Você está na página 1de 44

TEXTO 3 - Teoria da Produção

Capítulo VI, 220 a 247;

Capítulo XIII, 505 a 520,

Capítulo XIV, 221 a 548 ;

Apêndice, 438 a 446.

GiísenbergPinteríato.com.br

"Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez.
Thomas Edison
'Ml

Capítulo VI

'•i

"I

'1

1 INTRODUÇÃO

Q uando falamos e m p r o d u ç ã o , é c o m u m pensarmos n ã o apenas nos produtos que a


firma p r o d u z , mas t a m b é m nos fatores de p r o d u ç ã o , que s ã o os rectusos que as f i r -
mas usam para produzir. Os fatores de p r o d u ç ã o i n c l u e m n ã o s ó os recursos p r o d u t i v o s
(trabalho, capital, terra e capacidade empresarial), como t a m b é m m a t é r i a s - p r i m a s e outros
bei\s e serviços adquiridos de outras firmas. A título de exemplo, para p r o d u z i r u m veí-
culo " G o l " , a Volkswagen usou v á r i o s fatores d é p r o d u ç ã o : trabalho (que i n c l u i o trabalho
dos engenheiros, dos o p e r á r i o s e t c ) , capital humano (que i n c l u i o conhecimento e a expe-
riência de cada trabalhador), capital físico (que i n c l u i computadores, m á q u i n a s , o p r é d i o
oride e s t á instalada a f á b r i c a da f i r m a etc.) e a terra (sobre a q u a l se construiu o p r é d i o
que abriga a f á b r i c a da f i r m a ) . A f i r m a t a m b é m u s o u m u i t o s recursos p r o d u z i d o s p o r
outras firmas, i n c l u i n d o a í m a t é r i a s - p r i m a s como tinta etc. Mediante u m a determinada
tecnologia, que é o m é t o d o pelo q u a l os recursos s ã o combinados para p r o d u z i r bens e
serviços, a f i r m a conseguiu, finalmente, p r o d u z i r o v e í c u l o . Podemos resvmúr o que f o i
dito p o r meio d o esquema a seguir apresentado. •

f Terra (Recursos Naturais)

Fatores de Trabalho
PRODUÇÃO Produto
Produção Capital

^ Capacidade Empresarial

O exemplo desenvolvido a t é a q u i s e r v i u para mostrar que a F i r m a é a i m i d a d e


b á s i c a de p r o d u ç ã o e m u m sistema e c o n ô m i c o . Ela contrata recursos p r o d u t i v o s , trans-
formados e m bens e s e r v i ç o s e os coloca o u à d i s p o s i ç ã o dos consumidores, n o caso de
bens finais, o u à d i s p o s i ç ã o de outras empresas, n o caso de bens i n t e r m e d i á r i o s .
220 í j Princípios de Economia CapUuloVI Teoria da P r o d u ç ã o B 221

Neste c a p í t u l o vamos estudar a Teona da P r o d u ç ã o . Os p r i n c í p i o s de p r o d u ç ã o Exemplificando: u m agricultor que produza mjJho p o d e r á obter u m a mesma quan-
estudados neste segmento s ã o fundamentais para o entendmiento da Teoria dos Custos, tidade de p r o d u t o a t r a v é s de u m processo de p r o d u ç ã o que utilize maior quantidade de
a ser exposta no p r ó x i m o c a p í t u l o . trabalhadores e menor quanhdade de m á q u i n a s e equipamentos, tais c o m o tratores e
colhedeiras, o u , altemahvamente, p o d e r á utilizar-se de u m processo de p r o d u ç ã o que u t i -
lize menor quantidade de trabalhadores e maior quantidade de tratores e colhedeiras.
2 ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS Se p e r g u n t á s s e m o s ao agricultor q u a l processo seria escolhido, certamente ele
escolheria o processo de p r o d u ç ã o que fosse mais eficiente. Para que essa resposta tenha
Apresentaremos a seguir alguns conceitos b á s i c o s , f u n d a m e n t a i s para o adequado en-
tendimento deste c a p í t u l o . sentido, é preciso d e f i n i r adequadamente o termo eficiência, fazendo a d i s t i n ç ã o entre
São eles: "eficiência t é c n i c a " e "eficiência e c o n ô m i c a " .

a) Firma (ou empresa) - É u m a unidade técnica que p r o d u z bens e s e r v i ç o s . • Eficiência Técnica: diz-se que u m m é t o d o de p r o d u ç ã o é tecnologicamente o "mais
eficiente" entre os m é t o d o s alternativos conhecidos se p e r m i t i r a o b t e n ç ã o d a
b ) Empresário - É q u e m decide quanto e a maneira pela q u a l u m a o u mais merca-
mesma quantidade de p r o d u t o que os outros processos c o m a utilização de menor
dorias s e r ã o produzidas Ele está sujeito a receber lucros o u incorrer e m p r e j u í z o s , con-
q u a n t i d a d e de todos os fatores de p r o d u ç ã o , o u menor q u a n t i d a d e de pelo m e -
f o r m e o resultado de sua d e c i s ã o .
nos u m f a t o r de p r o d u ç ã o , c o m a q u a n t i d a d e dos demais fatores d e p r o d u ç ã o
c) Fatores de Produção - S ã o os bens e s e r v i ç o s t r a n s f o r m á v e i s e m p r o d u ç ã o . A permanecendo inalterada.
t í t u l o de exemplo, alguns fatores de p r o d u ç ã o na i n d ú s t r i a d e c o n s t r u ç ã o c i v i l s ã o o • Eficiência Econômica: u m m é t o d o de p r o d u ç ã o s e r á considerado "economi-
cimento, a madeira, os tijolos, a á g u a , a m ã o de obra, os s e r v i ç o s de a d m i n i s t r a ç ã o da
camente ehciente" se p e r m i t i r a o b t e n ç ã o da mesma quantidade de p r o d u t o que
empresa construtora etc. Para dar u m exemplo mais simples, os fatores de p r o d u ç ã o u t i -
os m é t o d o s alternativos, ao m e n o r custo p o s s í v e l .
lizados na p r e p a r a ç ã o e venda de cachorro-quente p o r u m vendedor de rua s ã o os p ã e s ,
as salsichas, o f o g ã o , o carrinho e os s e r v i ç o s d o vendedor. Para exemplificar a d i f e r e n ç a entre esses conceitos, suponhamos que o agricultor
d) Produção - Pode ser d e f i n i d a como a t r a n s f o r m a ç ã o dos fatores de . p r o d u ç ã o mencionado anteriormente conseguisse obter, e m sua propriedade, u m a p r o d u ç ã o d e
adquiridos pela f i r m a e m bens Q U serviços para a venda n o mercado. Se a p r o d u ç ã o d á o r i - 10 toneladas de m i l h o p o r m ê s . Para tanto, p o d e r i a ter-se u t i l i z a d o dos fatores de p r o -
gem a u m ú n i c o p r o d u t o , é chamada simples; s e r á m ú l t i p l a caso d ê o r i g e m a mais de d u ç ã o terra, tiabalho e capital da seguinte f o r m a :
u m p r o d u t o . Devemos amda estar atentos para o f a t o de que o conceito de p r o d u ç ã o é
bastante amplo, n ã o se restrmgindo somente à t r a n s f o r m a ç ã o física o u q u í m i c a de fato-
res de p r o d u ç ã o e m bens materiais. Ele abrange t a m b é m a oferta de s e r v i ç o s tais como QUADRO 1
transporte, serviços b a n c á r i o s , c o m é r c i o etc. f/léiodos de produção
e) Produto - Qualquer b e m o u s e r v i ç o resultante de u m processo de p r o d u ç ã o .
Capital Trabalho Produção
f ) Tecnologia - É o conjunto de processos de p r o d u ç ã o conhecidos. Geralmente, exis- Terra (n<i de (no de (em
te mais de uma maneira de se p r o d u z i r uma detemunada mercadoria, abrangendo desde Métoda (ha/mês) tratores/mês) trabalhadores/mês) toneladas/mês)
uma grande quantidade de m ã o de obra e relativamente poucos equipamentos e m á q u i -
A 5 6 17 10
nas a t é pouca m ã o de obra e uma c o n s i d e r á v e l quantidade de m á q u i n a s e equipamentos.
A tecnologia, portanto, especifica todas as possibilidades técnicas pelas quais os fatores de B 5 8 12 10
p r o d u ç ã o p o d e m ser transformados e m produto. De todas as possibilidades d i s p o n í v e i s a
u m a firma, o e m p r e s á r i o selecionará aquela que ele julgar ser a mais eficiente economica- C 5 10 20 10
mente. A técmca economicamente mais eficiente será aquela que p e r m i t i r á a o b t e n ç ã o d o
mesmo n í v e l de p r o d u ç ã o que as técnicas alternativas, ao menor custo possível.
A cada m é t o d o corresponde u m a determinada c o m b m a ç ã o de fatores de p r o d u ç ã o .
Exemplificando: pelo m é t o d o A, 10 toneladas de m i l h o / m ê s s ã o obtidas c o m b i -
3 EFICIÊNCIA TÉCNICA E EFICIÊNCIA ECONÔMICA T j nando-se 5 hectares, 6 tratores e 17 trabalhadores. Pelo m é t o d o B a mesma p r o d u ç ã o é
obtida combinando-se 5 hectares, 8 tratores e 12 trabalhadores. D e acordo c o m o m é t o -
A tecnologia existente à d i s p o s i ç ã o d a empresa p e r m i t e a o b t e n ç ã o de u m d e t e r m i n a d o d o C, as 10 toneladas de m i l h o s ã o obtidas combinando-se 5 hectares, 10 tratores e 20
v o l u m e de p r o d u ç ã o a t r a v é s da u t i l i z a ç ã o de diferentes quantidades d e fatores de p r o - trabalhadores.
d u ç ã o . Assim, u m mesmo v o l u m e de p r o d u t o ' p o d e ser o b t i d o utilizando-se mais m ã o De acordo c o m o exemplo, o m é t o d o C é o menos eficiente tecnologicamente, u m a
de obra e menos capital ( m á q u i n a s , equipamentos e t c ) , o u , alternativamente, menos vez que se u t i l i z a de m a i o r quantidade de fatores de p r o d u ç ã o para obter o mesmo
m ã o de obra e mais capital. v o l u m e de p r o d u t o a l c a n ç a d o a t r a v é s dos m é t o d o s AeB.
222 B Princípios de Economia Capitulo VI Teoria da P r o d u ç ã o ES 223

Q u a l será, e n t ã o , o processo "economicamente mais eficiente"? ' QUADRO 4


Para saber q u a l m é t o d o c u s t a r á menos, é n e c e s s á r i o conhecer o p r e ç o dos serviços Método k
dos fatores. Suponhamos, e n t ã o , que o aluguel da terra seja de $ 2 0 0 0 , 0 0 / h e c t a r e / m ê s ,
que o trator custe $ 5 0 0 , 0 0 / m ê s e que a unidade de trabalho custe $ 1 0 0 , 0 0 / m ê s . Nessas Fator de Produção Quantidade (mês) Preço (R$/mês) " ' Custo (R$/mês)
c o n d i ç õ e s , o m é t o d o mais eficiente s e r á o m é t o d o A, c o n f o r m e demonstrado a seguir:
Terra (tia) 5 2 000,00 10000,00- i

Trator 6 800,00 4 800,00

Trabalho 17 400.00 6800,00


QUADRO 2
Método 1^ CUSTO TOTAL 21.600,00

Fator de Produção Quantidade (mês) Preço(R$/mês) Custo (R$/mês)


Terra (tia) 5 2000,00 10000,00
Trator 6 QUADRO 5
500,00 3 000,00
Método B
Tratialtio 17 100,00 1 700,00
•' • -i»—" ' — jiiiiiji ^
CUSTO TOTAL Fator de Produção Quantidade (mês) Preço (R$/mês) • Custo (R$/mês)
14.700,00
Terra (ha) 5 2 000,00 ' - 10000,00

Trator 8 800,00 • '6400,00

' Trabalho • 12 ' 400,00 ' 4 800,00

QUADRO 3 CUSTO TOTAL ' 21.200,00


Método B

Fator de Produção Quantidade (mês) Preço (R$/mês) Custo (R$/mês)


Terra (tia) 5 2000,00 10000,00 Verificamos agora que, c o m a m u d a n ç a nos p r e ç o s relativos dos fatores de p r o d u -
ção, o m é t o d o de p r o d u ç ã o mais eficiente é o B. '
Trator 8 500,00 4000,00
Trabalfio 12 100,00 1 200,00
CUSTO TOTAL 15.200,00
4 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO
Podemos conceituar a função de produção como a relação que indica a quantidade
máxima que se pode obter de um produto, por unidade de tempo, a partir da utilização
de uma determinada quantidade de fatores de produção e mediante a escolha do pro-
cesso de produção mais adequado. Ela p o d e ser representada da seguinte f o r m a :
Verificamos, portanto, que aos preços dados, o m é t o d o economicamente mais efi-
ciente é o m é t o d o A, u m a vez que apresenta ò m e n o r custo total. ',. '
Q = f(L,J<:,7^;
N a escolha d o m é t o d o mais adequado, devemos estar atentos à eventuais altera-
ções nos p r e ç o s relativos dos recursos p r o d u t i v o s , u m a vez que a e f i c i ê n c i a e c o n ô m i c a
Ide c à d a m é t o d o d e p e n d e r á do comportamento dessas v a r i á v e i s . - .i onde:
Suponhamos, a título de exemplo, que haja lirna m u d a n ç a nos p r e ç o s relativos dos
Q-,-; é a quantidade total p r o d u z i d a ( o u p r o d u t o total), p o r unidade de tempo;
f a t o r e s capital e trabalho, com o custo mensal d o trator passando para $ 800,0Ó'e o salário
•, .L - é a quantidade de m ã o j i e obra u t i l i z a d a p o r u n i d a d e de tempo;
para $ 4 0 0 , 0 0 / m ê s . Vejamos, e n t ã o , qual seria o m é t o d o e c o n o t r ü c a m e n t e mais eficiente:
• j íó - ' é o capital físico u t i l i z a d o p o r u r ü d a d e de tempo; e , ^
r - é a quantidade de á r e a u t i l i z a d a p o r u n i d a d e de tempo.
224 Princípios de Economia Capitulo VI Teoria da P r o d u ç ã o • 225

Para exemplificar, imaginemos u m a f i r m a que fabrique sapatos e m u m tiimo de 8 • Longo Prazo: é d e f i m d o como o p e r í o d o de tempo e m que todos os fatores de pro-
horas. Sua f u n ç ã o de p r o d u ç ã o consistirá n o n ú m e r o máximo de sapatos que p o d e r ã o ser dução são variáveis. E m longo prazo o tamanho da empresa pode mudar. A s s i m ,
produzidos a partir de determinadas quantidades de couro, pregos, fios, energia elétri- ela p o d e aumentar sua capacidade instalada p o r m e i o da a q u i s i ç ã o de novas ins-
ca, tempo de m ã o de obra, m á q u i n a s e equipamentos e á r e a utilizada da oficina, naque- talações e equipamentos. D a mesma f o r m a , e m longo prazo, a empresa p o d e se
le p e r í o d o de 8 horas.
retrair, vendendo seus equipamentos e i n s t a l a ç õ e s , o u simplesmente n ã o os re-
p o n d o à m e d i d a que se depreciam.

5 OS FATORES DE PRODUÇÃO FIXOS E VARIÁVEIS Devemos observar ainda que as d e f i n i ç õ e s apresentadas para curto e longo prazos
são gerais, v a r i a n d o conforme o tipo de empresa. Exemplificando- o curto prazo para
N a a n á h s e d o processo de p r o d u ç ã o , costuma-se classificar os fatores de p r o d u ç ã o u t i - uma empresa de c o n f e c ç ã o s e r á menor que o curto prazo para u m a companhia de nave-
hzados em fixos e variáveis. Vamos, portanto, c o n c e i h i á - l o s : g a ç ã o , operando c o m petroleiros, já que os navios l e v a m m u i t o t e m p o para serem cons-
t r u í d o s . Nesse caso, o curto p r a z o pode d u r a r a t é mesmo v á r i o s anos.
• Fator de Produção Fixo: u m fator de p r o d u ç ã o é d e f i n i d o como f i x o quando a
quantidade desse fator n ã o pode ser m u d a d a de imediato, q u a n d o se deseja u m a
r á p i d a v a r i a ç ã o na p r o d u ç ã o de u m a f i r m a . A a d m i r u s t r a ç ã o , o p r é d i o no q u a l
está instalada uma fábrica, certos tipos de m á q u i n a s e a p r ó p r i a terra (no caso da
7 PRODUÇÃO EM CURTO PRAZO
agricultura) s ã o exemplos de fatores de p r o d u ç ã o que n ã o p o d e m ser aumenta-
dos o u d i m i n u í d o s t ã o rapidamente quanto se queira, u m a vez que a c o n s t r u ç ã o U m a vez conceituados os p e r í o d o s de tempo relevantes para a firma, empreenderemos
de u m n o v o p r é d i o , a compra e i n s t a l a ç ã o de grandes m á q m n a s e equipamentos agora u m a análise da p r o d u ç ã o e m curto prazo. Nosso estudo se c o n c e n t r a r á especifica-
o u a a q m s i ç ã o de novas terras geralmente d e m a n d a m u m c o n s i d e r á v e l p e r í o d o mente nesse p e r í o d o de tempo, porque toda a ç ã o e c o n ô m i c a tem lugar e m curto prazo.
de tempo. Imciaremos c o m o exemplo de u m a fazenda que p r o d u z a trigo. Suponhamos,
• Fator de Produção Variável: o fator de p r o d u ç ã o v a r i á v e l é aquele cuja quantida- e n t ã o , que essa fazenda possua u m a d e t e m u n a d a á r e a c u l t i v á v e l de, p o r exemplo, 10
de pode vanar f a c ü m e n t e , . q u a n d o se deseja aumento o u d i m i n u i ç ã o na p r o d u ç ã o . hectares Trabalhemos, e n t ã o , c o m a h i p ó t e s e de que esse fator de produção permanecerá
M u i t o s tipos de m ã o de obra enquadram-se nessa categoria, u m a vez que, para a fixo e que a mão de obra será o único fator de produção variável, de tal f o r m a que essa fazen-
maioria das circunstâncias, uma f i r m a tem c o n d i ç õ e s de empregar e despedir seus da possa p r o d u z i r volumes maiores de p r o d u ç ã o (trigo) por m e i o d o aumento de seu
trabalhadores sem nenhuma demora c o n s i d e r á v e l . T a m b é m as m a t é r i a s - p r i m a s , a fator de p r o d u ç ã o m ã o de obra. N a verdade, o que desejamos saber é como a p r o d u ç ã o
energia eléfaica e os combustiVeis s ã o , enb^ outros, exemplos de fatores de p r o - de t r i g o se m o d i f i c a à m e d i d a q u e o n ú m e r o de trabalhadores varia.
d u ç ã o que se incluem nessa categoria.
E m termos de f u n ç ã o de p r o d u ç ã o t e r í a m o s :

Q = f(T,L)
6 PERÍODOS DE TEMPO RELEVANTES PARA A FIRMA
onde:
A partir da classificação dos fatores de p r o d u ç ã o e m f i x o s e v a r i á v e i s , estabelece-se a
n o ç ã o , d o s p e r í o d o s de tempo relevantes para a firma, o curto e o longo prazos: T = Terra e L = Trabalho

• Curto Prazo: diz respeito ao p e r í o d o de tempo em que pelo menos um dos fatores de
p r o d u ç ã o empregados na p r o d u ç ã o é fixo. Assim, se o e m p r e s á r i o quiser aumentar Logo,
o v o l u m e físico de p r o d u ç ã o , em curto prazo, só poderá fazê-lo mediante a utilização
mais intensa dos fatores de produção variáveis. Ele pode, p o r exemplo, usar mais horas Q = f(L)
de trabalho com o mesmo c o n j u n t o de m á q u i n a s e equipamentos existentes.
O u seja, o n í v e l de p r o d u t o varia apenas e m fimção (ou depende) de a l t e r a ç õ e s na
E m contrapartida, ele pode, t a m b é m , e m curto prazo, querer r e d u z i r seu v o l u m e
m ã o de obra, e m curto prazo, coeteris paribus.
de p r o d u ç ã o . Nesse caso ele tem possibilidades de se desfazer rapidamente de certos
tipos de m ã o de obra. Entretanto, n ã o t e m c o n d i ç õ e s de se desfazer rapidamente de u m Consideremos iniciahnente o Q u a d r o 6, que c o n t é m dados h i p o t é t i c o s sobre a p r o -
p r é d i o , de u m alto f o r n o (no caso de u m a usina s i d e r ú r g i c a ) o u de u m a grande m á q u i - d u ç ã o de trigo e m curto prazo:
na qualquer, que s ã o , conforme conceituamos, fatores de p r o d u ç ã o fixos.
226 Princípios de Economia Capitulo VI Teoria da P r o d u ç ã o B 227

QUADRO 6 Proauto
Produção de trigo com fator de produção variável (mão de obra)

(1) (2) . (3) i (4) i (5)


Quantidade , Unidades de i Produto Produto 1 Produto
de Terra Mão de obra ! Total Médio 1 Marginal
Utilizada Empregadas 1
T
L i a Pme = a/L Pmg = AQ/AL

10 0 0 - - Produto Total
10 1 10 10 10

10 2 22 11 12

10 3 39 13 17

10 4 52 13 13

10 5 60 12 8^

10 6 60 10 0

10 7 56 8 -4

10 8 48 6 -8"-

Os dados da coluna 3 m d i c a m a p r o d u ç ã o m á x i m a de trigo que p o d e ser o b t i d a a


partir de diferentes quantidades de m ã o de obra, sempre na s u p o s i ç ã o de que o fator
terra p e r m a n e ç a fixo. A m ã o de obra (L) é m e d i d a e m h o m e n s / a n o e o p r o d u t o total (Q)
e m sacas/ano. Tais dados m o s t r a m que, q u a n d o o f a t o r m ã o d e obra é zero, o v o l i m i e
de p r o d u ç ã o t a m b é m é zero. O restante da tabela deve ser h d o da segumte f o r m a : se o 3 4 5 6 7
fazendeiro contratar u m trabalhador, a p r o d u ç ã o total de t n g o s e r á de 10 sacas/ano; se Número de Trabalhaiíores (L)
ele contratar dois trabalhadores, a p r o d u ç ã o total de trigo d e v e r á ser de 22 sacas/ano.
Se contratar 3 hrabalhadores, e n t ã o a p r o d u ç ã o total será de 39 sacas/ano e assim p o r FIGURA 1
Curva de produção total de trigo
diante. Essas i n f o r m a ç õ e s s ã o mostradas graficamente na Figura 1.
Nessa f i g u r a , a p r o d u ç ã o total e s t á representada n o eixo vertical, e o n ú m e r o de
trabalhadores é representado n o eixo h o r i z o n t a l . U n i n d o os pontos que associam os
diferentes n í v e i s de p r o d u ç ã o c o m as v á r i a s quantidades de tiabalho utilizadas, obtemos
a Curva de Produção Total de Trigo. Constatamos que, à m e d i d a que se empregam 7.1 O Produto Médio do Fator de Produção Variável (Pme)
sucessivas urudades de m ã o de obra, a p r o d u ç ã o inicialmente cresce. E o que ocorre a t é
o emprego do q m n t o trabalhador, quando a p r o d u ç ã o total atinge seu m á x i m o (60 sacas). o produto médio (ou produtividade média) do fator variável é obtido a partir da divi-
Verificamos, e n t ã o , que a utilização de u m sexto trabalhador nada acrescenta à p r o d u ç ã o são da produção total pela quantidade de fator de produção variável empregada para
total. E isso n ã o é tudo a partir d a í , o emprego de unidades adicionais de m ã o de obra se atingir esse nível de produção. C o m o e m nosso exemplo, o ú n i c o fator de p r o d u ç ã o
p r o v o c a r á u m a d i m i n u i ç ã o na p r o d u ç ã o total. E m s í n t e s e , à m e d i d a que combinamos v a r i á v e l é o tiabalho, o p r o d u t o m é d i o p o r trabalhador é d a d o por:
umdades adicionais de u m f a t o r de p r o d u ç ã o v a r i á v e l a u m d a d o m o n t a n t e de fatores
de p r o d u ç ã o fixos, a p r o d u ç ã o total inicialmente cresce, e m seguida atinge um valor Q
Pme = .
m á x i m o e depois decresce
228 E Princípios de Economia Capnulo VI Teoria da P r o d u ç ã o E 229

onde-
7.2 Produto Marginal do Fator de Produção Variável (Pmg)
Pme = Produto m é d i o d o f a t o r v a r i á v e l o produto marginal (ou produtividade marginal) do fator de produção variável é defi-
sendo: nido como a variação na produção total decorrente da variação de u m a unidade no
fator de produção variável. E m nosso exemplo, a m ã o de obra é o ú n i c o fator de p r o -
Q = P r o d u ç ã o Total d u ç ã o v a r i á v e l . Nesse caso, o p r o d u t o m a r g i n a l p o r trabalhador é dado por:

Pmg = -
AL
L = N ú m e r o de tiabalhadores
onde:
A s s i m , de acordo c o m o Q u a d r o 6, se quisermos obter o p r o d u t o m é d i o de dois Pmg = Produto m a r g i n a l p o r trabalhador
tiabalhadores, pegaremos o p r o d u t o total obtido por eles (22 sacas) e dividiremos esse
valor por dois: sendo
AQ = Variação na p r o d u ç ã o total
Q
Pme =

AL = V a r i a ç ã o na quantidade utilizada d o fator trabalho


então.
N a coluna 5 d o Q u a d r o 6, a p r o d u ç ã o total c o m quantidade de trabalho i g u a l a zero
22
Pme = é de zero sacas de trigo. O emprego do p r i m e i r o tiabalhador aumenta a p r o d u ç ã o total
de zero para 10 sacas de trigo. Assim, o p r o d u t o m a r g i n a l para a p r i m e i r a u n i d a d e de
tiabalho é de 10 sacas, sendo c o m p u t a d o da seguinte f o r m a :
e, finalmente.

