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O Curriculo Escolar e As Avaliacoes em Larga Escala PDF
O Curriculo Escolar e As Avaliacoes em Larga Escala PDF
RESUMO
desejada (e mensurável em avaliações externas) qualidade; seja através da crítica aos modelos
e consequências das avaliações externas empenhadas no Brasil ao longo dos últimos anos.
Palavras-Chave: Currículo escolar. Avaliações externas. Conteúdos.
INTRODUÇÃO
escolas da época. Defendia a escola primária obrigatória e laica, com organização de oito anos
de vigência e dividida em três grupos: o elementar e o médio com dois anos de duração para
cada um e o superior com quatro anos. A compreensão visionaria do legislador era de que a
escola insignificante fosse transformada para uma escola de ensino renovado, atendendo um
programa enciclopédico e realizasse sua prática pelo método intuitivo. Encaminhava desta
forma o progresso do país. A escola popular foi elevada a condição de redentora da nação e
como instrumento de modernização por excelência (Rosa Fátima de Souza).
Por consequência, a reorganização do programa escolar acata a pedagogia da época,
coadjuvante das aspirações e necessidades da sociedade, estando imbuída pelo principio da
educação integral e voltada à formação intelectual, moral e física. A representação curricular
do ensino primário acedeu a controvérsias entre a difusão de conhecimentos uteis de natureza
social, moral e cívica. A constituição curricular moderna e a renovação pedagógica
recusaram a modificação do caráter de distinção do ensino das classes sociais: o ensino
primário voltou-se para a formação dos trabalhadores e o ensino secundário para a formação
das elites.
Os embates internos de natureza teórico e metodológico entre os interesses
profissionais e científicos também marcaram seu legado na época, além dos interesses
políticos e sociais. A educação primária incorporou o conhecimento cientifico com disciplinas
especificas na forma de noções de metodologia do ensino. Os demais conteúdos desta etapa
de ensino constituíram-se de saberes escolares provenientes de transposição didática. O
parecer de Rui Barbosa declarou o acréscimo de conhecimento escolar para as classes
populares em sintonia com as requisições do progresso econômico e social do país. O
programa abrangia: educação física, música e canto, desenho, língua materna, rudimentos das
ciências físicas e naturais, matemática e taquimetria, geografia e cosmografia, historia,
rudimentos de economia política e cultura moral e cívica.
A organização mundial atual está cerceada pelo sistema capitalista globalizado onde a
educação insere-se através de suas praticas na formação e inserção social da humanidade.
Compreender o currículo nestes tempos requer uma visão alargada, mas definida pela
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As Teorias Curriculares
O currículo escolar está respaldado por teorias curriculares que se diferenciam pela
forma, como: Teoria Tradicional caracterizada por sua objetividade, neutralidade e
cientificidade; Teoria Critica e Pós-Criticas argumentando que nenhuma teoria consiste em
ser neutra, porém implicando nas relações de poder e as conexões do saber.
As teorias tradicionais ou progressistas representada pela epistemologia dos autores
anteriormente mencionados e delineadas a partir do século XVIII, apontaram a tentativa de
encontrar respostas às questões socioeconômicas emanadas dos processos de urbanização e
industrialização. A escola deveria ser a instituição responsável em contrabalançar os
problemas sociais amplos. O currículo foi centrado pela forma e não mais no conteúdo, ou
seja, atividades organizadas para as experiências individuais e interesses dos alunos. O
currículo adquiriu uma concepção de racionalidade técnica e instrumental. A concepção
sintonizava-se em adaptar o currículo e a escola a ordem capitalista.
