em geral, há um pequeno diferencial entre as taxas de compra e venda para cobrir
os custos da transação. Nesse caso, o país fixa sua taxa de câmbio, porém reserva-se ao
6.1 Introdução direito de alterá-la caso enfrente um desequilíbrio fundamental em seu balanço de paga-
mentos. A vantagem desse sistema é facilitar a tomada de decisões dos diversos agentes
A taxa de câmbio é o preço, em moeda nacional, de uma imidade de moeda estrangeira.
econômicos. Devemos notar, entretanto, que nesse regime cambial o Banco Central deve
Em outras palavras, a taxa de câmbio é o preço de uma moeda em termos de outra.
possuir moeda estrangeira em volume suficiente para fazer face a uma situação de exces-
Obviamente há pelo menos tantas taxas de câmbio quanto moedas estrangeiras.
so de demanda pela moeda estrangeira à taxa estabelecida - quando houver uma situação
Contudo, a expressão Taxa de Câmbio geralmente indica o preço de uma moeda interna-
cional de referência que, no caso brasileiro, é o dólar norte-americano. de défidt no Balanço de Pagamentos. Deve também estar preparado para adquirir qual-
quer excesso de moeda estrangeira - superávit no balanço de pagamentos - , aceitando,
Assim, quando falamos que u m dólar norte-americano vale R$ 2,00, já estamos
assim, a perda de graus de liberdade na condução da política monetária.
expressando a taxa de câmbio entre as duas moedas:
No Brasil as divisas são monopólio do Estado, que é representado pelo Banco Central. 6.2.2 Regime de Taxas Flutuantes (ou Flexíveis) de Câmbio
As operações de câmbio, por sua vez, só podem ser conduzidas por meio de estabeleci-
No regime de taxas de câmbio flutuantes, o valor da taxa de câmbio é determinado livre-
mento bancário autorizado a operar em câmbio pelo Banco Central.
mente no mercado, mediante a oferta e a procura por divisas, sem nenhuma mtervenção
Sendo a taxa de câmbio um preço, ela tambénj será influenciada pela oferta e deman-
da, no caso, de divisas, ou seja, pela oferta e demanda de moeda estrangeira em u m deter- do Banco Central.
minado país.
538 • Pnncipios de Economia Capnulo XIV Relações Internacionais E S 539
A caracteríshca básica desse regime cambial é que a taxa de câmbio deve se ajustar Observemos o exemplo do Quadro 8. Se a taxa de câmbio fosse de R$ 2,00 por dólar,
de modo a equilibrar o mercado de divisas Assim, se houver excesso de oferta de moeda taxa esta considerada alta pelo mercado, e se o preço do bem a ser exportado fosse de
estrangeira, seu preço cairá, ou seja, a moeda nacional se valorizará. Da mesma forma, US$ 50,00, o exportador receberia R$ 100,00 por umdade exportada Nesse caso ele se
se houver excesso de demanda pela moeda estrangeira, o seu preço se valorizará, isto é, sentiria estimulado a exportar.
a moeda nacional se desvalorizará.' Se a taxa de câmbio fosse menor, por exemplo, de R$ 1,50 por dólar, pela mesma uni-
dade exportada o exportador receberia apenas R$ 75,00. Nesse caso, ele se sentiria deses-
limulado a exportar.
Assim, quanto maior for a taxa de câmbio, maior o volume exportado e maior a
6.2.3 /7í//(/afão5{//a(Djrty Floatíng)
oferta de divisas; quanto menor a taxa de câmbio, menor o volume exportado e menor
a oferta de divisas.
No Brasil, utiliza-se hoje um sistema misto, denominado dirty floating (flutuação suja).