Pmg = .
Pme = 11 AL

Obteremos, assim, u m p r o d u t o m é d i o correspondente a 11 sacas. então.


Da mesma f o r m a , se quisermos saber o p r o d u t o m é d i o de hrês tiabalhadores, pega- 10-0 10
Pmg.
remos o p r o d u t o total obtido por eles (39 sacas) e dividuremos esse v a l o r por b-ês: 1-0
Q
Pme =
Pmg = 10
então. Podemos ver t a m b é m que a p r o d u ç ã o total obtida pelo emprego de dois trabalha-
dores é de 22 sacas. A s s i m , a d i f e r e n ç a entie a p r o d u ç ã o obtida c o m dois trabalhadores
39
Pme = (22) e a p r o d u ç ã o obtida c o m u m trabalhador (10) é de 12 sacas, e se deve ao emprego
da segunda u n i d a d e de m ã o de obra. Dizemos e n t ã o que o p r o d u t o m a r g i n a l da segun-
da u n i d a d e de m ã o de obra é de 12 sacas:
e, fmaknente,
Pmg =
Pme = 13 AL

Obteremos, assim, u m p r o d u t o m é d i o correspondente a 13 sacas. então.


A coluna 4 do Quadro 6 nos fornece os valores d o p r o d u t o m é d i o p o r tiabalhador 22-10 12
Pmg =
para cada quantidade utilizada de m ã o de obra. Devemos observar que o p r o d u t o 2-1
m é d i o aumenta à m e d i d a que a quantidade empregada de m ã o de obra aumenta, alcan-
ça u m m á x i m o entie 3 e 4 unidades de trabalho e e n t ã o decresce, c o n f o r m e aumenta a
quantidade utilizada de m ã o de obra. Pmg = 12
230 • Princípios de Economia Capnulo VI Teoria da Produção B 231

O restante da coluna 5 é calculado de f o r m a semelhante. Verificamos e n t ã o que o mar que o Pmg é a p r ó p r i a m c l m a ç ã o da curva de P r o d u ç ã o Total. A s s i m , se a q u a n t i -
p r o d u t o marginal por ta-abalhador micialmente cresce, atinge u m m á x i m o de 17 sacas dade de trabalhadores aumentar de 4 para 5, o Pmg s e r á i g u a l a 8; s e n ã o , vejamos:
(com emprego de 3 umdades de m ã o de obra), decresce, chega a ser zero (com empre-
! I go de 6 unidades de m ã o de obra) p o d e n d o a t é mesmo atingir valores negativos. AQ 60-52
Pmg =
AL 5-4

7.3 As Curvas de Produto Médio e Marginal que é a i n c l m a ç ã o da curva de P r o d u t o Total entre esses dois pontos. É interessante ve-
rificar que entre 5 e 6 trabalhadores o Pmg é zero, i n d i c a n d o que a m c l m a ç ã o da f u n ç ã o
N a Figura 2 representamos os produtos m é d i o s e m a r g i n a l associados à s v á r i a s quanti- t a m b é m é zero. De fato, ao observarmos a c u r v a de P r o d u t o Total, verificaremos que
dades de b-abalho utihzadas. Os dados s ã o os constantes d o Q u a d r o 6. nesse trecho a curva é paralela ao eixo horizontal (que mede o n ú m e r o de trabalhadores)
Se aumentarmos o n ú m e r o de trabalhadores de 6 para 7 o Pmg s e r á negativo ( - 4), e a
inclinação da curva de Produto Total t a m b é m s e r á negativa
As f o r m a s das curvas de Pme e Pmg d e r i v a m , portanto, d o f o r m a t o da curva de
Produto Total.
Verificamos e n t ã o que tanto o Pme quanto o Pmg m i a a h n e n t e crescem, a t m g e m u m
m á x i m o e posteriormente decrescem.
Verificamos t a m b é m que o Pmg está acima d o Pme enquanto o Pme aumenta; igua-
la-se ao Pme quando este atinge seu p o n t o de m á x i m o e fica abaixo d o Pme à m e d i d a
que este d i m i n u i .
A e x p l i c a ç ã o p a r a esse fato é simples: suponhamos, e n t ã o , que e m u m a sala e n t r e m
4 pessoas, u m a depois da outra, e que elas tenham as seguintes alturas:

QUADRO 7
Alturas médias

Altura Altura Média


Indivíduo (em metros) (em metros)

1 1,68 1,68

Número da Trabalhadores (L) 2 1,70 1,69

FIGURA 2 3 1,72 1,70


As curvas de produto médio e marginal 1,74 1,71
4

TOTAL 6,84

C o m o o p r o d u t o m a r g i n a l f o i d e f i n i d o como a v a r i a ç ã o na p r o d u ç ã o total decor- Devemos observar que a altura de cada pessoa que entra é a altura m a r g i n a l .
rente da v a r i a ç ã o de u m a unidade d o fator de p r o d u ç ã o v a r i á v e l , cada valor de Pmg Vamos, e n t ã o , calcular a m é d i a de altura das pessoas nessa sala:
deve ser representado n o p o n t o m é d i o d o intervalo entre duas imidades.
Devemos observar que, n o caso, o Pmg é d a d o pela i n c l i n a ç ã o da curva de P r o d u t o 6,84
Média = = 1,71 m
Total entre as unidades de fator v a r i á v e l . E x e m p l i f i c a n d o : q u a n d o aumentamos a quan-
tidade de fator trabalho de 3 para 4 trabalhadores ^àL = 1), a p r o d u ç ã o total aumenta d e
39 para 52 (AQ = 13). Observando a Figura 3, p o d e m o s verificar que A Q / A L nos f o r n e - E m outras palavras, a m é d i a é de 1,71 m .
ce a inclinação da f u n ç ã o entre 3 e 4 trabalhadores cujo valor é 13. Podemos, então," afir- Essa é a m é d i a m á x i m a obtida.
232 Princípios de Economia
Capítulo VI Teoria da P r o d u ç ã o B 233

F a ç a m o s , e n t ã o , a s u p o s i ç ã o de que na sala entie mais uma pessoa (a altura margi-


nal). Se ela tiver mais de 1,71 m , a altura m é d i a da sala v a i aumentar; se ela tiver menos
de 1,71 m , a altura m é d i a v a i d i m i n u i r ; f i n a l m e n t e , se essa pessoa tiver exatamente
1,71 m , a altura m é d i a da sala v a i permanecer inalterada.
Esse r a c i o c í n i o p o d e ser aplicado aos conceitos d o Pme e Pmg e explica as relações
existentes entie eles. U m a vez que o Pme aumenta quando Pmg > Pme, e d i m i n u i quan-
do Pmg < Pme, o Pme t e m de alcançar seu valor m á x i m o quando Pme - Pmg.
Produto Total
Devemos chamar a a t e n ç ã o para o fato de que para o e m p r e s á r i o a v a r i á v e l i m p o r -
Aq = 13
tante será n ã o s ó o Produto M é d i o , mas a c o n t r i b u i ç ã o que cada n o v o trabalhador acres-
centa à p r o d u ç ã o .
Para m e l h o r compreender esse fato, vamos nos valer de u m exemplo fora da Teoria
da P r o d u ç ã o .
Imaginemos, e n t ã o , dois alunos, J o ã o e J o s é , e que eles tenham obtido e m duas pro-
vas da mesma m a t é n a as seguintes notas

QUADRO 8
Notas médias e marginais

Alúno 12 Proua 2a Prova Total de Pontos Média


João 7 3 10 5
José 2 8 10 5

6 7 a 9 10
Número de Trsbaíhailares IL)

Apesar de ambos terem obtido a mesma m é d i a , a c o n t i i b u i ç ã o para o n ú m e r o total


de pontos da i a para a 2a p r o v a f o i maior n o caso de J o s é d o que n o caso de J o ã o . Essa
c o n t i i b u i ç ã o corresponde à n o ç ã o de " m a r g e m " e p e r m i t e obter i m i a i n f o r m a ç ã o que a
m é d i a n ã o fornece- n o caso, José teve u m a melhora s e n s í v e l de desempenho compara-
do c o m João.

7.4 Comparações entre os Produtos Total e Marginal


Tendo d e f i n i d o o que s ã o os p r o d u t o s t o t a l e m a r g i n a l , p o d e m o s agora f a z e r a l g u -
mas c o m p a r a ç õ e s e n t i e eles Faremos isso c o m a a j u d a da F i g u r a 3, e m que as duas
curvas (mais a curva d o Pme) s ã o colocadas de m a n e i r a que possibilite u m a a n á ü s e
adequada de ambas.
Comecemos com a curva de p r o d u t o total. A p a r t i r de u m a determinada quantidade
de fatores fixos, a a d i ç ã o sucessiva de unidades de fator v a r i á v e l - n o caso, o fator tiaba-
lho - provoca de i n í d o uma r á p i d a e x p a n s ã o d o Produto Total. Número de Trabáhmlares (L)

Os g r á f i c o s d o Produto Total e do Produto M a r g i n a l nos m o s t i a m que a t é a terceira FIGURA 3


unidade de m ã o de obra o p r o d u t o total aumenta a taxas crescentes, o que s i g n i f i í a que Curvas de produto total, médio e marginal
234 : ; Princípios de Economia
Capftulo VI Teoria da P r o d u ç ã o • 235

o p r o d u t o m a r g i n a l d o tiabalho está aumentando (ou que os rendimentos marginais do u m p o n t o e m que, embora a p r o d u ç ã o aumente, ela o f a r á a u m a taxa decrescente. A
fator trabalho estão crescendo). C o m o emprego de três unidades de m ã o de obra, o pro- partir d a í passa a v i g o r a r a l e i dos r e n d i m e n t o s decrescentes (o p r o d u t o m a r g m a l
d u t o m a r g m a l atmge seu m á x i m o (Pmg = 17 sacas), A partir desse p o n t o , a lei dos ren- c o m e ç a a decrescer). A r a z ã o b á s i c a da sua o c o r r ê n c i a é que cada u n i d a d e a d i c i o n a l
dimentos decrescentes micia sua o p e r a ç ã o e o p r o d u t o m a r g i n a l c o m e ç a a declinar. de m ã o de obra d i s p o r á cada vez mais de menos fatores de p r o d u ç ã o fixos para traba-
Voltando à curva de p r o d u ç ã o total, verificamos que a p a r t i r da u t i l i z a ç ã o da ter- lhar. C o n t i a t a n d o ainda mais trabalhadores, chegaremos a u m p o n t o e m que a p r o d u -
ceira unidade de m ã o de obra, quantidades adicionais do fator trabalho f a r ã o a p r o d u - ção v a i cair. Os trabalhadores e s t a r ã o todos t ã o p r ó x i m o s que u m p a s s a r á a atrapalhar
ção total se expandir, s ó que de maneira mais lenta. Isso indica que o p r o d u t o total con- o tiabalho do o u t i o . P o d e r í a m o s a t é i m a g m a r u m a s i t u a ç ã o e m que haveria tantos tra-
tinua a crescer, s ó que com taxas decrescentes, significando, como j á dissemos, que o balhadores que n ã o sobraria e s p a ç o sequer para o cultivo d o trigo, de t a l sorte que a
p r o d u t o m a r g i n a l d o fator trabalho c o m e ç a a d i m i n u i r (ou que os rendimentos margi- p r o d u ç ã o seria nula. A p r o v a de que os rendimentos decrescentes existem é que, se eles
nais d o fator tiabalho c o m e ç a m a decrescer). n ã o ocorressem, p o d e r í a m o s , somente c o m a u t i l i z a ç ã o de mais trabalhadores, semen-
Consideremos agora a p r o d u ç ã o obtida c o m o emprego de 5 unidades d o fator de tes e fertilizantes, p r o d u z i r , apenas nesses 2 hectares, trigo suficiente para alimentar a
p r o d u ç ã o trabalho- ela é de 60 sacas de t n g o . Se adicionarmos mais u m a u n i d a d e de tra- p o p u l a ç ã o d o m u n d o inteiro, o que, naturalmente, carece de sentido.
balho (a sexta unidade), a p r o d u ç ã o total n ã o a u m e n t a r á . Nesse caso, o p r o d u t o margi- Para melhor entendermos a " L e i dos Rendimentos Decrescentes", daremos, e n t ã o ,
nal da sexta unidade de trabalho s e r á zero, o u seja, a p r o d u ç ã o total chegou ao seu ponto outio exemplo: "Suponhamos que temos u m a dada p o r ç ã o de terra e desejamos abrir u m a
m á x i m o (60 sacas). Se continuarmos a empregar quantidades adicionais de trabalho, o vala. Trazemos u m o p e r á r i o , e ele c o m e ç a a escavar. Se acrescentarmos u m segundo, tal-
p r o d u t o total decrescerá e o p r o d u t o m a r g i n a l s e r á necessariamente negativo. Exem- vez os dois possam cavar a vala mais eficientemente, porque p o d e r ã o se especializar. U m
plificando a a d i ç ã o da s é t i m a unidade de m ã o de obra p r o v o c a r á u m a d i m i n u i ç ã o na usaria a picareta, e o outro, a p á . A p r o d u ç ã o a u m e n t a r á a u m a taxa crescente O c o r r e r á
p r o d u ç ã o total de 60 para 56 sacas, e o p r o d u t o m a r g m a l da s é t i m a unidade de m ã o de u m maior grau de especialização se acrescentarmos u m terceiro o p e r á r i o , e a p r o d u ç ã o
obra será negativo ( - 4 ) c o n t i n u a r á a aumentar a uma taxa crescente. Entietanto, se acrescentarmos alguns o p e r á -
nos a mais, embora a p r o d u ç ã o possa aumentar, o f a r á a u m a taxa decrescente, pois os
o p e r á r i o s se a t r a p a l h a r ã o uns aos outios. Contiatando ainda mais tiabalhadores, chega-
remos a u m ponto e m que a p r o d u ç ã o v a i cair, e s t a r ã o t ã o p r ó x i m o s que n ã o s e r ã o capa-
7.5 A Lei dos Rendimentos Decrescentes
zes de cavar ao mesmo tempo. P o d e r í a m o s , enfim, colocar tantos trabalhadores e m nosso
terreno, que eles n ã o teriam e s p a ç o para cavar, e a p r o d u ç ã o seria nula".l
As formas das curvas de p r o d u t o total e m a r g m a l servem para ilustrar a Lei dos Ren-
dimentos Decrescentes ( t a m b é m conhecida como " L e i das P r o p o r ç õ e s V a r i á v e i s " o u
"Lei da P r o d u t i v i d a d e Marginal Decrescente"), que descreve a taxa de m u d a n ç a na pro-
d u ç ã o de u m a f i r m a quando se v a r i a a quantidade de apenas u m f a t o r de p r o d u ç ã o . Ela
é assim enunciada:

Aumentando-se a quantidade de um fator de produção variável em iguais incrementos


por unidade de tempo, enquanto a quantidade dos demais fatores se mantém fixa, a pro-
dução total aumentará, mas, a partir de certo ponto, os acréscimos resultantes no produ-
to se tomarão cada vez menores. Continuando o aumento na quantidade utilizada do
fator variável, a produção alcançará um máximo, podendo, então, decrescer.

A " L e i dos Rendimentos Decrescentes" pode ser m e l h o r compreendida p o r meio


de u m exemplo. Imagmemos e n t ã o u m a fazenda de trigo que possua u m a p r o p n a d o
conjunto de m á q u i n a s , ferramentas, sementes e u m a determinada á r e a para ser c u l t i -
vada, p o r exemplo, 2 hectares. Suponhamos que esses sejam os fatores de p r o d u ç ã o
fixos n e c e s s á r i o s para a r e a l i z a ç ã o da p r o d u ç ã o e que o trabalho seja o ú n i c o fator de
p r o d u ç ã o v a r i á v e l . Se c o n t r a t a r m ç s apenas u m empregado para trabalhar na fazenda,
ele a c a b a r á p o r desempenhar u m n ú m e r o m u i t o grande de atividades. Se contratarmos
novos trabalhadores, cada u m p o d e r á se especializar e m u m a tarefa, aumentando assim
sua eficiência, uma vez que h a v e r á economia no tempo gasto na l o c o m o ç ã o e n o preparo
para a e x e c u ç ã o de cada ati-vidade. É p o s s í v e l e n t ã o que, inicialmente, a p r o d u ç ã o aumen-
te a taxas crescentes, mdicando a o c o r r ê n c i a de rendimentos marginais crescentes d o
BICAS, Richard A Teoria mtcroeconõmtca uma análise gráhca 11 ed.. Rio de Janeiro Forei\se-Um-
fator trabalho. Se prosseguirmos contratando trabalhadores adicionais, chegaremos a
versitána, 1987.
Capitulo VI Teoria da P r o d u ç ã o 0 237

Testes de Múltipla Escolha


Exerctctm •

Assinale com um X a resposta certa
As respostas podem ser encontradas no fmal do livro

1) A mudança no produto total decorrente da adição de uma urudade do fator tiabalho


é conhecida como
Questões a) taxa de utiLzação da capacidade instalada,
b) produto médio do fator trabalho,
As respostas podem ser encontradas no fmal do livro c) produto margmal do fator trabalho,
d) produto total do fator trabalho,
1) O que é uma Função de P r o d u ç ã o ' c) nenhuma das alternativas anteriores

O quadro a seguir será utilizado nas questões 2 e 3


2) O que são fatores de produção ÍLXOS e fatores de produção variáveis''
i
Unidades de Produto Total
3) Dada a segumte função de produção, pede-se Mão de obra Empregadas (PT)

0 0

(1) ; (2) (3) (4) 1 30


: (5)
Quantidade ' Unidades de Produto ] Produto Produto 2 90
de Terra Mão de obra Total Médio Marginal
Utilizada j Empregadas i 140
3
(T) 1 (!•} (0) (Pme) (Pmg)
4 180
1 0 • 0
5 200
1 2
1 2 5 2) De acordo com os dados apresentados, o produto margmal da qumta urudade de
mão de obra é
1 3 9 a) 200,
1 4 12 b) 50,
c) 20,
1 5 14 d) 40,
1 e) 30
6 15
1 7 15 3) De acordo com os dados apresentados, o produto médio da segunda umdade de mão
de obra é
1 8 14 a) 40;
1 9
b) 30,
12
c) 46,67;
d) 45,
e) 90.
a) Determinar o Produto Médio {Pme) e o Produto marginal {Pmg) do fator de pro-
dução trabalho Repare que o fator de produção terra é fixo 4) Em longo prazo.
b) Construir o gráfico a) é o período de tempo em que pelo menos um dos fatores de produção pemianece fixo,
b) é o período de tempo em que os gostos e preferênaas dos consumidores são fixos,
4) Quais são os períodos de tempo relevantes para uma f i r m a ' Explique cada um deles c) é o período de tempo em que a firma pode variar todos os fatores de produção,
d) é um período de tempo superior a dois anos;
5) Explique o que vem a ser a Lei dos Rendimentos Decrescentes - e) é u m período de tempo superior a um ano

236 O
238 ü Princípios de Economia

5) Tendo como referência a produção em curto prazo, podemos dizer que


a) quando o produto total é máximo, o produto marginal é negativo,
Capítulo VII
b) quando o produto médio é máximo, ele é igual ao produto margmal,
c) quando o produto marginal é máximo, ele está abaixo do produto médio,
d) quando o produto total cresce a taxas crescentes, o produto margmal decresce a
taxas crescentes, l i
nenhuma das altemahvas anteriores está correta

1 INTRODUÇÃO
/ ' g u a n d o falamos c o m e m p r e s á r i o s a respeito de gerenciamento de n e g ó c i o s , sabemos
V j j ^ q u e a m o t i v a ç ã o d é suas ações está centiada na m a x i m i z a ç ã o dos lucros Para m a x i -
mizar o lucro de u m a firma, deve-se procurar maximizar a diferença entre a receita total e
os custos totais de p r o d u ç ã o . Por essa r a z ã o , u m a das principais p r e o c u p a ç õ e s dos homens
de n e g ó c i o s diz respeito aos. custos de p r o d u ç ã o : como medir, como contiolar e como
redtozir tais custos. E m face d o exposto, a proposta deste c a p í t u l o é a de entender os cus-
tos de p r o d u ç ã o o que os economistas entendem p o r custos, como eles s ã o medidos e
como se comportam c o m as m u d a n ç a s nos níveis de p r o d u ç ã o da empresa.

• 239
r
240 Princípios de Economia
Cap.lu!o VII Teona dos Custos C 241

2 CUSTOS EXPLÍCITOS E CUSTOS IMPLÍCITOS 3 LUCRO ECONÔMICO E LUCRO CONTÁBIL


Os economistas d e f i n e m o custo de o p o r t u n i d a d e de u m n e g ó c i o como o resultado da A d e f i m ç ã o de lucro c o n t á b i l é dada por:
soma dos custos explícitos mais os custos implícitos.
Os custos explícitos consistem nos pagamentos explícitos realizados pela f i r m a para Lucro Contábil = Receita Total - Custos Explícitos Totais
adquirir o u contiatar recursos C o m o exemplo desses custos, podemos citar os s a l á r i o s
Os economistas, entietanto, l e v a m e m c o n s i d e r a ç ã o no c á l c u l o dos custos de
pagos aos tiabalhadores pelos seus serviços, os pagamentos realizados pela u t i l i z a ç ã o de uma f i r m a , n ã o somente os custos e x p l í c i t o s , mas t a m b é m os custos i m p l í c i t o s e m que
energia elétrica, á g u a , o aluguel pago pela utilização do p r é d i o e m que a f i r m a e s t á ins- a f i r m a incorre. Por essa r a z ã o u t i l i z a m , o conceito de lucro e c o n ô m i c o e m vez de lucro
talada, os pagamentos de juros p o r e m p r é s t i m o s realizados para a d q u i r i r eqmpamentos, contábil. O lucro e c o n ô m i c o é d e f i n i d o como a receita total menos a soma dos custos
pagamentos pela compra de m a t é n a s - p r i m a s etc Pagamentos como esses fazem parte explícitos c o m os custos i m p l í c i t o s e é d a d o pela seguinte e x p r e s s ã o :
dos custos de oportunidade da firma, u m a vez que seus p r o p r i e t á r i o s p o d e r i a m utilizar
tais fundos para pagar outras coisas de valor Lucro Econômico = Receita Total - Custo de Oportunidade Total
Os CHSíos implícitos, por sua vez, correspondem ao custo de o p o r t i m i d a d e pela u t i -
ou
lização dos recursos de propriedade da p r ó p r i a f i r m a . O fato é que, p o r pertencerem à
f i r m a , n e n h u m pagamento m o n e t á r i o é feito pela u t i l i z a ç ã o desses recursos. N a ver- Lucro Econômico = Receita Total - (Custos Explícitos + Custos Implícitos)
dade, tais custos s ã o estimados a partir d o que poderia ser ganho p o r esses recursos no
O lucro e c o n ô m i c o pode ser positivo, zero o u negativo (que n o caso é chamado pre-
seu melhor emprego alternativo.
juízo e c o n ô m i c o ) .
Para o entendimento adequado dessa q u e s t ã o , suponha que v o c ê seja o p r o p r i e - O Quadro 1 nos d á i n f o r m a ç õ e s que p e r m i t e m verificar a diferença entre lucro con-
t á r i o de uma loja de roupas e que t a m b é m seja o d o n o d o i m ó v e l e m que ela f u n a o n e . tábil e lucro e c o n ô m i c o . De acordo c o m as i n f o r m a ç õ e s obtidas perante a contabilidade, a
Nessas c o n d i ç õ e s , v o c ê n ã o pagaria n e n h u m a l u g u e l pela u t i l i z a ç ã o do i m ó v e l . Isso sua loja obteve no p r i m e i r o ano de funcionamento u m a receita total de $ 900.000. Os cus-
significa que o custo explícito d o aluguel é zero. Se v o c ê perguntasse a u m contador tos explícitos totalizaram $ 830.000. Nessas c o n d i ç õ e s , a empresa teve u m lucro c o n t á b i l
q u a l é o custo d o aluguel, ele responderia que, de fato, o custo c o n t á b i l é zero. Mas se de $ 70.000. Mas será que seu empreendimento é realmente lucrativo? Para os economis-
v o c ê fizesse a mesma pergimta para u m economista, a resposta seria diferente U m tas falta considerar no cálculo de custo da empresa os custos u n p l í a t o s . Entretanto, p o r
economista, que pensa e m termos de custo de o p o r t u n i d a d e , diria que ao escolher u t i - serem difíceis de estimar e p o r serem bastante subjetivos, tais custos normalmente s ã o
lizar o i m ó v e l para sua loja, v o c ê sacrificou a oportunidade de ganhar o v a l o r de u m desprezados no cálculo de custos das firmas, levando, muitas vezes, a c o n c l u s õ e s enga-
aluguel, caso resolvesse locar o i m ó v e l para a l g u é m . O v a l o r d o aluguel é u m custo nosas sobre a lucratividade de um n e g ó c i o .
i m p l í c i t o e faz parte d o custo de p r o d u ç ã o da mesma f o r m a que, se v o c ê n ã o fosse d o n o
do i m ó v e l , tivesse de pagar u m aluguel ao p r o p r i e t á r i o d a casa e m que f u n c i o n e seu
QUADRO 1
empreendimen to.
Lusro contábilveisus lucro econômico
Continuando nosso exemplo, suponha, agora, que para i m c i a r o f u n c i o n a m e n t o de
sua loja, e m vez de fazer u m e m p r é s t i m o b a n c á r i o , v o c ê tenha o p t a d o p o r usar seu Item Lucro Contábil Lucro Econômico
p r ó p r i o dinheiro para comprar balcões, mesas, computadores, cabines etc. Nesse caso, Receita Total $ 900 000 $900000
v o c ê n ã o tem d í v i d a n e m juros para pagar. A i n d a assim, u m economista d i r i a que v o c ê
Menos Custos Explícitos
tem de considerar u m custo- v o c ê poderia ter colocado o seu d i n h e i r o e m u m a ins-
Custo de tnatérias-primas 250 000 250000
tituição financeira, g a n h a n d o juros sobre o c a p i t a l a p l i c a d o Esse r e n d i m e n t o , q u e
Salários 500000 500000
poderia ter sido ganho, t a m b é m é u m custo i m p l í c i t o d o seu n e g ó c i o , uma vez que v o c ê
Eletricidade 20000 20000
sacrificou esse ganho para poder levar adiante seu empreendimento. Para os economistas, 40000
Propaganda 40000
o custo de oportumdade do dinheiro que v o c ê coloca n o seu n e g ó c i o é a renda que 10000
Juros pagos 10000
poderia ter sido ganha caso colocasse esse d i n h e i r o rendendo juros. 10000 10000
Outros Pagamentos
Finalmente, suponha que v o c ê mesmo queira d i r i g i r a sua loja. A i n d a assim v o c ê
n ã o estaria bvre d o custo da c o n t i a t a ç ã o de u m gerente. N a realidade, ainda estaria Menos Custos Implícitos
Salário 0 70000
arcando com u m custo de oportumdade. Você poderia ganhar u m salário tiabalhando na
Aluguel 0 30000
p r ó x i m a melhor alternativa - por exemplo, como^gerente e m u m a o u t i a loja - , e m vez de
Juros 0 20000
utilizar seu tempo e m seu p r ó p r i o n e g ó c i o . Esse s a l á r i o é u m custo i m p l í c i t o d o seu
n e g ó c i o , fazendo parte, portanto, d o custo de o p o r t u m d a d e . Lucro 70.000 -50.000
242 C J Princípios de Economia
1 CapOuloVIl Teoria dos C u s l o s 53 243

Vamos analisar a i m p o r t â n c i a dos custos i m p l í c i t o s na d e t e r m m a ç ã o d o lucro eco- QUADRO 2


n ô m i c o da sua loja. Suponha e n t ã o que, se fosse gerenciar outra loja e m lugar de des- Lucro contábil e lucro econômico zero
pender seu tempo em seu p r ó p r i o n e g ó c i o , v o c ê ganhasse u m s a l á r i o anual de $ 70.000
- • " Item ' Lucro Contábil Lucro Econômico
Suponha t a m b é m que, se alugasse o i m ó v e l onde funciona seu n e g ó c i o , v o c ê receberia
uma renda anual de $ 30 000. Suponha ainda que, se, e m vez de colocar seu d i n h e i r o no Receita Total $ 900.000,00 $ 900.000,00
p r ó p r i o n e g ó c i o , v o c ê tivesse colocado esse d i n h e i r o e m u m a p o u p a n ç a , $ 20.000 seriam 830.000.00 830.000,00
Menos Custos Explícitos
os juros que v o c ê teria ganho ao longo d o ano. Todos estes custos, os juros, o aluguel e Custo de matérias-primas 250000,00 250000,00
o s a l á r i o que v o c ê poderia estar ganhando s ã o custos i m p l í c i t o s que n ã o s ã o apontados Salários 500000,00 500000,00
pela contabilidade. Eles fazem parte d o custo de o p o r t u n i d a d e de sua firma, p o r q u e s ã o Eletricidade 20000,00 20 000,00
sacrifi'cios que v o c ê faz para operar seu p r ó p r i o n e g ó c i o . Se subtrairmos da receita total Propaganda 40000,00 40000,00

os custos explícitos e implícitos, obteremos o p r e j u í z o e c o n ô m i c o da loja de $ 50.000 Juros pagos 10000,00 10000,00
Outros pagamentos 10000,00 10 000,00
Isso significa que a firma n ã o está conseguindo cobrir os custos de o p o r t u n i d a d e de u t i -
lização dos recursos no setor de lojas de roupas. Conclui-se, portanto, que os recursos IVIenos Custos Implícitos 70.000,00
da firma p o d e r i a m ter u m r e t o m o mais alto se usados e m outras alternativas, tais como Salário (renda da qual abriu mão) 0 45 000,00
alugar o i m ó v e l , aphcar na p o u p a n ç a etc. Aluguel (renda da qual abriu mão) 0 15 000,00
Juros (renda da qual abriu mão) 0 10 000,00
O lucro e c o n ô m i c o é geralmente mais baixo (nunca meds elevado) d o que os lucros
Lucro 70.000,00 0
c o n t á b e i s , porque o lucro e c o n ô m i c o resulta, como já dissemos, da d i f e r e n ç a entre a
receita total e os custos de oportunidade totais, que m c l u e m os custos explícitos e i m p l í -
citos, ao passo que o lucro c o n t á b i l resulta da d i f e r e n ç a entie a receita total e os custos
A s s i m , temos:
explícitos, somente. Logo, é p o s s í v e l para a firma ter lucro c o n t á b i l p o s i t i v o e l u c r o eco-
n ô m i c o zero. N ó s dizemos, e m economia, que se u m a firma reahza lucro e c o n ô m i c o
zero, ela e n t ã o está tendo u m Lucro Normal.
Lucro E c o n ô m i c o = Receita Total - Custo d e O p o r t u n i d a d e Total

Lucro Normal = Lucro Econômico Zero L u c r o E c o n ô m i c o = Receita Total - (Custos E x p l í c i t o s + Custos I m p l í c i t o s )


Lucro E c o n ô m i c o = $ 900.000,00 - ($ 830.000,00 + $ 70.000,00)
L u c r o N o r m a l é a quantia m í r u m a de l u c r o n e c e s s á r i a para manter os recursos
empregados e a firma f u n c i o n a n d o . Lucro E c o n ô m i c o = $ 900.000,00 - $ 900.000,00

Para deixar essa q u e s t ã o b e m esclarecida, v a m o s apresentar u m exemplo e m que a Lucro E c o n ô m i c o = O (ou Lucro Normal)
empresa o b t é m u m lucro e c o n ô m i c o i g u a l a zero. Para tanto, v a m o s manter os mesmos O u ainda:
valores de receita e de custos explícitos, alterando somente os custos implícitos. O salário, L u c r o C o n t á b i l = Receita Total - Custos Explícitos Totais
o aluguel e os juros n ã o ganhos passam a ser de $ 45 000,00, $ 15.000,00 e $ 10.000,00,
L u c r o C o n t á b ü = $ 900.000,00 - $ 830.000,00
respectivamente. O nosso quadro de custos ficana assim (Quadro 2)-
L u c r o C o n t á b i l = $ 70.000,00

Constatamos e n t ã o que a empresa, apesar de ter tido u m lucro e c o n ô m i c o zero,


obteve u m lucro c o n t á b ü p o s i t i v o ($ 70.000,00). Vemos e n t ã o , que u m l u c r o e c o n ô m i c o
i g u a l a zero significa que a empresa gerou receita suficiente para cobrir os custos de
o p o r t u n i d a d e totais (custos explícitos mais custos i m p l í c i t o s ) . Isso pode n ã o ser u m a
m a r a v i l h a , mas f a r á que o e m p r e s á r i o p e r m a n e ç a c o m seu n e g ó c i o .
Se a receita total for maior que o custo total (custos explícitos mais custos implícitos),
e n t ã o o lucro e c o n ô m i c o será positivo, e a firma terá lucros e x t i a o r d i n á r i o s (ou lucro eco-
n ô m i c o p u r o ) . Se a receita total f o r m e n o r que o custo total, e n t ã o o lucro e c o n ô m i c o s e r á
negativo e a empresa t e r á u m p r e j u í z o e c o n ô m i c o .
244 C Princ-pios de Economia Capitulo VII Teoria dos C u s l o s D 245

4 EIVI CURTO E LONGO PRAZOS ; c) C M S Í O Total (CT): é o custo de p r o d u ç ã o total associado a cada p o s s í v e l n í v e l de
p r o d u t o . Ele é dado pela soma dos custos fixos mais os custos v a r i á v e i s . É claro que, se
U m a vez entendido o significado d o custo, estamos agora e m c o n d i ç õ e s de fazer u m a a p r o d u ç ã o f o r zero, o Custo Total s e r á igual ao Custo Fixo.
a v a h a ç ã o mais cuidadosa dos custos e c o n ô m i c o s e m que u m a firma incorre. Algebricamente:
N o c a p í t u l o anterior fizemos u m a d i s t i n ç ã o entie fatores de p r o d u ç ã o fixos e va-
riáveis e entre curto e longo prazos. CT = CF + C V

Dissemos, na ocasião, que os fatores fixos s ã o aqueles cuja quantidade n ã o pode ser O Q u a d r o 3 nos mostra valores h i p o t é t i c o s de custo para u m a empresa.
alterada rapidamente, enquanto os fatores v a r i á v e i s s ã o aqueles cuja quantidade pode A coluna (1) nos fornece as p o s s í v e i s taxas de p r o d u ç ã o da empresa.
variar facilmente. Naquela oportunidade associamos as d e f i n i ç õ e s de curto e longo pra- A coluna (2) nos fomece os custos fixos. Eles atingem a d f r a de $ 180, qualquer que seja
zos à s d e f i m ç õ e s de fatores fixos e v a r i á v e i s . O curto prazo f o i e n t ã o conceituado como o volume de p r o d u ç ã o considerado (ou seja, eles n ã o m u d a m com m u d a n ç a s de p r o d u ç ã o ) .
u m p e r í o d o de tempo em que determinados tipos de fatores n ã o p o d e m ser aumentados A coluna (3) nos mostra supostos valores para os custos v a r i á v e i s . Q u a n d o a p r o -
o u reduzidos, qualquer que seja o n í v e l de p r o d u ç ã o . Assim, a p r o d u ç ã o s ó p o d e r á ser d u ç ã o é zero, o Custo Variável t a m b é m é zero. Devemos observar que, à m e d i d a que a
aumentada o u d i m i n u í d a se aumentarmos o u d i m m u i r m o s a quantidade utilizada de p r o d u ç ã o cresce, o Custo Variável t a m b é m cresce.
fatores v a r i á v e i s . E m rigor, a existência de pelo menos um fator f i x o já configura u m a situ- A coluna (4), finalmente, nos m o s t i a o Custo Total. Ele é o b t i d o a p a r t i r da soma
a ç ã o de curto prazo das colunas (2) e (3) - a soma dos custos fixos e v a r i á v e i s . A r e p r e s e n t a ç ã o g r á f i c a
O longo prazo, por sua vez, f o i d e f i n i d o como o p e r í o d o de tempo e m que todos os desses custos é dada a segviir.
fatores s ã o v a r i á v e i s .
Os p e r í o d o s para a classificação dos custos de p r o d u ç ã o e s t ã o associados ao empre- QUADRO 3
go dos fatores produtivos. Se existir pelo menos u m fator de p r o d u ç ã o fixo, e n t ã o estare- Custo fino, VZTIÍ-J:I e tolzl
mos fazendo r e f e r ê n a a aos custos e m curto prazo. Se todos os fatores de p r o d u ç ã o forem
variáveis, e n t ã o estaremos nos referindo aos custos de p r o d u ç ã o e m longo prazo. (1) (2) (3) (4) = (2) + (3)
Quantidade Produzida Custo Fixo Custo Variável Custo Total

Q CF(%) CV(%) cr($)


5 CUSTOS DE PRODUÇÃO EM CURTO PRAZO
0 180,00 0 180,00

5.1 Custos Fixos, Custos Variáveis e Custo Total 1 180,00 90,00 270,00

2 180,00 120,00 300,00


Da mesma f o r m a que os recursos p r o d u t i v o s p o d e m ser d i v i d i d o s e m fixos e v a r i á v e i s ,
e m c u r t o p r a z o os custos de p r o d u ç ã o t a m b é m p o d e m ser d i v i d i d o s e m custos fixos 3 180,00 135,00 315,00
e variáveis.
4 180,00 165,00 345,00

a) Custos Fixos (CF): estão associados ao emprego dos fatores de p r o d u ç ã o fixos. 5 180,00 225,00 405,00
Incluem certos tipos de impostos, aluguel de p r é d i o s , pagamentos de juros, seguros, cus-
tos de conservação, d e p r e d a ç ã o , certos tipos de ordenados etc. Incluem t a m b é m os custos 6 180,00 360,00 540,00

i m p l í a t o s , já menaonados anteriormente. Os custos fixos d i z e m respeito à s despesas nas


quais a firma terá de mcorrer, quer produza o u n ã o , e s e r ã o sempre iguais, quaisquer que
sejam os n í v e i s de p r o d u ç ã o .
5 . 1 . 1 Representação Gráfica do CF, CV e CT
b ) Custos Variáveis (CV): os custos v a r i á v e i s , p o r sua vez, d i z e m respeito aos paga-
mentos que a firma terá de efetuar pela u t i l i z a ç ã o de fatores de p r o d u ç ã o v a r i á v e i s . Os a) O Custo Fixo
custos v a r i á v e i s v a n a m de acordo c o m o v o l u m e de p r o d u ç ã o da f i r m a , e i n c l u e m itens A Figura 1 nos mostra a r e p r e s e n t a ç ã o gráfica d o Custo Fixo. N o eixo vertical colocamos
tais como despesas c o m m a t é r i a s - p r i m a s , energia elétrica, m ã o de obra etc. Esses custos o valor d o Custo Fixo, enquanto a quantidade produzida é representada no eixo horizontal.
s e r ã o zero quando n ã o houver p r o d u ç ã o (uma vez que, nesse caso, nada se emprega de Verificamos, e n t ã o , que o Custo Fixo é u m a linha horizontal paralela ao eixo da p r o d u ç ã o .
fator v a r i á v e l ) e a v u n e n t a r ã o à m e d i d a que a p r o d u ç ã o aumentar. Por exemplo, quanto Isso significa que o Custo Fixo será de $ 180, qualquer que seja a quantidade p r o d u z i d a .
maior a p r o d u ç ã o de u m a c o n f e c ç ã o , m a i o r quantidade de tecido t e r á de comprar e, Assim, para a p r o d u ç ã o de 1 unidade, o Custo Fixo é $ 180, de 2 unidades é $ 180, e assim
consequentemente, maiores s e r ã o seus custos c o m esse fator de p r o d u ç ã o . por diante. Reparem que o Custo Fixo é de $ 180 quando a p r o d u ç ã o é zero.
2'I6 y Princípios de Econom'a Capitulo VII Teoria dos Custos H 247

CF($) O Custo Variável da p r i m e i r a umdade p r o d u z i d a é de $ 90, da segunda u n i d a d e é


$ 120 e assim p o r diante. Observe que desenhamos u m a curva c o n t í n u a a t i a v é s dos p o n -
400 tos de CV. O f o r m a t o da curva deriva da l e i de rendimentos decrescentes. A s s i m ,
enquanto os rendimentos decrescentes n ã o v i g o r a m , o Custo Variável aumenta a u m a
300 taxa decrescente (a curva de custo v a r i á v e l tem a concavidade voltada para baixo). A par-
tir d o início da o p e r a ç ã o dos rendimentos decrescentes, a curva passa a ter concavidade
200 voltada para cima, crescendo, portanto, a taxas crescentes.
180
CF = 180 c) O Custo Total
100
A Figura 3, finalmente, nos fornece o g r á f i c o d o Custo Total. Para qualquer n í v e l de p r o -
1 2 3 4 5 d u ç ã o , o Custo Total resulta da soma d o Custo Fixo mais o Custo Variável. A s s i m , ele
c o m e ç a e m $ 180 e, t a m b é m , aumenta c o m os aumentos de p r o d u ç ã o . N a verdade, a
Quantidade Produzida
curva de Custo Total é i d ê n t i c a à curva de Custo Variável, mas e s t á acima desta pelo
FIGURA 1 valor de $ 180 relativos ao Custo Fixo.
O custo fixo

b) O Custo Variável CT($)


CT = 405
A Figura 2 nos fornece a r e p r e s e n t a ç ã o g r á f i c a d o Custo Variável. N o eixo vertical s ã o i
600
colocadas as cifras relativas ao Custo Variável, enquanto n o eixo h o r i z o n t a l s ã o coloca- CT = CF + CV
CT = 300
das as quantidades produzidas.
500
O Custo Variável c o m e ç a e m zero quando a p r o d u ç ã o é zero, para aumentar e m
seguida
400

300 • C V = 225
I '1
C V = 120
200
ieo

100 CF = 180 • CF = 180

Quantidade Produzida

FIGURA 3
CV = 225
CV=135 O custo total
CV = 90

Quantidade Produzida
Desta f o r m a , o Custo Total da p r i m e i r a u n i d a d e p r o d u z i d a é de $ 270 ($ 180 + $ 90),
FIGURA 2 da segunda unidade p r o d u z i d a é de $ 300 ($ 180 -i- $ 120) e assim p o r diante. O Custo
O custo variável Total da qvunta unidade p r o d u z i d a é, p o r exemplo, de $ 405 ($ 180 + $ 225).
504 O Princípios de Economia

de $ 1 bilhão Se a oferta monetária nessa economia é de $ 2 bilhões, então a velo-


cidade-renda da moeda é de Capítulo X I I I
a) 3,
b) 2,
c) 6,
d) 3,5,
e) 4

2) A teoria quantitativa da moeda dos economistas clássicos diz que uma mudança na
oferta de moeda vai ocasionar
a) uma mudança mais que proporcional no nível de preços,
b) uma mudança proporcional no nível de preços;
c) um aumento na veloadade-renda da moeda;
d) uma mudança menos que proporcional no nível de preços;
e) nenhuma das altemabvas anteriores

3) Suponha que AR (o primeiro depósito à vista) seja de $ 2 000 e que AM seja igual a
$ 20 000 Nesse caso, Z (fração dos depósitos à vista destinada aos depósitos compul-
sórios e aos encaixes bancários) sena de
a) 0,50,
b) 0,10;
c) 0,20;
d) 1,00,
e) nenhuma das alternativas anteriores
1 INTRODUÇÃO
4) A demanda especulativa da 'moeda
a) não depende da taxa de juros,
b) está relacionada com a renda;
c) relaciona-se diretamente com a taxa de juros,
N "este capítulo, apresentaremos ò conceito de inflação, seus efeitos sobre a economia e
os tipos de inflação existentes. Apresentaremos, também, o conceito de desemprego
e as relações existentes entre os f e n ô m e n o s da inflação e do desemprego
d) relaciona-se mversamente com a taxa de juros,
e) nenhuma das alternativas anteriores
2 CONCEITO
5) Suponha que o Banco Central dunmua a oferta de moeda e que a curva de demanda
de moeda permaneça fixa Nesse caso, pode-se dizer que o f e n ô m e n o m a c r o e c o n ô m i c o inflação pode ser definido como o processo persistente de
a) haverá aumento na taxa de juros e nos inveshmentos, aumento do nível geral de preços, o que resulta em perda do poder aquisitivo da moeda.
b) haverá dimmuição na taxa de juros e nos mvestimentos, A inflação é considerada u m f e n ô m e n o generalizado, pois os aumentos dos preços n ã o
c) haverá durunuição na taxa de juros e aumento nos investimentos, ocorrem apenas sobre u m pequeno conjunto de preços ou sobre u m setor específico dà
d) haverá aumento na taxa de juros e dmunujção nos mvestimcntos; econoinia. Por essa razão, altas esporádicas de preço devido, por exemplo, a flutuações
e) nenhuma das alternativas antenores sazonais n ã o podem ser confundidas com inflação. A inflação significa aumento simul-
tâneo de u m grande n ú m e r o de preços
6) Suponha que um mdivíduo tenha feito uma aplicação de $ 200 000 por um ano a uma O problerna inflácionário n ã o ocorre apenas em economias em desenvolvimento,
taxa de juros nommal de 30% a a Suponha também que nesse período a inflação foi como à brasileira. Atualmente, a inflação é u m f e n ô m e n o universal, que traz grandes
de 10% Qual terá sido a taxa de juros real que esse mdivíduo recebeu pela aplicação' c o n s e q ü ê n c i a s políticas, e c o n ô m i c a s e sociais.
a) 27%a.a.,
b) 14,5%aa,
c) 19,5% a a , 3 EFEITOS DA INFLAÇÃO
d) 18,18% a a ,
e) nenhuma das alternativas anteriores
3.1 Efeito sobre a Distribuição de Renda
A inflação provoca redução do poder aquisitivo dos segmentos da p o p u l a ç ã o que
dependem de rendimentos fixos, com prazo legal de reajuste. Como exemplo podemos

• 505
506 ^ „ Princípios de Economia Capitulo XIII Inllaçao e Desemprego • 507

Citar o dos assalariados que, até a chegada de u m novo reajuste, ficam com seu poder Suponhamos, então, que a economia esteja operando em equilíbrio com desem-
de compra cada vez mais reduzido prego. N a Parte 1 da Figura 1, esse equilíbrio é dado pela mtersecção da curva de demanda
Os proprietários de i m ó v e i s alugados t a m b é m s ã o prejudicados, apesar de em pro- agregada DAQ com a reta referencial (ponto A), com u m nível de renda e de produto Yg,
cessos mflacionários os i m ó v e i s tenderem a se valorizar, normalmente mais que a infla-
abaixo do pleno emprego, dado por Ype Nessa fase n ã o h á inflação. Isso pode ser obser-
ção. Por outro lado, aqueles que t ê m renda livre, como as firmas e os especuladores, são
favorecidos pelo processo mflacionário. vado na Parte 2 da Figura 1, que relaciona o N í v e l Geral de Preços (eixo verücal) com o
Todos esses fatos contribuem para tomar mjusta a repartição de renda na economia luvel de produto e emprego (eixo horizontal).

3.2 Efeito sobre a Alocação de Recursos


Parte 1
No tocante à alocação de recursos, verificamos que o processo mflacionário costuma
C.I.GÍS)
modificar o perfil de mvestimentos dos agentes e c o n ô m i c o s , podendo trazer sérias
' i m p h c a ç õ e s de cunho social Isso ocorre em f u n ç ã o da resistência que os mvestidores
; t ê m em alocar seus recursos em projetos de longa maturação, preferindo os de curto
! prazo e, até mesmo, os especulativos.

I 3.3 Efeito sobre o Balanço de Pagamentos


1M Se a e l e v a ç ã o dos preços internos se d á em u m ritmo superior ao do aumento de preços
: ^ mtemacionais, os produtos produzidos internamente podem ficar mais caros que os
I bens produzidos externamente.
Isso pode dificultar as exportações e estimular as importações, diminumdo o saldo
; da balança comercial (exportações menos importações).
(, O governo pode, então, proqiover desvalorizações cambiais, objetivando aumentar barreira do
j ' as exportações e reduzir as importações. Esse procedimento, entretanto, pode encarecer pleno emprego
I;; importações de produtos essenciais, tais como o petróleo. O encarecimento desses pro-
dutos acaba por elevcir os custos de p r o d u ç ã o , podendo essa elevação de custos ser
repassada para os preços

Parte 2
4 TIPOS DE INFLAÇÃO

4.1 Inflação de Demanda


A inflação de demanda diz respeito ao excesso de demanda agregada em relação h produção dis-
ponível de bens e serviços (oferta agregada) Ela pode ser entendida como "dinheiro demais
à procura de poucos bens".
Estudos admitem que o governo, ao financiar seus déficits mediante a e m i s s ã o de
moeda, origma o processo mflacionário. Essa é a v i s ã o monetarista da inflação. A infla-
ção de demanda pode ser mais bem entendida por meio da Figura 1, com a utüização do
modelo de uma economia a três setores Nessa economia, a demanda agregada é dada por.
DA = C + 1+G

Nesse modelo, a oferta agregada (0^4) é dada por Y, que mede o nível de renda ou
de produto da economia. Logo, para que a economia esteja em equilíbrio, é preciso que
a oferta agregada seja igual à demanda agregada ou:
Y» Y| YPE Produto
OA = DA,
logo, FIGURA 1
inflação de demanda
y=C+í+G
508 , j Princípios de Economia

Capílulo XIII Inllaçao e Desemprego U 509

Presume-se aqui que, se houver desemprego em larga escala na economia, aumento


da demanda agregada deverá corresponder a aumento na p r o d u ç ã o agregada de bens e Existem, basicamente, quatro fatores geradores desse tipo de inflação: quedas de
serviços, sem que haja correspondente aumento de preços Essa é a fase n ã o i n f l a d o n á n a . produção, aumento nos preços de produtos importados, aumentos excessivos de salá-
Façamos, então, a suposição de que haja aumento da demanda agregada de DAg rios e atuação dos o l i g o p ó h o s .
paia DAj. O novo nível de equihlirio da renda será V/(ponto B na reta referenaal). Nesse A s quedas de produção, t a m b é m conhecidas como choques de oferta, ocorrem
ponto contmuamos a n ã o ter nenhuma p r e s s ã o inflacionána (o nível geral de preços se quando as empresas reduzem, significativamente, seus volumes de produção.
m a n t é m constante).
Essas quedas de p r o d u ç ã o s ã o decorrentes de greves de trabalhadores da m d ú s t n a ,
Suponhamos, então, que haja aumento na demanda agregada para 0^42- O novo da falta de matérias-primas ou de quebras de safras agrícolas. Aumentos nos preços de
nível de renda de equilíbrio será y|(ponto C na reta referencial). C o m o podemos ver na produtos agrícolas que servem de insumos para outras m d ú s t n a s , devido a geadas,
Parte 2 da Figura 1, ainda n ã o h á mflação.
secas etc, t a m b é m caracterizam uma inflação de custos, quando tais aumentos s ã o
Façamos, então, a suposição de que a demanda agregada aumente ainda mais, pas- repassados ao preço do produto final. Essa redução súbita na oferta desses bens, man-
sando para DA^ Observamos que, com a e x p a n s ã o da demanda agregada, o n í v e l geral tida a demanda constante, levará a uma inevitável e l e v a ç ã o de preços.
de preços começa a se elevar a partir de Yj" (Parte 2 da Figura 1). O novo n í v e l de equi- Uma economia altamente dependente de detenrunados produtos importados, como
líbrio da renda será Y j (ponto D na reta referencial). matérias-primas e certos insumos básicos (tal como o petróleo e seus derivados), sofrerá
Verificamos então que, quanto mais a economia se aproxima do pleno emprego, ou as conseqüências, em curto prazo, de uma elevação no preço desses produtos no merca-
seja, à medida que se aproxima da fase de plena utilização da m ã o de obra e de outros do internacional. Essa elevação de preços fará que os custos de p r o d u ç ã o das empresas
fatores produtivos, menores serão as possibilidades de uma e x p a n s ã o rápida na produ- aumentem, e elas, por sua vez, repassarão essa e l e v a ç ã o ao preço do produto final.
ção. Imcia-se, então, a fase inflacionária.
U m aumento real de salários, além da inflação e dos índices reais de produtividade,
Assim, à medida que os fatores produtivos v ã o escasseando, a p r e s s ã o sobre os tanto por iniciativa do governo como pela capacidade de negociação dos sindicatos dos
preços toma-se cada vez maior.
trabalhadores, poderá elevar os custos de p r o d u ç ã o das empresas. A exemplo do caso
Suponhamos, então, que haja novo aumento da demanda agregada, de DA^ paia DA^. anterior, essa ahtude criará uma pressão altista de preços, fomentando a inflação.
Com esse aumento da demanda agregada, o produto atinge o pleno emprego A s firmas monopohstas ou o l i g o p ó l i o s t a m b é m podem contribuir para o aumento
(ponto E na reta referencial). U m a vez atingido o pleno emprego, já n ã o s ã o mais possí- de preços, mediante a "inflação administrada". Esse fato pode ocorrer quando essas fir-
veis aumentos adiaonais de produto no p e r í o d o considerado. mas decidem aumentar seus p r e ç o s com o ú n i c o objetivo de auferir u m lucro maior
Qualquer aumento adicional da demanda agregada provocará apenas aumentos de Se as firmas atuam na p r o d u ç ã o de bens que servirão de msumo ou m a t é r i a - p n m a para
preços, uma vez que a demanda agregada estará a l é m do que a oferta possa satisfazer outras indústrias, o repasse dos custos será em cadeia, acarretando a chamada "espiral
Para combater a inflação, a demanda agregada por bens e s e r v i ç o s deverá ser redu- inflacionária".
zida, uma vez que, em curto prazo, ela se mostra mais s e n s í v e l a alterações de política Para se conter a mflação de custos sugere-se
econômica que a oferta agregada cujos ajustes se d ã o e m longo prazo.
Mas, como comprimir a demanda agregada? • políticas de controle sobre os lucros das empresas;
A demanda agregada pode ser reduzida, entre outras, das seguintes maneiras: • políticas de controle direto sobre preços, e
• aumento da carga tributária, • política salarial mais rígida.
« redução dos gastos do governo,
o elevação das taxas de juros;
• controle de crédito; 4.3 Inflação Inercíal
• arrocho salarial Se, em uma economia, em um dado momento, os agentes e c o n ô m i c o s adaptam as suas
expectativas a determinada taxa de inflação, a taxa de inflação esperada passa a ser
denominada "Taxa de Inflação pela Inércia"
4.2 Inflação de Custos U m a vez mcorporada ao comportamento dos agentes e c o n ô m i c o s , ela passa a ser
mtegrada nos contratos e acordos informais e pode persistir durante muito tempo.
A inflação de custos, que tem como causa os fatores n ã o monetários, comparahvamente à Assim, se os preços v ê m aumentando a uma taxa de 10% durante algum tempo, os
inflação de demanda, é bem mais simples de ser entendida. E l a surge por d e c i s ã o e ação agentes e c o n ô m i c o s formam suas expectativas em tomo dessa taxa, passando ela a ser
dos agentes a u t ô n o m o s da economia, sem a intervenção do m e c a i ú s m o de mercado, incorporada por diferentes instituições no desenvolver de suas atividades.
como ocorre na inflação com características monetárias. E l a pode ser associada a uma
inflação tipicamente de oferta O nível de d e m a n d â permanece o mesmo, mas os custos
de certos fatores de p r o d u ç ã o importantes aumentam.
510 C Princípios de Economia CaprtuloXIll Inllaçâo e Desemprego • 511

A INTERAÇÃO ENTRE INFLAÇÃO DE DEMANDA E INFLAÇÃODE^TOS] ; 8 SISTEMA DE METAS INFLACIONÁRIAS


Devemos observar que, na reabdade, é muito difícil dissoaar a causa principal de pres-
8.1 O Que Significa
sões inflacionárias, se provocadas por u m aumento madequado da demanda agregada,
ou se impulsionada por elevações nos custos de p r o d u ç ã o . A partir do segundo semestre de 1999, foi estabelecida como diretriz para fixação do
Para o entendimento adequado da questão, vamos dar u m exemplo regime de pohtica monetária a sistemática de "metas para inflação". A s metas de infla-
Imagmemos, inicialmente, uma economia operando no pleno emprego. Façamos, ção s ã o definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mediante proposta do
então, a s u p o s i ç ã o de que o governo resolva aumentar seus gastos. Como já sabemos,
mirustro de Estado da Fazenda
isso vai causar pressões inflacionárias, em f u n ç ã o de u m n í v e l de demanda agregada
superior à oferta agregada da economia Teríamos, então, uma inflação de demanda
E m decorrência da elevação de preços, os sindicatos dos trabalhadores, em f u n ç ã o
de sua força políhca, reivindicarão aumentos salariais, com vistas a repor a perda de 8.2 Como Funciona
poder aquisitivo dos trabalhadores.
As metas s ã o públicas e ao Banco Central do Brasil compete executar as políticas ne-
E m havendo tal reposição, ocorrerá, como decorrência, aumento nos custos de pro-
cessárias para cumprimento das metas fixadas e prestar regularmente informações sobre
d u ç ã o . Se esses aumentos de custos forem repassados aos p r e ç o s finais dos produtos,
teremos aquUo que se denomina inflação de custos. as medidas tomadas para atingi-las. Tais metas devem ser atmgidas pnncipalmente pela
políhca de juros. Quando a inflação ameaça passar da meta, os juros sobem.
Algumas firmas, valendo-se do seu poder monopohsta no mercado e, t a m b é m , do
fato de que seus custos aumentaram, p o d e r ã o elevar seus p r e ç o s a l é m dos aumentos de O índice escolhido para referência de inflação é o í n d i c e de Preços ao Consumidor
custos ocorndos, com a finalidade de auferir taxas de lucro mais altas. Surge, assim, Amplo (IPC-A) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sem nenhum
nova p r e s s ã o inflacionária (inflação administrada) tipo de expurgo. Caso a meta n ã o seja cumprida, o presidente do Banco Central do
E m decorrência das elevações de preços ocorridas, p o d e r á haver expectahva por Brasil divulgará publicamente as razões de seu descumprimento, por meio de carta
parte dos agentes econômicos de que os preços aumentem no futuro. Isso poderá induzir aberta ao ministro de Estado da Fazenda, a qual deve conter:
os consumidores a aumentar as compras de bens de consumo. Poderá, também, induzir as
• descrição detalhada das causas do descumprimento;
empresas a aumentar seus estoques, fugindo, assim, dos aumentos de preços futuros. Esse
• p r o v i d ê n c i a s para assegurar o retomo da inflação aos limites estabelecidos; e
aumento da demanda agregada acabará por gerar novas p r e s s õ e s iriflacionánas.
• o prazo no qual se espera que as p r o v i d ê n c i a s produzam efeito.

A l é m disso, o Banco Central do Brasil deve, até o ú l t i m o dia de cada trimestre civil,
6 A VISÃO MONETARISTA ^ ] enviar Relatório de Inflação abordando o desempenho do regime de "metas para a
inflação", os resultados das d e d s õ e s passadas de p o l í h c a monetária e a a v a h a ç ã o pros-
Os monetaristas explicam a causa da inflação no desequilíbrio da política do governo pectiva da inflação.
de fmanciar seus déhcits no orçamento pela e m i s s ã o de papel-moeda. Para 2005, o Conselho Monetário N a d o n a l estabeleceu uma meta de 4,5%, com
Para eles, o aumento na oferta de moeda p o d e r á provocar excesso de demanda por tolerância de 2,5 pontos porcentuais E m 2010 o C M N manteve a meta i n f l a c i o n á n a de
parte dos consumidores e empresários que se defrontarão com u m a oferta de bens e ser- 4,5%, rnas abaixou o nível de tolerância para 2,0 pontos porcentuais para cima ou peua
viços relativamente fixa em curto prazo. Haverá, então, p r e s s ã o da demanda sobre a baixo E esta meta da inflação foi manttda para até 2012.
oferta, desencadeando u m processo de aumento de preços.
O Sistema de Metas Inflacionárias é seguido por vários países, como, por exemplo,
Á f n c a do Sul, Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Coréia do Sul, Finlândia, Israel, Ingla-
terra, México, Nova Zelândia, Pem, Polônia, República Tcheca, S u é d a , Suíça e Tailândia.
7 FORMAS DE COMBATE À INFLAÇÃO Z
Como a inflação é u m problema m a c r o e c o n ô m i c o e que afeta o bem-estar da socie-
dade como u m todo, o seu controle toma-se p r e o c u p a ç ã o primordial do próprio go- 8.3 Principais índices de Preços
vemo. Teoricamente, duas s ã o as s o l u ç õ e s para o problema: contração da demanda e
controle de preços e salários. a) I P C - F i p e : í n d i c e de Preços ao Consumidor da Fipe

A contração da demanda pode ser obtida por meio de políticas monetária e hscal O í n d i c e de preços ao consumidor é medido na cidade de S ã o Paulo com o universo de
contraciomsta, reduzindo assim o nível de p r o d u ç ã o e de emprego na economia pessoas que ganham de 1 a 20 salários m í n i m o s . A c o m p o s i ç ã o dos gmpos de despesa
O controle de preços e salários pode trazer resultados f a v o r á v e i s em curto prazo, para o cálculo do índice é a seguinte: Habitação (32,7925), A l i m e n t a ç ã o (22,7305), Trans-
mas em longo prazo a tendência é que se crie u m a inflação reprimida. portes (16,0309), Despesas Pessoais (12,2985), S a ú d e (7,0756), Vestuário (5,2893), Educa-
512 n Princípios de Economia
Capitulo XIII Inllaçâo e Desemprego E 513

ção (3,7827) O índice é calculado pela Fipe - insbtuição de pesquisa hgada à Faculdade e 40 salários mírumos, nas regiões metiopobtanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo
de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP). Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além do Distrito Fe-
O p e r í o d o de coleta vai do primeiro ao último dia de cada m ê s Semanalmente deral e do m u n i c í p i o de Goiânia. O p e r í o d o de coleta vai do primeiro ao ú l t i m o dia do
ocorrem d i v u l g a ç õ e s prévias, chamadas quadnssemanais O I P C mensal corresponde m ê s de referênaa e a d i v u l g a ç ã o ocorre por volta do quinto dia útil do m ê s posterior
ao resultado apurado para a 4^ quadrissemana do mês-calendário de referência. A sua O I P C A foi, em 11 de junho de 1999, selecionado para ser o índice oficial de acompa-
d i v u l g a ç ã o se dá até o dia 6 do m ê s posterior ao de referência. nhamento da inflação do País, dentio do sistema de Metas de Inflação.
b) I G P - D I ( í n d i c e Geral de Preços - Disponibilidade Interna) - F G V
f) ICV-Dieese ( í n d i c e de Custo de Vida)
Este índice foi insütuído em 1944 com a finalidade de medir o comportamento geral dos Esse índice, calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Soao-
preços da economia brasileira. Medido pela Fundação Getúlio Vargas, esse índice se refe- econômicos (Dieese), tem por objetivo atender às necessidades de vários sindicatos de
re ao m ê s "cheio", ou seja, o período de coleta vai do primeiro ao último dia do m ê s de auferir o custo de vida no Município de São Paulo. O universo de pesquisa é de pessoas
referência e a divulgação ocorre próxima ao dia 10 do m ê s posterior O índice Geral de que ganham de 1 a 30 salários m í n i m o s . O período de coleta vai do primeiro ao último dia
Preços (IGP) é calculado em dois conceitos- oferta global e disponibilidade interna. No do m ê s civü, e a divulgação ocorre próximo ao dia 10 do m ê s posterior ao de referência.
conceito oferta global, consideram-se a p r o d u ç ã o interna e as importações; já no concei-
to disponibilidade interna, excluem-se as exportações da oferta global. O I G P - D I foi cria-
do com o objetivo de balizar o comportamento de preços em geral na econoinia. É com-
posto por. 9 A QUESTÃO DO DESEMPREGO |

• índice de Preços por Atacado (IPA) - no qual entram preços praticados do mer- 9.1 Introdução
cado atacadista Representa 60% do I G P - D I .
• í n d i c e de Preços ao Consumidor (IPC) - a coleta de dados ocorre nas cidades de Imagine que, a p ó s longos anos de estudos árduos, v o c ê finalmente consiga se formar na
S ã o Paulo e Rio de Janeiro entre as famílias que t ê m u m a renda de 1 a 33 salários faculdade. Agora, sim, v o c ê está pronto para dar início a uma brilhante carreira Mas,
m í n i m o s Representa 30% do IGP-DI. será que existirão vagas na área em que v o c ê deseja tiabalhar? Será que p a g a r ã o bem
pelos serviços de u m jovem r e c é m - f o r m a d o ' O u será que a economia passa por uma
• índice Nacional de Custo de Construção ( I N C C ) - no qual s ã o avahados os preços
fase recessiva, com desemprego acentuado, e v o c ê será obrigado a aceitar um tiabalho
no setor de c o n s t m ç ã o civil, n ã o s ó de materiais, como t a m b é m de m ã o de obra.
que, além de n ã o lhe pagar a remuneração dos seus "sonhos", t a m b é m n ã o vai apro-
Representa 10% do IGP-DI.
veitar seu preparo, adquirido em incontáveis horas de aula e de estudo ao longo de
c) I G P - M ( í n d i c e Geral de Preços do Mercado) - F G V anos? A s respostas a essas q u e s t õ e s n ã o s ã o simples e d e p e n d e r ã o , em grande parte,
do n ú m e r o de vagas d i s p o n í v e i s e da taxa de desemprego da economia.
Calculada pela Fundação Getúlio Vargas, a coleta do I G P - M é efetuada entre os dias 21 do
m ê s anterior e 20 do m ê s de referência. A cada d e c ê n d i o do p e r í o d o de coleta ocorrem
d i v u l g a ç õ e s de prévias O I G P - M foi criado com o objetivo de se possuir u m mdicador
c o n f i á v e l para balizar as correções de alguns títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e 9.2 O Conceito de Desemprego
D e p ó s i t o s Bancários, bem como para outras operações financeiras, especialmente as de
Para se entender a q u e s t ã o do desemprego, é preciso, antes de mais nada, conceituar o
longo prazo. D a mesma forma que o I G P - D I , é composto pelo I P A - M , I P C - M , I N C C - M ,
que se entende por Mercado de Trabalho e por Força de Trabalho.
tendo esses índices os mesmos pesos tanto para o I G P - M quanto para o I G P - D I , e é
O Mercado de Trabalho, de maneira geral, pode ser entendido como o mercado no qual
divulgado no final de cada m ê s de referência
se processa a compra e venda de serviços de m ã o de obra Nesse mercado, os trabalhado-
d) I N P C ( í n d i c e Nacional de Preços ao Consumidor Restrito) - I B G E res (o lado da oferta de m ã o de obra) se defrontam com as empresas (o lado da demanda
por m ã o de obra) para, em processos de negociação, determinar os n í v e i s salariais, as
í n d i c e calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem por fina-
c o n d i ç õ e s de trabalho e outias q u e s t õ e s pertmentes à relação capital-tiabalho.
lidade constituir-se no indexador oficial de salários. O universo de pesquisa é compos-
Já a Força de Trabalho, denommada t a m b é m População Economicamente Ativa
to por pessoas que ganham de 1 a 8 salários m í n i m o s nas regiões metropobtanas do Rio
(PEA), diz respeito aos m d i v í d u o s que v ã o constituir o mercado de tiabalho, mercado
de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, S ã o Paulo, B e l é m , Fortaleza, Salvador
este que abastece as firmas em termos de necessidade de m ã o de obra.
e Curitiba, a l é m do Distiito Federal ç do M u m c í p i o de Goiânia. O p e r í o d o de coleta vai
Assim, se da População Total de um p a í s subtrairmos a População em Idade Não
do primeiro ao último dia do m ê s de referência, e a d i v u l g a ç ã o ocorre por volta do quin-
Ativa, ou seja, aqueles que s ã o muito jovens ou muito idosos, chegaremos ao conceito
to dia útil do m ê s posterior
de População em Idade Ativa (PIA). No Brasd, adota-se o critério de dez anos como li-
e) I P C A ( í n d i c e de Preços ao Consumidor Ampliado) - I B G E mite m í n i m o para a idade ativa.
Se da População em Idade Ativa excluirmos estudantes, inválidos, m d i v í d u o s em
Esse índice é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com
tarefas d o m é s t i c a s n ã o remuneradas (donas de casa, por exemplo), chegaremos ao
base em uma cesta de itens representativos do consumo de famílias, com renda entre 1
514 E Princípios de Economia Capitulo XIII IntlacSo e Desemprego E3 515

conceito de População Economicamente Ativa (PEA), que é constituída por ocupados Essa taxa indica a porcentagem de i n d i v í d u o s que estão buscando trabalho, mas que
e desocupados De acordo com o I B G E , em sua Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e não encontram o c u p a ç ã o aos salários vigentes na econorma. Essa taxa i n d u i o "desem-
que abrange atualmente seis regiões metropolitanas, a P E A na semana de referência^ é
prego aberto", que envolve as pessoas que procuraram trabalho de maneira efetiva nos
constituída pelas populações ocupada e desocupada nesse p e r í o d o .
últimos 30 dias que antecederam a entrevista e n ã o exerceram nenhum trabalho nos últi-
Por desempregado, entende-se, fundamentalmente, as pessoas que procuram por
mos sete dias.
um emprego Segundo o IBGE, isso corresponde à população desocupada por u m deter-
mmado p e r í o d o de referência Apresentamos no Quadro 1, a seguir, as estatísticas sobre a e v o l u ç ã o do desem-
Assim, prego no BrasU de 2009 a 2010.

p o p u l a ç ã o desocupada na semana de referência compreende as pessoas sem trabalho


QUADRO 1
na semana de referência, mas que estavam disponíveis para assumir um trabalho nessa Taxa de desemprego aberto (por região metropolitana em %)
semana e que tomaram alguma providência efetiva para conseguir trabalho no período
de referência de 30 dias, sem terem tido qualquer trabalho ou após terem saído do último -—r ,•, • • i " ' vtjf.w^rv""- Região metropolitana'
1
trabalho que tiveram nesse período} Período Taxa média Recife Belo R I O de •' São Paulo Porto Alegre
Salvador j Horizonte Janeiro
Já a
2009 Jan 82 86 112 64 66 94 56

p o p u l a ç ã o ocupada na semana de referência compreende as pessoas que exerceram Fev 85 91 110 68 64 100 60
trabalho, remunerado ou sem remuneração, durante pelo menos uma hora completa na Mar 90 104 119 66 69 105 64
semana de referência, ou que tinham trabalho remunerado do qual estavam temporaria- 68 102 62
Abr 89 106 124 68
mente afastadas nessa semana ^
Maio 88 105 121 67 66 102 61

Jun 81 102 112 69 63 90 56

80 10 2 11 4 61 63 89 58
9.3 Taxa de Desemprego . Jul
Ago 81 109 114 75 56 91 54

77 10 5 109 64 55 87 54
É o porcentual de pessoas desocupadas (desempregadas) na semana de referência da Set
pesqmsa com procura de trabalho no período de referência de 30 dias em relação à popu- Out 75 95 104 61 56 86 51
lação economicamente ativa ( P E A ) na semana de referência. A taxa de desemprego mos- Nov 74 95 11 1 59 55 81 53
tra a falta de capacidade da economia em fornecer emprego para todas as pessoas que 51 54 75 43
Dez 68 84 107
desejam trabalhar. Ela é a relação entre o n ú m e r o de desocupados e o total da força de
2010 Jan 72 86 119 61 54 80 43
trabalho (PEA), ou seja;
Fev 74 88 110 65 56 81 51

Mar 76 81 113 63 64 82 59
População Desocupada
Td = — í- X 100 Abr 73 91 112 58 59 77 54
PEA (Força de Trabalho)
Maio 75 97 120 58 63 78 50
ou Jun 70 86 120 51 58 74 47

69 100 123 51 54 72 48
População Desocupada Jul
X 100 67 90 117 52 57 68 46
Ago
População Ocupada + P o p u l a ç ã o Desocupada
62 88 103 49 53 63 41
Set
80 99 53 57 59 37
Out 61
84 94 53 49 55 37
Nov 57
69 84 43 49 53 30
Dez 53

A semana de referênaa, de domingo a sábado, é aquela que precede a semana defmida como de entre- Fonte: Banco Central do Brasil, Indicadores Econômicos Consolidados
vista para a uiudade domiciliar
^ Fonte: IBGE '
' Ibid
516 • Princípios de Economia Capitulo XIII Inllaçao e Desemprego 0 517

Esses dados referem-se a pesquisas de desemprego divulgadas pelo Instituto Brasileiro Assim, a m ã o de obra é classihcada como estruturalmente desempregada quando
de Geograha e Estatíshca (IBGE) A s estatísticas do I B G E e da F u n d a ç ã o Seade/Dieese n ã o possui q u a l i f i c a ç õ e s n e c e s s á r i a s para se candidatar às oportimidades de em-
costumam apresentar divergências em razão de diferentes metodologias de cálculo.* prego que surgem.
o desemprego estrutural geralmente é u m problema mais duradouro, e pode
permanecer mclusive por vários anos. Isso porque leva tempo para que os desem-
9.4 Tipos de Desemprego pregados se capacitem, adquiram novas habilidades e encontrem trabalho. Por ser con-
siderado mais duradouro, o desemprego estrutural é tido como mais sério que o desem-
9.4.1 Desemprego Friccional (ou Desemprego Natural) prego friccional.

O desemprego friccional (ou natural) consiste em m d i v í d u o s desempregados tempora-


namente, e é vivenaado por pessoas ou que estão no processo de m u d a n ç a voluntária 9.4.3 Desemprego Sazonal
de emprego, ou que foram despedidas e estão procurando u m novo trabalho, o u que
estão no mercado de trabalho buscando emprego pela primeura vez Esse tipo de desem- o desempenho sazonal ocorre em f u n ç ã o da sazonalidade de determmados tipos de ati-
prego é chamado friccional, porque o mercado de trabalho opera com "atrito", n ã o com- vidade econômica, tais como a agricultura e o turismo, e que acabam causando varia-
bmando de forma rápida e suave trabalhadores e empregos. A taxa de desemprego fric- ções na demanda de trabalho em diferentes é p o c a s do ano.
cional nunca é nula, uma vez que as pessoas sempre entram e saindo da lista de desem-
pregados. Afinal, novos trabalhadores sempre entram na força de trabalho e os traba-
lhadores existentes freqüentemente saem de u m emprego e procuram outro. E m econo- 9.4.4 Desemprego Cíclico (ou Involuntário)
rmas como a nossa, o desemprego friccional é u m fenômeno permanente e, por d e f i n i ç ã o ,
de curto prazo A l é m disso, tanto a duração do p e r í o d o de desemprego fncdonal quan- o desemprego cíclico é assim denominado porque ocorre na fase de recessão do ciclo
to o seu volume v ã o depender, em parte, dos b e n e f í c i o s dados aos desempregados. O e c o n ô m i c o . E l e é causado por uma d e f i c i ê n c i a nos gastos totais da economia (consu-
segvuro-desemprego reduz o ô n u s de a pessoa permanecer desempregada. Assim, quan- mo, investimento, gastos governamentais) A demanda agregada por bens e serviços
to mais generoso for o seguro-desemprego, maior será o tempo que, em m é d i a , u m tra- diminui, reduzindo a p r o d u ç ã o e aumentando o desemprego É t a m b é m denominado
balhador levará para encontrar ê m p r e g o . Da mesma forma, maior será o volume de desemprego involimtário. Ele ocorre quando as pessoas que desejam trabalhar ao salá-
desemprego friccional. rio real vigente n ã o encontram emprego.

9.4.2 Desemprego Estrutural 9.5 O Significado do "Pleno Emprego"


Dos tipos de desemprego analisados até o momento, três deles - o desemprego friccio-
o desemprego estrutural decorre de m u d a n ç a s estruturais na econoirüa, tais como nal, o estrutural e o sazonal - t ê m origem em causas microeconômicas, tais como alte-
m u d a n ç a s na tecnologia de p r o d u ç ã o (aumento da m e c a n i z a ç ã o e a u t o m a ç ã o ) ou nos rações na oferta e na procura de m ã o de obra em mercados de trabalho e indústrias
padrões de demanda dos consumidores (tomando obsoletas certas indiistrias e profissões). específicas. Notem que o desemprego que se enquadra nessas classificações d i h c ü m e n -
Essas variações da tecnologia e da demanda ao longo do tempo acabam por alterar a te deixará de existir, u m a vez que em u m a economia d m â m i c a sempre h a v e r á traba-
estrutura da demanda total por trabalho em termos de qualihcação, já que avanços tecno- lhadores desempregados friccionalmente à procura de u m emprego. A l é m disso, sempre
lógicos alteram as qualificações necessárias para o desempenho de determinadas fun- decorre u m p e r í o d o até que os trabalhadores desempregados estruturalmente consigam
ções. Essas m u d a n ç a s eliminam algumas oportunidades de trabalho, ao mesmo tempo obter qualificação para serem contratados para o desempenho de novas f u n ç õ e s . D a
em que c n a m outras, para as quais os desempregados n ã o t ê m qualificação. mesma forma, os desempregados sazonaknente sempre existirão porque e m uma eco-
nomia sempre haverá indústrias sazonais.
Por outro lado, os economistas, ao utihzarem o termo "pleno emprego", n ã o estão
A prmcipal divergência é que a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE mede apenas o desem- querendo dizer que o desemprego seja zero. N a verdade, haverá sempre uma taxa de
prego aberto, ou seja, quem procurou emprego nos 30 dias anteriores à pesquisa e não exerceu nenhum desemprego, mesmo que haja pleno emprego da força de trabalho. Essa taxa de desem-
tipo de trabalho - remunerado ou não -^nos últimos sete dias
prego de pleno emprego é dada pela soma dos desempregos fnccional, estrutural e sazonal.
Quem não procurou emprego ou fez algum "bico" na semana anterior à pesquisa não conta como
Denomina-se t a m b é m taxa natural de desemprego
desempregado na PME. Já a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da Fundação Seade/lDieese
também considera o desemprego oculto pelo trabalho precário (pessoas que realizaram algum tipo O s economistas dizem que o pleno emprego foi atingido quando o desemprego cíclico
de atividade nos 30 dias anteriores à pesquisa e buscaram emprego nos últimos 12 meses) e desem- for zero, e a taxa natural de desemprego (TND) for maior que zero, pois existem os desem-
prego oculto pelo desalento (quem não trabalhou nem procurou trabalho nos úlhmos 30 dias, mas pregos friccional, estrutural e sazonal.
tentou nos últimos 12 meses)
518 Princípios de Economia Capitulo XIII Inllaçâo e Desemprego O 519

9.6 Os Custos do Desemprego: Uma Nota Triste inversa n ã o hnear entie os níveis de emprego e as taxas de inflação. Essa relação passou
a ser descrita pelas chamadas Curvas de Phillips
o desemprego é u m problema extiemamente grave, n ã o s ó do ponto de vista e c o n ô - A Figura 2 reproduz uma dessas curvas. Nela, podemos verificar que o eixo hori-
mico, mas t a m b é m do ponto de vista soaal e pessoal. zontal representa o n í v e l de desemprego, enquanto o eixo vertical representa a taxa
O prmapal custo econômico do desemprego é a perda de produção e da renda, ou seja, de inflação
os beris e serviços que os desempregados poderiam produzir (e a renda que poderiam A Curva de Phillips cruza com o eixo horizontal em u m determinado ponto (hg) que
ganhar) se estivessem tiabalhando, mas que n ã o produzem porque n ã o conseguem representa o nível de desemprego natural da economia, t a m b é m conhecido como
encontiar emprego. Essa perda de produto e de renda n ã o poderá jamais ser recuperada desemprego friccional, que ocorre por desajuste ou falta de mobilidade entre a oferta e
em períodos futuros Outio custo e c o n ô m i c o relevante diz respeito à d i m i n u i ç ã o da capa- a demanda de m ã o de obra.
cidade produtiva da economia em razão da perda de capital humano. Isso ocorre porque N a parte superior da curva, acima de hg, temos que as tentativas de reduzir o nível
as habilidades da m ã o de obra se deterioram quando ela se encontra desempregada. de desemprego provocam elevações cada vez mais acentuadas nos níveis de inflação,
Outra característica do desemprego é que ele se distribui de forma desigual por visto que as empresas cada vez mais se encontiam próximas ao limite de sua capaadade
toda a sociedade Os maiores ô n u s recaem sobre as minorias, as mulheres e os jovens, de produção
e tendem a se concentiar nos setores mais pobres d a p o p u l a ç ã o .
Do ponto de vista individual, o desemprego é u m fardo pesado e triste. Ele sigm- FIEU3A2
hca perda de renda e, portanto, deterioração do p a d r ã o de vida, envolvendo t a m b é m CuruatiePhiüips
graves problemas psicológicos e físicos. Taxa de
Inflação
Alguns estudos identificaram que elevações do desemprego causam aumento sensível do
número de mortes provocadas por ataques cardíacos, dos suicídios e do número de interna-
ções em prisões e hospitais psiquiátricos Os desempregados têm mais chances de sofrer de
diversos problemas de saúde como pressão alta, doenças cardíacas, distúrbios do sono e
dores nas costas Pode haver outros problemas - como violência doméstica, depressão e
alcoolismo - que são mais difíceis de documentar.^

10 A CURVA DE PHILLIPS
De todas as questões abordadas até este ponto, a mais relevante se prende à relação entre
inflação e emprego. Esses dois assuntos s ã o de extiema importância para a macroeco-
nomia e os mais preocupantes das sociedades modemas. Taxa de
Desemprego
A teoria macroeconômica preocupa-se sempre com a manutenção do pleno emprego
e a estabilidade dos n í v e i s de preços Por outro lado, a constante busca d a estabilidade
dos preços, em curto prazo, conflita com a m a n u t e n ç ã o das atividades operacionais pró-
ximas ao pleno emprego.
Estudos sobre os f e n ô m e n o s inflaaonários t ê m mostiado que, em p e r í o d o s de pros-
peridade, quando o produto naaonal é elevado, o nível de emprego da economia tende a
aumentar, ao contiário do que se verifica em é p o c a s de baixa atividade e c o n ô m i c a ou
recessiva, quando as empresas, ao constatarem uma redução nas vendas, tendem a redu-
zir o quadro de f u n a o n á n o s , fazendo que o nível de desemprego cresça.
Todas essas relações foram analisadas pelo economista i n g l ê s A. W. H . PhiUips, ao
estudar a economia mglesa entie 1861 e 1957. Ele observou a existência de uma relação Assim, uma redução do desemprego de hg paia hj provoca uma e l e v a ç ã o da taxa
de inflação de O para P,.
De modo inverso, uma r e d u ç ã o na taxa de m f l a ç ã o de O para será obtida ao custo
de uma a m p l i a ç ã o da taxa de desemprego de hg paia
H A L L , Robert E , LIEBERMAN, Marc Macroeconomia pnndpios e aplicações São Paulo Pioneira
Thomson Leaming, 2003 p 131
Capítulo X I V

Questões
A s respostas podem ser encontiadas no fmal do livro

1) Quais políticas podem ser adotadas caso uma economia apresente uma mflação de
demanda?

2) Que efeitos a mflação provoca sobre pessoas que tenham renda fixa?
3) Suponha que uma mercadoria apresente elevação de preço Isso significa dizer que a
taxa de inflação está aumentando'
4) Quando ocorre o desemprego involuntáno?

Testes de Múltipla Escolha


Assinale com um X a resposta certa
As respostas podem ser encontradas no final do livro 1 INTRODUÇÃO
1) Uma inflação de custos pode ser provocada
a) por uma elevação dos gastos do governo,
b) pela redução do poder de compra da população,
P or alguns momentos, gostaríamos que o leitor imaginasse ser totalmente autos-
suficiente. Assim, teria de fazer suas próprias roupas, produzir seus próprios ah-
mentos, construir sua própria casa, enfim, teria de ter c o n d i ç õ e s de sozinho tentar sa-
c) por uma redução dos impostos por parte do governo, tisfazer a todas as suas necessidades e desejos.
d) por aumentos reais de salários, acima da inflação e dos aumentos de produtivi-
Caro leitor, o seu p a d r ã o de vida por certo cairia muito, uma vez que faltariam os
dade, como resultado de pressão de smdicatos trabalhistas fortes;
recursos materiais, habilidade e tempo para v o c ê fazer muitas dessas coisas.
e) nenhuma das alternativas antenores
U m fato é certo: n ã o participamos diretamente da p r o d u ç ã o de tudo aquilo que
2) A Curva de PhiUips mostra que consumimos.
a) tentativas de reduzir os níveis de inflação provocam elevação nos níveis de emprego; Mas, como resolver esse problema?
b) tentativas de reduzir o nível de desemprego provocam elevações nos níveis de U m a possibilidade seria v o c ê se especializar, isto é, passar a brabalhar apenas nas
mflação, coisas que faz melhor Dessa maneira, poderia produzir uma quantidade maior do que
c) que a taxa de inflação está positivamente correlacionada com a taxa de desemprego; o necessário ao seu autoabastecimento e vender ou tiocar o excedente por outias coisas
d) que grandes aumentos nas taxas salanais estão associados a altas taxas de desem-
que porventura desejasse.
prego,
e) nenhuma das alternativas antenores Na realidade, isso é o que a maioria das pessoas procura fazer U m m é d i c o , u m eco-
nomista, u m professor, u m pedreiro, cada u m procura tirar vantagens especializando-se
3) Se a economia estiver operando a pleno emprego, um aumento na demanda agregada: naquilo que faz melhor e ganhando o suficiente para poder comprar os bens e serviços que
a) não provocará aumento no nível de produção da economia, mas ocasionará aumen- n ã o produz.
to de preços, O f e n ô m e n o da especialização t a m b é m ocorre entie os países, uma vez que os re-
b) não terá efeito sobre os preços, mas provocará aumento na produção da economia, cursos existentes s ã o distribuídos desigualmente. Enquanto alguns países s ã o mais bem
c) não terá reflexos nem sobre o nível de preços, nem sobre o nível de produção da
dotados de terra, outios s ã o mais bem dotados de m ã o de obra especializada; outios,
economia,
ainda, s ã o mais bem dotados de capital. Dessa forma, tendem a ser ricos ou pobres com
d) provocará aumentos de preços e aumentd da produção da econorma;
e) nenhuma das alternativas anteriores relação a determinado fator de p r o d u ç ã o . Por causa dessas diferenças, os custos de pro-

520 n
E3 521
522 • Princípios de Economia Capitulo XIV Relações Internacionais • 523

d u ç ã o variam de país para país. Algumas mercadorias podem ser obtidas a custos meno- QUADRO 1
res do que se fossem produzidas internamente, por meio do comércio intemaaonal. Países altamente dependentes de exportações
O fato é que a existência do comércio internacional faculta aos países o aproveita-
mento de suas aptidões, empregando seus recursos na p r o d u ç ã o daqueles bens de custos País Produto
relativamente mais baixos e trocando-os por hens de custos relativamente mais altos. Arábia Saudita Petróleo
Assim, os países produzem e trocam entre si maior variedade e quantidade de Burundi Café
bens que seriam menores e teriam custo mais elevado, caso cada p a í s tentasse ser
Sri Lanka Chá
autossuficiente.
Vamos, portanto, neste capítulo, proceder ao estudo n ã o s ó do comércio internacio- México Petróleo

nal, mas das relações econômicas internacionais. Tal estudo justifica-se pelo fato de que Jamaica Alumínio
n ã o s ó as trocas de bens e serviços e de fatores de produção, mas t a m b é m as intermedia- Serra Leoa Diamantes
ções de recursos financeiros, n ã o se processam apenas no interior de um país; essas trocas
Gâmbia , Amendoim
e mtermediações tendem a se processar t a m b é m com outras economias, tendo em vista as
muitas vantagens decorrentes da divisão do trabalho e da especialização. Islândia Pescado

Chile Cobre

Bolívia Estanho

Honduras Banana
2 TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
Por diversas questões que envolvem desde a sobrevivência de uma nação até a satisfação
Forneceremos, a seguir, uma v i s ã o geral a respeito das principais teonas que pro-
de necessidades menos vitais, fortes razões induzem os países ao comércio exterior de
curam explicar a existência do comércio internacional.
bens e serviços.
Entre essas razões podemos citar:

• as desigualdades entre as n a ç õ e s no tocante à s reservas n ã o reprodutíveis 2.1 A Teoria da Vantagenn Absoluta


(recursos naturais);
E m 1776, A d a m Smith publicou seu tratado A riqueza das nações, quando, então, atacou
• diferenças internacionais no tocante a fatores climáticos (que s ã o determinados o ponto de vista mercantilista^ a respeito do comércio, defendendo o livre c o m é r c i o
por fatores relativamente estáticos como altitude, latitude, topografia e tipo de como a melhor alternativa para todas as n a ç õ e s .
superfície) e a fatores e d á f i c o s (natureza e distribuição de solos); O argumento de A d a m Smith residia no fato de que cada nação poderia especialzar-
-se na p r o d u ç ã o de mercadorias que ela produzisse com maior eficiência que as demais
• desigualdades nas disponibilidades estruturais de capital e trabalho; e
nações, ou seja, em que tivesse vantagem absoluta, e importar as mercadorias em que
• diferenças nos estágios de desenvolvimento tecnológico. tivesse desvantagem absoluta (ou produzisse menos eficientemente).
Essa especialização de fatores de p r o d u ç ã o e o c o m é r c i o permitiriam u m aumento
É a partir da combinação desses quatro fatores que surge a d i v i s ã o internacional do da p r o d u ç ã o e do consumo, beneficiando as n a ç õ e s que comerciavam entre si.
trabalho; a especialização das nações. Por decorrência, o c o m é r c i o externo tem contri- O Quadro 2 nos mostra u m exemplo de vantagens absolutas. Nesse exemplo estamos
b u í d o , contínua e persistentemente, para a internacionalização dos processos e c o n ô m i - fazendo a s u p o s i ç ã o de que existam dois países - Estados Unidos e Brasil - e que produ-
cos e, é inegável, para o gradativo aumento das taxas de d e p e n d ê n c i a de cada econo- zam apenas duas mercadorias: milho e teddo. A m ã o de obra é o único fator de produção
mia com relação ao resto do mundo. e ela está habilitada tanto a trabalhar na p r o d u ç ã o de milho quanto na de teado. Nesse
Apenas para Uustrar, apresentamos a seguir alguns p a í s e s altamente dependentes exemplo, os Estados Unidos t ê m vantagem absoluta sobre o Brasil na produção de milho,
da e x p o r t a ç ã o juntamente com o principal produto por eles exportado. É com a recei- e o Brasil tem vantagem absoluta sobre os Estados Unidos na produção de teado
ta da exportação desse produto prmcipal que cada p a í s consegue recursos para impor-
tar bens e serviços com a finahdade de atender à s necessidades de sua p o p u l a ç ã o (veja
o Quadro 1). Segundo o ponto de vista mercantilista, que vigorou do sécuJo XVI até meados do século X V m em
países como Grã-Bretanha, Espanha, França e Holanda, quanto mais uma nação possuísse ouro, mais
rica e poderosa sena. A maneira de isso acontecer era exportar mais do que importar, uma vez que a
diferença sena paga pnncipalmente com ouro Por essa razão, procurava-se estimular as exportações
e desestimular as importações
524 • Princípios de Economia
Capitulo XIV Relações Internacionais • 525

QUADRO 2 QUADRO 4
Exemplo de vantagem absoluta O s Estaáos Unidos produzindo somente milho e o Brasil somente tecido

Países Fator de Produção Produtos Países


Brasil Estados Unidas Produção Total Ganho Líquido
Milho 1 Tecido Produção
Estados Unidos 1/lrabalhador/ano produz 1
1 200 kg 400 m Produção Anual
ou 0 1200 1200 300
Brasil lArabalhador/ano produz de Miltio (kg)
600 kg ou 800 m
Produção Anual
800 0 800 ,. , 200
de Tecido (m)
O exemplo nos mostia claramente que u m trabalhador nos Estados Unidos produz
mais milho (1.200 kg) que um tiabalhador no Brasil (600 kg), ao passo que u m tiabalhador
no Brasil produz mais tecido (800 m) do que um tiabalhador nos Estados Unidos (400 m). C o m a especialização de cada país na produção daquele bem em relação ao qual tem
Para exemplificar as vantagens do livre comércio, pensemos agora nas seguintes vantagem absoluta, haveria u m g a n h ç líquido de 300 kg de milho e de 200 m de tecido.
hipóteses: Assim, se os Estados Unidos se especializassem na p r o d u ç ã o de milho e o Brasil na
de tecido, a p r o d u ç ã o conjunta de imlho e tecido seria maior e os dois países partilha-
• cada país possui apenas u m tiabalhador (é u m a h i p ó t e s e simplificadora); riam desse aumento por intermédio das tiocas.
• n ã o h á especialização na p r o d u ç ã o ;
• n ã o há comércio entre os dois países; e
• na primeira metade do ano tanto os Estados Unidos quanto o Brasil s ó produ-
zem milho, e na outia metade do ano s ó produzem tecidos. 2.2 A Teoria da Vantagem Comparativa
Se isso acontecesse, nos primeiros seis meses os Estados Umdos produziriam 600 kg A teoria de A d a m Smith quanto à vantagem absoluta é correta. Entietanto, explica
de milho (observe que, se no período de um ano o tiabalhador produz 1.200 kg d è milho,
apenas u m a parte do c o m é r c i o i n t é m á c i o n a l . Coube a D a v i d Ricardo, no início do
em seis meses ele s ó poderá produzir metade do que produz em u m ano). Já na segunda
século X I X , explicár a maior parte do c o m é r d o mundialj com sua Teoria da Vantagem
metade do ano produziriam 200 m de tecido.
Comparativa.
O Brasil, se fizesse a mesma coisa, conseguiria produzir 300 kg de milho no pri-
meiro semestie e 400 m de tecido no segimdo semestre do ano. Ricardo mostiou com sua teoria que n ã o é necessária a existência da vantagem
O Quadro 3 mostia como ficaria essa situação. absoluta para que a especialização e o c o m é r c i o sejam vantajosos. Ricardo afirmou que,
ainda que uma n a ç ã o apresentasse desvantagem absoluta na p r o d u ç ã o de ambas as
mercadorias em relação à outia nação, o comércio seria vantajoso, desde que ela se espe-
cializasse na p r o d u ç ã o e exportação do bem em que sua vantagem absoluta fosse maior.
QUADRO 3
O s dois países sem especialização e sem comércio A l é m disso, deveria importar a mercadoria em que sua vantagem absoluta fosse menor.
Co^no podemos observar no Quadro 5, os Estados Unidos superam o Brasil tanto
' Países na p r o d u ç ã o de milho quanto na p r o d u ç ã o de tecidos. Mesmo assim, valerá a pena para
Brasil Estados Unidos
Produção ^"""-^...^ Produção Total os Estados Unidos se concentiar apenas na p r o d u ç ã o de milho. Vamos entender o por-
Produção Anual q u ê desse fato.
de Milho (kg) 300 600 900
Produção Anual
400 ~ , QUADRO 5
de Tecido (m) . 200 600.
Um exemplo de vantagem comparativa

Produtos
Países Fator de Produção
Milho Tecida

n a . S"'^ ' ' " T ^''^"^ ^ ° ' ^"^^'^^^ Unidos resolvessem produzir ape- 1/lrabaltiador/ano produz 1 200 kg ou 600 m
Estados Unidos
^ í ^ ^ ^ ' ° ^ ° ' ° ^'^'^ ^^''^ ° «^^s^^o relação ao teddo O 1/trabalhador/ano produz 400 kg ou 400 m
Quadro 4 apresenta os resultados que seriam alcânçados. •• . Brasil
526 E Princípios de Economia T CapItuIrfXIV Relaçfles Internacionais • 527

Nos Estados Unidos, para se obter 1 k g de milho t e r í a m o s de deixar de produzir 3.1 Intervenção Governamental no Comércio Internacional
0,5 m de tecido. Já no Brasil, o custo é de 1 para 1, pois para se obter 1 kg de milho
apenas 1 m de tecido deixará de ser produzido.
3.1.1 O Porquê de Medidas Protecionistas
Por outro lado, 1 m de tecido custa 2 kg de milho nos Estados Unidos, ao passo que
no BrasU para se obter 1 m de tecido precisamos abandonar 1 kg de milho. Mesmo com as vantagens existentes advindas do livre comércio, em certos casos se
Para que se estabeleça o comércio entre eles, os Estados Unidos d e v e r ã o se espe- aconselha a intervenção do Estado com a finalidade de restrmgir a entrada de deternrú-
cializar na p r o d u ç ã o de milho, ao passo que o BrasU d e v e r á se especializar na p r o d u ç ã o nados produtos no p a í s - s ã o as chamadas "medidas protecionistas" cujas justificativas
de tecidos. são dadas a seguir.
E qual será a relação de troca entre os dois produtos?
• Argumento da Indiístna Nascente
Para os Estados Unidos, qualquer quantidade de tecido superior a 0,5 m que rece-
bam em troca de 1 kg de mUho será vantajosa. Já para o BrasU, qualquer quantidade de Uma indústria nascente pode n ã o estar em c o n d i ç õ e s de sobreviver à c o m p e t i ç ã o exter-
milho que seja superior a 1 m de tecido t a m b é m será vantajosa. na. O argvimento da indústria nascente sustenta que tais indústrias deveriam ser prote-
Suponhamos, então, que se estabeleça uma relação de troca tal que 1 m de tecido gidas, ao menos temporariamente, por altas tarifas ou cotas até que conseguissem desen-
volver eficiência tecnológica e economias de escala que lhes possibilitassem competir
será trocado por 1,5 kg de irulho. Teríamos a situação a seguir:
com as indústrias estrangeiras.
Na ausência de comércio internacional, nos Estados Unidos, para se obter 1 m de
tecido, 2 kg de milho teriam de deixar de ser produzidos. C o m o c o m é r c i o , o mesmo o Argumento da Segurança Nacional
1 m de tecido será obtido em troca de apenas 1,5 kg de milho.
Deve-se procurar proteger indiístrias consideradas estratégicas do ponto de vista de
Já no BrasU, na ausência de comércio internacional, para se obter 1 kg de milho, 1 m
segurança nacional.
de tecido deixaria de ser produzido. Havendo c o m é r c i o , com o mesmo 1 m de tecido se
o b t é m agora 1,5 kg de milho. • Argumento da Proteção ao Emprego
Concluindo, podemos dizer que a Teoria da Vantagem Absoluta e a Teoria da Van- Deve-se promover a substituição das i m p o r t a ç õ e s por bens fabricados no próprio país.
tagem Comparativa procuram mostrar que a especialização da p r o d u ç ã o estimvUa o co- Dessa forma, estimula-se a criação de novas indústrias e a geração de novos empregos.
mércio internacional e favorece o consumidor.
• Argumento do Combate aos Déficits Comerciais
Nesse caso, deve-se prooirar combater os déficits entre i m p o r t a ç õ e s e exportações.

3 POLÍTICA COMERCIAL INTERNACIONAL


A existência do comércio internacional, nos moldes que relatamos na Teoria d a Vanta-
3.1.2 Restrições ao Livre Comércio
gem Comparativa, que na terminologia técnica seria o Livre Comércio, sofre interferên-
o governo pode criar restrições ao c o m é r c i o internacional, entre as quais destacamos:
cias governamentais por meio do instrumento denonvLnado Política Comercial Inter-
nacional, em que s ã o introduzidas ações artificiais que possibilitam ou o incremento das • Barreira Tarifária
exportações, ou a redução nas importações, ou ambos.
O governo pode aplicar uma barreira tarifária, isto é, u m imposto que, adicionado ao
O comércio interno de u m p a í s tem irífluência significativa n a geração de recursos preço internacional do produto, p o d e r á fazer que o p r e ç o da mercadoria produzida
aos governos, por meio das taxas e impostos. O mesmo raciocínio se aplica ao c o m é r c i o internamente se tome competitivo; dessa forma, o governo protege os produtos nacio-
internacional, apenas mudando o fato gerador do imposto. nais a fim de q ü e n ã o sofram a concorrência de produtos importados mais baratos.
Nas operações de comércio internacional é praxe eliminarem-se os impostos inter-
nos de u m país, ou seja, n ã o se exportam impostos, mas, em contrapartida, cria-se o • Barreira Não Tarifária
imposto alfandegário, sigrüficando que para u m a mercadoria entrar no p a í s ela será Nesse caso, assim como no caso da barreira tarifária, o governo visa dar maior competi-
taxada de acordo com a política e c o n ô m i c a do p a í s que está importando. tividade ao produto nacional. A diferença básica é que n ã o se aphca um imposto, mas sim
É nesse estágio que voltamos ao ponto a que nos referíamos como Política Comer- obstáculos quantitativos ou burocráticos que oneram ou inviabüizam as importações Como ^
cial Internacional, uma vez que os governos, mediante a política alfandegária, p o d e r ã o restrições burocráticas podemos citar os certificados de ongem e vistos consulares. Como
distorcer os princípios do chamado livre coméi;cio (em que a Teoria das Vantagens ou restrições quantitativas temos a fixação de cotas (volume m á x i m o a ser importado).
Custos Comparativos explica a existência dos fluxos comerciais), interferindo no c o m é r -
cio internacional.
528 Princípios de Economia
Capitulo XIV Relações Internacionais • 529

3.1.3 Incentivos • Conta financeira: total da conta financeira, que engloba a receita, a despesa e o
saldo dos investimentos diretos; receita, despesa e saldo de investimentos em car-
o incentivo à ampliação do comércio internacional é a forma adotada pelo governo para teira; total de operações com derivativos, ativos e passivos; e outios investimen-
fazer que, artificialmente, o preço do produto nacional, no exterior, se tome mais barato
tos (que inclui, entie outios, créditos comerciais, empréstimos, moeda e d e p ó s i -
do que o preço do produto equivalente Para tanto ele se utiliza dos incentivos fiscais à s
exportações ou, ainda, de mcentivos creditícios (o produtor nacional consegue financia- tos, outios ativos e passivos e operações de regularização)
mentos a juros subsidiados). Utiliza-se, t a m b é m , de incentivos burocráticos, com a eli-
minação de uma série de passos burocráticos que deveriam ser observados em uma
exportação. 4.1 Plano de Contas
o plano de contas do Balanço de Pagamentos será tão analítico quanto as autoridades
3.1.4 Conclusão monetárias do país desejarem. Mas se o país for membro do Fundo Monetário Inter-
nacional (FMI), deverá incorporar, pelo menos, as contas defimdas por aquele órgão. O
A forma a que nos referimos nos itens antenores, barreiras ou incentivos, é a maneira Quadro 6 nos mostia a estintura geral desse d e m o n s t i a t í v o .
mais usual de o governo mtervir no C o m é r c i o Internacional. N o entanto, em c o n d i ç õ e s
especiais da economia de u m país, a aplicação das políticas adotadas p o d e r á ser exata-
mente inversa, ou seja, incentivar as importações e desestimular as exportações. QUADRO 6
Estrutura geral do balanço de pagamentos

4 BALANÇO DE P A G Ã M É N T Ò S l ^ ^ g
I 1. Balança Comercial (FOB)
o campo das relações e c o n ô m i c a s internacionais n ã o se restringe apenas ao fluxo de Exportações
comércio, serviços e rendas, mas sim a uma série de outias tiansações e c o n ô m i c a s , tais Importações
como e m p r é s t i m o s , financiamentos^ investimentos, donativos etc. E todos estes aspec-
2. Serviços
tos estão retratados no Balanço de Pagamentos de u m p a í s . Transportes
Tradiaonalmente, o Balanço de Pagamentos de u m p a í s é definido como o registio Viagens internacionais
sistemático das tiansações econômicas, ocomdas e m u m certo p e r í o d o de tempo, entre Seguros
residentes e n ã o residentes. Financeiros
Computação e informações
Por registro sistemático entenda-se a escrituração das tiansações e c o n ô m i c a s de u m Royalties i licenças
país com o resto do mundo. Isso é viabilizado por u m sistema contábil, pelo m é t o d o das Aluguel de equipamentos
partidas dobradas (débito e crédito), e obedecendo a u m determinado plano de contas. Serviços governamentais
O s dados do balanço de pagamentos s ã o normalmente divulgados em dólares Outros serviços
norte-americanos, a valores correntes, sem ajustamento sazonal. Compreendem as tran- 3. Rendas
s a ç õ e s realizadas por todo o país com o resto do mundo, e e s t ã o compilados de acordo Remuneração do trabalho assalariado
com os critérios estabelecidos na quinta e d i ç ã o do Manual de Balanço de Pagamentos do Rendas de investimentos
Fundo Monetário Internacional (BPM-5). Rendas de outros investimentos
As transações e c o n ô m i c a s podem ser agrupadas em tiês grandes itens: 4. Transferências correntes
• Transações correntes: exportações, importações e saldo da balança comercial;
5. Saldo em Transações Correntes {\*2*Z*A)
receita, despesa e saldo de serviços e rendas; receita, despesa e saldo de serviços
totais e os relacionados a tiansportes, viagens internacionais, seguros, fínanceu-os, 6. Conta Capital
Transferências de capital relacionadas com patrimônio de migrantes
c o m p u t a ç ã o e informação, royalties e licenças, aluguel de equipamentos governa- Aquisição/alienação de bens não (inanceifos não produtivos
mentais e outros serviços; receita, despesa e saldo de rendas, incluídos salários e
7. Conta Financeira
ordenados, renda de investimento direto (lucros e dividendos e juros de e m p r é s - Investimento direto
timos intercompanhia), renda de investimentos em carteira (lucros e dividendos e Investimentos em carteira
juros de títulos de dívida) e renda de outios investimentos (inclui juros de emprés- Derivativos
timos, financiamentos, depósitos e outios ativos e passivos); salcio de transferên- Outros investimentos
(créditos comerciais, empréstimos, moeda e depósitos)
cias correntes; e saldo de tiansações unilaterais correntes;
• Conta de capital: saldo da conta capital (inclui tiansferências de p a t r i m ô n i o e 8. Erros e omissSes
compra e venda de ativos n ã o p r o d u z i d o s / n ã o financeiros); 9., Resultado do Balanço de Pagamentos (5+6+7-f8)
T
530 E Princípios de Economia
Capitulo XiV Relações Internacionais ta 531

4.2 Detalhamento do Grupo de Contas de compradores e de fornecedores, agências governamentais, organismos mtemadonais e
bancos e, também, os juros de empréstimos diretos, excetuando-se os relativos a e m p r é s -
Detalhando, para efeito de entendimento do grupo de contas, temos- timos intercompanhias, alocados em rendas de investimento direto

• Balança Comercial
• Transferências Correntes
Neste grupo de contas são registiadas as exportações e importações de mercadorias, sendo São registradas nesta rubrica as receitas e despesas de divisas decorrentes de donativos,
as primeiras computadas com um smal positivo (crédito) e as segundas com u m sinal m a n u t e n ç ã o de estudantes no exterior, aposentadorias. Corresponde às transferências
negativo (débito). Elas são computadas pelo valor F O B (free on board)} ou seja, pelo unUaterais, na forma de bens e moeda para consumo Excluem-se as tiansferências rela-
valor de embarque, n ã o mclusos os valores referentes aos seguros e aos fretes.
tivas a p a t r i m ô n i o de migrantes internacionais, alocadas na conta capital.

• Serviços
• Transações Correntes
Neste grupo de contas s ã o registradas as receitas e as despesas de divisas oriundas de É o resultado do somatório dos saldos da Balança Comercial, de Serviços, de Rendas e de
transações de bens intangíveis, tais como recebimentos e pagamentos de viagens de resi-
Transferências Correntes. O Saldo em Transações Correntes indica se houve p o u p a n ç a
dentes ao exterior e de n ã o residentes no país, fretes, seguros etc. Registra t a m b é m os
externa negativa ou positiva.
serviços financeiros que compreendem as intermediações bancárias, tais como correta-
Se o Saldo em Transações Correntes for deficitário, significa que o país comprou
gens, comissões, garantias e fianças, e outros encargos acessórios sobre o endividamento
externo. E m outros s e r v i ç o s e s t ã o consolidadas as i n f o r m a ç õ e s referentes a s e r v i ç o s mais bens e serviços do exterior do que vendeu, indicando-ter havido uma p o u p a n ç a
de corretagens e c o m i s s õ e s mercantis, serviços técnico-profissionais, pessoais, culturais externa positiva E m outras palavras, é u m montante de renda que n ã o foi consumido no
e de recreação. "resto do mundo", isto é, foi poupado, e transferido para o país que apresentou o déficit
em transações correntes. A p o u p a n ç a externa positiva é chamada Passivo Externo
• Rendas Líquido, luna vez que aumenta as obrigações financeiras com o exterior.
Caso o Saldo em Transações Correntes seja superavitário, sigruficará que o p a í s
Aqui estão registradas as remunerações do trabalho assalariado e as rendas de inves- vendeu mais bens e s e r v i ç o s ao exterior do que comprou Nesse caso, haverá u m a
timentos, que correspondem à remuneração das modalidades de aplicação detalhadas na P o u p a n ç a Externa Negativa, t a m b é m denominada Ativo Externo Líquido.
conta financeira Assim, as rendas de investimento direto abrangem lucros e dividendos
relativos a participações no capital de empresa e os juros correspondentes aos emprésti-
• Conta Capital
mos intercompanhias nas modalidades de e m p r é s t i m o s diretos a título de qualquer
prazo, n ã o se incluindo os ganhos de capital, classificados como investimento direto na Esta conta registra as tiansferências de capital relacionadas com o patrimônio dos migran-
conta financeira. tes e a a q u i s i ç ã o / a l i e n a ç ã o de bens n ã o financeiros n ã o produzidos, tais como cessão de
patentes e marcas.
A s rendas de investimento em carteira englobam os lucros, dividendos e bonifica-
ções relativos às aplicações em ações e os juros correspondentes às aplicações e m títulos
da dívida de emissão doméstica (títulos da dívida interna pública, debêntures e outros • Conta Financeira
títulos pnvados) e no exterior (bônus, notes e commercial papers) de qualquer prazo. Os quatio itens desta conta são desdobrados em ativos e passivos, ou seja, h á um item des-
Excluem-se desse cálculo os juros relativos à colocação de p a p é i s entre empresas ligadas, tinado a registrar fluxos envolvendo ativos externos detidos por residentes no BrasU e
alocados em rendas de investimento direto, assim como os ganhos de capital relativos a outro para registrar a e m i s s ã o de passivos por residentes cujo credor é não residente. Essas
investimentos em carteira, contabilizados na conta financeira. contas de ativos e passivos são, em seguida, novamente desdobradas para evidenciar
As rendas de outros investimentos registram os demais juros de e m p r é s t i m o s , finan- detalhes específicos de cada conta.
ciamentos, créditos comerciais, depósitos e outros ativos e passivos. Abrangem, portanto, A conta Investimentos Diretos registra os ativos externos detidos por residentes
os juros relativos aos financiamentos de exportações e importações, tais como os créditos no BrasU sob a forma de investimento direto, bem como representa a conta de passivo
do grupo de investidores direto. Estão divididas em duas modalidades: participação no
capital e e m p r é s t i m o s intercompanhias.
A rubrica Investimentos e m Carteira registia o fluxo de ativos e passivos constituí-
icosSoe^r^ÍTÍ'' ^° '° P ^ ^ ° -«"t-atado, todas as despesas e
TeTJZr •" '"'"^''""^ ^ - transportará ao país dos pela e m i s s ã o de títulos de crédito comumente negociados em mercados s e c u n d á -
rios de p a p é i s . C o m p õ e m esses ativos os títulos de renda variável negociados no p a í s
532 E l Princípios de Economia
Capllulo XIV Relações Internacionais E3 533

O U no exterior, títulos de renda fixa. Os passivos de investimento em carteira registiam QUADRO 7


as aquisições por n ã o residentes de títulos de renda variável (ações) e de renda fixa (títu- O balanço de pagamentos do Brasil
los da dívida) de e m i s s ã o brasileira. (em US$ milhões)

A conta Derivativos Fmanceiros registia os fluxos financeiros relativos à h q u i d a ç ã o 2001 2002 2003 2004
Discriminação 2000
de haveres e obrigações decorrentes de operações de swap, o p ç õ e s e futuros e os fluxos 13.121 24.794 33.693
Balança comercial (FOB) -698 2.650
relativos aos prêmios de o p ç õ e s . 73084 96475
Exportações 55086 58223 60362
A conta Outios Investimentos, por sua vez, compreende os e m p r é s t i m o s e finan- importações 55 783 55 572 47240 48290 62 782
ciamentos de curto e longo prazos, a m o v i m e n t a ç ã o de d e p ó s i t o s mantidos no exterior Serviços -7.162 -7.759 -4.957 -4.931 -4.773
na forma de cüsponibilidades, cauções, d e p ó s i t o s judiciais e, amda, as garantias para os Receitas 9498 9322 9 551 10 447 12 442
e m p r é s t i m o s vinculados a exportações, bem como a variação dos d e p ó s i t o s no exterior Despesas 16660 17081 14509 15 378 17 215
dos bancos comerciais Rendas -17.886 -19.743 -18.191 -18.552 -20.520
Receitas 3 621 3 280 3 295 3 339 3199
• Erros e O m i s s õ e s Despesas 21 507 23023 21 486 21891 23 719
Transferências unilaterais correntes 1.521 1.638 2.390 2.867 3.268
Os lançamentos a crédito e a débito efetuados no balanço de pagamentos p r o v ê m de Receitas 1828 1934 2627 3132 3 582
diferentes fontes de informações, gerando, na prática, u m total líquido diferente de zero, Despesas 307 296 237 265 314
apesar de esse fluxo ser contabilizado pelo m é t o d o das partidas dobradas. A principal Transações correntes -24.225 -23.215 -7.637 4.177 11.669
razão está nas discrepâncias temporais das diversas origens dos dados utilizados. C o m Conta capital e financeira 19.326 27.052 8.004 5.111 -7.310
isso, toma-se necessário o lançamento de partida que permita o balanceamento das contas. Conta capital 273 -36 433 498 703
Essa rubrica serve, portanto, para compensar toda s u p e r e s t i m a ç â o ou s u b e s t i m a ç â o dos Conta financeira 19 053 27088 7 571 4 613 -8 013
30498 24 715 14108 9894 8 695
componentes registiados. Investimento direto (liquido)
No exterior -2 282 2 258 -2482 -249 -9471
Participação no capital -1755 1752 -2 402 -62 -6640
• Saldo do Balanço de Pagamentos
Empréstimos intercompanhias -527 505 -81 -187 -2 831
32 779 22 457 16590 10144 18166
Eqüivale à soma algébrica das contas do balanço de pagamentos, conta corrente, conta No Pafs
capital e financeira e erros e o m i s s õ e s . Participação no capital 30016 18 765 17118 9 320 18570
Empréstimos intercompanhias 2 763 3 692 -528 823 -405
O resultado do balanço de pagamentos representa a variação das reservas intema- -4 750
Investimentos em carteira 6955 77 -5119 5308
aonais do país, detidas pelo Banco Cential, no conceito de liquidez internacional, dedu- -755
Ativos -1 696 -795 -321 179
zidos os ajustes relativos a valorizações ou d e s v a l o r i z a ç õ e s das moedas estrangeiras e -121
Ações -1953 -1121 -389 -258
do ouro em relação ao dólar norte-americano e os ganhos ou perdas relativos a flutua- 437 -633
Títulos de renda fixa 258 326 67
ções nos preços dos títulos e da cotação do ouro. 5129 -3 996
Passivos 8 651 872 -4 797
Os Quadros 7-A e 7-B, mostiados a seguir, apresentam os saldos do b a l a n ç o de Ações 3076 2 481 1981 2 973 2 081
pagamentos do Brasil para os anos de 2000 a 2010. Neles se pode observar a m u d a n ç a Títulos de renda fixa 5 575 -1609 -6 778 2156 -6 076
do perfil de comércio m t è m a c i o n a l ao longo da década, bem como a importância da -197 -471 -356 -151 -677
Derivativos
conta capital e financeira para manter o saldo do balanço de pagamentos superavitário. Ativos 386 567 933 683 457
-583 -1038 -1289 -834 -1145
Passivos
Outros Investimentos -18202 2 767 -1062 -10 438 -11 281
-2989 -6 586 -3 211 -9483 -1 462
Ativos
-15213 9 353 2150 -955 -9 818
Passivos
2.637 -531 -66 -793 -2.115
Erros e omissões
-2.262 3.307 302 8.496 2.244
Resultado do balança

Memo
-4.02 -4,55 -1,66 0,82 1,94
Transações correntes/PIB
Amortizações de médio e longo prazos 31 977 35151 31 084 27115 33 129
Fonte Boletim do Banco Central do Brasil, março de 2005
534 El Princípios de Economia
T Capitulo XIV' Relações Internacionais B 535

QUADRO 7 (continuação)
O balanço de pagamentos do Brasil 5 VARIÁVEIS DETERMINANTES DAS IMPORTAÇÕES E DAS
(em US$ milhões) EXPORTAÇÕES '
Discriminação 2005 2006 2007 2008 2009 2010* Os elementos que mais influenciam as i m p o r t a ç õ e s e as exportações são:
Balança comercial (FOB) AR Ã^R
*t*t fuo 4U UíO 24 836 25 290 20221
Exportações 118308 137807 160649 197 942 152 995 201 915
Importações 73606 91 350 120621 173107 127 705 181 694
Serviços -8.309 -9.654 -13.355 -16.690 -19.246 -30.807 5.1 Importações
Receitas 16 047 19462 23 895 30451 27 728 31 821
Despesas 24356 29116 • Renda Nacional
37 250 47140 46 974 62 628
Rendas -25.967 -27.489 -29.242 -40.562 -33.684 -39.567 U m aumento da p r o d u ç ã o e da renda nacional significa que o país está crescendo e que
Receitas 3194 6438 11493 12511 8826 7353
Despesas d e m a n d a r á mais produtos importados, na forma de bens de consumo, de matérias-pri-
29162 33927 40 734 53 073 42510 46 919
Transferências unilaterais correntes 3.558 mas e de bens de capital. Nesse caso, existe uma relação direta entre renda nacional e
4.306 4.029 4.224 3.338 2.788
Receitas 4 051 4 847 4972 5 317
importações.
4 736 4 661
Despesas 493 541 943 1093 1398 1 873
Saldo em Transações Correntes 13.985 13.621 1.461 -28.192
• Taxa de C â m b i o (R$AJS$)
-24.302 -47.365
Conta Capital e Financeira -9.464 15.982 89.155 29.352 70.551 99.662 Uma desvalorização cambial fará que os importadores paguem mais pelos mesmos pro-
Conta Capital 663 869 756 1055 1129 1 119 dutos antes importados, acabando por desestimular as importações que, apesar de
Conta Financeira -10127 15113 88399 28297 69 423 98543 manter seus p r e ç o s em dólares, exigirão mais reais por dólar de produto importado.
Investimento direto (Ifauido) 12550 -9420 27 518 24 601 36033 36919
No exterior Nesse caso, existe uma relação inversa entre desvalorização cambial e i m p o r t a ç õ e s .
-2 517 -28202 -7067 -20457 10 084 -11 519
Participação no capital -2695 -23 413 -10091 -13 859 -4545 -26 782
Empréstimos intercompantiias 178
• Preços Externos (US$)
^789 3025 -6598 14 629 15 263
No País 15066 18 782 34 585 45 058 25 949 48 438 A e l e v a ç ã o dos preços (em dólares) dos produtos importados provavelmente provoca-
Participação no capital 15 045 15 373 26074 30064 19 906 40117 rá uma d i m i n u i ç ã o das importações brasileiras. Nesse caso, existe uma relação inversa
Empréstimos intercomoanfiias i 21 3409 8 510 14 994 6 042 8321 entre o preço (em dólares) dos produtos importados e as importações.
Investimentos em carteira 4 885 9573 48390 1133 49133 63 011
Ativos -1 771 523 286 1900 2975 -4 784 • Preços dos Produtos Produzidos Internamente (R$)
Ações -831 -915 -1413 257 2582 6 211
Títulos de renda fixa -940 1438 1699 1643 393 -10 995
U m a e l e v a ç ã o dos p r e ç o s dos produtos produzidos internamente e s t i m u l a r á a subs-
Passivos 6 655 9 051 48104 tituição desses produtos por produtos similares produzidos externamente, elevando
-767 46159 67 795
Ações 6451 7 716 26217 -7565 37071 37684 as i m p o r t a ç õ e s . Nesse caso, existe uma relação direta entre os p r e ç o s internos e as
Títulos de renda fixa 204 1335 21887 6 798 9 087 30111 importações.
Derivativos -40 383 -710 -312 156 -112
Ativos 508 482 88 298 322 133 • Barreiras Tarifárias e N ã o Tarifárias às I m p o r t a ç õ e s
Passivos -548 -99 -799 -610 -166 -245
Outros investimentos -27521 14 577 A i m p o s i ç ã o de barreiras tarifárias e n ã o tarifárias à s i m p o r t a ç õ e s pode ocasionar uma
13 201 2 875 -15 900 -1 274
Ativos - 5 035 -8914 -18 723 -5 269 -33141
d i m i n u i ç ã o de produtos importados. Nesse caso, existe uma relação inversa entre a
-42 575
Passivos -22486 23491 31923 i m p o s i ç ã o de barreiras tarifárias e n ã o tarifárias e as i m p o r t a ç õ e s .
8143 17241 41 301
Erros e Omissões -201 965 -3.131 1.809 434 -3.197
Resultado do balança 4.319 30.569 87.484 2.969 46.651 49.101

Memo
5.2 Exportações
Transações correntes/PIB 1,58 1,28 0,11 -1,79 -1,55 -2,27 • Renda M u n d i a l
Amortizações de médio e longo prazos 32 694 42 024 36 687 22 065 29639 32864
U m aumento na renda mundial d e v e r á estimular o comércio mtemacional. E m conse-
Fonte Banco Central do Biasil. outubro de 2010. Indicadores Econômicos Consolidados qüência, as exportações nacionais t a m b é m d e v e r ã o aumentar. Nesse caso, existe uma
relação direta entre a renda mundial e as e x p o r t a ç õ e s
T
536 D Princípios de Economia Capítulo XIV RelaçSes Internacionais G! 537

• Taxa de Câmbio (R$/US$) A oferta de divisas depende:


Uma desvalorização cambial deve eshmular as exportações/ uma vez que os expor-
tadores receberão mais reais por dólar de mercadoria exportada Além disso, os impor- • do volume de exportações, uma vez que as moedas estrangeiras recebidas pelas
tadores poderão comprar mais mercadorias produzidas mtemamente pela mesma quan- vendas externas têm de ser trocadas por moeda nacional; e
tidade de dólares. Nesse caso, existe uma relação direta entre desvalorização cambial e • da entrada de capitais externos, que também precisam ser trocados por moeda
exportações. nacional.

• Preços Externos (US$) Assim, quando u m exportador vende sua mercadoria no mercado internacional, o
importador estrangeiro dessa mercadoria remete divisas - dólares, por exemplo - ao
Uma elevação nos preços externos dos produtos por nós exportados deverá elevar as Banco Central, que fica com os dólares, pagando ao exportador nacional a quantia equi-
exportações. Nesse caso, existe uma relação direta entre os preços externos dos pro-
valente em reais.
dutos produzidos nacionalmente e as exportações.
A demanda de divisas, por sua vez, depende:
• Preços Internos (R$) • do volume de importações, uma vez que os importadores nacionais necessitam
Um aumento nos preços internos dos produtos exportáveis poderá estimular o aumento de moeda estrangeira para pagar suas compras realizadas em outros países, já
das vendas no mercado interno, diminuindo as importações. Nesse caso, existe uma que a moeda nacional não é aceita; e
relação inversa entre preços internos e exportações. • da saída de capitais externos, sob a forma de amortizações de empréstimos,
pagamentos de juros etc.
« Incentivos às Exportações
Incentivos às exportações, sejam de ordem fiscal (isenções de impostos), creditícios (o
produtor nacional consegue financiamento a juros subsidiados), ou de natureza buro- 6.2 Regimes Cambiais
crática, podem estimular as exportações. Existe, então, uma relação direta entre aumento
de incentivos e exportações
6.2.1 Regime de Câmbio FIXO

No regime de câmbio fixo, a taxa de câmbio é fixa, sendo determinada pelo Banco Central,
ou seja, o Banco Central se compromete a comprar e a vender divisas a u m preço fixado
6 TAXAS DE CÂMBIO
por ele. Em geral, há um pequeno diferencial entre as taxas de compra e venda para cobrir
os custos da transação. Nesse caso, o país fixa sua taxa de câmbio, porém reserva-se ao
6.1 Introdução direito de alterá-la caso enfrente um desequilíbrio fundamental em seu balanço de paga-
mentos. A vantagem desse sistema é facilitar a tomada de decisões dos diversos agentes
A taxa de câmbio é o preço, em moeda nacional, de uma imidade de moeda estrangeira.
econômicos. Devemos notar, entretanto, que nesse regime cambial o Banco Central deve
Em outras palavras, a taxa de câmbio é o preço de uma moeda em termos de outra.
possuir moeda estrangeira em volume suficiente para fazer face a uma situação de exces-
Obviamente há pelo menos tantas taxas de câmbio quanto moedas estrangeiras.
so de demanda pela moeda estrangeira à taxa estabelecida - quando houver uma situação
Contudo, a expressão Taxa de Câmbio geralmente indica o preço de uma moeda interna-
cional de referência que, no caso brasileiro, é o dólar norte-americano. de défidt no Balanço de Pagamentos. Deve também estar preparado para adquirir qual-
quer excesso de moeda estrangeira - superávit no balanço de pagamentos - , aceitando,
Assim, quando falamos que u m dólar norte-americano vale R$ 2,00, já estamos
assim, a perda de graus de liberdade na condução da política monetária.
expressando a taxa de câmbio entre as duas moedas:

US$ 1,00 = R$ 2,00

No Brasil as divisas são monopólio do Estado, que é representado pelo Banco Central. 6.2.2 Regime de Taxas Flutuantes (ou Flexíveis) de Câmbio
As operações de câmbio, por sua vez, só podem ser conduzidas por meio de estabeleci-
No regime de taxas de câmbio flutuantes, o valor da taxa de câmbio é determinado livre-
mento bancário autorizado a operar em câmbio pelo Banco Central.
mente no mercado, mediante a oferta e a procura por divisas, sem nenhuma mtervenção
Sendo a taxa de câmbio um preço, ela tambénj será influenciada pela oferta e deman-
da, no caso, de divisas, ou seja, pela oferta e demanda de moeda estrangeira em u m deter- do Banco Central.
minado país.
538 • Pnncipios de Economia Capnulo XIV Relações Internacionais E S 539

A caracteríshca básica desse regime cambial é que a taxa de câmbio deve se ajustar Observemos o exemplo do Quadro 8. Se a taxa de câmbio fosse de R$ 2,00 por dólar,
de modo a equilibrar o mercado de divisas Assim, se houver excesso de oferta de moeda taxa esta considerada alta pelo mercado, e se o preço do bem a ser exportado fosse de
estrangeira, seu preço cairá, ou seja, a moeda nacional se valorizará. Da mesma forma, US$ 50,00, o exportador receberia R$ 100,00 por umdade exportada Nesse caso ele se
se houver excesso de demanda pela moeda estrangeira, o seu preço se valorizará, isto é, sentiria estimulado a exportar.
a moeda nacional se desvalorizará.' Se a taxa de câmbio fosse menor, por exemplo, de R$ 1,50 por dólar, pela mesma uni-
dade exportada o exportador receberia apenas R$ 75,00. Nesse caso, ele se sentiria deses-
limulado a exportar.
Assim, quanto maior for a taxa de câmbio, maior o volume exportado e maior a
6.2.3 /7í//(/afão5{//a(Djrty Floatíng)
oferta de divisas; quanto menor a taxa de câmbio, menor o volume exportado e menor
a oferta de divisas.
No Brasil, utiliza-se hoje um sistema misto, denominado dirty floating (flutuação suja).
Podemos, então, desenhar uma curva de oferta de divisas positivamente mdinada,
Nesse tipo de sistema a taxa de câmbio continua sendo determinada pelo mercado. En-
indicando que ela é crescente em relação à taxa de câmbio. A Figura 1 nos mostra uma
tretanto, o Banco Central intervém, tentai\do balizar os movimentos desejados da taxa de
curva de oferta de divisas com essas características. Assim, se a taxa de câmbio for Pj, a
câmbio, procurando limitar sua instabilidade
quantidade ofertada de divisas será Qo,. Se a taxa de câmbio se elevar para Pj, a quan-
tidade ofertada de divisas vai se elevar para Qo^.

6.2.4 Regime de Bandas

Nesse tipo de sistema a taxa de câmbio flutua dentro de um intervalo com limites máxi-
mos e mínimos, também chamado "banda" Taxa ÚB
Câmbio

Se a taxa se aproxima do linute máximo, o Banco Central entra no mercado venden-


do divisas. U m aumento da oferta de divisas provoca dimmuição da taxa de câmbio.
Caso a taxa de câmbio se aproxime do limite mínimo, ameaçando rompê-lo, o Banco
Central entra no mercado comprando divisas, elevando, assim, a taxa de câmbio.

6.3 A Determinação da Taxa de Câmbio em Sistema de Taxa de Câmbio


Flexível

Normalmente, quanto mais alta a taxa de câmbio, maior deverá ser a quantidade que as
firmas desejarão exportar. Da mesma forma, quanto menor for a taxa de câmbio, menos
as fu-mas desejarão exportar.
Vejamos um exemplo: Quanlidada da Divisas

FIGURA 1
QUADRO 8 Curva de oferta de divisas
Taxa de câmbio e exportação

Taxa de Câmbio Preço do B e m X Preço do B e m X


(R$/US$) (em US$) (em R$) Exportadores Vamos observar agora o lado das importações. Normalmente, quanto mais alta a
2,00 50,00 100,00 Querem exportar mais taxa de câmbio, menor deverá ser a quantidade que as firmas desejarão unportar Da
1,50 50,00 75,00
mesma forma, quanto menor for a taxa de câmbio, mais as firmas desejarão importar.
Querem exportar menos'
540 n Princípios de Economia Capitulo XIV Relações Internacionais Q 541

Vejamos, então, um exemplo: Estamos aptos, agora, a juntar os dois lados do mercado e tentar estabelecer a taxa
de câmbio de equilíbrio.
QUADRO 9
Taxa de câmbio e importação
Taxa da
. . . , ^ ^ . > . . . .. Câmbio
Taxa de Câmbio Preço do B e m Y Preço do B e m Y
(R$/US$) (em US$) (em R$) Importadores
2.00 30,00 60,00 Querem importar menos
1,50 30,00 45,00 Querem importar mais

Observemos, agora, o exemplo do Quadro 9. Se a taxa de câmbio fosse de R$ 2,00


por dólar, taxa esta considerada alta pelo mercado, e se o preço do bem a ser importa-
do fosse de US$ 30,00, o importador pagaria R$ 60,00 por unidade importada. Nesse
caso, ele se sentiria desestimulado a importar o produto.
Se a taxa de câmbio fosse menor, por exemplo, de R$ 1,50 por dólar pela mesma uni-
dade importada, o importador pagaria uma quantia menor em reais, mais precisamen-
te R$ 45,00 Nesse caso, ele se sentiria estimulado a importar mais mercadoria.
Assim, quanto maior for a taxa de câmbio, menor o volume importado e menor a
demanda de divisas; quanto menor a taxa de câmbio, maior o volume importado e maior
a demanda de divisas. Quanlldade de Divisas
Podemos, então, desenhar uma curva de demanda de divisas negativamente incli-
FIGURA 3
nada, indicando que ela é decrescente em relação à taxa de câmbio. A Figura 2 nos mos-
A determinação do equilíbrio no mercado de divisas
tra uma curva de demanda de divisas com essas características. Assim, se a taxa de câm-
bio for Pj, a quantidade demandada de divisas será Qdj. Se a taxa de câmbio diminuir
para P^, a quantidade demandada de divisas vai se elevar para Qd2. A Figura 3 nos mostra as curvas de oferta e de demanda de divisas. A taxa de câm-
bio de equilíbrio será Pg, ao passo que a quantidade de equilíbrio será Qg, quando então
a oferta de divisas será igual à demanda de divisas. Graficamente, o equilíbrio será deter-
Taxa de
cambio
minado da maneira usual, isto é, na intersecção entre as curvas de oferta e de demanda,
quando então a quantidade de divisas que os importadores desejam comprar é exata-
mente igual à quantidade de divisas que os exportadores desejam vender. Devemos
observar, finalmente, que quanto mais elevada estiver a taxa de câmbio, mais desva-
lorizada, estará a moeda nacional; e que quanto mais baixa estiver a taxa de câmbio, mais
valorizada estará a moeda nacional.

6.4 Desvalorização Cambial


A um aumento no preço da moeda estrangeira dá-se o nome de desvalorização cambial.
Assim, o termo desvalorização sigmfica que a moeda nacional passa a valer menos em
termos de moeda estrangeira. Reciprocamente, uma diminuição no preço da moeda
estrangeira denomina-se valorização cambial.
Uma desvalorização da taxa de câmbio estimula as exportações, uma vez que os
exportadores passarão a receber mais reais por dólar de produto exportado; por outro
Quanlidada de DMsas
lado, desestimula as importações, uma vez que os importadores receberão menos reais
por dólar de produto importado. Isso faz aumentar o saldo comercial e de serviços,
FIGURA 2
sendo por isso considerado um eficaz mecanismo de correção dos déficits em conta-cor-
Curva de demanda de divisas
rente do Balanço de Pagamentos.
542 B Princípios de Economia
CapRulo XIV Relações Internacionais Q 543

Por outro lado, os impactos infladonários de uma desvalorização cambial não po- res de produção disponíveis no país Assim, aumentos nas exportações geram aumentos
dem ser esqueados, uma vez que ela aumenta o custo dos produtos importados. N o caso no nível de emprego e de renda, já que o mercado externo remunera os nossos exporta-
de fatores de produção importados, uma desvalorização significa aumento nos custos de dores pelo produto adquirido.
produção Se as firmas repassarem esses aumentos de custo para os preços dos produtos,
Por outro lado, as importações representam uma saída de recursos do país, vmia
os preços internos acabam por se elevar
vez que temos de pagar pelos produtos que compramos externamente. Além disso, ao
Fmalmente, não podemos nos esquecer do efeito das desvalorizações cambiais sobre importarmos produtos do exterior, acabamos gerando emprego e renda nos países dos
a dívida externa do país, uma vez que ela aumenta o estoque da dívida externa em reais quais importamos.
(o saldo em dólares não é afetado). Assim, u m saldo positivo em (X - M ) , ou seja, exportações maiores que as impor-
tações, repercutirá positivamente na economia, fazendo crescer o nível de emprego e de
renda, da mesma forma que um aumento nos investimentos ou nos gastos governa-
6.4.1 Desvalorização Real da Taxa de Câmbio mentais o faria
Por outro lado, u m saldo negativo em ( X - M), ou seja, importações maiores que as
Quando a economia sofre os efeitos da inflação, os custos e os preços dos produtos pro- exportações, provocaria queda no nível de emprego e de renda da economia.
duzidos internamente crescem. Quando isso ocorre, surge a necessidade de se alterar a Para exemplificar, faremos a determinação do nível de renda da economia em duas
taxa de câmbio, com o objetivo de manter a competitividade dos produtos exportáveis etapas: a primeira, sem o setor externo, e a segunda com a intiodução das exportações
no mercado mtemacional. A alteração na taxa de câmbio possibilita o reajuste dos pre-
e importações. Para simplificar ainda mais, trabalharemos com a hipótese de que n ã o
ços mtemos aos externos, após compensado o desconto da inflação externa. Como no
há tributação nessa economia. Teremos, então, em termos algébricos:
Brasü o dólar é a moeda de referência em nossas transações externas, os ajustes são fei-
tos sempre em relação a essa moeda. Condição de Equilíbrio: OA = DA
Para que ocorra a desvalorização real, não basta a desvalorização nominal ser supe- Oferta Agregada: OA = Y
nor à taxa de inflação interna. É preciso que a inflação interna seja superior à inflação
externa. Demanda Agregada = C + í + G
Equihljrio. Y = C + I+G (1)
Como exemplo, suponhamos que em determinado período a ii\flação interna tenha
sido de 50%, ao passo que a ir\flação externa tenha sido, no mesmo período, cie 10%. Função Consumo: C = Cp + bY (2)
Suponhamos, também, que no imao do período a cotação fosse de US$ 1,00 = R$ 1,00.
Fazendo a devida substituição, obtemos:
A inflação líquida foi de 36,36%, resultado da operação a seguir.
Partindo da base 100, temos: y = Co + bY + I + G
150 y - bY = Co + 7 + G
DR = - 1 X 100 = 36,36
110 Y(l-b) = Co + I+G
e, finalmente.
Para que seja mantida a equivalência do custo interno ao externo, o real terá de ser
desvalorizado em 36%.'' Assim, teremos: xCg + I+G
1-b
US$ 1,00 = R$ 1,36 onde Yg é o nível de renda de equilíbrio.
Logo, o produto é igual ao consumo, mais os investimentos, mais os gastos do
6.5 O Setor Externo e o Nível de Equilíbrio da Renda governo.
Para exemplificar, vamos analisar as seguintes hipóteses:
Vimos no Capítulo XI, quando analisamos uma economia fechada, que o rúvel de equi- C = Cg + bY, onde
líbrio da renda ocorreria quando a Oferta Agregada (OA) fosse igual à Demanda Agre-
gada (DA) da economia. Cg = 200

Introduziremos, agora, no nosso modelo, as variáveis do setor externo, quais


sejam, as exportações, que denominaremos X, e as importações, que denominaremos M. b = 0,75
Vamos, então, verificar como elas afetam o nível de renda da economia. / = 200 e
Sabemos que as exportações têm efeitos positivos sobre o nível de renda da econo- G = 100
mia, uma vez que para atender a demanda externa os empresários se utilizam dos fato-
O nível de renda de equilíbrio será dado por:
1
VaJor arredondado xCg + I+G
l-b
544 C Princípios de Economia Capitulo XIV Relações Internacionais E 545

Fazendo as devidas substituições, obtemos. Vamos, agora, introduzir o setor externo em nosso modelo. Para tomar simples a
1 determinação do nível de equilíbrio da renda, trabalharemos com a hipótese de que
Y« - X (200 + 200 + 100) tanto importações quanto exportações são autônomas.
(1-0,75) Suponhamos, então, que as exportações totalizem R$ 400, enquanto as despesas
1 com importações fiquem em R$ 350. O saldo de (X - Aí) é, portanto, de R$ 50.
X (500) Vejamos, pois, como esse saldo repercute sobre o nível de renda.
" (0,25)

Vo' = 4 X (500) Condição de Equilíbrio: OA = DA


Oferta Agregada: OA = Y
Demanda Agregada = C + I + G + {X-M)
= 2.000
Equilíbrio: Y = C + I + G + (X-M)
A Figura 4 nos mostra a situação de equilíbrio nessa economia. Função Consumo: C = CQ + bY
DA = C + I + G Fazendo a devida subsHtuição, obtemos:
C, /. G m
Y = Co + bY + I + G + {X-M)
Y-bY = Co + I + G + (.X-M)
Yil-b) = Co + l + G + {X-M)
Y = OA = DA
e, finalmente.
C^C + i + G
X CO + / + G + ( X - M ;
l-b

onde Yf é o novo nível de renda de equilíbrio.


Logo, o produto é igual ao consumo, mais os investimentos, mais os gastos do go-
verno, mais o saldo das exportações menos importações.
Vamos, agora, introduzir os valores de cada variável para verificar o que ocorre
com a renda. Sabemos que no equiüTjrio

Yf = X Co + í + G + (X - M )
l-b

^1 = X 200+ 200+ 100+ (400-350)


1 - 0,75

Yf = X 200 + 200 + 100 + 50


0,25
Yf = 4 X 550

e, finalmente,
Yf = 2.200

200 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 2 200 2 400 2 600 f W
Com a introdução do setor externo e com as exportações sendo maiores que as im-
portações, o nível de renda e de emprego da economia aumenta de R$ 2 000 para R$ 2.200
A solução gráfica é apresentada na Figura 5, mostrada a seguir Observem que
FIGURA 4
houve um aumento da demanda agregada da economia e que agora o equilíbrio se d á
O equilíbrio em uma economia sem setor externo
em R$ 2.200, u m nível de renda mais elevado.
546 Princípios de Economia Capitulo XIV Relações Internacionais Q 547

Note que o nível de renda cresceu em um múltiplo do valor imcial do saldo de


X 200 + 200 + 100 + (400 - 390)
(X - M). Isso ocorre em razão do efeito multiphcador, que atua da mesma forma para 1 - 0,75
mvestimentos, gastos do governo e o saldo das exportações menos as importações.
Assim, se o saldo aumentar, a renda crescerá em um múltiplo desse aumento. 1
^3 = X 200 + 200 + 100 + 10
0,25
DA=C +i+G+ (X-M)
Y| = 4 X 510

2 600 e, finalmente.
Y | = 2.040
2 400
Y = OA = DA
E , ^ C + I + G + (X- Como podemos observar, o nível de renda caiu de R$ 2 200 para R$ 2.040, mos-
2 200
trando que, no caso de haver aumento das importações de R$ 350 para R$ 390, haverá
redução no saldo (X - M), e a renda se reduzirá em um múltiplo dessa diminuição. Nesse
2 000
> 1 caso, o multiplicador atua no sentido de reduzir o emprego e a renda.
1800
yyy y
Az Vamos, agora, analisar um novo exemplo.
yy yy
y^y Suponhamos, então, que uma economia esteja em desemprego e com d é f i d t na ba-
1600 lança comercial de R$ 50, decorrente de R$ 500 de importações e R$ 450 de exportações
(os valores de í, G e b permanecem os mesmos). Calculemos, irucialmente, o nível de
1400 yy / / , equilíbrio:
yy y / /
1200 yy X ^ y
yi\y y / y ^0 =
xCo + / + G + ( X - M )
l-b
1000 yy y / / \
yy / /yy
1
800
.y X 200 -1- 200 + 100 + (450 - 500)
yy^y^ yy
1 - 0,75
600 yy y y/
ao yy y y/
1 x 200 + 200 + 100 - 50
500 y y y / ys =
y y / 0,25
y^ /
400 y y
y / Yo= = 4 X 450
200
,^45°
e, finalmente.
1 1 1 1 1

200 400 600 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 2 200 2 400 2 600 Yo= = 1.800

Imaginemos, agora, que o governo deseje aumentar o m'vel de emprego e de renda,


FIGURA 5
O equilíbrio com a introdução do setor externo
e que para tanto promova uma desvalorização cambial. Com isso consegue estimular as
exportações e diminuir as importações. Os novos dados são:
Apenas a título de exemplo, vejamos o que ocorte com a renda caso haja uma dimi- Exportações: R$530
nuição nesse saldo, ou seja, que ele passe de R$ 50 para R$ 10. Para tanto, imaginemos Importações: R$490
que as importações aumentem de R$ 350 para R$ 390, enquanto as exportações se man-
têm no mesmo nível. Nessas condições, teremos- Calculemos, então, o novo equilíbrio

1
Yí xCo + I + G + (X-M) Yf = X Co + 7 + G + (X - M)
l-b l-b
548 D Princípios de Economia

Yf = X 200 + 200 + 100 + (530 - 490)


1 - 0,75

1
X 200 + 200 + 100 + 40
Exerctcioê
0,25

Yf = 4 X 540

e, finalmente. Questões

Yf = 2.160 As respostas podem ser encontradas no final do livro.

Como podemos verificar, a renda de equilíbrio aumentou de R$ 1.800 para R$ 2.160. 1) O que a "Teoria da Vantagem Absoluta" preconizava''
Fica como sugestão para o leitor fazer o gráfico desse exemplo.
2) Entre os argumentos que justificam a adoção de "Medidas Protecionistas", destaca-se
o argumento da indústria nascente. O que enuncia tal argumento'

3) Quais medidas corretivas podem ser adotadas caso um país apresente déficits crô-
nicos em seu Balanço de Pagamentos'

4) Como é deterrrunado o valor da taxa de câmbio no regime de taxas flutuantes?

Testes de Múltipla Escolha


• Assinale com umXa resposta certa
• As respostas podem ser encontradas no final do livro

1) Entre as razões que mduzem os países ao comércio exterior de bens e serviços desta-
cam-se.
a) as diferenças nos estágios de desenvolvimento tecnológico;
b) as semelhanças nas disponibilidades estruturais de capital e trabalho,
c) as semelhanças entre nações no tocante às reservas não reprodutíveis,
d) as semelhanças mtemacionais quanto aos fatores chmáticos e fatores edáficos;
e) nenhuma das alternativas anteriores

2) Qual dos itens a seguir não se acha colocado na seção de contas-correntes do balanço
de pagamentos'
a) o mvestimento direto;
b) as importações de bens e serviços,
c) as transferências unilaterais,
d) as exportações de bens e serviços,
e) nenhuma das alternativas anteriores.

3) Para um país, um saldo deficitáno em transações correntes indica


a) que o país vendeu ao exterior mais bens e serviços do que comprou,
b) que está havendo uma poupança externa negativa;
c) que o país comprou mais bens e serviços do extenor do que vendeu,
d) que está havendo uma transferência de renda do país que apresentou o déficit
para o "resto do mundo",
e) nerüiuma das alternativas anteriores

549 na
Capaulo XI Teoria da Determinação da Renda E 439

a custos mais baixos que qualquer oubra empresa que deseje entrar na indústria.
Exemplos de monopólios naturais são as companhias de energia elétrica, as com-
Apêndice panhias telefônicas e as companhias de gás. A forma de regulamentar o funciona-
mento de monopólios naturais é Umitar a entrada de concorrentes. Uma maneira
de se fazer isso é o Estado assumir diretamente a operação dessas empresas.

O Setor Pública Outra forma de se Umitar a entrada de concorrentes seria por meio de um regime
de concessões monopolistas. U m contrato de concessões pode ser definido como
o meio pelo qual a administração pública transfere a particulares a execução de
uma obra por sua conta e risco, seja por remuneração direta e prazo certo, ou paga
pelo usuário. Por se tratar de uma prestação de serviço público, é atribuição do
1 AS FUNÇÕES DO SETOR PÚBLICO Poder Público organizar tais serviços, regulamentando seus preços e fixando seus
padrões de serviços,
Muitas vezes, as economias de mercado não conseguem cumprir adequadamente suas b) Leis Antitruste
fimções. Por essa razão, o governo e o sistema de mercado passam a dividir a tarefa de
No Brasil, a legislação que trata da manutenção e fortalecimento da concorrência
responder às Três Questões Econômicas Fundamentais. Vamos, a seguir, apresentar as
é a Lei n^ 8.884, de 11 de junho de 1994, que transforma o Conselho Administra-
principais funções econômicas do setor público: fornecer a infraestrutura institucional;
tivo de Defesa Econômica (Cade) em Autarquia, e dispõe sobre a prevenção e a
promover a manutenção da concorrência; promover a realocação de recursos; promover
a redistnbmção de renda; manter a estabilidade da econonúa. repressão às infrações contra a ordem econômica. Essa lei amplia os poderes do
Cade (que já existia desde 1962) ao transformá-lo em Autarquia Federal, ao
mesmo tempo em que define com maior precisão as práticas consideradas ofen-
1.1 Fornecer Infraestrutura Institucional sivas à concorrência. Já em seu Art. 1*^ fica estipulada a fmalidade da lei: tratar da
prevenção e da re-pressão às infrações contra a ordem econômica, orientada
Cabe ao setor público fornecer parte da infraestrutura física (rodovias, aeroportos, pontes pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, fiinção
etc), bem como a infraestrutura institucional do sistema de mercado, tais como leis, tri- social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico.
bunais e órgãos reguladores. A existência de u m sistema legal garante os direitos de
propriedade privada e permite o estabelecimento e o cumprimento de contratos. Os
Órgãos Reguladores, por sua vez, podem arbitrar relações econômicas, punir crimes e 1.3 Promover a Redistribuição de Renda
impor penalidades apropriadas.
Nas economias de mercado, a renda das unidades familiares mais representativas é a que
se origina do trabalho. O sistema "de mercado, por sua vez, proporciona rendas salariais
1.2 Promover a iVIanutenção da Concorrência mais elevadas aos indivíduos que têm talento natural, instrução e habilidades adqui-
ridas. Além disso, os salários n ã o são a única fonte de renda das famílias. Existe ainda
Vimos no Capítulo VUI que as estruturas menos concorrenciais são formadas por se- a renda da propriedade, derivada da oferta de capital, terra ou recursos naturais. Algu-
tores compostos por poucos produtores, de modo que cada produtor tenha algum grau mas famílias possuem capital e terra provementes do trabalho ou de herança. Elas
de monopólio. Com maior poder de mercado, esses setores podem prejudicar potenci- fornecem esses fatores de produção, recebendo renda de juros ou lucro do capital, ou
ais compradores, pois acabam adquirindo bens a preços mais elevados que aqueles que renda de aluguel pela terra e recursos naturais.
prevaleceriam em mercados competitivos. Além de pagar mais pelo produto, nas eshixi- Em contrapartida, existem outros indivíduos na sociedade com menos talento natu-
turas com menor concorrência, o consumidor tem uma quantidade menor de produto à ral, que tiveram pouco ou nenhum acesso à mstrução, que têm pouca habilidade e que
sua disposição. De fato, os mercados falham na presença da concorrência imperfeita. não herdaram recursos de propriedade. Isso faz que, nas economias de mercado, exista
O poder monopólico se reflete em dois grandes grupos de mercados imperfeitos: uma considerável desigualdade na distribuição de renda. Por essa razão, o governo age
monopólios naturais e oligopóbos. Deve-se, portanto, limitar o poder de mercado, evitan- como u m agente redistribuidor de renda, por meio de programas e políticas governa-
do, assim, que seja usado de maneira antíconcorrendal. De modo geral, tenta-se impedir mentais. Entre eles, destacam-se:
os monopólios e os oligopólios de duas formas:
• Tributação
a) Propriedade e Regulação O governo pode redistribuir renda por meio de uma tributação progressiva, em que os
Em alguns casos, as indústrias são monopólios naturais, em que o custo médio indivíduos mais ricos pagam uma alíquota maior do imposto. O governo, então, retira
de produção diminui conforme aumenta a escala de operação da empresa, de tal recursos da camada mais rica da sociedade, transferindo-os para os indivíduos que fazem
sorte que uma firma já existente e de grandes dimensões pode suprir o mercado parte do segmento mais pobre da população.
438 Q
440 B Princípios de Economia
Capítulo XI Teoria da Determinação da Renda G 441

• Transferências
1.5 Manter a Estabilidade da Economia
Mediante programas de transferênda, tais como o programa de renda mírüma, seguro-
-desemprego, atendimento médico gratuito etc, o governo pode ajudar a diminuir a desi- Para manter a estabilidade, o governo deve intervir na economia de modo a evitar ex-
gualdade na distribuição de renda. cessivas flutuações da economia, combatendo os efeitos de quedas no nível de atividade
econômica. Nesse sentido, o govémo deve utilizar-se de políticas econômicas, buscando
• Intervenção no Mercado
o pleno emprego de recursos e a manutenção de preços estáveis. Para tanto, o governo pode
O governo pode intervir nas forças de mercado, cobrando impostos sobre produtos fazer uso da política fiscal, monetária, cambial, comercial e de rendas.
adquiridos pelas famílias mais ricas e subsidiando produtos consumidos pelas famílias
mais pobres.
2 SISTEMA TRIBUTÁRIO
1.4 Promover a Realocação de Recursos Dissemos, anteriormente, que, para desempenhar suas funções econômicas, o governo
se utíhza das receitas tributárias. Vamos, neste segmento, nos deter na análise de alguns
Uma das prindpais fimções econônrücas do governo é fornecer bens públicos que são aspectos relativos à tributação.
bens que, por suas características, o mercado não pode e não deve prover.
Para entendermos adequadamente a questão, vamos estabelecer as diferenças entre
bens públicos e bens privados, caracterizando inidalmente o que são bens privados. 2.1 Os Princípios da Neutralidade e da Equidade
Os bens privados são aqueles fomeddos por empresas privadas no mercado. Apresen-
tam duas características: são nvais e obedecem ao princípio da exclusão. São dois os principais princípios que devem nortear u m sistema tributário, o Princípio
U m bem privado é caracterizado pela rivalidade se o fato de uma pessoa usá-lo eli- da Neutralidade e o da Equidade (Justiça).
minar a possibilidade de que alguém mais possa fazê-lo. Como exemplo, podemos dtar
o de uma barra de chocolate: se uma pessoa comer uma barra de chocolate, outra pessoa • Princípio da Neutralidade
não poderá consumir o mesmo produto. Isso se aplica a todos os bens que podem ser De acordo com o princípio da neutialidade, o sistema tributário deve interferir o
comprados no mercado: computadores, comida e assim por diante. Outra característica menos possível nas decisões sobre alocação de recursos por parte do setor privado
de um bem privado é a exclusão: a habüidade de exduir quem não paga para consumir da economia. Por essa razão, a tributação não deve alterar os preços relativos, uma
um bem. Um indivíduo não tem o direito de consumir determinada pizza, a menos que vez que é com base nesses preços que se dá a alocação de recursos na economia.
pague por ela.
• Princípio da Equidade
Os bens públicos, por sua vez, não são nem rivais nem excludentes. Isso significa que a
utilização de um bem púbHco por parte de uma pessoa não reduz a disponibilidade desse De acordo com o princípio da equidade, um imposto, além de neutro, deve ser justo.
bem. Por essa razão, o bem pode ser utilizado por muitas pessoas sem que sejam preju- A Justiça do sistema tributário pode ser analisada a partir de dois outios printípios:
o Princípio do Benefício e o Princípio da Capacidade de Pagamento.
dicadas. Como exemplo, podemos dtar o da defesa nadonal: uma vez que ela já esteja
sendo fornecida, é impossível impedir alguém de se benehaar dela. Outros exemplos de » Princípio do Benefício
bens públicos são a polida, os parques e assim por diante. Pelas características dos bens De acordo com o princípio do benefício, para o sistema tnbutário ser justo, o indi-
públicos, o governo fica responsável por seu fornecimento em quantidades efidentes. víduo deve contribuir para com o Estado, sob a forma de impostos, de maneira
Vimos que o prinrípio da exclusão diferenda os bens púbhcos dos bens privados. proporcional aos benefídos dele recebidos. Assim, quanto mais benefídos receber,
Existem, entretanto, vários outros bens que, embora satisfaçam o princípio da exdusão, mais impostos deve pagar ao Estado. Quanto à sua implantação, a natureza dos
são providos pelo governo. Esses bens, chamados semipúblicos, induem saneamento, edu- bens e serviços públicos freqüentemente toma impossível a aplicação desse prin-
cação, saúde, estradas e assim por diante. São também denominados bens mentórtos, e são dpio. De fato, como os bens públicos são fomeddos coletivamente, fica difícil
bens que, embora possam ser explorados pelo setor privado, acabam sendo produzidos identificar os benefícios que cada mdivíduo atribui às diferentes quantidades
pelo governo, como forma de evitar que a população de baixa renda, por não poder pagar desses bens
por eles, seja exduída de seu consumo.
• Princípio da Capacidade de Pagamento
Os gastos que o governo tem ao fornecer bens públicos e semipúblicos provêm
De acordo com esse princípio, para a tributação ser justa, as famílias e as empre-
basicamente das receitas de impostos. A tributação libera os recursos da produção de
sas devem contribuir com os impostos segundo a sua capaddade de pagamento.
bens de consumo (aparelhos de som, alimentos, Ijvros) e de bens de capital (máquinas,
Se utilizarmos a renda como medida da capaddade de pagamento, então quanto
tratores, colheitadeiras) O governo, por meio de seus gastos, desloca esses recursos
maior a renda, maior a capaddade de pagamento, e quanto menor a renda, menor
para a produção de bens públicos e senüpúblicos.
a capacidade de pagamento.
442 n Princípios de Economia Capitulo XI Teoria da Determinação da Renda d 443

2.2 Classificação dos Impostos 3.2 Déficit Total ou Nominal

Como visto no Capítulo V, os impostos podem ser classificados em diretos e indiretos o défidt total também é chamado Necessidades de Finandamento do Setor Público Não
• Impostos Diretos: são aqueles que áfetarn á riqueza dos contribuintes, inddmdo Fmanceiro - Conceito Nominal. Esse conceito indica o fluxo de novos financiamentos
diretamente sobre a renda e a riqueza (patrimônio). Como exemplos de impostos obtidos pelo setor público não financeiro nas três esferas de governo (União, Estados e
diretos temos o Imposto sobre a Renda (IR), Imposto sobre a Propriedade Territo- municípios), empresas estatais e Previdência Social. Inclui os juros e as correções mone-
rial Urbana (IPTU) e Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) tárias e cambiais pagas sobre a dívida pública.
• Impostos Indiretos- decorrente da produção e comeraalização, geralmente incide
sobre vendas, produtos industriaUzados, importação etc. Como exemplo temos
o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Circulação de 3.3 Déficit Primário (ou Fiscal)
Mercadorias e Serviços (ICMS). Os impostos indiretos, por sua vez, podem ser
classificados em Impostos Específicos e Impostos ad valorem. O imposto específico Para se obter o défiat primário, exclui-se do déficit total a correção monetária e cambial e
recai sobre a unidade vendida. Exemplificando, para cada aparelho dè som ven- os juros da dívida anteriormente conhraída. Na verdade, o défidt primário constitiai-se
dido, recolhe-se ao governo $ 30,00, a título de imposto, sendo esse valor fixo, dos gastos públicos menos o total da arrecadação tributária corrente. Esse conceito mostra
independentemente do preço do bem. Quer o aparelho de som custe $ 200,00 ou a condução da política fiscal do governo ao apurar somente a arrecadação de impostos e
$ 300,00, o imposto a ser cobrado será no valor de $ 30,00. O imposto ad valorem, os gastos correntes e de investimento, independente da dívida pública.
por sua vez, é aplicado sobre o valor de venda. Para exemplificar, se o valor do IPI
sobre os aparelhos de som for de 10%, e o valor do aparelho de som for de $ 200,00,
o valor do imposto a ser recolhido aos cofres do governo será de $ 20,00. 3.4 Déficit Operacional
Os impostos podem ainda se classificar da seguinte forma: Impostos Regressivos, Im- O déficit operacional também é denominado Necessidades de Finandamento do Setor
postos Proporcionais e Impostos Progressivos. Púbhco - Conceito Operadonal. O défidt operacional constitui-se no défidt nominal
• Impostos Regressivos: são aqueles em que o aumento da contribuição é propor- menos as correções monetárias e cambiais pagas sobre a dívida pública. Constitui-se, por-
cionalmente menor à medida que a renda aumenta. O ônus do pagamento desse tanto, do déficit primário acrescido dos juros reais da dívida contraída anteriormente.
imposto recai mais sobre as classes menos privilegiadas. Como exemplo, pode-
mos atar o ICMS: suponha que o governo estabeleça uma alíquota de 10% para o
ICMS inadente sobre o quüo de açúcar. Se o quilo de açúcar custar $ 10,00, tanto 4 FORMAS DE FINANCIAMENTO DO DÉFICIT PUBLICO
as pessoas com renda mais baixa quanto aquelas com renda mais elevada paga-
rão, indistintamente, um imposto de $ 1,00 sobre o quilo adquirido de açúcar. Por Quando o governo se defronta com uma situação de déficit público, pode recorrer a me-
essa razão, quando o imposto é regressivo, o ônus.de seu pagamento recai de didas de política fiscal para cobrir tal déficit Essas medidas envolveriam o aumento dos
forma mais acentuada sobre os mais pobres. . . impostos ou a redução dos gastos do governo, ou ambos.
o Impostos Proporcionais: são aqueles em que a contnbuição é um porcentual Além das medidas de política fiscal, o governo pode finandar seu d é f i a t das se-
constante, qualquer que seja o nível de renda. guintes formas:
. • Impostos Progressivos: um imposto é considerado progressivo quando o por- • emissão de moeda: nesse caso, o governo (Tesouro Nacional) toma dinheiro em-
centual de contribuição se eleva à medida que aumenta a renda O ônus desse prestado ao Banco Cential. Isso corresponde a uma emissão monetária, com a
tipo de imposto recai de forma mais acentuada sobre as pessoas de renda mais expansão da base monetária. Implica colocar em prática uma política monetária
elevada. Como exemplo desse tipo de imposto, podemos citar o imposto de renda
expansionista, o que poderia gerar pressões inflacionárias na economia;
sobre a pessoa física. . ,
• venda de títulos da dívida pública ao setor privado: nesse caso, o governo tro-
ca títulos por moeda que já está em circulação. Esse tipo de financiamento con-
tribui para aumentar a dívida púbhca. Além disso, o governo pode ser obriga-
3 CONCEITO E FORMAS DE FINANCÍAMENTO DO DÉFICIT PÚBLICO do a elevar os juros para atrair os interessados na compra de seus títulos, o que
acabaria por elevar ainda mais a dívida pública.
3.1 Déficit Público

o défidt público acontece quando os gastos do gdVemo são superiores à sua arrecadação.
Ocorre o superávit quando a arrecadação do governo supera seus gastos. Veremos, a
seguir, que existem vários conceitos de défidt público.
Capítulo XI Teoria da Oetenninacao da Renda D 445

b) completar a seguinte tabela:

Exercteioê Y c /
Tabela E-2

DA, M DAj
(C + I + AI)
$ $ $ $ % $
0
Questões
100
A s respostas podem ser encontradas no final do livro.
200

-1) Dados: 300

Co = $100 400
. ' . b = 0,75 500
, , ' 7 = $ 100
600
Pede-se para:
700
a) determinar o nível de equilíbrio da renda;
b) completar a tabela dada a seguir: 800
c) fazer o gráfico do equilíbrio da renda; 900

Tabela E-1 1000

Y c ! / 1 OA,
1100

1200
$ i % $
0 c) representar graficamente o ocorrido;
100 d) calcular AY;
200 e) calcular AC.
300 3) O que é Política Fiscal?
400
4) O que é um hiato defladonário? Suponha que uma economia se encontre em uma si-
500 tuação desse tipo. Que políticas fiscais poderiam ser adotadas para estimular a de-
600
manda agregada e conduzir a economia ao pleno emprego?

700

800
Testes de Múltipla Escolha
900

1000 • Assinale com umXa resposta certa


1100
• As respostas podem ser encontradas no final do livro
1200 1) Se a renda disponívd para consumo de uma pessoa aumenta de $ 40.000 para $ 48.000
e seu consumo aumenta de $ 35.000 para $ 39.000, então sua propensão marginal a
d) calculcir o consumo de equilíbrio. consumir {PMgQ é de:
a) 0,8;
2) Suponha que nessa mesma economia a barreira do pleno emprego seja dada por
b) 1,0;
Y = $ 1.200 e que os empresários desejem investir tal que A7 = $ 100. Pede-se para:
c) 0,4;
a) calcular o novo nível de equilíbrio da renda, apontando para o que aconteceu na d) 0,5;
economia; e) 0,2.

444 •
446 Cl Princípios de Economia

2) Se a PMgC for de 0,80, o valor do multiphcador do investimento em um modelo a


dois setores será de
Capítulo XII
a) 2,
b) 0,20,
c) 5,
d) 4,
e) nenhuma das alternativas anteriores
O PAPEL E A IIVIPORTÂNCIA DA
3) Se o nível de renda for de $ 400 000 acima do pleno emprego e a Propensão Marginal a
Consumir for de 0,75, em quanto deveria se diiiunutr a demanda agregada (gastos go-
vernamentais - AG - por exemplo), a fim de reconduzir a economia ao pleno emprego?
a) $400.000,
b) $200 000,
c) $100.000,
d) $75 000,
e) nenhuma das alternativas antenores

4) O efeito multiplicador do investimento será tanto menor-


a) quanto maior for a propensão margmal a consunur,
b) quanto maior for a propensão média a consumir;
c) quanto maior for a propensão média a poupar,
d) quanto menor for a propensão margmal a poupar,
e) nenhuma das alternativas anteriores.
1 INTRODUÇÃO
5) Assummdo-se que S = - $ 80 + 0,25y e / = $ 70, então.
a) o nível de renda de eqúüíbno e a poupança são de $ 600 e $ 70, respectivamente,
'ão existe nada mais difícil do que tentar definir algo que todos nós sabemos do que
b) as despesas de consumo são de $ 450,
c) a poupança é de $ 80;
se trata, mas sobre cujo real significado nunca paramos para pensar.
d) é impossível deterrrunar-se o equilíbrio com apenas essas variáveis,
E nesses momentos começam a surgir perguntas das mais variadas, desde a sua ori-
e) nenhuma das alternativas antenores gem até o complexo sistema que se criou à sua volta. É o que ocorre com a moeda.
Mas afinal, o que é moeda?
Segundo Wassily Leontieff (economista russo radicado nos Estados Unidos, Prêmio
Nobel de Economia em 1973), a moeda é a "mercadoria que serve de equivalente geral
para todas as mercadorias".
Ao longo deste capítulo procuraremos desvendar alguns dos mistérios que cercam a
moeda, entender o seu real sigrüficado e qual a sua importânda no contexto da economia,
salientando as preocupações do governo em mantê-la sob controle; afinal, se a deixássemos
circular livremente, consequêndas das mais diversas impactariam o sistema econômico.
Nossa abordagem do tema não pretende ser exaustiva, analisando os diversos mode-
los e as diferentes teorias. Procuraremos, apenas, dar u m panorama geral sobre o assimto,
de forma que o leitor possa entender o papel desempenhado pela moeda na economia.

2 A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA MOEDA


A origem e a evolução da moeda podem ser secdonadas em seis fases distintas:
• Era da Troca de Mercadorias;
• Era da Mercadoria Moeda;
• Era da Moeda Metálica;

E 447

Você também pode gostar