A Teoria Tradicional teve através de Bobbit um forte representante. Sua proposta
localizava-se em que a escola funcionasse como empresa comercial ou industrial e baseada na
eficiência. O currículo deveria ser organizado de forma mecânica e burocrática, estando a
serviço do desenvolvimento das habilidades as quais seriam medidas posteriormente para
dizer com precisão se as mesmas foram aprendidas. De acordo com Bobbit , o sist ema
educacional deveria iniciar por estabelecer de forma precisa seus objet ivos que,
por sua vez deveriam se basear num exame daquelas habilidades necessárias
para exercer com eficiência as ocupações profissionais na vida adult a .
organização e transmissão de conteúdos pela relação com a dominação social. Sua teoria
identificava-se na realização do currículo, na pedagogia e na avaliação. A pedagogia tinha a
função de definir a transmissão válida para os conteúdos importantes do currículo e a
avaliação afirmava as realizações válidas desse conhecimento.
de centralização do currículo está nas políticas oficiais, nacionais e internacionais que avaliam
meticulosamente o currículo. Encaminha-se a possibilidade da configuração de um único
currículo nacional ou de forma mais audaz internacional, proporcionando parâmetros únicos
para a avaliação. Passou a campo de disputa externa do coletivo escolar. Por que o currículo
se converteu em um território tão normatizado e avaliado? (ARROYO, 2011, p.14)
A projeção curricular para a educação federada vem sendo delineada e implementada
pelas políticas públicas desde o final da década de 1980. Também, se incluem as políticas
públicas as avaliações de larga escala que, a partir da mesma época, afloram como modelo
avaliatório considerando aspectos qualitativos, de poder e de conflitos com o currículo,
ressaltando o que e para que se avalia. As avaliações externas amparadas pelas políticas
educacionais brasileiras pontuam a avaliação de diagnóstico da qualidade de ensino oferecido
a nível nacional - através de testes padronizados e questionários socioeconômicos.
O Sistema de Avaliação da Educação Básica – Saeb, criado em 1988, é desenvolvido
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. Coleta
dados sobre alunos, professores, diretores de escolas públicas e privadas de todo o país. É
aplicado, a cada dois anos desde 1990, em turmas de alunos da 4ª série/5º ano e 8ª série/9º
ano, contemplando as disciplinas de Língua Portuguesa com foco na leitura e Matemática
com foco na resolução de problemas. A Prova Brasil também é desenvolvida pelo INEP e foi
criada em 2005. Sua aplicação ocorre concomitante ao Saeb e destinam-se as escolas urbanas
contempladas por turmas com o mínimo de 20 alunos. O Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica – Ideb está imbuído de medir a qualidade de cada escola e de cada rede de
ensino. Criado em 2007 colabora na definição das prioridades das políticas, no caso com o
PDE-Escola. Seus dados são obtidos através do desempenho na Prova Brasil e nas taxas de
aprovação da escola (aprovação-reprovação-frequência).
O desenvolvimento das avaliações externas apregoadas por seu caráter diagnóstico da
qualidade da educação nacional não implicam efeitos diretos para as escolas e currículos. No
entanto, surgem novas formas de definição dos resultados das avaliações tendo a finalidade de
subsidiar políticas de responsabilização com atribuições de consequência para os agentes das
escolas. Estas são definidas como segunda geração e consideram a divulgação pública dos
resultados e devolução dos resultados para as escolas, sem consequências materiais. As
avaliações de terceira geração são aquelas que determinam políticas de responsabilização
forte, cujas sanções ou recompensas envolvem mecanismos de remuneração por metas
estabelecidas. As avaliações de primeira geração estão centradas na evolução da qualidade da
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educação pela divulgação dos resultados a consulta pública sem devolver os resultados às
escolas.
As avaliações de larga escala enfatizam objetivos cognitivos voltados a Língua
Portuguesa e Matemática viabilizando o estreitamento do currículo pela associação da
introdução as políticas de responsabilização com o propósito de estabelecer incentivos
financeiros para os professores cujos alunos se destacarem nos resultados dos indicadores.