Podemos, então, desenhar uma curva de oferta de divisas positivamente mdinada,
Nesse tipo de sistema a taxa de câmbio continua sendo determinada pelo mercado. En-
indicando que ela é crescente em relação à taxa de câmbio. A Figura 1 nos mostra uma
tretanto, o Banco Central intervém, tentai\do balizar os movimentos desejados da taxa de
curva de oferta de divisas com essas características. Assim, se a taxa de câmbio for Pj, a
câmbio, procurando limitar sua instabilidade
quantidade ofertada de divisas será Qo,. Se a taxa de câmbio se elevar para Pj, a quan-
tidade ofertada de divisas vai se elevar para Qo^.
Nesse tipo de sistema a taxa de câmbio flutua dentro de um intervalo com limites máxi-
mos e mínimos, também chamado "banda" Taxa ÚB
Câmbio
Normalmente, quanto mais alta a taxa de câmbio, maior deverá ser a quantidade que as
firmas desejarão exportar. Da mesma forma, quanto menor for a taxa de câmbio, menos
as fu-mas desejarão exportar.
Vejamos um exemplo: Quanlidada da Divisas
FIGURA 1
QUADRO 8 Curva de oferta de divisas
Taxa de câmbio e exportação
Vejamos, então, um exemplo: Estamos aptos, agora, a juntar os dois lados do mercado e tentar estabelecer a taxa
de câmbio de equilíbrio.
QUADRO 9
Taxa de câmbio e importação
Taxa da
. . . , ^ ^ . > . . . .. Câmbio
Taxa de Câmbio Preço do B e m Y Preço do B e m Y
(R$/US$) (em US$) (em R$) Importadores
2.00 30,00 60,00 Querem importar menos
1,50 30,00 45,00 Querem importar mais
Por outro lado, os impactos infladonários de uma desvalorização cambial não po- res de produção disponíveis no país Assim, aumentos nas exportações geram aumentos
dem ser esqueados, uma vez que ela aumenta o custo dos produtos importados. N o caso no nível de emprego e de renda, já que o mercado externo remunera os nossos exporta-
de fatores de produção importados, uma desvalorização significa aumento nos custos de dores pelo produto adquirido.
produção Se as firmas repassarem esses aumentos de custo para os preços dos produtos,
Por outro lado, as importações representam uma saída de recursos do país, vmia
os preços internos acabam por se elevar
vez que temos de pagar pelos produtos que compramos externamente. Além disso, ao
Fmalmente, não podemos nos esquecer do efeito das desvalorizações cambiais sobre importarmos produtos do exterior, acabamos gerando emprego e renda nos países dos
a dívida externa do país, uma vez que ela aumenta o estoque da dívida externa em reais quais importamos.
(o saldo em dólares não é afetado). Assim, u m saldo positivo em (X - M ) , ou seja, exportações maiores que as impor-
tações, repercutirá positivamente na economia, fazendo crescer o nível de emprego e de
renda, da mesma forma que um aumento nos investimentos ou nos gastos governa-
6.4.1 Desvalorização Real da Taxa de Câmbio mentais o faria
Por outro lado, u m saldo negativo em ( X - M), ou seja, importações maiores que as
Quando a economia sofre os efeitos da inflação, os custos e os preços dos produtos pro- exportações, provocaria queda no nível de emprego e de renda da economia.
duzidos internamente crescem. Quando isso ocorre, surge a necessidade de se alterar a Para exemplificar, faremos a determinação do nível de renda da economia em duas
taxa de câmbio, com o objetivo de manter a competitividade dos produtos exportáveis etapas: a primeira, sem o setor externo, e a segunda com a intiodução das exportações
no mercado mtemacional. A alteração na taxa de câmbio possibilita o reajuste dos pre-
e importações. Para simplificar ainda mais, trabalharemos com a hipótese de que n ã o
ços mtemos aos externos, após compensado o desconto da inflação externa. Como no
há tributação nessa economia. Teremos, então, em termos algébricos:
Brasü o dólar é a moeda de referência em nossas transações externas, os ajustes são fei-
tos sempre em relação a essa moeda. Condição de Equilíbrio: OA = DA
Para que ocorra a desvalorização real, não basta a desvalorização nominal ser supe- Oferta Agregada: OA = Y
nor à taxa de inflação interna. É preciso que a inflação interna seja superior à inflação
externa. Demanda Agregada = C + í + G
Equihljrio. Y = C + I+G (1)
Como exemplo, suponhamos que em determinado período a ii\flação interna tenha
sido de 50%, ao passo que a ir\flação externa tenha sido, no mesmo período, cie 10%. Função Consumo: C = Cp + bY (2)
Suponhamos, também, que no imao do período a cotação fosse de US$ 1,00 = R$ 1,00.
Fazendo a devida substituição, obtemos:
A inflação líquida foi de 36,36%, resultado da operação a seguir.
Partindo da base 100, temos: y = Co + bY + I + G
150 y - bY = Co + 7 + G
DR = - 1 X 100 = 36,36
110 Y(l-b) = Co + I+G
e, finalmente.
Para que seja mantida a equivalência do custo interno ao externo, o real terá de ser
desvalorizado em 36%.'' Assim, teremos: xCg + I+G
1-b
US$ 1,00 = R$ 1,36 onde Yg é o nível de renda de equilíbrio.
Logo, o produto é igual ao consumo, mais os investimentos, mais os gastos do
6.5 O Setor Externo e o Nível de Equilíbrio da Renda governo.
Para exemplificar, vamos analisar as seguintes hipóteses:
Vimos no Capítulo XI, quando analisamos uma economia fechada, que o rúvel de equi- C = Cg + bY, onde
líbrio da renda ocorreria quando a Oferta Agregada (OA) fosse igual à Demanda Agre-
gada (DA) da economia. Cg = 200
Fazendo as devidas substituições, obtemos. Vamos, agora, introduzir o setor externo em nosso modelo. Para tomar simples a
1 determinação do nível de equilíbrio da renda, trabalharemos com a hipótese de que
Y« - X (200 + 200 + 100) tanto importações quanto exportações são autônomas.
(1-0,75) Suponhamos, então, que as exportações totalizem R$ 400, enquanto as despesas
1 com importações fiquem em R$ 350. O saldo de (X - Aí) é, portanto, de R$ 50.
X (500) Vejamos, pois, como esse saldo repercute sobre o nível de renda.
" (0,25)
Yf = X Co + í + G + (X - M )
l-b
e, finalmente,
Yf = 2.200
200 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 2 200 2 400 2 600 f W
Com a introdução do setor externo e com as exportações sendo maiores que as im-
portações, o nível de renda e de emprego da economia aumenta de R$ 2 000 para R$ 2.200
A solução gráfica é apresentada na Figura 5, mostrada a seguir Observem que
FIGURA 4
houve um aumento da demanda agregada da economia e que agora o equilíbrio se d á
O equilíbrio em uma economia sem setor externo
em R$ 2.200, u m nível de renda mais elevado.
546 Princípios de Economia Capitulo XIV Relações Internacionais Q 547
2 600 e, finalmente.
Y | = 2.040
2 400
Y = OA = DA
E , ^ C + I + G + (X- Como podemos observar, o nível de renda caiu de R$ 2 200 para R$ 2.040, mos-
2 200
trando que, no caso de haver aumento das importações de R$ 350 para R$ 390, haverá
redução no saldo (X - M), e a renda se reduzirá em um múltiplo dessa diminuição. Nesse
2 000
> 1 caso, o multiplicador atua no sentido de reduzir o emprego e a renda.
1800
yyy y
Az Vamos, agora, analisar um novo exemplo.
yy yy
y^y Suponhamos, então, que uma economia esteja em desemprego e com d é f i d t na ba-
1600 lança comercial de R$ 50, decorrente de R$ 500 de importações e R$ 450 de exportações
(os valores de í, G e b permanecem os mesmos). Calculemos, irucialmente, o nível de
1400 yy / / , equilíbrio:
yy y / /
1200 yy X ^ y
yi\y y / y ^0 =
xCo + / + G + ( X - M )
l-b
1000 yy y / / \
yy / /yy
1
800
.y X 200 -1- 200 + 100 + (450 - 500)
yy^y^ yy
1 - 0,75
600 yy y y/
ao yy y y/
1 x 200 + 200 + 100 - 50
500 y y y / ys =
y y / 0,25
y^ /
400 y y
y / Yo= = 4 X 450
200
,^45°
e, finalmente.
1 1 1 1 1
200 400 600 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 2 200 2 400 2 600 Yo= = 1.800
1
Yí xCo + I + G + (X-M) Yf = X Co + 7 + G + (X - M)
l-b l-b
548 D Princípios de Economia
1
X 200 + 200 + 100 + 40
Exerctcioê
0,25
Yf = 4 X 540
e, finalmente. Questões
Como podemos verificar, a renda de equilíbrio aumentou de R$ 1.800 para R$ 2.160. 1) O que a "Teoria da Vantagem Absoluta" preconizava''
Fica como sugestão para o leitor fazer o gráfico desse exemplo.
2) Entre os argumentos que justificam a adoção de "Medidas Protecionistas", destaca-se
o argumento da indústria nascente. O que enuncia tal argumento'
3) Quais medidas corretivas podem ser adotadas caso um país apresente déficits crô-
nicos em seu Balanço de Pagamentos'
1) Entre as razões que mduzem os países ao comércio exterior de bens e serviços desta-
cam-se.
a) as diferenças nos estágios de desenvolvimento tecnológico;
b) as semelhanças nas disponibilidades estruturais de capital e trabalho,
c) as semelhanças entre nações no tocante às reservas não reprodutíveis,
d) as semelhanças mtemacionais quanto aos fatores chmáticos e fatores edáficos;
e) nenhuma das alternativas anteriores
2) Qual dos itens a seguir não se acha colocado na seção de contas-correntes do balanço
de pagamentos'
a) o mvestimento direto;
b) as importações de bens e serviços,
c) as transferências unilaterais,
d) as exportações de bens e serviços,
e) nenhuma das alternativas anteriores.
549 na
Capaulo XI Teoria da Determinação da Renda E 439
a custos mais baixos que qualquer oubra empresa que deseje entrar na indústria.
Exemplos de monopólios naturais são as companhias de energia elétrica, as com-
Apêndice panhias telefônicas e as companhias de gás. A forma de regulamentar o funciona-
mento de monopólios naturais é Umitar a entrada de concorrentes. Uma maneira
de se fazer isso é o Estado assumir diretamente a operação dessas empresas.
O Setor Pública Outra forma de se Umitar a entrada de concorrentes seria por meio de um regime
de concessões monopolistas. U m contrato de concessões pode ser definido como
o meio pelo qual a administração pública transfere a particulares a execução de
uma obra por sua conta e risco, seja por remuneração direta e prazo certo, ou paga
pelo usuário. Por se tratar de uma prestação de serviço público, é atribuição do
1 AS FUNÇÕES DO SETOR PÚBLICO Poder Público organizar tais serviços, regulamentando seus preços e fixando seus
padrões de serviços,
Muitas vezes, as economias de mercado não conseguem cumprir adequadamente suas b) Leis Antitruste
fimções. Por essa razão, o governo e o sistema de mercado passam a dividir a tarefa de
No Brasil, a legislação que trata da manutenção e fortalecimento da concorrência
responder às Três Questões Econômicas Fundamentais. Vamos, a seguir, apresentar as
é a Lei n^ 8.884, de 11 de junho de 1994, que transforma o Conselho Administra-
principais funções econômicas do setor público: fornecer a infraestrutura institucional;
tivo de Defesa Econômica (Cade) em Autarquia, e dispõe sobre a prevenção e a
promover a manutenção da concorrência; promover a realocação de recursos; promover
a redistnbmção de renda; manter a estabilidade da econonúa. repressão às infrações contra a ordem econômica. Essa lei amplia os poderes do
Cade (que já existia desde 1962) ao transformá-lo em Autarquia Federal, ao
mesmo tempo em que define com maior precisão as práticas consideradas ofen-
1.1 Fornecer Infraestrutura Institucional sivas à concorrência. Já em seu Art. 1*^ fica estipulada a fmalidade da lei: tratar da
prevenção e da re-pressão às infrações contra a ordem econômica, orientada
Cabe ao setor público fornecer parte da infraestrutura física (rodovias, aeroportos, pontes pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, fiinção
etc), bem como a infraestrutura institucional do sistema de mercado, tais como leis, tri- social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico.
bunais e órgãos reguladores. A existência de u m sistema legal garante os direitos de
propriedade privada e permite o estabelecimento e o cumprimento de contratos. Os
Órgãos Reguladores, por sua vez, podem arbitrar relações econômicas, punir crimes e 1.3 Promover a Redistribuição de Renda
impor penalidades apropriadas.
Nas economias de mercado, a renda das unidades familiares mais representativas é a que
se origina do trabalho. O sistema "de mercado, por sua vez, proporciona rendas salariais
1.2 Promover a iVIanutenção da Concorrência mais elevadas aos indivíduos que têm talento natural, instrução e habilidades adqui-
ridas. Além disso, os salários n ã o são a única fonte de renda das famílias. Existe ainda
Vimos no Capítulo VUI que as estruturas menos concorrenciais são formadas por se- a renda da propriedade, derivada da oferta de capital, terra ou recursos naturais. Algu-
tores compostos por poucos produtores, de modo que cada produtor tenha algum grau mas famílias possuem capital e terra provementes do trabalho ou de herança. Elas
de monopólio. Com maior poder de mercado, esses setores podem prejudicar potenci- fornecem esses fatores de produção, recebendo renda de juros ou lucro do capital, ou
ais compradores, pois acabam adquirindo bens a preços mais elevados que aqueles que renda de aluguel pela terra e recursos naturais.
prevaleceriam em mercados competitivos. Além de pagar mais pelo produto, nas eshixi- Em contrapartida, existem outros indivíduos na sociedade com menos talento natu-
turas com menor concorrência, o consumidor tem uma quantidade menor de produto à ral, que tiveram pouco ou nenhum acesso à mstrução, que têm pouca habilidade e que
sua disposição. De fato, os mercados falham na presença da concorrência imperfeita. não herdaram recursos de propriedade. Isso faz que, nas economias de mercado, exista
O poder monopólico se reflete em dois grandes grupos de mercados imperfeitos: uma considerável desigualdade na distribuição de renda. Por essa razão, o governo age
monopólios naturais e oligopóbos. Deve-se, portanto, limitar o poder de mercado, evitan- como u m agente redistribuidor de renda, por meio de programas e políticas governa-
do, assim, que seja usado de maneira antíconcorrendal. De modo geral, tenta-se impedir mentais. Entre eles, destacam-se:
os monopólios e os oligopólios de duas formas:
• Tributação
a) Propriedade e Regulação O governo pode redistribuir renda por meio de uma tributação progressiva, em que os
Em alguns casos, as indústrias são monopólios naturais, em que o custo médio indivíduos mais ricos pagam uma alíquota maior do imposto. O governo, então, retira
de produção diminui conforme aumenta a escala de operação da empresa, de tal recursos da camada mais rica da sociedade, transferindo-os para os indivíduos que fazem
sorte que uma firma já existente e de grandes dimensões pode suprir o mercado parte do segmento mais pobre da população.
438 Q
440 B Princípios de Economia
Capítulo XI Teoria da Determinação da Renda G 441
• Transferências
1.5 Manter a Estabilidade da Economia
Mediante programas de transferênda, tais como o programa de renda mírüma, seguro-
-desemprego, atendimento médico gratuito etc, o governo pode ajudar a diminuir a desi- Para manter a estabilidade, o governo deve intervir na economia de modo a evitar ex-
gualdade na distribuição de renda. cessivas flutuações da economia, combatendo os efeitos de quedas no nível de atividade
econômica. Nesse sentido, o govémo deve utilizar-se de políticas econômicas, buscando
• Intervenção no Mercado
o pleno emprego de recursos e a manutenção de preços estáveis. Para tanto, o governo pode
O governo pode intervir nas forças de mercado, cobrando impostos sobre produtos fazer uso da política fiscal, monetária, cambial, comercial e de rendas.
adquiridos pelas famílias mais ricas e subsidiando produtos consumidos pelas famílias
mais pobres.
2 SISTEMA TRIBUTÁRIO
1.4 Promover a Realocação de Recursos Dissemos, anteriormente, que, para desempenhar suas funções econômicas, o governo
se utíhza das receitas tributárias. Vamos, neste segmento, nos deter na análise de alguns
Uma das prindpais fimções econônrücas do governo é fornecer bens públicos que são aspectos relativos à tributação.
bens que, por suas características, o mercado não pode e não deve prover.
Para entendermos adequadamente a questão, vamos estabelecer as diferenças entre
bens públicos e bens privados, caracterizando inidalmente o que são bens privados. 2.1 Os Princípios da Neutralidade e da Equidade
Os bens privados são aqueles fomeddos por empresas privadas no mercado. Apresen-
tam duas características: são nvais e obedecem ao princípio da exclusão. São dois os principais princípios que devem nortear u m sistema tributário, o Princípio
U m bem privado é caracterizado pela rivalidade se o fato de uma pessoa usá-lo eli- da Neutralidade e o da Equidade (Justiça).
minar a possibilidade de que alguém mais possa fazê-lo. Como exemplo, podemos dtar
o de uma barra de chocolate: se uma pessoa comer uma barra de chocolate, outra pessoa • Princípio da Neutralidade
não poderá consumir o mesmo produto. Isso se aplica a todos os bens que podem ser De acordo com o princípio da neutialidade, o sistema tributário deve interferir o
comprados no mercado: computadores, comida e assim por diante. Outra característica menos possível nas decisões sobre alocação de recursos por parte do setor privado
de um bem privado é a exclusão: a habüidade de exduir quem não paga para consumir da economia. Por essa razão, a tributação não deve alterar os preços relativos, uma
um bem. Um indivíduo não tem o direito de consumir determinada pizza, a menos que vez que é com base nesses preços que se dá a alocação de recursos na economia.
pague por ela.
• Princípio da Equidade
Os bens públicos, por sua vez, não são nem rivais nem excludentes. Isso significa que a
utilização de um bem púbHco por parte de uma pessoa não reduz a disponibilidade desse De acordo com o princípio da equidade, um imposto, além de neutro, deve ser justo.
bem. Por essa razão, o bem pode ser utilizado por muitas pessoas sem que sejam preju- A Justiça do sistema tributário pode ser analisada a partir de dois outios printípios:
o Princípio do Benefício e o Princípio da Capacidade de Pagamento.
dicadas. Como exemplo, podemos dtar o da defesa nadonal: uma vez que ela já esteja
sendo fornecida, é impossível impedir alguém de se benehaar dela. Outros exemplos de » Princípio do Benefício
bens públicos são a polida, os parques e assim por diante. Pelas características dos bens De acordo com o princípio do benefício, para o sistema tnbutário ser justo, o indi-
públicos, o governo fica responsável por seu fornecimento em quantidades efidentes. víduo deve contribuir para com o Estado, sob a forma de impostos, de maneira
Vimos que o prinrípio da exclusão diferenda os bens púbhcos dos bens privados. proporcional aos benefídos dele recebidos. Assim, quanto mais benefídos receber,
Existem, entretanto, vários outros bens que, embora satisfaçam o princípio da exdusão, mais impostos deve pagar ao Estado. Quanto à sua implantação, a natureza dos
são providos pelo governo. Esses bens, chamados semipúblicos, induem saneamento, edu- bens e serviços públicos freqüentemente toma impossível a aplicação desse prin-
cação, saúde, estradas e assim por diante. São também denominados bens mentórtos, e são dpio. De fato, como os bens públicos são fomeddos coletivamente, fica difícil
bens que, embora possam ser explorados pelo setor privado, acabam sendo produzidos identificar os benefícios que cada mdivíduo atribui às diferentes quantidades
pelo governo, como forma de evitar que a população de baixa renda, por não poder pagar desses bens
por eles, seja exduída de seu consumo.
• Princípio da Capacidade de Pagamento
Os gastos que o governo tem ao fornecer bens públicos e semipúblicos provêm
De acordo com esse princípio, para a tributação ser justa, as famílias e as empre-
basicamente das receitas de impostos. A tributação libera os recursos da produção de
sas devem contribuir com os impostos segundo a sua capaddade de pagamento.
bens de consumo (aparelhos de som, alimentos, Ijvros) e de bens de capital (máquinas,
Se utilizarmos a renda como medida da capaddade de pagamento, então quanto
tratores, colheitadeiras) O governo, por meio de seus gastos, desloca esses recursos
maior a renda, maior a capaddade de pagamento, e quanto menor a renda, menor
para a produção de bens públicos e senüpúblicos.
a capacidade de pagamento.
442 n Princípios de Economia Capitulo XI Teoria da Determinação da Renda d 443
Como visto no Capítulo V, os impostos podem ser classificados em diretos e indiretos o défidt total também é chamado Necessidades de Finandamento do Setor Público Não
• Impostos Diretos: são aqueles que áfetarn á riqueza dos contribuintes, inddmdo Fmanceiro - Conceito Nominal. Esse conceito indica o fluxo de novos financiamentos
diretamente sobre a renda e a riqueza (patrimônio). Como exemplos de impostos obtidos pelo setor público não financeiro nas três esferas de governo (União, Estados e
diretos temos o Imposto sobre a Renda (IR), Imposto sobre a Propriedade Territo- municípios), empresas estatais e Previdência Social. Inclui os juros e as correções mone-
rial Urbana (IPTU) e Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) tárias e cambiais pagas sobre a dívida pública.
• Impostos Indiretos- decorrente da produção e comeraalização, geralmente incide
sobre vendas, produtos industriaUzados, importação etc. Como exemplo temos
o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Circulação de 3.3 Déficit Primário (ou Fiscal)
Mercadorias e Serviços (ICMS). Os impostos indiretos, por sua vez, podem ser
classificados em Impostos Específicos e Impostos ad valorem. O imposto específico Para se obter o défiat primário, exclui-se do déficit total a correção monetária e cambial e
recai sobre a unidade vendida. Exemplificando, para cada aparelho dè som ven- os juros da dívida anteriormente conhraída. Na verdade, o défidt primário constitiai-se
dido, recolhe-se ao governo $ 30,00, a título de imposto, sendo esse valor fixo, dos gastos públicos menos o total da arrecadação tributária corrente. Esse conceito mostra
independentemente do preço do bem. Quer o aparelho de som custe $ 200,00 ou a condução da política fiscal do governo ao apurar somente a arrecadação de impostos e
$ 300,00, o imposto a ser cobrado será no valor de $ 30,00. O imposto ad valorem, os gastos correntes e de investimento, independente da dívida pública.
por sua vez, é aplicado sobre o valor de venda. Para exemplificar, se o valor do IPI
sobre os aparelhos de som for de 10%, e o valor do aparelho de som for de $ 200,00,
o valor do imposto a ser recolhido aos cofres do governo será de $ 20,00. 3.4 Déficit Operacional
Os impostos podem ainda se classificar da seguinte forma: Impostos Regressivos, Im- O déficit operacional também é denominado Necessidades de Finandamento do Setor
postos Proporcionais e Impostos Progressivos. Púbhco - Conceito Operadonal. O défidt operacional constitui-se no défidt nominal
• Impostos Regressivos: são aqueles em que o aumento da contribuição é propor- menos as correções monetárias e cambiais pagas sobre a dívida pública. Constitui-se, por-
cionalmente menor à medida que a renda aumenta. O ônus do pagamento desse tanto, do déficit primário acrescido dos juros reais da dívida contraída anteriormente.
imposto recai mais sobre as classes menos privilegiadas. Como exemplo, pode-
mos atar o ICMS: suponha que o governo estabeleça uma alíquota de 10% para o
ICMS inadente sobre o quüo de açúcar. Se o quilo de açúcar custar $ 10,00, tanto 4 FORMAS DE FINANCIAMENTO DO DÉFICIT PUBLICO
as pessoas com renda mais baixa quanto aquelas com renda mais elevada paga-
rão, indistintamente, um imposto de $ 1,00 sobre o quilo adquirido de açúcar. Por Quando o governo se defronta com uma situação de déficit público, pode recorrer a me-
essa razão, quando o imposto é regressivo, o ônus.de seu pagamento recai de didas de política fiscal para cobrir tal déficit Essas medidas envolveriam o aumento dos
forma mais acentuada sobre os mais pobres. . . impostos ou a redução dos gastos do governo, ou ambos.
o Impostos Proporcionais: são aqueles em que a contnbuição é um porcentual Além das medidas de política fiscal, o governo pode finandar seu d é f i a t das se-
constante, qualquer que seja o nível de renda. guintes formas:
. • Impostos Progressivos: um imposto é considerado progressivo quando o por- • emissão de moeda: nesse caso, o governo (Tesouro Nacional) toma dinheiro em-
centual de contribuição se eleva à medida que aumenta a renda O ônus desse prestado ao Banco Cential. Isso corresponde a uma emissão monetária, com a
tipo de imposto recai de forma mais acentuada sobre as pessoas de renda mais expansão da base monetária. Implica colocar em prática uma política monetária
elevada. Como exemplo desse tipo de imposto, podemos citar o imposto de renda
expansionista, o que poderia gerar pressões inflacionárias na economia;
sobre a pessoa física. . ,
• venda de títulos da dívida pública ao setor privado: nesse caso, o governo tro-
ca títulos por moeda que já está em circulação. Esse tipo de financiamento con-
tribui para aumentar a dívida púbhca. Além disso, o governo pode ser obriga-
3 CONCEITO E FORMAS DE FINANCÍAMENTO DO DÉFICIT PÚBLICO do a elevar os juros para atrair os interessados na compra de seus títulos, o que
acabaria por elevar ainda mais a dívida pública.
3.1 Déficit Público
o défidt público acontece quando os gastos do gdVemo são superiores à sua arrecadação.
Ocorre o superávit quando a arrecadação do governo supera seus gastos. Veremos, a
seguir, que existem vários conceitos de défidt público.
Capítulo XI Teoria da Oetenninacao da Renda D 445
Exercteioê Y c /
Tabela E-2
DA, M DAj
(C + I + AI)
$ $ $ $ % $
0
Questões
100
A s respostas podem ser encontradas no final do livro.
200
Co = $100 400
. ' . b = 0,75 500
, , ' 7 = $ 100
600
Pede-se para:
700
a) determinar o nível de equilíbrio da renda;
b) completar a tabela dada a seguir: 800
c) fazer o gráfico do equilíbrio da renda; 900
Y c ! / 1 OA,
1100
1200
$ i % $
0 c) representar graficamente o ocorrido;
100 d) calcular AY;
200 e) calcular AC.
300 3) O que é Política Fiscal?
400
4) O que é um hiato defladonário? Suponha que uma economia se encontre em uma si-
500 tuação desse tipo. Que políticas fiscais poderiam ser adotadas para estimular a de-
600
manda agregada e conduzir a economia ao pleno emprego?
700
800
Testes de Múltipla Escolha
900
444 •
446 Cl Princípios de Economia
E 447