Provocam a situação de ensinar e aprender para o teste, quando esforços são concentrados nos
pontos principais dos conteúdos que serão avaliados em desconsideração a outros conteúdos
relevantes do currículo.
A análise dos descritores presentes nas MRC permite perceber que cada conteúdo é
detalhadamente, selecionado e organizado em temas/tópicos observando os níveis de
habilidades e competências envolvidas e a sua distribuição nos diferentes ciclos de
avaliação. è propalada uma preocupação com que o aluno será ou não capaz de
atingir dentro do desempenho esperado nas avaliações. [...] as Matrizes acabam
orientando, além da revisão de políticas a definição de projetos de secretarias e
escolas que interferem no próprio cotidiano escolar, pois no bojo do avaliado está
implícito o que deveria ser ensinado. [...] fica a duvida sobre se o currículo do SAEB
– Matrizes Curriculares de Referencia – teria a pretensão de funcionar como
currículo nacional. (BARREIROS, 2003)
No intento de compreender o desempenho real dos alunos foi estabelecida a escala dos
índices de Proficiência. A Proficiência das avaliações define a média atingida por cada escola,
município ou estado atestando o domínio das competências leitoras e matemáticas através de
uma escala que vai de 0 a 500 pontos. Esta escala apresenta uma interpretação pedagógica
revelando o significado dos valores definidos como níveis. Através deste resultado define-se
operacionalmente qual é o grau de aprendizagem ou o domínio das competências em Língua
Portuguesa e Matemática para as duas séries/ anos. A proficiência está determinada em dez
níveis para o ensino fundamental, estabelecidos por uma parcialidade numérica
correspondente a escala de pontos e que é a mesma para expressar a média para as duas
séries/anos.
Quadro 01: os níveis da proficiência
Nível Pontos Nível Pontos
00 0 a 125 05 225 a 250
01 125 a 150 06 250 a 275
02 150 a 175 07 275 a 300
03 175 a 200 08 300 a 325
04 200 a 225 09 325 a 350
10 350 a 375
Fonte:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/escala/2011/escala_desempenho_portugues_fun
damental.pdf
Fonte:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/escala/2011/escala_desempenho_portugues_fun
damental.pdf
As notas dos níveis de proficiencia facilitam a análise do país, por estado, região
município, redes estaduais e municipais, escolas e séries/anos. Os resultados da Prova Brasil
incorporam a formação dos indicadores do Ideb. Os níveis mencionados no quadro acima
refletem as competências prováveis para o menor indicador dos anos iniciais até o nível
intermediário dos anos finais.
Os resultados das avaliações são amplamente divulgados de forma a garantir um
resultado crescente e de considerável qualificação da educação. No entanto, ainda ocorre
muita disparidade nos entes federados denunciando um descompasso entre o currículo
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa buscou pela revisão cientifica produzida aos longos dos anos trazer o
entendimento do quanto as políticas educacionais, em especial aquelas tangenciadoras das
práticas educacionais, controlam e regulam as ações das unidades escolares, em especial o
currículo escolar. Mesmo que não esteja deliberado pela legislação, a prática federada
encontra-se subordinada a um único currículo, determinando todos os sistemas escolares a
padronização pelas competências e habilidades a serem retornadas pelos alunos no resultado
na avaliação da Prova Brasil, induzindo a prática escolar por vias da proficiencia.
Toda a parafernália que acompanha a Prova Brasil nada mais é do que a postulada
orientação e exigência do Banco Mundial que acompanha os financiamentos disponibilizados
aos países que pretendem saltar da condição de subdesenvolvidos. O interesse está em formar
massa humana para atender as necessidades de produção do mercado, facilitando o descarte
dos menos capazes e estimulando a meritocracia. Ao longo da história da educação o país
mostra-se vulnerável as influências externas deixando a população à deriva de uma formação
cidadã. Creio que as necessárias mudanças do país não podem submeter-se apenas ao papel da
educação, mas principalmente ao trabalho social.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS